29 de jun. de 2008

Maravilhosa Gracinha



+ leia sobre o filme Jornada pela Liberdade. [via Amando ao Próximo]

28 de jun. de 2008

Cisco da Proibição

Não devemos deixar que nos cegue o cisco da proibição, como terá cegado nesta mesma página os nossos protagonistas – pois o que particulariza a condição de Adão e Eva não é a falsa eloquência do que não devem fazer, mas a formidável extensão de suas liberdades.

Pelo que sabemos o homem podia pular de penhascos, comer manga com leite, fazer xixi de porta aberta, engendrar enxertos inéditos nas plantas do jardim. Era livre para fazer esculturas na areia, dormir reclinado no peito de tigres, cavalgar rinocerontes, receber a massagem de todas as cascatas.

Podia cuidar do jardim sob o sol da manhã, cantar na chuva à tarde, dar nome às estrelas na noite e amar sobre a relva em todos os intervalos. Todas as florestas eram virgens, todos os oceanos inexplorados e mesmo os picos mais baixos aguardavam serem escalados.

Não ouçamos portanto a mentirosa sedução da proibição, porque nesta história o ser humano é, incrivelmente, livre para fazer qualquer coisa. Num certo sentido o conflito singular desta trama não reside na arbitrária proibição que imprime aos protagonistas, mas no embaraço da liberdade de que desfrutam.

A narrativa dos primórdios em Gênesis não é uma parábola sobre os perigos da tentação; é uma história sobre os percalços do gerenciamento da abundância.

Paulo Brabo, no blog A Bacia das Almas.[via Pavablog]

26 de jun. de 2008

Ensaio sobre o Capitalismo


CAPITALISMO IDEAL: Você tem duas vacas. Vende uma e compra um touro. Eles se multiplicam, e a economia cresce. Você vende o rebanho e aposenta-se, rico!
CAPITALISMO AMERICANO: Você tem duas vacas. Vende uma e força a outra a produzir leite de quatro vacas. Fica surpreso quando ela morre.
CAPITALISMO FRANCÊS: Você tem duas vacas. Entra em greve porque quer três.
CAPITALISMO CANADENSE: Você tem duas vacas. Usa o modelo do capitalismo americano. As vacas morrem. Você acusa o protecionismo brasileiro e adota medidas protecionistas para ter as três vacas do capitalismo francês.
CAPITALISMO JAPONÊS: Você tem duas vacas. Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite. Depois cria desenhinhos de vacas chamados Vaquimon e os vende para o mundo inteiro.
CAPITALISMO ITALIANO: Você tem duas vacas. Uma delas é sua mãe, a outra é sua sogra, maledetto!!!
CAPITALISMO BRITÂNICO: Você tem duas vacas. As duas são loucas.
CAPITALISMO HOLANDÊS: Você tem duas vacas. Elas vivem juntas, não gostam de touros e tudo bem.
CAPITALISMO ALEMÃO: Você tem duas vacas. Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecido, de forma precisa e lucrativa. Mas o que você queria mesmo era criar porcos.
CAPITALISMO RUSSO: Você tem duas vacas. Conta-as e vê que tem cinco. Conta de novo e vê que tem 42. Conta de novo e vê que tem 12 vacas. Você para de contar e abre outra garrafa de vodca.
CAPITALISMO SUIÇO: Você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua. Você cobra para guardar a vaca dos outros.
CAPITALISMO ESPANHOL: Você tem muito orgulho de ter duas vacas.
CAPITALISMO PORTUGUÊS: Você tem duas vacas. E reclama porque seu rebanho não cresce!
CAPITALISMO CHINÊS: Você tem duas vacas e 300 pessoas tirando leite delas. Você se gaba de ter pleno emprego e alta produtividade. E prende o ativista que divulgou os números.
CAPITALISMO HINDU: Você tem duas vacas. E ai de quem tocar nelas.
CAPITALISMO ARGENTINO: Você tem duas vacas. Você se esforça para ensinar as vacas mugirem em inglês. As vacas morrem. Você entrega a carne delas para o churrasco de fim de ano do FMI.
CAPITALISMO BRASILEIRO: Você tem duas vacas. Uma delas é roubada. O governo cria a CCPV- Contribuição Compulsória pela Posse de Vaca. Um fiscal vem e te autua, porque embora você tenha recolhido corretamente a CCPV, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais. A Receita Federal, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presumia que você tivesse 200 vacas e para se livrar da encrenca, você dá a vaca restante para o fiscal deixar por isso mesmo.

Fonte: CWD

Templo é dinheiro

Cumplicidade

— Você acha que é bom existir uma crença religiosa sem igreja?

— Certamente. O alto clero mentiu muito para os fiéis no século XX e eles têm o direito de guardar uma certa distância da Igreja, certamente sem renegá-la, mas num espírito de espera prudente até que Deus se digne de lhes dar novas luzes. Para não dar senão um exemplo, um pouco antes do Concílio a Igreja de Roma assinou com as autoridades soviéticas o tristemente célebre Pacto de Metz, que a obrigava a abster-se de toda denúncia contra os regimes comunistas durante as sessões do Concílio. O pacto, que era secreto, foi ocultado da imprensa ocidental e não foi divulgado senão algum tempo depois, pelos jornais soviéticos.

Se você leva em conta que até essa época os regimes comunistas já tinham matado quase uma centena de milhões de pessoas, das quais pelo menos uns trinta milhões de cristãos que não tinham cometido outro crime senão o de ser cristãos, você compreende a gravidade quase infinita desse acordo. Hoje em dia condena-se o Papa Pio XII por ter feito certo silêncio em torno da perseguição aos judeus na Alemanha, mas quem queira desculpá-lo pode ao menos alegar, para raciocinar por absurdo, que não eram ovelhas do seu rebanho, que ele não tinha a obrigação de dar o alarme se o lobo atacava apenas as ovelhas do seu vizinho.

Mas o que se pode pensar do pastor que entrega ao lobo as ovelhas do seu próprio rebanho? Ante essa cumplicidade abominável, as críticas bem polidas e de ordem puramente teórica que a Igreja continuou a fazer ao marxismo não passam de hipocrisia. E como você haveria de querer que, depois de coisas desse gênero, milhões de fiéis não perdessem a confiança na Igreja e não escolhessem ser, ao menos a título provisório, cristãos sem Igreja? Foi o Vaticano que traiu a confiança deles, é a ele que cabe arrepender-se e lhes pedir perdão, em vez de fazer essas ridículas genuflexões rituais ante o mundo ateu, que se tornaram a moda oficial do dia.

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Olavo de Carvalho em entrevista à Rádio Europa Livre
Bucareste, 21 de outubro de 1998

24 de jun. de 2008

Confissões de um falso, metido e impostor


O que você vê em mim? O que você acha que sou? Quem você pensa que sou?

É engraçado parar e refletir nas incontáveis vezes que já ouvi:
- Nossa! Como você é ungido!
- Eu senti o poder de Deus através de você!
- Enquanto você tocava eu pude sentir a unção de Deus vinda de você!
- Você é realmente cheio do Espírito! Um rapaz santo!
- Deus te usou pra falar comigo!
- Você poderia pregar para os jovens hoje? Ou dar aulas na Escola Bíblica Dominical para os adolescentes? Você é tão sábio!
- Gostaria que você presidisse todas as nossas devocionais! Gosto muito quando você fala!

Sabe?! Vou trazer à tona algo bastante íntimo e contudente pra mim. Uma confissão! Em todos os episódios que recebi tais elogios, não pude concordar muito com nenhum deles!

E de fato, sempre fiquei confuso a respeito! Porque sempre eram os momentos em que minha vida espiritual estava um fiasco. Em que alimentava toda sorte de pensamentos impuros! Em que as paixões carnais predominavam em meu coração! Fases da minha vida em que a Bíblia servia apenas como adorno no caminho para o culto, e no próprio culto. Tempos em que "orava", apenas nos cultos, no meio de incontinentes glossolalias e "aleluias" e "glória a Deus" fortemente bem entonados e emotivos. Era fácil orar naquele meio! Além de poder dissimular uma oração, ainda simulava uma relação com Deus da qual não usufruia!

Não estou dizendo que as intenções do meu coração eram falsas! Deus sabe que não o eram! Mas, a realidade em que eu estava, o tipo de convívio, a forma de comungar e de relacionar acabaram por deflagrar um comportamento que fosse coerente àquele ambiente social. Um comportamento que fosse conivente com todo aquele aparato religioso! Não pude evitar... Aquele meio me tornou um hipócrita! Embora, eu mesmo vociferasse contra "fariseus" e "crentes frios", e lutasse por um "avivamento da Noiva"(alguns anos mais tarde, vejo que apenas queria enquadrar a igreja no enlatado "extravagante" e "profético" da "adoração"), ainda sim, não passava de um projeto de hipócrita tão ou mais nojento que os outros!

Mas, o que se podia fazer? Eu era um "levita", ministro de louvor! Já era exemplo de santidade para os jovens! E motivo de admiração dos adultos pela minha "sabedoria" e domínio da Bíblia! Como eu poderia mostrar que aquele "super-jovem-crente", que ocupava, na medida de seus talentos, as lacunas do funcionamento da igreja, ainda não conseguira alcançar toda a "santidade" que transparecia ou lhe atribuíam? Como um jovem que estava mais na igreja do que em casa poderia simplesmente parar e falar: "Gente! Eu preciso de um tempo... Eu não sou tudo isso, estou sufocado! Acabei me tornando um hipócrita! E isso me corrói dia após dia! Minha vida com Deus têm definhado mais e mais em virtude disso!?"

