28 de fev. de 2009

Sem linha no horizonte

No line on the horizon, décimo segundo trabalho de estúdio da banda de rock irlandesa U2, já nasce grande. Só de versões comercializadas, o disco terá cinco: uma "normal", em formato jewel case (leia-se caixa de acrílico), e quatro limitadas, que variam da mais simples ― em digipack, com encarte um pouco maior que o da versão "normal" e um minipôster da banda ― até a mais luxuosa ― contendo, além do CD, um DVD com o filme Linear, do cineasta britânico Anton Corbijn ― diretor do clipe de "Get on your boots", primeiro single do disco ―, um livro de capa dura com 64 páginas e um pôster.
O U2 é uma das raras bandas que pode se vangloriar de seu pior trabalho ser um bom disco. No caso, o equivocado Zooropa, no qual entre canções boas, mas que nem de longe fazem jus à reputação do grupo, podemos encontrar ao menos quatro de indiscutível qualidade, à altura da banda: "Numb", "Lemon" (belíssimas, apesar de poucos gostarem) e as maravilhosas "Stay (Faraway, so close)" e "The first time".

Pode-se dizer que Zooropa é uma tentativa mal-sucedida do estupendo Pop, lançado quatro anos depois, disco que é uma das obras-primas da banda e que, infelizmente, não foi bem recebido nem pela crítica nem pelo público, sendo ainda hoje alvo de críticas. Assumidamente prematuro, foi lançado às pressas, depois de uma gravação conturbada; o próprio Bono Vox já declarou que, se pudesse, regravaria o disco. Essa "pressa" fica mais evidente em uma das músicas de Pop, "Last night on earth", uma canção poderosa, mas que aparenta ter sido editada de maneira displicente. A maior prova de que o disco foi lançado antes do tempo e de que a própria banda de certa forma se arrepende disso está na coletânea The best of 1990-2000, na qual três faixas de Pop ― "Gone", "Discothèque" e "Staring at the sun" ― ganharam novas versões.

Zooropa e Pop sucedem Achtung baby, que inaugura de maneira sublime uma nova fase na carreira do grupo, encerrada de maneira brilhante por The Joshua Tree. (Entre os dois há Rattle and Rum, mas é um disco no qual predominam covers e versões ao vivo, poucas são as músicas inéditas.) Esta "nova fase" é marcada por uma espécie de atualização sonora. Até The Joshua Tree há ainda no U2 uma quase vontade de não se deixar levar totalmente pela indústria da música, como se isso significasse uma ruptura com suas raízes e sua nação. A banda era, sim, um grande sucesso em todo o mundo, mas nada comparado ao que veio depois. E isso veio com Achtung baby, lançado em 1991, que é considerado um dos melhores álbuns do grupo, atrás apenas de ― ou empatado com ― The Joshua Tree. É em Achtung baby que o U2 começa a flertar com o pop e a música eletrônica, fugindo um pouco do tom épico dos discos anteriores ― The Joshua Tree e The unforgettable fire. Em seus sucessores (os já mencionados Zooropa e Pop), essas características estariam ainda mais presentes.

Citar essa quase fuga das raízes e entrada no cenário luminoso da música eletrônica é importante para entender o novo álbum da banda, No line on the horizon, a ser lançado dia 27 de fevereiro na Irlanda e em 02 de março no resto do mundo (exceto nos Estados Unidos, onde o disco será lançado dia 03 de março). É também necessário um breve olhar sobre All that you can't leave behind e How to dismantle an atomic bomb, lançados em 2000 e 2004, respectivamente.

Quando a banda, depois do mal desempenho de Pop junto à crítica e o público, anunciou que entraria em estúdio, a expressão mais utilizada era "volta às raízes". Depois de uma incursão à música "de discoteca", a banda desejava fazer o bom e velho rock'n'roll de sempre (do qual nunca se afastou, é bom deixar claro; nem mesmo em Pop), e o álbum citado como referência era, justamente, The Joshua Tree. De certa forma, All that you can't leave behind é uma "recriação" de TJT, mas guardando-se as devidas proporções, é claro. O disco de 2000 nada tem, a rigor, do glorioso álbum de 1987. Enquanto que em All that you can't leave behind os integrantes aparecem, nas fotos do encarte, num aeroporto, no encarte de TJT vemos a banda em fotos tiradas em campos. Em um, o clima é de modernidade; no outro, é bucólico. Sinal de que a banda estava se ajustando aos "novos tempos", mas de maneira sóbria (as fotos no aeroporto são discretas e em preto e branco, longe do excesso de cores, poses e adereços dos tempos de Zooropa e Pop). Não obstante essa diferença de ares e paisagens, o som de ambos discos é o U2 em estado puro. São os álbuns nos quais o U2 é mais U2. Houve quem criticasse o uso de equipamentos modernos e a descarada intenção de criar um hit ("Elevation" e seus sintetizadores), mas a verdade é que em All that can't leave behind pode-se sentir um pouco da aura épica do U2, presente com toda a magnitude em The Joshua Tree e, com um pouco menos de vigor, em Achtung baby.

Já em How to dismantle an atomic bomb a banda optou por seguir a trilha que o disco anterior indicava: a mescla de rock com músicas mais introspectivas, deixando um pouco de lado a influência eletrônica. É um álbum valoroso, de extrema qualidade, todas as canções poderiam ser músicas de trabalho. Pode-se dizer que How to dismantle an atomic bomb é um All that you can't leave behind mais maduro, apesar de a inspiração para ambos discos serem um pouco diferentes (o impacto do novo século/milênio que se desenhava foi o mote de All..., e a situação geopolítica do mundo pós-11 de setembro foi o que guiou a composição de How...).


Agora, em No line on the horizon, a banda traz o melhor do melhor de todos os seus discos. Não é à toa que Steve Lillywhite (que, juntamente com os lendários Brian Eno e Daniel Lanois, produziu o disco) vem dizendo que este é o melhor trabalho do U2 até hoje. Há, no novo álbum, a presença de Achtung baby e Pop, em músicas como a contagiante "Get on your boots"; em "Magnificent" há um quê de The Joshua Tree; "Moment of surrender" lembra um pouco The unforgettable fire; "I'll go crazy if i don't go crazy tonight" poderia estar em All that you can't leave behind ou em How to dismantle an atomic bomb. Mas, também, há canções completamente diferentes do U2 ― e, paradoxalmente, tão U2 quanto qualquer outra. A faixa-título, por exemplo. É diferente de tudo o que a banda já fez, mas nada é tão Bono-Edge-Mullen-Clayton quanto. Mesmo caso de "Stand up comedy" e "Fez ― Being born", por exemplo; esta última inicia sombria, soturna, mas caminha para um refrão redentor; "Stand up..." é uma mistura excepcional de pop/rock, com uma pitada de funk e, por mais incrível que possa parecer, rap. Outra canção brilhante é "Unknown Caller", muitíssimo bem construída e arranjada, com vocais perfeitos de Bono e The Edge.

Com mais de trinta anos de estrada, milhões de discos vendidos e dezenas de Grammys na estante, o U2 poderia perfeitamente encerrar sua carreira ou colocar no mercado álbuns não mais que razoáveis. Felizmente, não é este o caso. O que se vê é uma banda sem medo de arriscar e mudar ― inclusive o visual (Bono voltou a usar o cabelo curto, o "corte de exército" da época de Pop). Um grupo que não tem vergonha de assumir posturas políticas e pacifistas em seus discos e em suas vidas pessoais (vide a cruzada solitária de Bono em busca de um mundo menos desigual e belicoso). Uma banda que, de tempos em tempos, presenteia seus fãs com uma obra-prima ― como agora ―, e nos faz acreditar um pouco que o mundo ainda pode ser melhor e que, para isso, basta fazer como eles: dar sempre o melhor de nós.

