31 de jul. de 2008

A IMBECILIDADE DOS CRISTÃOS?

Fonte: Agnus Dei

O escritor grego Luciano de Samósata (Síria) foi um dos maiores críticos da sociedade de sua época, criticando, entre outros, seus valores filosóficos e religiosos.

Na obra "A Morte do Peregrino", escrita por volta do ano 180, apresenta os cristãos como pessoas crédulas e ingênuas na passagem onde narra sobre um trapaceiro fanfarrão que explora a boa fé destes.

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Antes de tudo, esses infelizes estão convencidos de que são imortais e de que viverão para sempre. Por isso, desprezam a morte e muitos a enfrentam voluntariamente. Seu primeiro legislador os convenceu de que eram todos irmãos. A partir do momento em que renunciaram os deuses da Grécia, passaram a adorar seu sofista crucificado e amoldaram suas vidas aos seus preceitos. Eles também desprezam todos os bens, mantendo-os para uso comum [...]. Se entre eles aparecer um hábil impostor, que saiba se beneficiar da situação, este se enriquecerá rapidamente pois poderá manipular como quiser essas pessoas que nada percebem.


NABETO, Carlos Martins. Apostolado Veritatis Splendor: A INGENUIDADE DOS CRISTÃOS SEGUNDO OS PAGÃOS.


É incrível a perspicácia desta crítica que parece soar mais como um tipo de "profecia" a respeito dos cristãos. E de fato não é nova visto que o próprio Jesus nos lançou tal advertência quanto a lobos em pele de cordeiro, falsos profetas, falsos mestres e joio e trigo. O interessante é que parece que isso se tornou uma constante no meio "cristão".

O abuso espiritual e a malandragem eclesial impetraram com tamanha força que quando poucos se posiocionam contra esse modelo de "cristianismo" e denunciam as falácias e os enganos que são proferidos, acabam por serem vistos como inimigos da cruz, inimigos da igreja e inimigos de Cristo. Quando no muito são os que mais amam estes. E por conseguinte não conseguem se acomodar e assistir passivelmente a todo esse aproveitamento dos simples e pequeninos na fé por parte desta matilha que enferma e consome a energia de cristãos ingênuos, acomodados e negligentes.

Porque somente os que estão de fora, conseguem enxergar tamanha palhaçada? O brilhantismo do "apóstolo" parece cegar e boicotar a capacidade de discernimento do rebanho. A simpatia e eloquencia do "pastor" o torna indelével e blindado a críticas. E quando estes são alvos de ferrenhas exortações, reclamações e acusações, tais não tem nem a necessidade de se defender. O próprio rebanho(ou tietes espirituais) os defendem quase que com a própria vida ou no mínimo arriscando as próprias reputações.

Fico imaginando... Se no ano 180 d.C os pagãos pensavam como Luciano de Samósata a respeito dos cristãos que com certeza ainda guardavam a fé com maior sobriedade, que diremos atualmente quando a manifestação de imbecilidade e nesciedade dos "crentes" é, deveras, preocupante.


30 de jul. de 2008

Pedofilia Pastoral

Sempre afeita à gradação de pecados, de tempos em tempos a sociedade elege alguns deles para figurar na categoria “hediondos”. Sem dúvidas, a pedofilia aparece entre as primeiras posições das listas, independentemente do fator geográfico. Classificada como desordem mental e de personalidade do adulto, ela é considerada também “desvio sexual” pela Organização Mundial de Saúde.

Se esse tipo de comportamento já é pra lá de execrável, a combinação se torna ainda mais estarrecedora e explosiva quando o ingrediente religioso é acrescentado. Após inúmeros episódios de abuso virem à tona, a Igreja Católica tornou-se alvo de zilhares de processos e as indenizações fixadas somam milhões de dólares. Com freqüência, a cúpula romana tem sido acusada de acobertar os casos, numa tentativa inútil de desviar a atenção pública desse assunto indigesto e que tem maculado gravemente a imagem já um tanto combalida da instituição.

“O que a gente faz é por debaixo dos panos”, canta Ney Matogrosso. No caso de abusos sexuais, esses panos transmutam-se em cortinas que são descerradas num espetáculo que açula os ânimos da platéia, redundando em audiência + comoção, binômio onipresente na midiotia reinante. No entanto, esse tipo de ocorrência não se restringe ao clero católico. Jeff Anderson, advogado americano especialista em ações impetradas por vítimas de abusos sexuais, afirmou à revista Veja: “Luteranos, mórmons, testemunhas de Jeová, evangélicos... Diga-me o nome de qualquer grupo religioso e eu provavelmente já o processei”.