Lembro uma vez que cheguei ao pastor e pedi-lhe um tempo de 30 dias no banco para poder refletir, descansar... Na verdade, minha vontade era dizer que, como jovem "crente", estava afundado na masturbação, na pornografia, "ficando" com as meninas, já não orava há muuuuito tempo, se lia a Bíblia era por causa dos serviços que desempenhava na igreja como ministro de louvor, como professor de EBD ou, quando às vezes tinha que levar a Palavra no culto de jovens, não por deleite! Mas, não poderia dizer o motivo tão explicitamente assim, porque, em vez de conseguir os 30 dias, acabaria por conseguir uma certa "excomunhão" psicológica, social e relacional por parte da igreja... porque acabaria visto como um "pecadorzinho" que não poderia estar a frente nas obras da igreja!!! E, bem... ainda não era o que queria! Embora desejasse me afastar um pouco de toda aquela responsabilidade, prezava muito por tudo aquilo! Achava ser de fato, a "obra de Deus".

Bem, a resposta que tive? O pastor entendeu que eu estava querendo boicotar a igreja e influenciar os outros integrandes do ministério de louvor a parar também, deixando, assim a igreja desfalcada e sem "louvor"... (Detalhe, eu tinha mesmo uma reputação de formador de opnião lá dentro. Para as boas e para as ruins...). Argumentei um pouco mais que achava que eu não estava preparado e tal... Mas, nada feito! Disse que eu estava preparado, que era muito sábio, ungido e tal...

Se tive coragem de discordar? Não, não tive... E mais uma vez, posei de hipócrita!!!

Foram anos do meu cristianismo vividos dessa forma... Coisas desse tipo me fizeram duvidar! Como uma pessoa poderia chegar em mim e dizer que sentiu a unção de Deus e o Espírito Santo fluindo de mim enquanto tocava bateria no momento da adoração, quando, bem sabia eu que, minutos antes de ir ao culto, ainda no banho dava vazão às fantasias lascivas? Ou quando estava simplesmente me exibindo para uma irmãzinha "gata" sentada no banco logo a minha frente? Ou mostrando minha técnica com deboche para outro irmãozinho que também tocava bateria, mas, não tinha a mesma desenvoltura que eu? O que essa pessoa sentiu? Onde acaba a emocionalismo e começa o espiritual?

É claro, que todo sábado eu me arrependia de tudo que tinha sido e feito durante a semana e pedia perdão antes de ir para o ensaio do ministério de louvor... Afinal, devia estar consagrado!!! Vou fazer mais uma instigante confissão! Eu realmente achava que no último segundo poderia apagar os vestígios de uma semana (estranho, mas media minha vida espiritual por semanas. Semana em que fui santo. Semana em que não fui santo) espiritualmente podre para os radares de alguma "profeta" no meio da reunião de oração, que por ventura acusasse: "Temos um irmãozinho aqui que está em pecado e está atrapalhando o mover de Deus na hora do louvooooor!"... Bom, sinistro? É, eu sei que é...

O que quero dizer com tudo isso? Não estou me insentando. Sei que a maior parcela de toda essa minha máscara de "super-crente" é de minha inteira falta de caráter! Mas, eu fico refletindo... Até que ponto eu fui pressionado por esse sistema religioso em que estava inserido? A indumentária própria, os termos próprios, as conversas seletas, os chavões, o status, o convívio, os princípios, a subcultura, a alienação, a pressão, o ativismo... as cobranças... Eu sei que me conduziram por uma vida cheia de falsidades! De aparências! De máscaras!

Algo me preocupa! Quantos não passam ou não passaram por algo semelhante? Quantos não conseguem ou não conseguiram se libertar disso? E o pior... Será que eu consegui?

Graça?! Difícil é estar com ela...

A hipocrisia cristã é extremamente cansativa.

Aliás, toda hipocrisia, toda mentira ou falsidade é cansativa, mas no caso da cristã, ela é mais do que isso, ela chega a ser terrível, pois se "finge" em nome de Deus.
Vejo igrejas fechando as portas por causa disso. Vejo pastores se traindo em suas mais gritantes convicções, homens gananciosos de poder se auto ungindo-apóstolos, bispos, reverendos, etc.
Vejo as ovelhas famintas sendo enganadas com alimentos que não sustentam , e o pior, vejo os poucos que se levantam a favor do verdadeiro evangelho sendo excluídos, dissolvidos, caluniados e muitas vezes assassinados espiritualmente.
Eu, particularmente, creio que Deus está a fazer algo grande e poderoso. Creio que Deus está limpando, ainda que haja sofrimento e decepções, mais a frente entenderemos o agir de Deus. Preciso e quero crer nisso.
Olho para nossas igrejas e vejo que não sabemos amar, não conseguimos perdoar, e muito menos caminhar pelo caminho da Graça.
A grande maioria de nós está presa a Lei do pecado, está sujeita a maldições, vive num antigo e conflitante testamento, age como feiticeiros-evangélicos cheios de mandingas, campanhas e receitas para expulsar demonios, conseguir a vitória, sair da pobreza, conquistar a pessoa amada, etc, etc, etc.
Onde está a graça?
Com quem está guardada a verdadeira Fé?
Será que entendemos o verdadeiro significado do sacrifício de Cristo ?
De que serviu a Cruz?
E a vida abundante, o que aconteceu com ela?
Onde está o amor aos pobres, aos encarcerados, as viúvas e órfãos e ao próximo?
O que fizemos com o despreendimento, com o voluntarismo e com a generosidade ?
Onde colocamos o amor despreconceituado e pacífico de Cristo ?
O que fizemos com seus ensinamentos?
Temos transformado a Palavra de Deus, temos moldado seus dizeres a nosso favor. Usamos de versículos bíblicos para acusar, maltratar, julgar e condenar.
Não conhecemos e nem vivemos a graça de Deus, seja em nós ou no próximo.
Percebo que só aceitamos a graça se essa for favorável aos nossos interesses, a nossa doutrina, aos nossos pensamentos, caso contrário não é graça.
Nos julgamos superiores, especiais, espirituais, recheados de dons sobrenaturais, mas agimos com a mais sórdida pequenês humana, com a mais grossa raíz do pecado.
Onde estão os transformados, para onde foram os reformados, o que foi feito do amor que ama de fato e não de palavras ?
Onde está a igreja que é corpo, que tem como cabeça a Cristo?
Ainda não desisti da igreja, mesmo que encontre em minha lógica todos os motivos para isso.
Ainda não desisti da igreja porque sei que existem muitos que como eu tem gritado aos quatro ventos contra a hipocrisia eclesial.
Ainda não desisti da igreja porque creio num Deus maior do que os interesses humanos e sei que ELE está a fazer algo.
Ainda não desisti da igreja porque como diz Phillip Yancey em "Maravilhosa Graça", a igreja apesar de seus incontáveis erros ainda é a porta de entrada para o conhecimento da graça.
Ainda não desisti da igreja porque conheço alguns poucos homens que ainda podem ser chamados "Homens de Deus".
Ainda não desisti da igreja porque Cristo vive em mim.
Sempre que posso eu grito, e quando não posso falo, escrevo ou sussurro, mas me calar jamais.
Que Deus nos abençoe, e que tenha misericórdia de nós.


23 de jun. de 2008

Cansado da igreja?

"...a Igreja está passando pela maior revolução de nossa época. Multidões de cristãos sérios estão abandonando as formas tradicionais da igreja... Mas, apesar disso, querem ser a Igreja de Jesus Cristo. Eles estão deixando de comparecer às tradicionais “escolas dominicais” ou “cultos matinais” para buscar uma forma mais autêntica de ser Igreja; livre do formalismo e das cobranças burocráticas de um tipo de igreja que vive para organizar programas e dar show.”
Oswaldo Paião da Aba Press


"[...]eles rejeitam as reuniões de igrejas que são brincadeiras de jogos religiosos sem a presença de Deus e que não produzem fruto espiritual; eles “se recusam a seguir pessoas que oferecem a sua visão pessoal e não a de Deus, que buscam popularidade em vez de proclamar a verdade nas declarações públicas”; não querem doar dinheiro a “monumentos feitos pelo homem enaltecendo os seus próprios empreendimentos”; não se impressionam com diplomas de “seminários que produzem jovens incapazes de defender a Bíblia ou que não estão dispostos a dedicar suas vidas para servir outros”; são seguidores de um Cristo que “não morreu na cruz para encher os salões da igreja, para permitir prédios magníficos de igrejas, ou motivar pessoas a implementarem programas”.