Por Rafael Rodrigues no Digestivo Cultural

P.S.: É isso, gente! Ainda estou ouvindo o novo trabalho No Line... (é, claro que vcs sabem como) e assimilando a sonoridade do álbum. Como já disse aqui, quando foi a vez de How To Dismantle An Atomic Bomb também estranhei bastante, mas, o álbum acabou se tornando um dos meus preferidos... Claro que quase prefiro o estilo puro e introspectivo de The Joshua Tree... sei lá, mas, é sempre bom inovar...

26 de fev. de 2009

Conversa do Bispo com Deus



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Senhor, aqui é o bispo, marido da bispa. Se me permite, dirijo-me a Ti, aqui de Miami, para uma conversa franca - de homem para homem. Não precisa jogar na minha cara que o Senhor é Deus. Eu sei disso, seu velho barbudo, e vem daí a minha revolta: por que pegas tanto no meu pé? Dediquei 23 anos da minha vida a divulgar seus ensinamentos. Em troca, o Senhor, todo cheio de maiúsculas, apenas me diminui, impondo-me toda a sorte de percalços e derrotas. Primeiro foi aquela história do dinheiro quando íamos, eu e a bispa, para os Estados Unidos. Uma bobagem, US$ 56 mil e uns trocados, não se faz nada com isso hoje em dia... Mas o Senhor ficou nervoso porque nós escondemos a bufunfa dentro da Bíblia. Que coisa mais infantil. Eu esperava do Senhor pelo menos uma outra postura, que viesse conversar com a gente, que chamasse na chincha. Mas não: o Senhor preferiu que pegássemos 140 dias de cadeia, cinco meses de prisão domiciliar. Fora as ações judiciais que correm no Brasil e o Senhor não faz nada. Agora mesmo, por que impediste meu fiel mais valoroso de se transferir para o Manchester City, onde ganharia R$ 58 milhões por ano em vez de R$ 28 milhões (descontados os dízimos da Igreja)? Sem falar do sumiço, um a um, dos meus cavalos de R$ 300 mil bloqueados pela Justiça. Não venha me olhar desse jeito que eu não tenho nada com isso, Você sabe.

Eu acho que o lance do Senhor é me espezinhar. Qualé, tá pensando que eu sou Jó? Sai do meu pé, parece uma tornozeleira! Veja esse episódio do teto da igreja, que para mim foi a gota d'água. Por que, diante de tantos telhados localizados naquela quadra do Cambuci, não apontaste o dedo para as lojas de confecções baratas, suas vitrines com lingeries e moda GG, suas ofertas de tops a R$ 10,99 e escarpins a R$ 49,90?(...) Já disse e repito, pelo sangue de Jesus: esmagarei com os calcanhares a cabeça do Satanás. Mas para aplicar este novo golpe, o Senhor precisa largar do meu pé.

Por Fred Melo Paiva

Fonte: Velha Nova[via Púlpito Cristão]

Não ir à igreja, mas, ser Igreja

A forma como as pessoas vêem a Igreja não permite que esta transborde todo seu potencial enquanto Corpo de Cristo na terra. As pessoas entendem igreja como sendo o lugar onde se reúnem os crentes em Jesus, ao invés de entenderem que Igreja são os crentes reunidos em algum lugar.
Uma forma de conceber a Igreja no nosso contexto, de forma a transmitir maior autenticidade e comunhão vívida e eficaz em seus efeitos, sería demonstrar que ser Igreja vai muito além de frequência dominical à um prédio. Vivendo-se um cristianismo enraizado na simplicidade do relacionamento de pessoas que crêem no Evangelho. Pessoas dispostas a ser uma comunidade viva, relevante, participante e influenciadora no meio em que estão inseridas e demonstrarem a disponibilidade, graça, aceitação e amor que Jesus Cristo demonstrou. Gerindo um Corpo vivo, extensão e exemplo prático do nosso Mestre. Transmitindo a acessibilidade e o real valor das Boas Novas aos doentes. Porque apenas "ir á igreja" não é, deveras, SER IGREJA.

Postado originalmente no fórum do Renovatio Café.

25 de fev. de 2009

Promoção

A promoção História de Superação já começou! Se você ainda não participou, basta preencher o formulário na página Informe União, com seu nome, email e uma história de sua vida em que teve que realmente superar seus limites para dar a volta por cima. A melhor história será premiada com o CD Superação Ao Vivo de Léa Mendonça, totalmente autografado. Está esperando o que? Você só tem até o dia 15 de março, mas agora é a vez de conhecer o time responsável pela escolha da melhor história. Confira:


Oziel Alves, editor do Jornal Rio Grande Gospel, colunista do Portal de notícias cristãs O VERBO e Repórter da Revista Enfoque Gospel.

Célia Matias, pastora da Assembléia de Deus-Bethel em Aparecida de Goiânia e autora do blog Bethel Cruzeiro do Sul

James, o crente, servo do Senhor Jesus que crê que a igreja, como um todo, é a reunião de todos aqueles que amam e professam o nome do Cordeiro sobre a face da terra. Presbítero e autor do blog Jesus, o maior amor

Adriana Rangel, casada com o Pastor Jonathan Rangel e autora dos blogs A mulher e seu criador e Dicas de mulher virtuosa

Thiago Mendanha, autor do blog Tomei a pílula vermelha, um dos autores do Igreja Emergente e do As Aventuras da ASBO de Jesus. Colaborador do Pavablog#, Lion of Zion, In-Antenado e Princess Blog. Pós-graduando em Desenvolvimento de Sistemas para Web, trabalha com Tecnologia da Informação

fonte: Informe União [texto: Rafael Ramos]

P.S.: Daqui a pouco vou ser jurado no Raul Gil... rs! Então, galera! Vamo lá e participem da promoção... se você tem uma história bacana de superação, conta lá!

Eu bebo porque é líquido

Um dos alicerces da moral evangélica é o não consumo do álcool, tanto que algumas igrejas proíbem em qualquer circunstancia o uso de bebidas alcoólicas.

Assim como sexo antes do casamento (que já falei aqui) o consumo do álcool pelos crentes é motivo de discussões até mais acaloradas mesmo entre aqueles que só consomem esporadicamente e em pequenas quantidades.

Eu particularmente me restrinjo do consumo quando estou acompanhado de uma pessoa que não convive bem com isso e não tem controle sobre o álcool, ou seja, um alcoólatra.

Aliás, alcoolismo é uma doença tratável e não são todos que desenvolvem o vício pelo álcool tomando uma cerveja ou um vinho junto de seus amigos.

Não há como negar que o vinho consumido pelos judeus era alcoólico tanto o vinho consumido na época do velho testamento pessando pelo período do Novo Testamento assim como o vinho consumido até hoje na região.

Na época de Jesus não existia somente o vinho, mas existia também o hidromel trazido pelos romanos, fermentados de romã, maçã entre outras frutas da estação que também eram bem populares entre o povo da época.

Dai bebida forte ao que está para perecer, e o vinho ao que está em amargura de espírito. Bebam e se esqueçam da sua pobreza, e da sua miséria não se lembrem mais. (Prov. 31:6-7)
E aquele dinheiro darás por tudo o que desejares, por bois, por ovelhas, por vinho, por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; comerás ali perante o Senhor teu Deus, e te regozijarás, tu e a tua casa. (Deut. 14:26)

Contudo ainda existem recomendações e cuidados para o uso e suas conseqüências.

"Ai dos que se levantam pela manhã e seguem a bebedice e continuam até alta noite, até que o vinho os esquenta!" (Isaías 5:11).
"Ai dos que são heróis para beber vinho e valentes para misturar bebida forte" (Isaías 5:22).
"Ai daquele que dá de beber ao seu companheiro, misturando à bebida o seu furor, e que o embebeda para lhe contemplar as vergonhas! Serás farto de opróbrio em vez de honra; bebe tu também e exibe a tua incircuncisão; chegará a tua vez de tomares o cálice da mão direita do SENHOR, e ignomínia cairá sobre a tua glória" (Habacuque 2:15-16).