Vinde, meninos... e meninas

“É duro constatar a violência sofrida nos ambientes eclesiásticos! Vejo isso no dia-a-dia. Como já dizia o livro sagrado: há lobos em pele de cordeiro. Muitos se aproveitam da religião para cometerem atos violentos (seja de caráter físico, sexual ou psicológico) contra os mais fragilizados.

Ainda há muito o que se discutir sobre sexo e as coerções psico-religiosas do mais baixo nível em nome de uma ‘pureza’ insossa e traumática em nossas igrejas. Parabéns por tirar um pouco dessa poeira escondida sob luxuosos tapetes persas.”

Recentemente, escrevi sobre a hipocrisia que rola ao se tratar de sexo nas igrejas. Entre tapas e beijos, vários conselheiros e profissionais que cuidam da saúde mental me escreveram para desfi(l)ar experiências e ampliar meu parco (e parvo) repertório sobre o assunto. Muitos feridos também contaram seus relatos tristes. Não há tapetes (persas ou das Casas Pernambucanas) suficientes para encobrir a poeira que alguns teimam em manter escondida.

Algo que me chamou a atenção foi a similaridade das conseqüências nefastas tanto da pedofilia quanto do abuso espiritual. Ambas as práticas são regulares nas igrejas cristãs e a cada dia aumenta o número de vítimas. Enquanto os holofotes são direcionados à pedofilia, o outro tipo de abuso é mais sutil e, infelizmente, mais comum.

Entre diversos distúrbios, muitas vítimas de pedófilos desenvolvem problemas na área sexual. Quem foi alvo de abuso espiritual igualmente apresenta problemas que eclodem por vezes muito tempo após as ocorrências. Decepcionados com a sordidez daqueles que os prejudicaram, é comum que as vítimas passem a rejeitar quaisquer líderes eclesiásticos, chegando mesmo a revoltar-se contra Deus e abandonar os caminhos da fé.

Como nos casos de pedofilia, o prazer é substituído pelo espectro constante de cada episódio de violência vivido. A memória torna-se algoz desapiedada, fertilizando o solo do coração para o florescimento de sementes de mágoa e de vingança. A misericórdia e a graça divina são substituídas pela culpa e pela vergonha, retroalimentando a anemia espiritual.

A tua Palavra escondi

O pedófilo geralmente desenvolve estratagemas e planos cuja execução requer paciência e planejamento minucioso. Normalmente, o abusador é parente ou amigo da família da criança. A amizade cresce de forma paulatina até que ele seja alvo de confiança de sua futura vítima. Ao mesmo tempo que os laços de amizade facilitam sua ação, despertam na criança reações contraditórias e inúmeras vezes proporciona o pacto de silêncio necessário para que o abuso torne-se habitual.

No caso dos abusadores espirituais, os expedientes não são necessariamente tão engendrados. Um recurso comum é a ênfase em certos textos bíblicos. Líderes abusadores são fascinados por obter irrestrita admiração e colaboração incondicional de suas ovelhas. Cientes de que não possuem perfil à altura do servilismo cegueta almejado, apelam sem constrangimento a alguns versículos que acabam sendo repetidos como mantras.

Para fugir das críticas, o mais invocado é aquele que recomenda “não tocar nos ungidos do Senhor”. Ao menor sinal de descontentamento entre as ovelhas, basta lembrar que “a rebeldia é como o pecado de feitiçaria”. Aos reticentes em oferecer apoio integral a qualquer tipo de iniciativa pastoral, é suficiente lembrar que “é melhor obedecer do que sacrificar”.

A tática de usar apenas três versículos para construir uma “teologia” cominatória parece ingênua, porém basta observar a quantidade de ovelhas presas a esses grilhões ameaçadores para constatar sua total eficácia.

Os matreiros se preparam

Líderes abusadores apresentam-se como depositários de missões divinas especiais. Não raro exaltam sua pretensa humildade para esconder o apego a títulos e posições de destaque. Com freqüência, recusam qualquer tipo de papel coadjuvante e são chegados em slogans que retratem o tamanho de suas ambições.

Envoltos e aprisionados em suas próprias teias, recorrem novamente ao sobrenatural para afiançar seus planos emblematicamente faraônicos. Expressões como “Deus nos chamou”, “o Senhor está pedindo de nós” e “vamos envergonhar o Diabo” são comuns e mantêm alimentada a expectativa das pessoas. Se os resultados prometidos não aparecem, é preciso continuar estimulando o moral das ovelhas para que, em última instância, ao menos a irrigação de recursos não cesse.