“Não há nada inerentemente errado com o envolvimento em uma igreja local. Mas não é isso que torna você salvo, santo, justo ou piedoso (...) O que importa é ter um relacionamento autêntico com Deus e seu povo. Fazer parte de uma igreja local pode facilitar isso. Ou talvez não. (...) Você deve compreender que a Bíblia não descreve nem promove a igreja local como a descrevemos hoje. Há muitos séculos, os líderes religiosos criaram a forma predominante de “igreja” (...) Mas, a igreja local que muitos passaram a apreciar – os serviços, cargos, programas, prédios, cerimônias – não é bíblica nem não-bíblica. Ela é abíblica – isto é, tal organização não é mencionada na Bíblia”.
George Barna em Revolução


De fato, alguma vez você leu na Bíblia que, para crescer espiritualmente, se assemelhar a Jesus e servir ao próximo, temos que nos reunir em um templo com determinada arquitetura num domingo pela manhã e à noite, e também na quarta-feira? Você já viu nas Escrituras, do Gênesis ao Apocalipse, alguma instrução determinante sobre um culto que tenha aquele modelito de sempre de nossas igrejas: prelúdio, oração, avisos, período de louvor ou hino congregacional, troca de apertos de mão “com quem está ao seu lado”, pregação (atrás de um púlpito), poslúdio etc?

[...]Outra afirmação acertada. Mas ninguém pode negar a realidade. De fato, bastam algumas conversas com gente sensível, e que quer algo mais de Deus, para perceber que a insatisfação é grande e que os tais “mini-movimentos” espirituais-comunitários, cujas características são detalhadas no livro, ganham força. Mas esse tipo de coisa incomoda muito a pastores e líderes de grandes igrejas, gente de influência, que se utilizam dessas estruturas eclesiásticas para atingir seus objetivos pessoais. São homens e mulheres que ganham muito bem, vaidosos, sedentos de poder e projeção. Ou, então, pessoas ambiciosas de entrar com seu nome na história. E nada mais útil para essa gente do que ter uma grande massa reunida num só lugar sob o comando do seu microfone![...]

[...]Dizer a essa multidão que não é só ali naquele modelo de igreja que elas encontram a possibilidade de crescimento espiritual pode frustrar o plano de muitos líderes, porque, afinal, isso os atrapalha a alcançar suas metas através da manipulação dessas pessoas. Alertar a elas sobre uma “revolução” que trata, como resume o autor, “do reconhecimento de que não somos chamados para ir à igreja. Somos chamados para ser a Igreja” é a última coisa que alguns vistosos líderes e altos salários das igrejas locais querem que aconteça.(Por Lenildo Medeiros)

PS. Isso tá crescendo... Clique aqui

Descobertas diante da Telona


Muitos têm buscado o Jesus histórico nos últimos tempos. Querem saber se podemos confiar nos relatos dos evangelhos canônicos, desejam compreender o que está escrito e como foram concebidos os apócrifos ou pseudo-epígrafos. Dizem: “E este novo evangelho de Judas?”.

O que me surpreende é que não vejo o mesmo entusiasmo na busca por um Jesus pictórico, talvez pitoresco. O Jesus gracioso, envolvente e cativante, do “deixe que venham a mim os pequeninos”. O Cristo das gravuras infantis, do sorriso paterno e da misericórdia infindável. O Messias que nega a possibilidade de subir ao trono e se doa e que é Senhor da inclusão, do amor, da justiça social.

No ‘mundo’, busca-se um Jesus histórico. Na ‘igreja’, se fala de um Emanuel abstrato, cuja importância está no nascimento, na morte e na ressurreição, muitas vezes relegando ao esquecimento seu ministério de três anos na terra.

Nas telonas do cinema, em cartaz, vê-se um Aslan, o pitoresco, a gravura, a expressão artística de um Emanuel vívido e vivido por C.S. Lewis. Um verdadeiro ‘Deus Conosco’, que mostra ao Príncipe Cáspian e aos outros aquilo que ele realmente quer: relacionamento sincero. No seu rugido, sua justiça. Na sua imponência de leão, o reconhecimento de quem, factualmente, ele é. Na ternura de atitudes e expressões, ainda que um selvagem felino, ele revela como o rei é cheio de misericórdia.

Leitor, sugiro que você visite a sala de cinema mais próxima e descubra como narnianos podem se assemelhar ao povo de Israel nos momentos do exílio. Como os telmarinos se assemelham à raça humana em muitos aspectos. Enfim, faça as suas próprias descobertas pictóricas.

Victor Fontana, no blog Cristão inteligente. [via Pavablog]

PS. Se já assistiu, assita de novo... Vamos garantir todas as sequências de As Crônicas de Nárnia na telona...

22 de jun. de 2008

Humanos! Cuidado!

Ler devia ser proibido


Clip de incentivo à leitura idealizada e produzida por Deborah Toniolo, Marina Xavier, Julia Brasileiro, Igor Melo, Jader Félix, João Paulo Moura, Luciano Midlej, Marcos Diniz, Paulo Diniz, Filipe Bezerra, alunos do 2º ano do curso de Publicidade e Propaganda da UNIFACS - Universidade Salvador.
colaboração: Celi Saus

Fonte: Pavablog

A irrelevância Cristã

*Eugene de Blaas , óleo em tela*

Observo a cristandade (dentro dela diversos segmentos), e sempre me pergunto onde está a graça?!

Observo as questões levantadas e não sinto a mínima vontade de comentar, interagir sobre seus assuntos, dilemas e esperanças. São questões que me parecem tão irrelevantes e tão banais.

Vejo as pessoas querendo buscar um olhar diferente de Deus ou somente chamar a atenção de um ser que dentro da fé que eles mesmos confessam é onisciente. Diante disso me calo e ignoro, ou pelo menos tento.

Vomitar toda a teologia já é irrelevante, mesmo que está teologia vá de encontro ao mais profundo teólogo póstumo ou a era pentecostal e suas estranhezas.

Pensar num cristianismo pragmático onde tudo deve ser pesado, pensado e posto em prática se tornou um discurso tão irrelevante por causa da banalidade de querer ser o melhor cristão do mundo que se equipara às questões rotineiras como decidir a roupa (ou no caso máscara e fantasia) que irá vestir.

Realmente é pura banalidade e irrelevância querer ser visto por Deus dentro do cristianismo. Digo isso pelos dogmas e divergências que existem mais de dentro para fora do que de fora para dentro.

Afinal se existe um Deus pessoal e onisciente por que no meio do aglomerado de pessoas pedintes, em meio a gritos e histerias de uma demonstração bisonha de um falso poder tentamos chamar sua atenção?!

Apesar de que creio serem irrelevantes as questões que trazem a pauta a unidade dos segmentos cristãos e suas idéias, regras, liturgias e dificuldades. Afinal o cristianismo nunca será uníssono, pois ele foi feito, e é praticado por pessoas que são tão diferente entre si que nunca chegarão à utopia desejada e tão sonhada por alguns.

"Creio serem irrelevantes as questões da cristandade por que somos crianças brincando de ter um “deus boneco de pano” que está pronto para tratar as nossas carências da maneira mais útil a nós mesmos. O problema é que existem tantas outras crianças com seus “deuses bonecos poderosos” desejosos para si e somente para si o que você que se acha único quer. "


E nisso há o conflito que será ganho pela criança que tem o boneco mais armado pela sua “fé”.

São irrelevantes as nossas questões por que somos os peseudo-intelectuais-teologos de uma fé enlatada, rotulada posta numa prateleira duma loja gospel esperando o próximo movimento cristão que possivelmente será chamado de revelação profética, avivamento ou novo movimento cristão. Sendo que na verdade só existe a inércia daqueles irrelevantes cristãos que brincam de ter “deus” e são empurrados pelos que vem de trás e querem ser os primeiros.

Quando eu quero as respostas mais relevantes dentro do contexto cristão, simplesmente desligo meu computador, fecho minha bíblia, tapo meus olhos e ouvidos, cesso de falar e vou viver lá fora onde as pessoas que também vivem estão.

Então não me procure dentro de um segmento religioso que não irá me achar sentado buscando a atenção de um ser divino.

Vou lá fora viver no mundo que Deus criou e está.

Fonte: Lion of Zion

PS. Acho que se olharmos genericamente para o Cristianismo e ao longo da História, com certeza seremos tentados a apontar freneticamente a total irrelevância no tocante à proposta do próprio Cristianismo. Contudo, é importante deixar a ressalva de homens e mulheres, verdadeiros cristãos, inseridos em toda essa parafernália religiosa cristã, que exalaram e exalam o perfume de Cristo...

21 de jun. de 2008

Exodus


A Igreja está caminhando por outros trilhos...

Não estou falando de igreja com "i"... Essa continua e continuará nessa toada... (infelizmente)... Estou falando de Igreja com "I"... pessoas que não se acomodam com o sistema religioso de qualquer maneira, e juntas são Corpo, e alcançam quem se deve alcançar... Pessoas que são "I"greja, de fato, não membros de uma "autarquia religiosa", que frequentam templos e se julgam cristãos...

Estou falando de pessoas que entendem o que é ser Igreja... ekklesia é composta de dois radicais gregos: ek que significa para fora e klesia que significa chamados, "chamados para fora"... Esses são os novos trilhos que mencionei...

Isso tá crescendo...

As pessoas que realmente querem compromisso com Cristo estão acordando para isso... e está havendo um êxodo dessa igreja com "i"...

19 de jun. de 2008

Religare

"As religiões formalistas tendem à fixação das crenças e à cristalização dos sentimentos; fossilizam a Verdade; desviam-se do serviço de Deus para o da Igreja; lutam entre si e entre os irmãos, em nome do amor, dando origem ao aparecimento das seitas e das divisões; estabelecem autoridades eclesiásticas pressivas; conduzem ao nascimento do falso estado mental aristocrático de povo eleito; mantêm ideias falsas e exageradas sobre a santidade; tornam-se rotineiras e petrificadas e acabam por venerar o passado, ignorando as necessidades do presente."