Tanto o álcool, o chocolate, a coca-cola ou qualquer outra coisa de nosso consumo tem para nós o problema do vicio, a falta de autarquia e o sofrimento que isso causa para si e para a própria família. Os versículos que estão mais acima não condenam o ato de beber, mas sim suas conseqüências pelo exagero e o vicio.

O vinho era consumido até como meio medicinal.

"Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades". (1 Timóteo 5:23).

Ou seja, se beber não dirija! E se Jesus tivesse nascido no Brasil hoje teria transformado a água em caipirinha! E tenho dito!

Marco Finito no Lion of Zion

P.S.: Amém, irmão... =)

Arte subversiva

O pastor Rob Bell fala da forma ‘alternativa’ com que conduz suas pregações.

Rob Bell irá contar para você seu estilo não ortodoxo. Ele implantou uma igreja pregando sobre Levíticos. Seus ensinamentos são uma mistura de imagens, histórias pessoais e exegeses, além de algumas perspectivas que você provavelmente nunca ouviu na igreja. A mensagem, entretanto, é ortodoxa, bíblica e bem informada pela história. O pacote inteiro, Bell diz, é subversivo. Como Jesus.

Seja lá o que for, funciona. Atinge multidões totalizando 10 mil pessoas, a maioria nos finais de semana em Mars Hill Bible Church, em Grandville, Michigan, nos EUA, a igreja que Bell fundou há cinco anos atrás. Atinge estudantes na sua alma mater, a Universidade de Wheaton, e líderes da Igreja Emergente em conferências nacionais, onde Bell é apto a ensinar usando uma grande cadeira, um xale judeu, ou uma cabra viva. “Animais, o que seja. O que seja, leve.”, ele diz. “Sem regras”. Nos últimos dias ele tem falado muito sobre rabinos.

Ed Dobson fala sobre Bell: “Rob é dirigido pela paixão de ensinar a Bíblia, marcado por entender o livro sagrado no seu contexto, aplicando a Palavra onde as pessoas vivem.” Foi com Dobson, na Calvary Church, em Grand Rapid, que Bell serviu como pastor associado por três anos antes da igreja dar apoio ao lançamento da congregação pós-moderna de Bell. Hoje, Bell também lidera o Nooma (pense pneuma), um ministério que produz pequenos vídeos dramáticos das palavras de Bell, com o estilo da MTV, entre ruas de cidades, aeroportos e florestas (www.nooma.com).

Nossa conversa com ele vai de tópico a tópico (“Meus amigos me dizem que sou um caso clássico de Déficit de Atenção. Isso, lógico, já era óbvio”, ele diz). Mas em meio a pensamentos aparentemente fortuitos e perseguições de rabinos, Bell faz uma observação. Ele é intencional na exploração da pregação para alertar sua geração do real, histórico, presente e revolucionário Cristo.

Leia a entrevista aqui.

fonte: Cristianismo Hoje

23 de fev. de 2009

Céu

Imagine a seguinte situação:

Você não é cristão, um amigo insiste para que você vá a igreja, e você aceita. O pastor fala sobre a morte e diz de uma maneira bem clara que o juízo é inevitável e que somente aqueles que "levantaram as mãos aceitando a Jesus como seu Salvador" irão para o céu, para louvar a Deus eternamente, andar em ruas de ouro e, e, e, e… muitas outras coisas maravilhosas. Os que não fizeram essa oração irão para o inferno, sofrer eternamente, levar espetada do diabo e nadar no lago de fogo. No final do culto o pastor faz uma pergunta: "Um dia você vai morrer, pra onde você quer ir? Você não quer hoje carimbar o seu passaporte para o céu? Você quer ser salvo?"

Convenhamos, qualquer pessoa com um pouco de amor próprio opta pelo céu, que de acordo com as definições usuais é um lugar extremamente chato. Nosso céu é impotente, talvez por isso falam tanto no inferno, potencializaram o terror do inferno, assim o céu, apesar de chato, torna-se a opção mais conveniente.

Certa vez li: "não podemos parar de falar no inferno, pois ele produz temor nas pessoas e assim elas aceitam a Jesus". Quer dizer que Jesus não tem qualidades suficientes? Para com isso, não podemos usar a maravilhosa mensagem do evangelho como moeda de troca ao inferno, Jesus não nos livra de um lugar, mas de algo maior: de uma maneira "infernal" de viver.

Jesus não tem apenas proposta para uma vida pós-morte, a mensagem cristã é que existe vida e vida em abundância antes da morte (Jo 10.10)

Salvação não é ir pro Céu, é seguir os passos do Mestre. Céu não é nosso destino final, nosso fim é Cristo. Não seremos felizes ao andar em ruas de ouro, seremos plenos de alegria quando o Nazareno for plenamente formado em nós.

Nossa missão não é lotar o céu, é povoar a terra de pessoas com significado existencial. Sinalizar o Reino não é "marchar para Jesus" e "pisar na cabeça do inimigo", mas é viver de modo que as pessoas vejam nossas boas obras e glorifiquem o Pai que está nos céus (Mt 5:16)

Porque sou cristão? Porque acredito em uma pessoa e o que essa pessoa sugere como vida é excelente.

Villy Camargo Fomin [via Pavablog]

20 de fev. de 2009

Fãs de "O Senhor dos Anéis" fazem filme independente com baixo orçamento

Chris Bouchard é um fã da série O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien, com um diferencial: demonstra talento com uma câmera na mão. O diretor de cinema independente lançará em breve dois fanfilms inspirados nos apêndices dos livros de Tolkien.

The Hunt for Gollum e Born of Hope (“A Caçada por Gollum” e “Nascimento da Esperança”, respectivamente) foram filmados com baixíssimo orçamento, mas com a ajuda de fãs assíduos. A qualidade das imagens exibidas nos trailers impressiona, assim como as fotos dos bastidores e cartazes. O slogan? “Um filme feito de fãs para fãs”.

As duas narrativas acontecem antes da guerra do anel, relatada na trilogia principal de Tolkien.
The Hunt For Gollum contará a história do guerreiro Heir, de Isildor, em busca do ser misterioso que habita a Terra Média e se encontra com Frodo e Sam no futuro, como relatado em O Senhor dos Anéis.

Born of Hope narra a história dos pais do herói Aragon: Arathorn e Gilraen, os guerreiros do norte da Terra Média, chamados Dudaín.

Já em Hollywood, depois do grande sucesso alcançado pelos filmes dirigidos por Peter Jackson, foi confirmado que Guillermo del Toro (Hellboy) dirigirá a adaptação de O Hobbit, livro que precede a Trilogia do Anel. Ele será dividido em dois capítulos e o desejo do diretor é fazer com que eles sejam coerentes com os anteriores.

Por não terem direitos autorais para que as obras sejam oficiais, os filmes de Boechard estarão disponíveis gratuitamente apenas na Internet. The Hunt for Gollum estreia dia 3 de maio e Born of Hope não tem data oficial, mas previsão para outubro.


publicado originalmente no Jornal da Paraíba de 19/02/09

Ricardo Oliveira no Diversitá

P.S.: Cara, se essa moda pega acho que veríamos muitos filmes legais autênticos e isentos de pressão comercial... ótima sacada!

Batman e a teologia do medo


A arma mais eficiente de Batman não está guardada no seu uniforme, nem no seu carro, nem na caverna onde aprimora suas técnicas de luta. Também não é de outro planeta, como presente de um alienígena, nem foi desenvolvida nas modernas indústrias de Bruce Wayne. Veio com muito estudo e sem essa arma Batman não seria o mito que conhecemos.