Na condição de vocacionado por Deus para projetos auspiciosos que “mudarão o destino do país”, líderes abusadores freqüentemente não prestam nenhum tipo de conta. Afinal, se Deus lhes confia empreitadas tão nobres e relevantes, por que se ocupar de “detalhes” de somenos importância? Como “Deus está no comando”, a comunidade não precisa conhecer estatutos e bastidores da instituição, tampouco temas mundanos como a aplicação dos recursos auferidos.

Ao menos nesse quesito, é possível concordar com a súcia lupina. O que é a malversação de fundos perto do ato impiedoso de sulcar a alma das pessoas, além de lhes servir alimento adulterado com o fel de suas patologias?

Com temor, sem valor

Você está em dúvida se o seu líder se enquadra no perfil de abusador? Uma dica interessante é analisar tanto o estilo de liderança como o modus operandi de ele formar o time de colaboradores diretos. Não acredite que ele é um líder servidor tão-somente porque leu O monge e o executivo. Boas idéias nas mãos de pessoas inescrupulosas são tão eficazes quanto a fantasia usada pelo lobo na fábula infantil.

Existe respeito pelas escolhas e opiniões dos liderados? Comentários e críticas são bem-vindos? O líder trabalha sinceramente em prol da unidade de seu entorno? Ou utiliza o manjadíssimo método de validar publicamente apenas os que não o questionam? Ao acreditar que são especiais, essas pessoas usam o reconhecimento público como esmola aos subordinados que abrem a boca apenas para reconhecer e legitimar sua “unção”. O mais triste é a possibilidade de perpetuação do ciclo de abusos. De maneira análoga ao que acontece em episódios de pedofilia, abusados que não se curam ou não percebem a condição a que se submetem, se tornam abusadores.

“É melhor você não dar as costas pra mim!” Como aconteceu em O Rei Leão, a trajetória assassina de Scar foi sinalizada por meio de uma ameaça aparentemente inofensiva. Após matar o irmão Mufasa, ele ascendeu ao poder. Até a simples menção ao antecessor foi proibida. Adaptação tristemente comum de outro texto bíblico: “quem não é por mim, é contra mim”.

Tá lá um corpo estendido no chão

Inúmeras histórias inacabadas aguardam decisões de seus protagonistas para ter o desfecho alterado. Segundo Brennan Manning, “projetamos em Deus os piores sentimentos e idéias que temos sobre nós mesmos”. Avalie sua auto-estima e mantenha distância dos molestadores.

Se eventualmente pertence à outra categoria, lamento usar este espaço como espelho. Lembrando Jürgen Moltmann, “os criminosos dependem das experiências de suas vítimas se querem conhecer a si próprios, pois a dor perdura, enquanto a memória das próprias ações se dilui”. Aqui estamos... de frente pro crime.

texto que sairá na próxima edição da revista Eclésia.

Fonte: Pavablog.

Não está mais Lost

Corpo do padre voador foi encontrado Adelir Carli no dia em que desapareceu suspenso em mil balões
AP
Adelir Carli no dia em que desapareceu suspenso em mil balões

Foi encontrado o corpo do padre brasileiro que em Abril desapareceu no céu, depois de levantar voo agarrado a mil balões de gás hélio. Os exames ao ADN, divulgados ontem, confirmaram que os restos mortais avistados por um rebocador, no litoral do Rio de Janeiro, são de Adelir Carli.

No dia 20 de Abril o padre de 41 anos levantou voo de Paranaguá suspenso em balões coloridos com o objectivo de bater um recorde: permanecer 20 horas no ar. Equipado com roupa térmica, capacete e um pára-quedas, Adelir desapareceu no céu ao fim de cinco horas, com o mau tempo a arrastá-lo em direcção ao mar de Santa Catarina.

As buscas nunca chegaram a ser bem sucedidas e o padre acabou por ser dado como desaparecido, até ao início deste mês, quando um rebocador da Petrobras avistou um corpo no mar, com a mesma roupa e a mochila do dia do seu desaparecimento. Encaminhados para o Instituto de Medicina Legal de Macaé, os restos mortais foram sujeitos a testes de ADN e os resultados divulgados ontem não deixam dúvidas: trata-se de Adelir Carli.