Operação Cavalo de Tróia do J.J. Benitez

1 ano do DliverBlog - PROMOÇÃO

1 ANO - dLIVEr blog

Este blog nasceu há um ano num momento em que eu precisava viver coisas novas. O tempo gasto lendo outros blogs e postando algo por aqui tem sido recompensado pela rica aprendizagem e pelas descobertas. Acima de tudo, este tem sido um meio de fazer novos amigos e companheiros na jornada. Destaco o ingresso, em setembro de 2007, na esfera emergente dos chamados para fora.

O V. Carlos, um dos nossos colaboradores, criou uma comunidade no Orkut para reunir os leitores do blog. Você está convidado!
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Para comemorar, queremos presentear os amigos com dois exemplares de um dos livros mais citados e comentados por aqui: A Renovação do Coração, de Dallas Willard.

COMO PARTICIPAR?
Descubra pelo menos um autor de uma das declarações abaixo, todas citadas em obras de Dallas Willard:

a - "A vida inteira de um homem é uma contradição contínua daquilo que ele sabe ser seu dever. Em todas as áreas da vida, ele age em oposição às ordens de sua consciência e de seu bom senso".

b - "Toda a infelicidade dos homens vem de uma só coisa, que é não saberem ficar quietos, dentro de um quarto"

c - "O cristianismo não foi testado e reprovado; na verdade, foi considerado difícil e abandonado, sem ao menos ser experimentado"

d - "Custa tanto a um homem ir para o inferno quanto ir para o céu. Estreito, excessivamente estreito, é o caminho para a perdição!"

* * * * *
1º livro: Será sorteado entre os leitores que acertarem o autor de ao menos uma das frases enviando as respostas para o endereço danieldliver@gmail.com com o título "promoção dliverblog 1".

2º livro: Os blogueiros que divulgarem a promoção devem enviar uma mensagem para o danieldliver@gmail.com com o título "promoção dliverblog 2" contendo o link do postagem de divulgação.

O sorteio entre os participantes será no dia 21 de junho, próximo sábado, com a presença do gaúcho colaborador Marco "Maps". Participem!

Fonte: Dliverblog


PS. Estou divulgando essa ótima promoção de comemoração de 1 ano do Dliverblog! Para os que conhecem o blog, não preciso dizer mais nada... é simplesmente ótimo! Para quem ainda não conhece, tá esperando o quê? Visita lá...

18 de jun. de 2008

Coração de leão 1

Recebi c/ alegria o convite p/ entrevistar Ricardo Gondim. Ele tem lugar cativo neste espaço não apenas por meio de suas reflexões sempre instigantes, mas também pela expressiva quantidade de colaborações de temas diversos que me envia c/ regularidade.

Foram mais de duas horas de papo agradabílissimo, apesar de alguns temas p/ lá de espinhosos. Da emoção incontida em certos momentos às confissões + íntimas, o coração permaneceu aberto, franco e generoso.

Um trecho inédito que não enviei p/ a revista. Ao discorrer s/ o futuro da igreja, Gondim enfatizou a importância da convivência em grupos pequenos, não apenas nas chamadas "células". "Coisas surpreendentes podem surgir em meio a um grupo de cristãos reunidos, por exemplo numa mesa de bar como acontece no Zona da Reforma", disse. "E com uma cerveja na mesa", arrematou. =]

Taí a íntegra do papo.

Fim de culto na Betesda. A igreja ocupa um imenso galpão na zona sul de São Paulo. Ricardo Gondim chama um dos pastores para fazer a oração final e deixa a plataforma a passos rápidos enquanto a congregação está de olhos fechados. No entanto, em vez da saída à francesa, ele opta pela “versão Ceará”, postando-se à porta do templo para cumprimentar as pessoas. Tudo como manda o mais autêntico figurino presbiteriano. Posa para fotos, autografa livros e distribui sorrisos e abraços para aos que se comprimem à sua volta.

Para desapontamento de inúmeros desafetos, o escritor e pastor parece revestido de uma espécie de couraça contra os rótulos que lhe são atirados com freqüência. “Arrogante”, “herege”, “polêmico” e “mundano” são apenas alguns, digamos, publicáveis. Após receber muitos protestos sobre as supostas heresias defendidas por seu articulista, a revista evangélica Ultimato se pronunciou no ano passado (edição 308) usando dois adjetivos sobre os textos de Gondim: “Apreciados” e “saudáveis”.
Um rápido exame nas dezenas de textos de seu visitadíssimo site já é suficiente para identificar algumas preferências pouco (ou nada) ortodoxas para um líder pentecostal. De Vinicius de Moraes a Lenine, a lista para lá de eclética inclui nomes como Almodóvar, Rubem Alves e Simone Weil. Com o fôlego de quem correu onze maratonas e dezesseis vezes a São Silvestre, Gondim revela que a corrida funciona como espécie de exorcismo para ele e para os amigos que o acompanham. “Após vários quilômetros percorridos, costumamos dizer que suamos vários demônios”, graceja.

Ao receber CRISTIANISMO HOJE, cercado de livros numa filial da Livraria Cultura – templo-mor das letras na capital paulista –, Ricardo Gondim olhou na janela para o prédio da TV Globo e perguntou se Kixapágua (entidade que atua por trás da Vênus Platinada, segundo o apóstolo da Igreja Renascer, Estevam Hernandes) não iria atrapalhar o papo. Das risadas iniciais à emoção ao tocar em dores ainda sensíveis, o pastor falou sobre muitas coisas, inclusive de suas mágoas.

CRISTIANISMO HOJE – Agora em maio, duas grandes catástrofes – o ciclone em Mianmar e o terremoto na China – assustaram o mundo e novamente levaram os crentes a pensar sobre as razões do sofrimento humano. Como o senhor, que na época do tsunami ocorrido na mesma Ásia em 2004 causou polêmica com um artigo sobre as tragédias, analisa a questão do sofrimento humano diante da existência de um Deus que se apresenta ao homem como pleno de amor?

RICARDO GONDIM – Discordo da explicação fundamentalista de que “todas as tragédias são provocadas pelo pecado original”. É um simplismo cruel e inútil. Como escrevi inúmeras vezes, não consigo acreditar numa divindade que tudo ordena e orquestra. Em Os irmãos Karamazov, de Dostoievski, Ivan diz num certo momento: “Há uma coisa no Universo que clama: o choro de uma criança”. O Deus da Bíblia não é sádico de provocar a morte de milhares de vidas. Exatamente pelo fato de Deus ser amor, ele possibilita a felicidade e a infelicidade. Nossas escolhas, decisões e articulações sociais interferem nos resultados. Ao mesmo tempo, a vida é trágica e feliz. Deus é sempre parceiro do homem nessa busca de tornar a vida mais intensa e prazerosa. Como afirma André Comte-Sponville, “somos os únicos seres do Universo que podem humanizar ou desumanizar”.

Na época do tsunami, teólogos se insurgiram contra alguns de seus textos, desfiando uma série de argumentos. Hoje, o senhor é mestrando em ciências da religião na Universidade Metodista. É importante estudar teologia?

Depende de como você entende a teologia. Deus não pode ser dissecado. Como disse Paul Tillich, “Deus está além de Deus”. Entendo teologia como o estudo e a maneira como organizamos nossa vida a partir da compreensão que temos de Deus, ou, lembrando Rudolf Otto, do nosso “encontro com o sagrado”.

Mesmo entre as pessoas que não professam nenhuma religião, a sucessão de fatos trágicos e de episódios de crueldade humana explícita, como o assassinato da menina Isabella Nardoni, sugerem que algo muito grave e de contornos ainda indefinidos esteja acontecendo. O atual recrudescimento da brutalidade humana aponta a proximidade dos eventos escatológicos bíblicos ou são apenas novas expressões de um quadro que sempre houve?

Todos esses fatos recentes são apenas expressões de algo que sempre aconteceu. Repare que, ao longo da história, foram comuns perseguições contra judeus, hereges, escravos... A própria Reforma Protestante foi um episódio violento. Em Casa grande & senzala, Gilberto Freyre discorre sobre o que algumas senhoras faziam por ciúme da beleza das escravas. Quebravam-lhe os dentes com chutes ou mandavam-lhes cortar os peitos. De certa maneira, creio que o que aumentou foi o nível de intolerância social à brutalidade – por isso a comoção e a revolta provocadas por esses episódios.

Quando foi a última vez que o senhor chorou?

Na semana passada, durante reportagem na TV sobre o terremoto da China. Depois de quatro dias, conseguiram resgatar uma criança com vida. Um pai tentou invadir a ambulância ao imaginar que era seu filho. Chorei ao ver o desespero daquele homem.

Quais são as principais diferenças entre o Ricardo Gondim de hoje e aquele que começou o ministério há três décadas?
Eu era um homem com um idealismo ingênuo. Não sabia diferenciar ilusão e encantamento. Ilusão é baseada em fantasias; já o encantamento nasce da observação da realidade. Continuo encantado com o Evangelho, com “E” maiúsculo.

Então, quem é Ricardo Gondim?