Ela é tão eficiente que compensa a falta de capacidades extra-humanas. Usada até contra os aliados do herói, é unanimidade entre os roteiristas das histórias do personagem. Basta qualquer um se aproximar do homem-morcego para sofrer os efeitos dela.

A arma mais eficiente de Batman é o medo.

“Criminosos são supersticioso e covardes; então meu disfarce deve ser capaz de levar terror aos seus corações; eu devo me tornar uma criatura de noite, negra, terrível (...) Eu devo me tornar um morcergo.”

Essa frase clássica do herói está na sua origem. É assim que Bruce Wayne justifica sua decisão pelo uniforme do homem-morcego. Movendo-se pela escuridão, com habilidade alcançada por um treinamento intenso, Batman surpreende os marginais. Quando os encontra, se ainda estiverem conscientes, não vão conseguir esconder nada. Nem dinheiro, nem drogas, nem as mais sigilosa informação. Não é preciso ser rápido, nem selvagem.

Freqüentemente, o cavaleiro das trevas não diz nada. O medo invade o ambiente assim que sua presença é notada. Tem sido assim desde que ele começou sua jornada, como está registrado na história “Ano Um”:

“O uniforme funciona melhor do que eu esperava; eles ficam estarrecidos e me dão
todo o tempo do mundo”.

Parece que Batman fez escola, no cristianismo. Usar essa mesma arma também é uma habilidade que alguns líderes religiosos vêm desenvolvendo, à altura do herói dos quadrinhos. Do alto dos púlpitos, ou no interior de suas células familiares, plantam o medo no coração dos cristãos.

Encontram terreno fértil, assim como Batman, nos corações supersticiosos, que se movem longe das leis – da lei de Deus e da lei dos homens – e nas mentes pouco informadas. Ao contrário do herói, à luz do dia, sem vergonha alguma, pregam a barganha santa. É obedecer, cumprir, seguir, ofertar, cantar – para ganhar, crescer, alcançar, curar. Uma coisa tem sempre relação com a outra.

“Não recebeu a benção? Tome cuidado, examine sua vida! Tem aí um pecado não confessado!”
“Você continua caindo por causa do pecado? Vai brincando com Deus, um dia ele perde a paciência com você!”
“Deus está de olho em você, no que você está fazendo, e daí o que vai acontecer?”
“O diabo está ao seu redor, no seu trabalho, na sua casa, até aqui nossa igreja!”
“Não vem na igreja para ir ao cinema? Um dia Deus vai te cobrar isso!”

Tudo isso pode ser verdadeiro.

O temor de Deus aparece na Bíblia desde o Éden: “Respondeu-lhe o homem: 'Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me'” (Gênesis 3:10). Pelo Velho Testamento, o Senhor deixou claro que havia motivo para ser respeitado.

Alguns, pela falta de temor, sofreram. É verdade, o povo tinha medo de Deus. Até que Ele resolveu mostrar de que forma gostaria de se relacionar conosco. E o professor, o Mestre, foi o próprio Filho. Porque ninguém sabe mais a respeito de um Pai, que o filho que conviveu com Ele desde o começo de tudo.

E o que o Filho nos ensinou é que a nossa relação com Deus não deve ser orientada por medo. Temer ao Criador, como reconhecimento de sua grandeza e justiça, é um dever cristão. Porém viver como se a mão poderosa de Deus nos aguardasse atrás da porta, pronta a nos esmagar, e não houvesse solução alguma, é desprezar o sacrifício da cruz. O cristão tem que viver em santidade por amor a Deus, e não pelo medo de sua condenação.

Quando Jesus deu a vida por nós, colocando ao fim qualquer intermediação entre o ser humano e o Criador, também nos deu a chance de nos aproximarmos diariamente de uma fonte de perdão e amor.

Se você já foi a uma piscina, em um clube, deve lembrar que em alguns lugares só é possível entrar na água depois de caminhar por um tanque raso, para os pés, ou passar por um ducha, para o corpo. É quando somos lavados da gordura e da sujeira, para que isso não contamine a piscina.

Essa “teologia do medo” vive de pregar, enfaticamente, que nossos corpos vão sujar a água, e se esquece de defender o lavar maravilhoso que nos é oferecido para mergulharmos em profunidade na vida.

“No amor não há medo, antes o perfeito amor lança fora o medo; porque o medo envolve castigo; e quem tem medo não está aperfeiçoado no amor” (I João 4:18). Temos que trocar o medo pelo amor. O medo tem relação com o castigo e a culpa. E a culpa, às vezes, esconde uma frustração pessoal de não se alcançar uma perfeição religiosa.

Será que o nosso Deus não sabe que jamais seremos perfeitos? Será que nós não sabemos que é impossível alcançar um padrão de santidade, sem errar nunca? Será que o medo nos faz esquecer da benção que é receber o perdão de Deus?

“Pastor, não consegui, eu pequei novamente”, disse a mulher, assim que entrou no gabinete. Trazia um rosto de medo e arrependimento, e aguardava uma repreensão. O pastor respondeu com amor: “Glória a Deus, porque você reconhece isso; e saiba que não vai ser última vez que caiu, e quantas vezes ainda precisar você vai poder contar com o amor de Deus para lhe perdoar, e dar uma segunda chance. Não tenha medo”.

fonte: Deus no gibi [via Pavablog]

19 de fev. de 2009

Perguntar ofende?

Estive pensando, será que hoje em dia, neste cenário “multi-pluri-hetero-facetado” em que vivemos, não é mais fácil, ou melhor, mais preciso, na hora de conhecermos alguém, indagarmos acerca de suas heresias do que a respeito de sua fé?

Afinal, dizer-se cristão, em um país e em uma cultura que se identifica de tal modo, expressa algo de específico, concretamente falando? Dizer-se protestante expressa algo mais? Evangélico, quem sabe? Por vezes, até mesmo o nome da comunidade da qual se é membro não é algo suficientemente explicitador.

Talvez a fé esteja se tornando algo tão fragmentado, tão particular, tão “faça você mesmo” que talvez seja necessário indagar sobre as adaptações, modificações, cortes e inclusões feitas por cada um no “corpo doutrinário” ao qual se decidiu aderir, para que então se tenha uma melhor compreensão a respeito do provável interlocutor.

Mas talvez admitir a possibilidade de se questionar algo assim já seja um tanto herético, algo contra “a etiqueta cristã”. Ou não. :]

… Nem era sobre isso que eu queria falar.

Camila no Metamorfoseantemente


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P.S.: Para ver mais tirinhas como essa, visite As Aventuras da ASBO de Jesus.

18 de fev. de 2009

Por anos...

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Para ver mais tirinhas como essa, visite o blog As Aventuras da ASBO de Jesus.

P.S.: Já experimentei os dois lados... é constrangedor!

Pegue suas botas

Estou ansioso por ouvir o novo trabalho do U2. Como com How To Dismantle An Atomic Bomb, talvez eu estranhe um pouco, mas, se for tão bom ou melhor quanto este, é só dar tempo para assimilar as músicas.

Você pode ver o clipe da música Get On Your Boots aqui.

Não vou emitir opinião ainda... estou estranhando!

17 de fev. de 2009

Quantas vezes você perdoou?

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Tá, o cara é pinta, mas não foi por isso que coloquei a imagem. Foi pura indisposição em digitar o texto... rs

15 de fev. de 2009

Cristo no mundo

Não creio que Cristo deva ser tocado ou visto para que eu venha a ser santo. Como é ensinado nas igrejas adoradoras-ordinárias-extravagantes por ai.

Não preciso de um TÓTEM santo como cetro de justiça preciso de um exemplo além do ser.

Preciso do caminho no mundo, nas pessoas que são o mundo agindo e interagindo com elas numa fé consumada sim por Ele Cristo na cruz. Foi consumada lá e a cruz foi o ponto de partida por toda extensão de tempo do que foi do que há e do que há por vir.

