20 de nov. de 2008

A paz do Senhor...


O motorista e o cobrador, depois de terem batido cartão, entram no ônibus. O motorista dá partida e o cobrador toma seu posto.

Entram três pessoas, que já aguardavam no terminal. Cada uma paga sua passagem, sem falar nada a não ser "vale transporte" e se acomoda. Provavelmente duas delas já se conheciam, por isso se assentaram ao fundo, conversando alguma coisa não muito interessante. A outra se senta ao lado de uma das janelas, no centro do ônibus.

No começo do percurso entram outras pessoas. As que primeiro chegam já tomam seu lugar, geralmente mais ao fundo, para ficar próximo à saída, e não no corredor, ou seja, novamente na janela.

As seguintes, por falta de opção, se assentam onde sobrou. Mas também com alguns critérios, analisando quem estará ao seu lado, a quantidade de espaço que essa pessoa ocupou a mais, por seu tamanho, na cadeira ao lado, entre outras questões pessoais de escolha.

Silêncio total no ônibus, a não ser o barulho dele mesmo. Às vezes o motorista e cobrador trocavam algum tipo de informação, como também o faziam aquelas duas que se já conheciam a algum tempo.

Quando o veículo já se encontrava quase que lotado, o cobrador pega um livro consideravelmente grande, limpa seus óculos, põe-se de pé em frente aos passageiros e, com uma voz um tanto inesperada, diz: "A paz do Senhor, irmãos".
Como um coro, respondem o mesmo: "A Paz do Senhor".

Após algumas frases proferidas, até bem recebidas pelo público, ele assim continua: "Agora, antes de qualquer outra coisa, vire pro seu lado, pra frente e pra trás e observe a quantidade de irmãos que nós temos. Não deixe de cumprimentá-los e dizer o quanto você o ama."

E, com sorrisos espetaculares e uma disposição que niguém vira invadir o ambiente, de tão repente que foi, os passageiros, se abraçando, diziam algo assim entre si: "A paz do Senhor... Que bom tê-lo aqui conosco".

vi no Linus Van Pelt

P.S.: O que acharam?

3 comentários:

  1. Caramba!
    Que poder tem o "A Paz do Senhor".
    Que amor é esse?
    Que alegria incontida é essa?
    Cansei de responder "A Paz do Senhor" para uns tantos que ficavam testando se eu ia dizer em público pra mostrar que eu era crente; e, na maioria das vezes nem sentia que falei a paz do senhor... Ainda uso esse cumprimento (porque ninguém usa diferente disso) para não contrariar certas pessoas...
    É o evangeliquês e sua pobre cultura... Aliás, quem não tem cultura tem que inventar algumas, não é?

    Um abraço!

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  2. Vemos essa cena todas as noites de domingo em "onibus" espalhados por todo lugar...

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  3. Muito bom cara hehe

    Pagamos para nos sentarmos ao lado quem nos sentimos mais confortáveis e sermos mandados por aquele que nos cobra, por vezes nos levando a lugar algum...

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