Um homem introspectivo e nostálgico. Gosto de ambientes intimistas e tenho profunda necessidade de estabelecer relacionamentos significativos, sem trocas ou quaisquer tipos de interesses.

Nos últimos cinco anos, o senhor tem se notabilizado como um crítico do segmento evangélico. Iniciativas como o blog Outro Deus e a maciça produção de textos nesta linha têm marcado seu ministério. Até que ponto isto se confronta ou complementa sua atuação pastoral?

Comecei a escrever pelo fascínio da própria literatura, cuja excelência intrínseca é maior que a da oralidade. Esse exercício adensa pensamentos e complementa idéias que surgiram nas mensagens. Todas as semanas posto textos inéditos e meu site recebe cerca de 1.400 visitantes por dia e mais de 1,5 mil e-mails por mês.

Em seus pronunciamentos recentes, o senhor revela a vontade de afastar-se de tudo e chega a sugerir que as pessoas não compareçam sequer aos eventos que promove. No entanto, o senhor continua participando e promovendo eventos destinados ao público evangélico e permanece na direção da Betesda – uma igreja com corte social de classe média urbana, presença na mídia e atuação institucionalizada, como tantas outras denominações cuja existência legitimam suas críticas. Não é um paradoxo?

É preciso definir os acampamentos. Há um movimento evangélico que mostra ter exaurido as forças. Alguns sinais dessa exaustão são a falência ética e as campanhas constantes para trazer pessoas à igreja. Para mim, agenda cheia demonstra fraqueza. Para fidelizar o público, há gente buscando atrações cada vez mais fantásticas. No caso da Betesda, é explícita a posição de não repetir modelos falidos e teologias engessadas da década de quarenta. O que faço hoje são eventos voltados para a própria igreja. Recentemente, decidi suspender o Congresso de Reflexão e Espiritualidade, voltado basicamente para pastores, que acontece há vários anos. E não compactuo com nenhum messianismo do tipo “impactar a nação por meio de eventos”.

Falar de gigantismo e inchaço da Igreja brasileira tornou-se atitude recorrente nos últimos 20 anos, período no qual a população evangélica do país quase triplicou. Quais são, na sua opinião, os efeitos de tal avanço? Existem premissas equivocadas na tradição evangélica e na práxis desta Igreja?

Alguns efeitos são perigosíssimos. A Igreja passou a ser vista como outra força, entrando na disputa de poder. O crescimento acentuado enfraqueceu o zelo pelo conteúdo da mensagem. Isso promoveu sentimentos de ufanismo e triunfalismo desmedidos. Mas não ocorreu avivamento. O que aconteceu foi uma confluência de fatores sociológicos que explicam o crescimento do rebanho. Não é necessário enfatizar princípios espirituais para explicar o aumento do número de evangélicos. (continua no post abaixo)

Fonte: Pavablog

Coração de leão 2

CristianismoHoje - O movimento da Igreja emergente, que tem ganhado força nos EUA, começa a influenciar lideranças no Brasil. Qual é o seu posicionamento acerca dele?

Ricardo Gondim - Depois de muitos anos de crescimento do fundamentalismo, nomes como Brian McLaren, Rob Bell e o próprio Phillip Yancey representam um certo ar fresco na ambiência evangélica dos Estados Unidos. Ainda assim, vejo o movimento como algo norte-americano, sem diálogo com outras tradições cristãs ao redor do mundo.

A dinâmica dos grupos pequenos cresce no contexto do Evangelho urbano. Eles vão representar necessariamente a extinção das grandes igrejas?
O futuro mais lúcido da Igreja Evangélica está nos pequenos grupos. As instituições não vão acabar; porém, não serão solo fértil para as grandes inovações. Enquanto as grandes igrejas repetem clichês, pessoas reunidas em grupos menores vão experimentar o enriquecimento da alma.

Quais foram os motivos da recente divisão ocorrida na Igreja Betesda, cujo núcleo em Fortaleza, no Ceará, desligou-se da sede em São Paulo?

Não houve desligamento de São Paulo. O que aconteceu foi uma divisão dentro da Betesda de Fortaleza. Um grupo alegou que minhas propostas teológicas eram “incompatíveis”. No entanto, na realidade tratava-se apenas de disputa interna de poder. Na época, a igreja perdeu alguns líderes e cerca de 40% dos membros.

Igrejas pentecostais como a Assembléia de Deus, à qual o senhor foi ligado, foram durante muito tempo estigmatizadas devido ao perfil de sua membresia, prioritariamente formada por pessoas dos estratos sociais mais populares. De acordo com sua observação, essa visão ainda persiste?

Um dos fenômenos comprovados em relação aos pentecostais foi a ascensão social do segmento. Obviamente, isso trouxe benefícios e problemas. A produção teológica e literária é um fator positivo. Por outro lado, muitas pessoas passaram a se comportar como os demais estratos da população, supervalorizando o status e outros sinais de riqueza. Daí para a teologia da prosperidade pregada pelos neopentecostais a distância foi curta.

“Ao tentar transformar-se em ciência, a teologia só conseguiu produzir uma caricatura do discurso racional, porque essas verdades não se prestam à demonstração científica.” As palavras são de Karen Armstrong, autora do livro Em nome de Deus – O fundamentalismo no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo. Qual a face mais aguda do fundamentalismo no Cristianismo de hoje?

O fundamentalismo confunde fé com aceitação de conceitos doutrinários. Seus defensores acreditam numa verdade que pode ser totalmente abraçada a partir de certas lógicas. Crêem chegar a uma verdade plena, fechando-se ao diálogo.

Quem são, hoje, as lideranças e pensadores que influenciam sua atuação ministerial?

Além da ala “emergente” (Bell, McLaren), tenho lido autores católicos latino-americanos, como Juan Luis Segundo. Gosto bastante também das obras do espanhol Andrés Torres Queiruga, além de teólogos judeus como Jonathan Sacks e Abraham Heschel.

Ideologicamente, como o senhor se define?

Sou um pensador independente, de esquerda. Não acredito no neoliberalismo capitalista. Ele produz os excluídos. O Evangelho defende os pobres e os marginalizados.

O senhor é um autor bastante apreciado pelos crentes brasileiros. Qual sua opinião sobre a literatura evangélica em nosso país?

A produção literária evangélica é deficiente. A razão é o freio dogmático que gera pessoas mais preocupadas com a defesa da fé do que em produzir literatura.

Quais os autores que mais o influenciam?

Entre vários escritores que fazem parte da minha vida, posso citar José Lins do Rego, Machado de Assis, Thomas Mann e Victor Hugo. O clássico Os miseráveis é uma das minhas obras favoritas.

Lançado em 1998, É proibido (Mundo Cristão) é um de seus livros mais vendidos. Dez anos depois dele, o que a Bíblia permite e a Igreja ainda proíbe?

A Igreja brasileira ainda não soube, por exemplo, lidar com a questão do álcool. Os conceitos lembrados remetem à Lei Seca dos Estados Unidos. Portugal já resolveu essa questão de forma equilibrada há muito tempo e ninguém fica escandalizado ao ver um cristão tomar vinho.

E a relação do povo evangélico com a arte, por exemplo?

É esquizofrênica e mal-resolvida. Dicotomizaram as manifestações artísticas em “sacra” e “profana” – mas não fazemos essa mesma distinção na hora de ler um texto. Em resultado disso, os cristãos sofrem empobrecimento generalizado na hora de saborear e desfrutar da vida. As expressões mais belas de uma geração estão em sua produção artística.

No ano passado, a Editora Ultimato publicou Eu creio, mas tenho dúvidas, obra que traz vários de seus artigos. Quais são suas principais dúvidas e inquietações?

Reflito com freqüência sobre a banalidade da vida. Basicamente, essas reflexões são ressonâncias do livro de Eclesiastes: nem sempre o justo prevalece, nem sempre o forte vence, nem sempre a vida faz sentido...

Em mensagem pregada recentemente, o senhor afirmou que às vezes lhe vêm à mente pessoas que o machucaram, e confessou ter mágoa de algumas delas. Como é esse sentimento?

Tenho mágoa de pessoas que lidaram comigo a partir de rótulos e preconceitos. Tenho mágoa de pessoas que foram intelectualmente desonestas comigo, tentando desconstruir meus textos sem sequer ler as referências. Tenho mágoa de pessoas que me chamaram de “herege” e “apóstata”, uma verdadeira perversidade de gente que não conhecia toda a extensão das questões em debate. (colaborou: Carlos Fernandes)

Fonte: Pavablog

PS. Ricardo Gondim foi um dos "Morpheus" que me levaram a tomar a Pílula Vermelha...

Lixo de Púlpito

Sábado (14/06) participei de um culto e fiquei deprimido. O culto, sendo seletista, isto é, antes da pregação, até que foi "bonzinho", porém a pregação foi uma "catástrofe apocalíptica".

Como não podia perder a oportunidade, selecionei algumas "porcarias" ditas pelo pregador:

1ª É motivo de muita alegria estar aqui, pois temos a certeza de que vamos morar no céu! Amém, povo de Deus? (E eu que pensei que ia morar na Nova Jerusalém após o fim do mundo. Como dizia um amigo meu: agora vá!)

2ª Irmãos eu vou pregar, mas de mim mesmo não tenho nada, porque se os irmãos olharem pra mim eu sou um pecador e falho, mas Deus tem muito pra você nesta noite. (Deviam ter convidado um anjo, para pregrar - talvez ele não tenha pecado.)