Se eu usar Cristo como meu ponto de adoração contínua e incessante de forma inerte sem experiências a todo tempo vou colocá-lo num ponto único e imóvel no tempo. Assim Cristo se torna um TÓTEM imóvel por que não há experiências no mundo e com as pessoas que estão no mundo e que são o mundo.Cristo é consumador da fé e ele é itinerante no tempo e se manifesta a toda a criação. Um ato bom ao próximo é um ato santo. E um ato bom a si mesmo buscando o virtuosismo é um ato bom a Deus.

Ler a bíblia e orar não é ser santo. Viver no mundo cheio de pessoas que não amam e amando todas é ser santo. Por que elas espelham a semelhança de Deus e Cristo esta nelas não parado como TÓTEM dentro da igreja ESPERANDO adoração. Creio que biblia e a oração são ferramentes de aprendizagem, como um lápis e um caderno. Só que melhor é a prática.

Como eu disse a biblia e a oração são ferramentas. Assim sendo são usuais. E não a fonte essência única da fé. Sendo que a fé é inata e consumada por Cristo.

E através da fé consumada somos santos em Cristo. A fé que vem por ouvir precisa ser dita em interação com o outro que a expressa. No isolamento não há expressão e inspiração de fé.

Em um ambiente que somente se "adora" não tem expressão. A fé e as obras de alguns. São do não faça isso ou aquilo.

"Isole-se determine-se a não faltar aos cultos, leia a bíblia e execute sua programação para ESCALADA ao topo dos mais santificados."Não se para para ouvir. Creio em Cristo, mas em um itinerante que se manifesta em tudo e todos.

A manifestação da fé é debruçada no mundo e todos os que são o mundo. Fazendo obras boas no amor e graça assim a fé é consumada e toda obra de santidade também é.

Marco Finito, no Lion of Zion. [via Pavablog]

13 de fev. de 2009

Uma questão de (sobre)vivência?

Estava em um momento muito feliz no carro ouvindo uma música nova do grupo Oficina G3 que se chama “Continuar”, do álbum “Depois da Guerra” que saiu recentemente e logo se esgotou.

Estava ouvindo e pensando sobre um trecho que diz:

“Luto pra sobreviver


Com os olhos voltados pro céu

Espinhos me fazem sofrer


Resisto na luta com a graça de quem já venceu”

E fiquei imaginando? O que será que eu devo fazer: viver ou sobreviver?

Daí fui pesquisar a etimologia da palavra ‘sobreviver’ e para minha surpresa a primeira definição é:

“Continuar a viver depois de outra pessoa ter morrido” Segundo o dicionário Michaelis Online

Não duvido que a memória de um Jesus que liberta deve ser lembrado, mas ao mesmo tempo não podemos viver de memória. A memória deve ser um mecanismo de imagem que possa trazer a reflexão, que sirva pra desmistificar o passado construído, que possa gerir idéias novas para o futuro. Da mesma forma que a arte não é memória a vida não deve passar a ser memória. A arte como a vida deve ser visionária, deslumbrante, incandescente!

Ainda na música, não é minha intenção falar sobre a melodia, mas a essência me preocupa, a essência do ‘lutar pra sobreviver’ deveria ser trocada por ‘lutar e viver’ ou ‘viver e lutar’, talvez essa essência nos impeça de ser luz no mundo e de fazer a diferença, talvez a essência errada nos deixe cegos. O medo da vida nos impede de viver plenamente e nos deixa apenas com o ‘sobreviver’. E Ele não queria isso (“...eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” JO 10:10), essa moda de passividade que veio trazida de algum lugar(...) não condiz com a necessidade de superação que nos foi outorgada...

O pedido de ‘força’ deve ser para influenciarmos o mundo com o sal. Partir para a semântica das palavras (e aqui a uso com o sentido de significado no nosso entender) de força, fortaleza, forte, ajudar a suprir a expectativa desse mundo sedento por paz.

“I know the greatest man

I know my biggest fan

I know the best friend

I know the Great I Am

I know Him”

Salt Lamp, Disciple


Texto esperto que o Douglas Negrisolli me enviou.

12 de fev. de 2009

É tudo a respeito de quem? Jesus?

Se a adoração é para Deus, porque tantas músicas dizem respeito a nós?

Se um marciano visitasse a terra e observasse alguns terráqueos num culto contemporâneo ou não-tradicional, o que ele informaria ao seu planeta de origem? (Um exercício similar pode ser imaginado para igrejas mais tradicionais, se bem que os resultados seriam diferentes). Meu amigo John, que é professor de música e não um extraterrestre, notou algo que pouquíssimos terráqueos perceberam até agora (veja seu artigo completo em inglês em www.anewkindofchristian.com). Uma parcela demasiadamente grande das nossas músicas de adoração tem o foco mais sobre nós mesmos do que sobre Deus. É bem verdade que usamos as palavras “adoração, gratidão, louvor a Deus”, mas, na maioria das vezes, referimo-nos a quê? A seus gloriosos atributos e maravilhosos mistérios? A seu agir na história e seus julgamentos cósmicos? Ao fato de que resgata a viúva e o órfão, e torna livre o cativo? À maneira como humilha os arrogantes e dispersa o rico deixando-o com fome? Ao modo como faz orbitar as galáxias e embeleza as estrelas com sua luz gloriosa? Ah, não. Ao invés disso, adoramos a Deus por nos manter próximos a ele, por nos proteger, por fazer com que nos sintamos amados, abençoados, perdoados, acolhidos e aquecidos sob o cobertor elétrico de sua segurança eternal. Nós o parabenizamos por suprir nossas necessidades de modo satisfatório. Muitas vezes quando dizemos a Deus “Você é um Deus tão bom!”, parece mesmo que estamos dirigindo palavras carinhosas a um animalzinho de estimação. Não me causa nenhuma alegria dizer estas coisas, mas acredito que elas precisam ser ditas. Pois, em geral, quando não estamos louvando a Deus pelo quanto somos bem cuidados por ele, estamos entoando canções que nos parabenizam pela maneira tão positiva como respondemos à sua graça. Você já se deu conta do quanto nós cantamos sobre o quão apaixonadamente nós cantamos? Também falamos muito a respeito do que nós vamos fazer - geralmente no singular: “eu adorarei, eu darei louvor, eu me prostrarei etc e etc”. Uma bela e bem-intencionada canção chega a afirmar que Deus pensa “em mim acima de tudo”. Como diria meu amigo professor de música: “Perdoe-me, mas a única pessoa que pensa em mim acima de tudo... sou eu mesmo”. Quando o problema não está no que cantamos, está no que pregamos. Sejam os sermões contemporâneos do tipo “satisfaça-as-minhas-necessidades” ou os sermões estilo “fogo e enxofre” típicos da escola mais antiga, o foco parece não abandonar o ideal de que nossas boas almas serão finalmente levadas ao céu, enquanto neste entretempo, nossas circunstâncias aqui na terra seguirão melhorando pouco a pouco. Sim, talvez eu esteja exagerando. Mas me pergunto, será que estou mesmo? Um visitante marciano poderia julgar então, que por amor aos pobres, aos esquecidos, aos alienados, à viúva, ao órfão e ao oprimido, Deus não é um grande sucesso por aqui. Nem por amor a ele mesmo Deus seria popular entre nós, a não ser por aquilo que ele faz em nosso favor - o que com grande freqüência revela quem é a verdadeira estrela do espetáculo. Falando em espetáculo, o filme protagonizado por Jim Carrey, O Show de Truman (The Truman Show), me vem à mente junto com uma inquietante indagação: se nos mantivéssemos sensatos, como Truman ao final do filme, e nos encontrássemos diante da oportunidade de sair de nossa redoma deixando para trás o seguro e previsível mundo onde somos as estrelas e onde tudo gira ao nosso redor... será que teríamos a coragem de dar este passo? Em minhas viagens (reais e virtuais), tenho o privilégio de conhecer centenas de pastores e líderes cristãos, muitos deles jovens e muitos já mais velhos do que eu, que estão saindo de suas redomas, renunciando ao estrelato espiritual e abandonando os pequenos aquários onde vivem em segurança e privilégio para partirem rumo a um mundo muito maior e mais desafiador. Estes pastores e líderes têm abraçado a difícil tarefa de re-examinar seus sistemas teológicos centrados em si mesmos (e na igreja), mesmo sabendo que este processo pode fazê-los parecer estranhos, perigosos e até mesmo heréticos aos olhos de alguns amigos. Eles têm assumido este risco porque, dentre outras coisas, estão cansados das músicas que adoram nossa bela e apaixonante sinceridade, e incluem a Deus entre os vários acessórios que contribuem para nossa riqueza material, emocional e espiritual. Estes pastores e líderes recusam-se a limitar o foco de suas pregações às “necessidades” dos salvos e eleitos, mas ao invés disso, buscam manter vivo nos ouvidos de sua audiência, o clamor dos menos favorecidos, dos marginalizados e também dos perdidos. Eles estão escrevendo novas canções e pregando novos sermões sobre justiça e compaixão, missão e esperança, amor divino e amor humano (orientado para o próximo). Novos cânticos e novos sermões sobre a glória de um Deus que ama não apenas a “mim, mim, mim”, mas a todo o mundo - gente vermelha, amarela, negra e branca, como diz a antiga canção. Este exercício tem deslocado o foco de um evangelho centrado sobre o “eu” para um evangelho capaz de abençoar o mundo inteiro. Sem dúvida, muito do que se tem discutido sobre a “igreja emergente” encaixa-se na categoria de uma nova configuração demográfica carente de um novo arranjo onde tudo esteja ajustado a seus caprichos e gostos não-convencionais. Afinal, tudo gira ainda em torno de mim, tudo ainda diz respeito a mim. A diferença, no entanto, é que este “mim” provém de outro setor do mercado. É como se estivéssemos solicitando que o cenário do filme O Show de Truman fosse redesenhado para um novo e mais exigente Truman, um “hiper-Truman”. Mas se existe ao menos uma faísca de alguma coisa a mais na conversa emergente, apenas uma centelha de esperança de que o Deus real possa ser encontrado fora da redoma de uma religião consumista e narcisista, e de que este Deus, na verdade, seja tão maravilhoso que nós desejemos por algum tempo cantar e pregar sobre ele, mais do que sobre nós mesmos, então devemos alimentar esta pequena chama. Isto daria aos marcianos uma boa notícia para levar de volta a seu planeta de origem. E seria também uma boa notícia por aqui.