3ª Deus não faz nada do nada, tem que ter alguma coisa antes. (Ué, como Deus criou o mundo então?)

4ª Irmão, você tem que ter pelo menos uma fézinha, porque ter fé é assim: comprar carro com dinheiro no banco é fácil, fé mesmo é comprar sem ter nada. (Deve ser por isso que o povo evangélico compõe grande parte da lista dos caloteiros do Brasil). Diria o mestre: Não tentarás o Senhor teu Deus - muito menos o SPC.

5ª Você tem que viver do resto de Deus, porque quem vive do resto de Deus é feliz. (Vishi, isso deixaria o Ed Macedo de cabelo em pé.)

6ª Deus está me revelando que tem alguém aqui passando por muitos problemas em casa. (Óh, não diga. Não espalha, se não o Lula vai acabar criando o PAP: Programa de aceleração Pentecostal.)

Fonte: Celebrai!

Distante do Trono

O texto que publico abaixo é um trecho do blog da Ana Paula Valadão. Quando terminei de ler, fiquei pasmado, custei a acreditar. Ela fica feliz porque durante um seminário no Nordeste houve um clamor por avivamento, e como resposta morreu o fundador do bloco "Galo da Madrugada" do Recife. Eles oraram e Deus como resposta matou alguém? Que absurdo é este? E por fim ela destila mais "abobrinha gospel" ao dizer que a vitória do Sport na Copa do Brasil foi também resultado do clamor. E fala sobre o Leão que aparece no camisa do Sport e o compara ao Leão de Judá... Eu preferia acreditar que não fosse verdade.


Publico abaixo o trecho do blog e a também a indignada opinião do Sérgio Pavarini em seu blog:No fim de semana aconteceu ali o Seminário de Intercessão, e nas palavras dos guerreiros que participaram, foi um dos mais marcantes dos 36 que já passaram por esse Brasil a fora. Ao preço de dores de parto, um enorme peso espiritual foi quebrado, houve muitas libertações de vidas e da atmosfera da cidade, e o Senhor tem revelado profeticamente a Sua glória para aquele lugar.Enquanto o seminário acontecia, no Chevrolet Hall a cidade celebrava uma das maiores festa de S. João do Nordeste. Mas cremos que estaremos ali tomando posse do terreno do inimigo. Acreditamos que esta nação será conhecida pelas festas ao Rei Jesus! Na madrugada de domingo para segunda, depois do seminário, os noticiários publicaram a morte do fundador do “Galo da Madrugada”, o maior festival da cidade, que já chegou a reunir 3 milhões de pessoas pelas ruas do Recife. Ficamos boquiabertos. Ele faleceu de uma cirurgia no joelho.Outro evento importante foi ver essa semana, o Sport Club do Recife se tornar o campeão do Campeonato do Brasil! Os jogadores, muitos crentes, glorificavam a Deus e até declararam na mídia que esta vitória foi o cumprimento das promessas do Senhor.Creio que também não é coincidência ver na bandeira do Recife, um leão segurando uma cruz. Deus tem Seus planos e estratégias e não é em vão que estaremos indo ali exatamente nesta hora.fonte: blog da Ana Paula ValadãoNo excelente Para curar um mundo fraturado (Séfer), o Rabino Jonathan Sacks conta algo interessante:"Os chassidim contam uma história sobre o segundo Rebe de Lubavitch (o "Mitteler" Rebe). Certa vez, ele estava tão concentrado em seus estudos que não escutou seu filho pequeno chorar. Mas o avô (Rebe Shneur Zalman de Liadi) ouviu, desceu as escadas, pegou o bebê no colo e ninou-o até que voltasse a dormir. Aproximou-se então de seu filho, ainda imerso nos livros, e disse: 'Meu filho, não sei o que você está estudando, mas se o deixa surdo ao choro de uma criança, não é a Torá'. Viver a vida da religiosidade é ouvir o lamento silente dos aflitos, solitários, marginalizados, pobres, doentes, impotentes - e responder."Se o resultado da "batalha espiritual" protagonizada pelos intercessores do grupo Diante do Trono é o regozijo disfarçado de pasmo ante a morte do fundador do maior bloco de carnaval do mundo (segundo o Guiness), algo está errado. Sobre o lance do leão na bandeira do Sport nem dá p/ comentar, tal a sandice (eivada quem sabe de um matiz egóico travestido de expressões "espirituais").Prezaria saber os resultados dessa espécie de "boacumba gospel" após pantomima semelhante ocorrida no Rio de Janeiro há alguns meses.No início do ministério, Ana Paula cantava "Dá-me um coração igual ao teu, meu Mestre". Ao que parece, essa oração não foi respondida.Infelizmente.
Publicado por Sérgio Pavarini no blog mais apimentado da net: PAVABLOG#.

Fonte:
A Fé em Busca de Entendimento [via Celebrai!]

17 de jun. de 2008

Ele gosta de estar com as pessoas



O amor pode estar onde você quiser
Mesmo não sendo tudo o que você deseja
Tem o poder de fazer sorrir, eu sei
De constringir o peito rancoroso
Docilmente lacrimejar quem se acha durão demais

O amor não gosta de andar sozinho
Ah..., Ele gosta de estar com as pessoas
É uma doença contagiosa ao pequeno contato
O Vírus precisa de hospedeiro

Então me pedem pra falar de amor...
Não vou começar com o clichê:
“O amor está no sorriso da criança...”
“O amor é melhor na terceira idade”
Isso é amor publicitario... É crédito consignado

Entre meninos e meninas o amor é um tanto complicado
E também precisa ser muito forte
Paciente e persitente pra se ter o alguém pra sempre
Coerente pra saber onde o braço alcança
Caloroso pra viver e racional pra escolher

Pois afinal, apaixonar-se a gente não escolhe
Mas amar não se faz só com o corpo
Se faz com a alma
Se faz com a razão

Daniel Babugem do blog Fadário

Vida...

Bom, a vida é motivo de discussão por diversas vezes e, em inumeráveis ocasiões. Falamos da vida! Vivemos a vida! Passamos pela vida! Gostamos da vida! Odiamos a vida! Queremos a vida! Outrora não queremos a vida!

Para uns a vida é uma dádiva, para outros um fardo. Alguns pensam ser um "mal" necessário. Chamam-na de palco! De ringue! De arena! De campo! Algumas pessoas dizem ter ganho a vida! Outras dizem terem perdido a vida!

O que é vida para você? O que é vida para mim? O que é vida para todos nós? O que é vida para Deus?

Qual o objetivo mór da vida? Em que consiste o curso que compreende o nascimento, o crescimento, a reprodução e a morte? É a vida apenas um conceito da Biologia? Ou é essencialmente muito mais trancendente?

Será que sou apenas um simples ser que está aqui por acaso "vivendo" conforme a natureza me leva a viver? Acaso sou eu parte de alguma coisa mais importante que envolve o conceito de vida?

Uma das perguntas mais famosas é sem dúvida alguma: "Qual o sentido da vida?"

Eu tenho a ligeira impressão que apenas alcançamos a resposta mais paupável para esta pergunta quando no final da nossa vida! A idéia de vida cresce paralelamente com o modo como a vivemos. De maneira que conforme eu cresça e vá assimilando o mundo a minha volta, vou criando a minha idéia do que é a vida!

Diante disso, explica-se tantas conclusões sobre esta que é, se não a maior dádiva que temos, sem dúvida é "algo" totalmente digno de se dar a maior importância: a vida.

Tenho tentado compreender na medida do possível, o que é vida. Percebo que é necessário que eu tenha uma boa e limpa idéia quanto a isso. Afinal, coisas que considero de suma importância na formação do que eu sou, fazem inerência aos conceitos de vida.

O próprio Jesus, é para mim, Vida. Mas, o que entendo por vida? Se entendo que é algo que não me vale a pena suportar, que é algo que não passa de um martírio incessante ou de algo que não me dê muito nos ânimos, com certeza causará uma inferência no modo como compreenderei Jesus!

As Escrituras dizem que Vida Eterna é conhecer Jesus, o Deus Único e Verdadeiro. Torna aí a exploração do termo vida. E vida eterna! Caso vida seja para mim coisa ruim, quanto mais eterna.

Há quem prefira a morte e arriscam nela de forma melancólica e poética. Não sei se compreendo bem a poesia da morte! Afinal, venho tentando encontrar romantismo e poesia na Vida. Porque tenho buscado vida e vida em abundância, que vem de Cristo Jesus, a própria Vida!

Assisti ao documentário A ponte. E me senti despertado para o real conceito de Vida para mim, para nós e para Deus!

E diante da idéia de vida abundante, lembrei que se nós tivermos vida que abunde em nós, que transborde de nós para as pessoas a nossa volta, talvez possamos transmitir o real conceito de vida para tantas pessoas que não encontram na vida, sentido algum, ou motivo algum para ainda continuarem vivas...

14 de jun. de 2008

Liberdade Esquecida

"O escolasticismo protestante, o pietismo e o fundamentalismo, numa progressão histórica, anularam, ou quase anularam, todos os efeitos da liberdade que a Reforma introduziu no acesso e uso da Biblia. A Reforma afastou toda forma excessivamente institucionalizada de leitura da Bíblia e pretende manter um canal sempre aberto de enriquecimento e renovação religiosa, isto é, a revelação devia permanecer dinâmica nas mãos da Igreja como fonte de liberdade do Espírito.



Mas as sucessivas confissões, catecismos e credos, os padrões exegéticos e hermenêuticos do pietismo e o rigoroso esquema fundamentalista firmaram padrões de leitura da Bíblia que hoje cerceiam a liberdade da consciência, não deixando nada a desejar às antigas formas de intermediação institucional. O que se nota agora, especificamente no protestantismo tradicional brasileiro, é uma intermediação uniforme e invisível entre a Bíblia e seu leitor de modo que o que se lê não é mais o texto sagrado, mas um sistema de doutrinas enrijecido e ideologizado. Esse sistema invisível integra de tal modo a consciência que qualquer outra forma de leitura é identificada como herética. É desse modo que a Bíblia perdeu seu lugar no protestantismo e se transformou num instrumento secundário de justificação de formas ideológicas de pensar frequentemente autoritárias, injustas e até ímpias. Acreditamos não ser fora de propósito afirmar que esse estado de coisas é responsável pela atual carência de biblistas no protestantismo brasileiro. A leitura já esquematizada da Bíblia dispensa exegetas e hermeneutas, os conhecedores das línguas originais, dos quais o protestantismo tanto se orgulhou no passado. Eles já não são necessários, e os poucos que restam são colocados sob suspeita; são perigosos porque podem desestabilizar, com suas análises, o sistema ideológico/religioso vigente.

"Antônio G. Mendonça em "Introdução ao Protestantismo Brasileiro" (Loyola) p. 273 (via: A Fé em busca de Entendimento - Uma excelente reflexão, parece que os protestantes históricos se esqueceram de seu chamado, e os novos protestantes (evangélicos), se assim pudermos chamar, perderam de vista a realidade da interpretação bíblica.)

Fonte: Celebrai!

13 de jun. de 2008

Quais mulheres são livres da escravidão dos olhos dos homens?


Lembro-me de, em um domingo à tarde, ver no programa do Faustão, após uma rápida reportagem mostrando como viviam as mulheres no Afeganistão, o apresentador trazer uma burca e vestir em uma das dançarinas do programa. Todos ficaram indignados ao ver como uma mulher tinha que se vestir naqueles países de religião muçulmana. Alguns entrevistados falavam: “é um absurdo uma mulher ter que se submeter a este tipo de veste por causa de uma religião (sociedade)” e uma mulher que estava perto de mim falou “elas se tornaram escravas por causa dos olhos dos homens”.

Mesmo não concordando de forma veemente com o jeito de vestir que a religião/Estado exigem das mulheres mulçumanas, pensando bem, não sei se o Brasil é muito diferente do Afeganistão. Acho que são dois lados de uma mesma moeda!

Em países de religião/Estado mulçumano, as mulheres têm que cobrir o corpo todo até a cabeça. Na maioria das vezes só ficam os olhos de fora, e que olhos! Isso vem de regras oficiais do Estado e da cultura local.

Eu sempre entendi que, na história, as mulheres “pagaram o pato” por causa dos homens. Por causa dos olhos, ou melhor, da mente dos homens, quem tinha que mudar era sempre a mulher. Até porque, Jesus não falou: se o teu olho te faz pecar, arranque o que você viu e te tentou e, olhe de novo!

Lembro-me de um acampamento, quando era adolescente, onde as meninas só podiam ir para a piscina de maiô e camiseta. Eles alegavam que se não fosse assim, estariam induzindo os homens a pecar. Na entrada da piscina tinha uma placa grande: Só é permitido roupa de banho de uma peça (maiô)! Eu e os meus amigos brincávamos: Eba! Então vai ter topless!!!

Mas por outro lado, temos que entender que esta escravidão das mulheres por causa dos olhos dos homens pode refletir de outra forma.

Voltando ao programa de TV, como era patético ver as outras dançarinas seminuas, indignadas por existirem mulheres que se vestem daquele jeito por causa de uma sociedade machista que imprime na mulher o jeito que ela tem que se vestir para ser aceita. Elas mal perceberam que aqui no Brasil a base do problema é a mesma, só que se reflete de forma contrária.

Dançarinas de programas de auditório, cantoras de bandas de axé, “funkeiras”, atrizes nuas na Playboy e uma infinidade de profissões, refletem a escravidão da mulher no Brasil que tem que mostrar o corpo para ser valorizada. Não percebem que a sociedade capitalista machista em que vivemos, fala com palavras bem claras: Mulher boa é mulher que tira a roupa!

Quando a dançarina do Faustão tirou a burca e ficou com sua sainha minúscula e seu bustiê, aí sim todos nós sentimos que ela voltou a ser livre de novo, livre de ser uma escrava dos olhares dos homens, livre de uma sociedade machista escravizadora.

Mas parando para pensar, lá no fundo da mente, me pergunto. Será mesmo?

Marcos Botelho[via SEXXXCHURCH.COM]

12 de jun. de 2008

A grande "sacada" que Deus teve...


Olhou para aquela figura magnífica recém criada! Viu que era muito bom! Obra das próprias mãos e vivificada pelo próprio fôlego! Era o Homem que ali contemplava com entusiasmo como de um pai que pela primeira vez carrega o próprio filho! Fruto do seu amor!!!

Deus acabara de criar o Homem!!!

O que segue, é para mim uma grande “sacada” de Deus!!! Deus, na sua infinita sabedoria e perspicácia, percebeu que não era bom que o Homem estivesse sozinho.

Agora, falo por mim mesmo. Moro sozinho há quatro anos e confesso que gozei de maravilhosa privacidade e espaço próprio até agora. Sempre foi uma vontade minha morar sozinho. Não pude nem esperar completar meus 18 anos e tão logo surgiu (ou criei) a oportunidade, mudei da cidade e da casa de minha mãe.

Eu sempre dizia que antes de casar eu tinha que viver sozinho. Tinha que morar sozinho! Eu ficaria bastante intrigado caso não tivesse tal experiência antes de firmar um compromisso visceral como o matrimônio.

Sempre fui daqueles que prezam bastante por privacidade e liberdade. A dependência sempre me incomodou fortemente!

Há exatos 2 anos e 4 meses, completando-se hoje, ao lado da pessoa a quem devoto todo o meu amor, compromisso, fidelidade, paixão e transparência percebo quão verdadeira foi a “sacada” que Deus teve quando criou o Homem. Mas, agora entendo de forma tácita que Deus tinha toda razão em achar que não era bom que o Homem estivesse sozinho!

É no vazio da noite quando chego de um dia revolto em turbulências e rotinas demasiadas estressantes que percebo o quanto é ruim estar sozinho. Procuro em volta o colo da minha amada para chorar os ataques que sofri naquele dia e consolar-me na imensidão do seu carinho! Me esquivo do silêncio porque não posso ter seu olhos ou sua beleza ali perto de mim enquanto descansa seu corpo ás vezes também fatigado pelos males do dia. Não posso deleitar-me e adormecer contemplando tamanha dádiva! Sinto uma enorme falta de retornar para casa e saber que tenho um lar. Não creio que possuo um lar. A alegria de voltar para o lar não é o conforto da casa, mas o acolhimento de alguém que te ama. E que o aguarda com devoção e saudade!!! Nesse ponto, sofro. Pois não tenho um lar!!! Ainda não!!!

Não quero discutir as implicações teológicas de Deus dizer que não era bom que o Homem estivesse só. Para mim, apenas basta sentir que tal afirmativa é verdadeira, acertada e, talvez, empática. Um Deus que se resume Nele mesmo em total imensidão, soberania e incalculável existência. Em total onisciência, onipresença e onipotência! Talvez, até seja um Deus imensamente sozinho em sua infinidade e profundeza insondáveis e inefáveis, buscando criar seres que o amassem!!! E se a Criação é nada mais que a busca por companhia desse Deus tremendamente sozinho? Ao criar o Homem, todo o Universo e tudo que existe, Ele procura um amor que o complete. Não entenda mal. Não quero dizer que Deus fosse incompleto. Isso seria conceitualmente impossível. Estou querendo dizer que Deus como Deus sabe o que é ser completo!!!

Afinal, antes mesmo que o Homem reclamasse da solidão, Deus mesmo o antecipou dizendo que não era bom que ele estivesse sozinho!!!

Hoje sei que não era, e não seria completo sem ser amado como o sou agora!!!

É muito BOM estar com minha linda e amada Princesa!!! É bom porque sei que preciso dela! Porque ela me entende! Porque posso ser quem sou com ela! Porque gosto da sinceridade entre nós! Porque ela me ouve! Porque necessito da sua amizade e do seu carinho! Porque sei que ela se interessa e me entende! É deveras BOM porque sou amado... e isso me completa!!!

Mas, que ótima “sacada”...


PS. Feliz Dia dos Namorados!!!

11 de jun. de 2008

Nooma | Noise | 005

Eu lia sobre um homem chamado Bernie Krause que grava sons da natureza para filme e televisão. E ele disse que em 1968 para obter uma hora de som natural limpo, sem aviões, sem carros, demorava 15 horas de gravação. E ele dizia que hoje para obter a mesma hora de som limpo, demoraria 2000 horas de gravação.