Brian McLaren no Cristianismo Hoje

11 de fev. de 2009

Tomou a pílula vermelha


A Pílula Vermelha

A cena de Matrix em que Morpheus oferece duas opções para Neo: a pílula vermelha da verdade, ou a azul, da realidade virtual, sempre me instigou: e se fosse eu? Será que um dia eu teria que escolher entre uma verdade dura, mas real, ou a maravilhosa ilusão?

No fundo eu sabia que a minha vida era uma Matrix, mas não sabia como poderia encontrar Morpheus e escolher ver a verdade.

Enquanto isso, eu continuava vivendo a vida normal da realidade virtual: trabalho trabalho trabalho, comer, dormir e se divertir desesperadamente para esquecer que a vida é só trabalho e poderia acabar a qualquer momento, sem eu ter a mínima idéia para quê aquilo tudo servia.

Depois de muito correr atrás da felicidade e do significado, eu estava cansada. Caiu a ficha que para o sistema da Matrix funcionar a felicidade tinha que continuar a ser um cacho de uvas inalcançável, de onde, às vezes, caiam algumas uvas meio podres.

Cansada, machucada e sem esperança de ser feliz o tempo todo, eu fazia vários questionamentos sobre o sentido daquela vida superficial que eu levava. Pronto. Comecei a olhar em volta e todos viviam naquela mesma corda bamba: faltava alguma coisa. Eu era Neo, percebendo que tinha algo muito estranho no mundo.

Soube o que estava de errado com o mundo: nada é para ser como deveria. As pessoas deveriam conviver mais, se amar mais, e não se isolar mais. O trabalho deveria servir para o sustento, e não o contrário. Quem tem muito deveria dividir com quem tem pouco.

Para mim ficou claro que tudo estava ao contrário. Eu queria tomar o caminho de volta, o caminho estreito da pílula vermelha e estar onde eu deveria estar. Ficou óbvio que o fim daquela vida contrária à natureza era a morte, e eu queria viver. Por ganância, o homem quis viver na independência de Deus, e destruiu o planeta, a natureza, as pessoas, e a própria vida.

Meus antepassados escolheram viver à margem do propósito real da vida. Ecolheram viver na matrix. Escolheram a morte.

Havia uma possibilidade. Um inocente morreu na Matrix para que, quem quisesse, saísse dela e voltasse a ter a vida real. Para que o buraco da alma fosse preenchido. Para que todos vivessem eternamente na realidade. Para que a verdade libertasse.

E tudo o que esse homem magnífico queria é que eu soubesse de seu sacrifício e o aceitasse. Por acaso o nome dele era Jesus.

Quando essa ficha caiu percebi que eu estava diante do dia mais importante da minha vida. Nada mais seria igual.

Qual vai ser, pílula vermelha ou azul?

Tomei a pílula vermelha. Tudo mudou. Renasci fora da Matrix, mas tenho livre acesso a ela, para ajudar os outros a sair. Este caminho é mas estreito, mas é o único caminho. Todos os outros são atalhos que levam ao precipício.

E é desse caminho que falaremos aqui.

Ellen Bileski tem 27 anos, é jornalista e mora em São Paulo. Tomou a pílula vermelha em 2008. Como renasceu fora da Matrix há pouco, está reaprendendo a andar. Dá vários tropeços, esses dias quase quebrou o nariz. Acha maravilhoso estar na mundo real.

fonte: Oxe Meo! Caminho Estreito, Sorriso Largo?

9 de fev. de 2009

Sobre Deus...


DEUS É COMO UM PÁSSARO ENCANTADO que nunca se vê. Só se ouve o seu canto... Deus é uma suspeita do nosso coração de que o universo tem um coração que pulsa com o nosso. Suspeita... nenhuma certeza. Fujam dos que têm certezas. Olhem bem: eles trazem gaiolas nas suas mãos. Os pássaros que têm presos nas suas gaiolas são pássaros empalhados. Ídolos.

Rubem Alves em "O melhor de Rubem Alves" Nossa Cultura Editora, p.111


Ricardo Gondim [via Princess Blog]

8 de fev. de 2009

Curtindo Beatles com Jesus - Deus não é gospel

Converti-me há 21 anos, em 4 de fevereiro de 1988. A conversão a Cristo promoveu uma verdadeira revolução em minha vida. Experimentei o que significa o amor de Deus. Experimentei, também, o que significa sofrer por causa dessa nova fé. Chacotas, zombarias, humilhações — tudo por causa daquele em quem comecei a crer.

No entanto, aprendi também a criar uma “carapaça” ao meu redor. Vi que talvez fosse melhor me proteger dos temidos ataques do mundo vivendo atrás de um “muro de Berlim” cultural, onde somente aquilo que fosse “religiosamente aceitável” seria admitido. O mais interessante é que esse muro era seletivo. Barrava apenas música e literatura, com exceção da literatura escolar, que era obrigatória. Enfim, aprendi a filtrar aquilo que vinha a mim de acordo com padrões pré-estabelecidos por um ethos social vigente.

Aos poucos, vi essa carapaça contrair trincados e rachaduras. Por meio do pastorado, tive contato com várias realidades no Brasil e fora dele. Em algumas, vi que pessoas que criaram uma carapaça ainda mais grossa do que a minha eram extremamente religiosas, mas que não experimentavam o frescor da graça do crucificado. Em vez disso, exalavam o bolor fétido da religiosidade morta e carcomida dos fariseus contemporâneos de Jesus. Eram capazes de recusar a audição de alguma peça musical devido à sua origem “profana”, mas também se recusavam a viver uma vida de amor cristão, preferindo substituí-la com regrinhas autoglorificantes. E isso tudo em nome de um Deus a quem conheciam só de ouvir falar.

Tive também a oportunidade de conhecer irmãos de outros países que agiam de modo diverso do meu. E vi que, mesmo na diferença cultural, aqueles eram irmãos de valor, com o coração no reino, muito mais até do que eu, com todo o meu escudo confessional.

Nessa minha queda-de-braço cultural com Deus, compreendi melhor o que Paulo quis deixar registrado em Cl 2.20-23: “Se morrestes com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies (as quais coisas todas hão de perecer pelo uso), segundo os preceitos e doutrinas dos homens? As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne”.

Finalmente, vi que estava querendo ser melhor e mais santo que o Senhor. Nessa minha paranoia ególatra, fechei os olhos para a realidade de que “toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tg 1.17), incluindo, aí, as boas dádivas culturais.

“Diga-me de verdade, diga-me porque Jesus foi crucificado / Foi por isso que papai morreu? / Foi por você? Foi por mim? / Será que assisto muita TV? / Isto é uma ponta de acusação em seus olhos?” Esses não são versos de protesto de alguma banda cristã que questiona a banalidade gospel de hoje em dia. São os versos iniciais da música “The post war dream”, do Pink Floyd. Vejo hoje, portanto, que Deus está muito além de nossas limitações culturais. Ele pode usar, caso queira, uma peça teatral, um texto de jornal, uma música para sua glória, independente da confessionalidade. Sua soberania nos mostra que Deus não é gospel. Sua graça nos permite ver a sua beleza por meio da beleza artística, seja ela evangélica ou não.

Enfim, a graça de Deus me mostra, entre outras coisas, que posso curtir boa música, independentemente do rótulo, com o Senhor.

Rodrigo de Lima Ferreira (Digão), no site da Ultimato. [via Pavablog]

5 de fev. de 2009

Mais um besteirol evangélico

Quem gosta de filmes com certeza sabe avaliar e dizer que, da década de 90 para cá, os filmes de comedia são de baixa qualidade. Foi por isso que, no ano de 2001, os estúdios de Hollywood lançaram um filme chamado “não é mais um besteirol americano”. Mas foi, apenas, mais um filme de comedia ruim.


Por que estou dizendo isso: é porque tenho encontrado no meio da igreja evangélica muita similaridade com estes filmes. A baixa qualidade nas pregações/ensino realizadas nos púlpitos e as histerias que tais discursos provocam, são idênticas aos filmes de comedia de Hollywood.

Esta deficiência nos sermões de hoje é fruto de uma distinção que ocorre principalmente em igrejas pentecostais: a distinção entre pregação e ensino.

Para um crente pentecostal, pregação de qualidade deve conter: citação de vários trechos da bíblia; sessão de revelação; falatório noutras línguas; o uso de chavões; o pregador deve sair em disparada falando freneticamente por alguns minutos e quase sem tempo para respirar; gritaria e histeria para todos os lados; e mais um monte de coisas que só alienam, mas não alimentam.

Para estes, o que aconteceu no dia em que Jonathan Edwards pregou seu sermão “pecadores na mão de um Deus irado”, em que a multidão entrou num frenesi desvairado, é referencia de “avivamento” e de pregação bem sucedida.

Já o que eles chamam de ensino é: todo o ato de ministrar a Palavra com ótima exposição do texto; o pregador expor, com calma e sobriamente, o conteúdo proposto; não se tem gritaria, ou seja, todo mundo fica quieto e prestando atenção; nos cultos de ensino não se tem sessão revelação. Resumindo: ensino, para estes, é todo o ambiente pacificado e tranqüilo, onde a histeria passa de largo.

Porém, toda esta tentativa de diferenciar as duas coisas não passa de tolice, pois tenho uma noticia a dar a todos estes que assim pensam: não existe diferença entre ensinar e pregar. Tanto na etimologia, como na prática, a execução de ambas as palavras se dão da mesma maneira. Logo não existe diferença alguma. Porque a pregação do Evangelho é o ensino da Palavra e o ensino da Palavra é a pregação do Evangelho.

Toda esta tentativa de criar um conceito se deve as seguintes coisas:



  1. Porque a filosofia que rege o atual sistema já está presente nos arraiais eclesiásticos: No nosso sistema atual valorizam-se as aparências – não importa se você é, o importante é parecer que é – e isso já entrou na igreja faz muito tempo. Não importa se tais manifestações são vindas de Deus, o importante é ter num culto tais manifestações.
  2. Porque estamos vivendo a época onde a consciência já não tem mais espaço; o que vale hoje é massificação dos sentidos: os crentes pentecostais acham que o conhecimento na Palavra promove o esfriamento da fé, por isso, existirem, em algumas igrejas, ainda, a aversão a teologia. O negocio no meio evangélico é sentir arrepios daqui, dali, para permanecer num constante estagio de infantilização da consciência.

  3. Porque na cabeça de muitos crentes essas manifestações são as provas mais evidentes da existência de Deus: nesta hora, contraria-se a própria Palavra: enquanto Paulo adverte aos cristãos de Corinto para que não promovessem a histeria coletiva, pois não há edificação em nada disso, hoje queremos demonstrar as pessoas que Deus existe por meio de tais praticas.

O que nós precisamos entender é que em nenhuma parte da Bíblia você encontra Jesus eufórico, cheio de discursos entusiástico; pelo contrario, nós percebemos Jesus ensinando com toda a humildade, mansidão e tranqüilidade. E todo este gesto de Jesus pode ser percebido em um de seus ensinamentos: quando ele ensinou que o Reino é das criançinhas.

Agora ensinar desse jeito não causa admiração (exterior), não promove discursos com muita gritaria (exterior), não arranca muitos chavões do publico (exterior), não cria atmosfera para a adoração-histeria (exterior); mas ensinar assim promove a construção do caráter (interior), ajuda na caminhada para a pacificação dos sentidos (interior), auxilia no crescimento da consciência (interior) e nos ajuda a re-vermos nossos princípios (interior).

O meu desejo e anseio é que voltemos o nosso olhar para Jesus, a fim de que, com sua simplicidade e observando seu modo de viver e agir, aceitemos que para Jesus, pregar é ensinar e ensinar é pregar.

Pois esta é a grande lição: o poder da pregação não deve ser medido pela capacidade de causar arrepios ou fazer uma multidão, euforicamente, glorificar a Deus. O poder da pregação é a capacidade dele transformar mentes reprováveis e cheias de complexificações, em mentes que consigam crescer na graça, no conhecimento e na simplicidade do nosso Salvador.
Se na hora da mensagem não acontecer tal lição saiba: Isso não passa de “mais um besteirol evangélico-americano”.

Nele, que foi manso e humilde enquanto pregador

Victor no blog Celebrai!

Liturgia




Proveniente do grego clássico leitourgia (verbo leitourghéin; substantivo de pessoa: leitourgós) deriva da composição de laós jônico e ático leós (=povo) e de ergon (=obra). Traduzido literalmente significa “serviço prestado ao povo” ou “serviço diretamente prestado para o bem comum”. Usada no âmbito civil.

Em sua origem e termo indicava a obra, a ação ou a iniciativa assumida livremente por um particular (indivíduo ou família) em favor do povo, ou do bairro, ou da cidade, ou do Estado.