Isso me lembra da história do grande profeta judeu Elias, que caminhou sem parar e chegou ao fim de suas forças. Ele estava completamente estressado e acabado. Ele nem sabia se queria continuar quando Deus disse: "Elias, suba a montanha pois eu vou aparecer". E Elias sobe ao topo da montanha. E esse vento surge da montanha e a sacode violentamente, mas Deus não está no vento. Depois há um terremoto, mas Deus não está no terremoto. E esse incêndio maciço cobre a montanha, mas Deus não está nas chamas. E então aparece a pequena voz de Deus. Há uma grande discussão sobre o que é essa voz. Algumas pessoas acham que a palavra hebraica não se refere ao som que ouvimos com nossos ouvidos, como um ruído audível.

Então alguns tradutores traduzem a frase como se Deus estivesse no som do puro silêncio.

Deus não estava no vento. Deus não estava no terremoto. Deus não estava nas chamas. Deus estava no silêncio.

Porque é tão difícil lidar com o silêncio?
183 milhões de pessoas são regularmente expostas a ruídos rotulados como excessivos pela Agência de Proteção Ambiental.
Você tem um celular? Um biper? Caixa postal? Você tem um celular com caixa postal e e-mail?
Você tem uma televisão? Mais de uma televisão? Deixa o rádio ligado o dita todo? No trabalho, no carro, em casa?
Existe o ruído visual? Gostaria de ver mais outdoors pelas ruas em que passa? Já não temos bastante centros comerciais?
Você sente que Deus está distante? Gostaria de aumentar o volume da voz de Deus em sua vida? Há alguma lição entre a quantidade de ruído em nossas vidas e nossa inabilidade de ouvir Deus?
Jipes e minifurgões agora possuem sistemas de CDs e de DVDs separados para os bancos traseiros. Você já pode comprar roupa "wired". Casacos e jaquetas equipados com celulares e toca-MP3.

PENSE NISSO!

Sente-se confortavelmente na sua cadeira e comece a respirar lentamente enquanto lê.

Falou mais Moisés, e os levitas e sacerdotes, a todo o Israel, dizendo: "Guarda silêncio, e ouve, ó Israel!!" Deuteronômio 27:9

"Consultai com vosso coração em vosso leito, e calai-vos." Salmos 4:4

"Mas o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante Dele toda a terra." Habacuque 2:20

"Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei." Jesus em Mateus 11

Se eu não ficar quieto e não escutar, como Jesus me aliviará?
Já tentou passar tanto tempo se preocupando e falando de situações difíceis e confusas quanto você passa em silêncio, escutando o que Deus pode ter para você?
Porque falar é mais fácil que escutar?

"Mas Jesus se retirava para os desertos, e ali orava." Lucas 5:16

Estas são as disciplinas que Jesus praticava: Silêncio... Solidão...

Qual foi a última vez em que você foi a um local solitário? O que há no silêncio de tão difícil? Porque é mais fácil se rodear de barulho e seguir em frente do que parar, fazer silêncio e escutar? A quanto barulho eu me sujeito voluntariamente? Será que a minha agenda, meu tempo, minha vida, são as de uma pessoa que quer ouvir a voz de Deus?

Talvez a cura e orientação de que precisamos desesperadamente não virão de mais uma reunião ou sessão de terapia, nem sermão ou livro de auto-ajuda, mas simplesmente de escutar a voz de Deus.

Você realmente acredita que a voz de Deus é mais interessante que as vozes ao seu redor? É possível que você esteja buscando a Deus nos ventos, terremotos e chamas, mas que Ele esteja esperando-o no silêncio?

Noise | 005 (download)
Nooma é uma série produzida por Rob Bell, líder da Mars Hill Church. São idéias e conceitos que o veiculados através de boas metáforas, discursando de forma criativa sobre Deus. Em apenas 10 minutos ele conta alguma história ou conversa alguma coisa com os telespectadores. Mais aqui...

Liberdade



Chorar quando não há motivo pra rir
Rir quando não há motivo pra chorar
Estar disponível e banalmente partir

Cantar a música que me der vontade
Contar a piada que eu quiser
Sentir fortemente aquela saudade
Daquela que um dia será minha mulher

Experimentar e dizer que não gosto
Gostar do que eu simplesmente não gostei
Tentar conseguir sabendo que não posso
E ter o direito de achar que não fracassei

Dizer o que eu penso e o que sinto
Não dizer nada quando não quero dizer
Falar pouco e ser sucinto
Ter a obrigação de bem ou mal escolher

Incólume das diferenças imponentes
Suscitar a indignação contra o abuso
Ser o próximo dos pecadores impenitentes
Semear a dúvida ao resoluto e a fé ao confuso

Ser perdoado setenta vezes sete
Perceber que estou errado
Recusar passar por qualquer teste
Ter a oportunidade de estar enganado

Fazer alguém sorrir
Fazer alguém chorar
Perdoar quando alguém fugir
Esperar alguém retornar

Ser eu mesmo hoje
Ser outro eu mesmo amanhã
Não acreditar na sorte
Não precisar de talismã

Ser fiel a mulher que eu amo
Beber da sua língua o doce mel
Poder com as pessoas ser franco
Ser simplório e acreditar no Céu

Correr onde não há espaço
Chorar por sentir saudade
Não conseguir desatar o próprio laço
Deliciar-me com a mulher da minha mocidade

Confessar que não sou feliz
Saturar de tanto trabalhar
Elogiar descaradamente o que eu fiz
Não fingir a ninguém amar

Ficar triste subitamente
Crer que é bom casar
Não vender jamais minha mente
Crer que não é bom separar

Ninguém saber donde venho, para onde vou
Ser como o vento sem lugar
Ser espírito nascido do Espírito
E dessa liberdade desfrutar

10 de jun. de 2008

A primeira piada


Era decerto a voz do Leão. As crianças já haviam adivinhado que ele falava. Mesmo assim, quando falou, foi um choque para elas, ao mesmo tempo agradável e terrível.

Das árvores surgiram criaturas selvagens, deuses e deusas da floresta; chegaram com eles os faunos, os sátiros e os anões. Das águas saíram o deus do rio com suas filhas, as náiades. E todos eles e todos os animais, com suas vozes diversas, graves ou estridentes, roucas ou claras, replicaram:

- Salve, Aslam! Ouvimos e obedecemos. Estamos despertos. Amamos. Pensamos. Falamos. Sabemos.

- Mas, com licença, ainda não sabemos muito . falou uma voz nasal e bufante. As crianças levaram um susto, pois fora o próprio Morango que falara.

- Formidável! O velho Morango! . exclamou Polly. . Estou feliz de saber que ele também foi escolhido para ser um animal falante.

E o cocheiro, que estava então ao lado das crianças, disse:

- Macacos me mordam! Sempre falei que aquele cavalo tinha muita inteligência, sempre.

A voz forte e feliz de Aslam ressoou:

- Criaturas, eu lhes dou a si mesmas. Dou-lhes para sempre esta terra de Nárnia. Entrego-lhes as matas, os frutos e os rios. Entrego-lhes as estrelas e entrego-lhes a mim mesmo. Seus também são os animais mudos. Cuidem deles com bondade, mas não lhes sigam os caminhos, sob pena de perder a fala. Pois deles foram gerados e a eles poderão retornar. Não o façam.

- Não o faremos, Aslam, não o faremos . disseram todos.

Mas uma gralha atrevida acrescentou em voz alta: .Deixe conosco!., quando todas as outras vozes já haviam cessado; as palavras soaram claramente no solene silêncio. A gralha ficou tão encabulada que escondeu a cabeça sob as asas como se quisesse dormir. E todos os outros animais passaram a fazer barulhos engraçados, jamais ouvidos em nosso mundo: é assim que eles riem. Tentaram a princípio conter o riso, mas Aslam lhes disse:

- Riam sem temor, criaturas. Agora, que perderam a mudez e ganharam o espírito, não são obrigados a manter sempre a gravidade. Pois também o humor, e não só a justiça, mora na palavra. Assim sendo, riram-se todos a valer. E foi a maior festa quando a própria gralha retomou coragem, subiu à cabeça de Morango, ruflou as asas e disse:

- Aslam! Aslam! Sou eu a autora da primeira piada? Todas as gerações serão informadas de que fui eu a fazer a primeira piada.

- Não, minha amiga . respondeu o Leão. . Não foi você que fez a primeira piada: você apenas foi a primeira piada.

Aí é que a turma se riu às bandeiras despregadas. A gralha não se agastou; pelo contrário, começou também a rir alto, até que o cavalo sacudiu a cabeça e ela perdeu o equilíbrio e caiu; mas antes de bater no chão lembrou-se das asas (novinhas em folha).

- Nárnia está fundada . disse Aslam. . Zelemos por mantê-la livre. Convocarei alguns para o meu Conselho.

Cheguem até mim o chefe Anão, o Deus do rio, o Carvalho, o Sr. Coruja, o casal Corvo e o Sr. Elefante. Devemos parlamentar. Pois, apesar de o mundo não ter mais que cinco horas de idade, o mal já penetrou nele.

As criaturas nomeadas adiantaram-se e seguiram o Leão. Os outros começaram a conversar, dizendo coisas assim: .. Que é que penetrou no mundo? . O nau . Que é o nau? . Não, ele disse o vau. . Mas o que é o vau?.

As Crônicas de Nárnia, O sobrinho do mago. Pág. 44,45