Com o passar do tempo, a mesma obra, perdeu, quer por institucionalização, quer por imposição, o seu caráter ‘livre’.
Sendo assim, passou a ser chamado de ‘liturgia’ qualquer trabalho que importasse em ‘serviço’ mais ou menos obrigatório, prestado ao Estado ou à divindade (serviço religioso) ou a um particular. Assim existiam diversos tipos de liturgia como a apresentação do coro no teatro grego, o armamento do navio, o acolhimento de uma tribo nas ocasiões das festas nacionais, etc. Mais tarde no Egito, com esta palavra se entendia qualquer prestação pública de serviço e do século II a.C. também o serviço cultual prestado por pessoas para isto designadas.

Por "Liturgia" se entendia na Grécia clássica, isto é, pelo séc. VI antes de Cristo, um serviço público feito para o povo por alguém de posses. Este realizava tal serviço ou de forma livre ou porque se sentia como que obrigado a fazê-lo, por ocupar elevada posição social e econômica. Assim, eram "Liturgias" a promoção de festas populares, a promoção de jogos olímpicos ou o custeio de um destacamento militar ou de uma nave de guerra em momentos de conflitos.

A seguir, na época helenística, séc. III a I antes de Cristo, a palavra vai mudar de sentido. Ora, como sabemos, as palavras numa língua viva costumam mudar o seu significado ao longo do tempo, e isso podemos facilmente comprovar na nossa própria língua. Assim, na época helenística "Liturgia" vai passar a designar seja um trabalho obrigatório realizado por um determinado grupo como castigo por alguma desobediência contra o poder constituído, ou trabalho em reconhecimento a honras recebidas. Também por "Liturgia" começa-se a entender o serviço do servo para com seu senhor ou um favorzinho de um amigo para com o outro. E aqui o termo perde aquele caráter de serviço público, para a coletividade, que era seu componente essencial.

Todavia, nesta mesma época helenística, começamos a ver o termo "Liturgia" sendo usado cada vez mais em sentido religioso-cultual, para indicar o serviço que algumas pessoas previamente escolhidas prestavam aos deuses. E é precisamente neste sentido técnico de serviço que se presta a Deus que a palavra vai entrar no Antigo Testamento e, tempos mais tarde, será acolhida no mundo cristão.

De fato, no texto do Antigo Testamento em hebraico, traduzido ainda antes de Cristo para o grego (por volta do ano 200 em Alexandria, Egito) e chamado tradução dos LXX (porque, conforme se sustenta, foi traduzido por 70 homens sábios), "Liturgia" aparece cerca de 170 vezes, designando sempre o culto prestado a Javé, não por qualquer pessoa, mas apenas pelos Sacerdotes e pelos Levitas no Templo de Jerusalém. Já quando se refere ao culto prestado a Javé pelo povo, a palavra utilizada pelos LXX não é jamais "Liturgia", mas latría ou doulía. Isso por si só já nos indica que os tradutores dos LXX fizeram uma escolha consciente deste termo "Liturgia", dando-lhe um sentido técnico preciso para indicar somente o culto oficial destinado a Javé e realizado por uma categoria toda particular de pessoas reservadas para isso: os Sacerdotes hebraicos.

No Novo Testamento o termo "Liturgia" vai aparecer apenas 15 vezes: 05 vezes com significado profano; 04 vezes com significado ritual-sacerdotal; 03 vezes com significado de culto espiritual e ritual cristão (Rm 15,6); para Paulo, pregar o Evangelho é ação litúrgico-sacerdotal (Fl 2,17 a liturgia de fé, At 13,2). Encontramos aí o significado mais próximo ao que será chamado Liturgia Cristã: “oração comunitária da comunidade cristã”. E a razão de um tal desprezo dele pelo NT parece dever-se exatamente ao fato de "Liturgia" recordar de maneira muito clara e direta os sacrifícios realizados no Templo e que foram tantas vezes e de tantos modos duramente criticados pelos profetas de Israel, por não serem verdadeira expressão de amor e agradecimento a Deus pelos benefícios recebidos ou sinal de conversão dos pecados. Nestes sacrifícios, em geral, não aparecia o coração do homem; e este tipo de culto Deus jamais pode aceitar (cf. Sl 39,7-9; 49,14.23; 50,18-19; 68,31-32; 140,2; Is 1,10-20; Jr 7,3-11; Os 6,6; 8,11-13; Am 5,21-25).

No cristianismo primitivo o termo "Liturgia" também resiste a aparecer. Os primeiros cristãos adotando o "espiritualismo cultual", isto é, aquele tipo de culto realizado em "espírito e verdade", não mais ligado às instituições do sacerdócio ou do templo, seja o de Jerusalém ou de Garizim (cf. Jo 4,19-26), não sentem a necessidade de utilizar uma palavra que havia servido para identificar explicitamente um culto oficial, feito segundo regras precisas, tal qual era o sacrifício hebraico, vazio de espírito e rico de exterioridade. Mas já na Igreja pós-apostólica, "Liturgia" vai perdendo parte de seu aspecto negativo e começa a distinguir os ritos do culto cristão, como se vê em documentos como a Didaché ou Doutrina dos Apóstolos, escrita entre os anos 80 e 90 de nossa era e na 1ª Carta de Clemente Romano aos Coríntios, de cerca do ano 96.

Fonte: Paróquia Santa Luzia e Santo Expedito [via MangaChurch]

3 de fev. de 2009

Eva e Adão

COMO SÃO SEU ADÃO E SUA EVA NO PARAÍSO?

A visão moral fantasiosa sobre a vida de “Adão e Eva no Paraíso” — rsrsrs — é tão irreal que torna a narrativa mítico-histórica do Gênesis uma Estória, uma fábula, um conto infantil.

Os judeus aparentemente não tiveram muitas ilações sobre como era a vida sexual do casal primordial, mas os cristãos superabundaram em ilações e até conclusões.

Jesus apenas aludiu ao casal primordial a fim de dizer que a intenção de Deus na criação, ao fazer homem e mulher, não um homem e muitas mulheres, era que o homem fosse monogâmico — mas é aí que Jesus fica; apenas dizendo: “Não foi assim desde o princípio!”

No entanto, em séculos posteriores, os “Pais da Igreja” começaram a se meter no sexo do casal primordial, na intenção de criarem uma existência assexuada para os então “fiéis” do nascente cristianismo.

Afinal, os crentes teriam que ser melhores do que Adão antes de comer o que não deveria...

Foi assim que Adão e Eva nunca transaram antes de comerem do fruto — pensavam.

Foi também assim que eles somente tiveram filhos depois de pecarem.

Foi pela mesma razão também que no inconsciente coletivo da cristandade, o fruto, que virou “maçã” — era, de fato, a pepequinha da Eva.

Ultimamente li alguém que me perguntava qual teria sido a perversão de Adão [“comendo” Eva], que fez com que Deus lançasse os dois para fora do Paraíso... Rsrsrs.

Já pensou?...

Agora Adão e Eva, que antes não transavam, foram expulsos por excessos na transa e nos fetiches!...

São os tempos!...

Cada um vê como vê!

E cada um vê conforme seu próprio coração!

A ilustração acima, de Adão e Eva na visão mulçumana, não somente é engraçada, como também demonstra na forma de caricatura a visão islâmica do sexo.

Meu Adão e minha Eva eram muito ativos sexualmente, muito alegres, muito nus, muito simples, muito mamíferos, muito harmônicos com o todo, e, também, muito diferentes de nós.

Transar para eles não era como transar para nós!

Assim como eles não viam um leão e não diziam: Nossa! Um leão!

Para Adão a pepeca era como a pepeca. Somente isto. E dali, sabia ele, procediam as alegrias maiores da criação debaixo do sol.

Adão não tinha essas questões.

Além disso, ele também não era nem pós-moderno e nem metrossexual.

Adão era um homem.

Eva uma mulher.

Ele era macho.

Ela era fêmea.

Era apenas assim.

O mais é caricatura de mulçumano em mente de cristão. rsrsrs.

Caio Fábio [via Pavablog]