Homenagens ao padre voador

O corpo foi também reconhecido pela família, que pretende agora "fazer um enterro digno". As cerimónias fúnebres deverão ter lugar em Ampere, localidade do Paraná onde moram os parentes de Adelir Carli. A Pastoral Rodoviária de Paranaguá, que era coordenada por Adelir, também já anunciou que vai prestar homenagens ao religioso após a chegada do corpo do Rio de Janeiro.

Embora tenha sido a última, esta não foi a primeira viagem do padre. A 13 de Janeiro deste ano partiu do Paraná rumo à Argentina suspenso em 600 balões. Com este voo, que se revelou fatal, Adelir pretendia angariar dinheiro para fundos destinados a acções da pastoral do Paraná, nomeadamente a celebração de missas nas estradas a camionistas.

Fonte: Expresso

P.S. O padre está concorrendo no site Darwin Awards onde a cada ano indivíduos póstumos disputam as mortes mais bizarras(leia-se ridículas) e que com suas façanhas acabam por melhorar a espécie...
Entrem lá e votem no The Balloon Priest e demos um voto de confiança num brasileiro que não desistiu nunca...

29 de jul. de 2008

Batman, Osama e Obama



Fui ver o Batman, claro. É impossível ignorar esta oitava arte que surge em Hollywood: os efeitos, os computadores criando odisséias tecnológicas homéricas do século 21. O filme é espantosamente constelado, ''risômico'', explodido, até difícil de acompanhar para um linear tropical como eu. Pensava em ver mais um show tipo Missão Impossível, mas não é. É mais.

Os filmes-catástrofes ou as aventuras dos efeitos especiais pareciam dizer: ''Nós somos a América, nós temos a cultura da certeza! Aqui tudo tem princípio meio e fim. Aqui, tudo está sob controle e termina como nós queremos. Aqui há a competência!''

Mas, aí, um belo dia, os aviões se chocaram com as torres em NY. E dá para ver que a queda do WTC está ali, como uma cicatriz na dramaturgia americana. O 11 de Setembro criou uma era de ambivalência para o cinema. Acabaram mocinhos x bandidos.

O sintoma fica claro com a extraordinária interpretação de Heath Ledger (O neo-Coringa), que gira isolado criando uma obra-prima rara no cinema, uma ilha de cinismo contemporâneo, misturando bem e mal, misturando horror e simpatia, matando com um sadismo sofisticado e depois (plano inesquecível) saboreando o vento fresco na noite na janela de um carro, com sua cara de palhaço desenhada por um Pollock ou Rauchenberg. ''Escolhi o caos'' - ele diz para o Batman. Heath, de certo modo, faz uma crítica ao próprio filme. Heath é quase uma paródia do ''grande espetáculo'', é um marginal dentro do elenco.

Ele nos aponta para um outro filme que poderia existir, além das raízes moralizantes e aristotélicas deste, bem escondidas, sem dúvida, mas que estão lá. Heath lembra Johnny Deep em Piratas do Caribe, lembra também a genial presença de Anthony Hopkins em Silêncio dos Inocentes. Os três atores estão adiante dos filmes que lhes pagam. Os três, Hannibal the Canibal inclusive, nos fascinam porque parecem estar mais além de uma moral antiga, que eles contemplam, do outro lado do Bem. Hannibal e Heath parecem saber mais do que nós, que vivemos ainda mergulhados em dúvidas morais e culpas.

Nada mais atraente que a psicopatia elegante. No mundo cruel de hoje, todos queremos ser como Hannibal, longe de uma arcaica compaixão.

O Coringa Heath nos apavora e nos atrai, e não conseguimos odiá-lo completamente porque ele é extremamente contemporâneo. É como se ele dissesse: ''Nenhum saber, nem ética, nada vai apagar o animal feroz que nos habita. Eu sou uma vanguarda.'' Ele diz no filme para um perplexo Batman: ''Eu não quero te matar; você me completa.'' E completa: ''Não sou um monstro; estou além da curva...'' Heath Ledger é apavorante porque não tem motivo claro para agir. Sua única regra é mostrar o absurdo de querer impor ordem no caos. Ele encarna os impulsos destrutivos humanos inexplicáveis. Como Hannibal. Ou, na vida real (se ela ainda existe), como o Muhamed Atta, o chefe dos terroristas do 9/11. Ele não tinha religião, não cria em Alá, não tinha ideologia política, era químico na Alemanha, não tinha motivos. Ele queria fazer o impensável, o inominável, acima de qualquer crime, queria conhecer aquela fração de segundo entre a vida e a morte, com a parede do WTC tocando o nariz do Boeing.

E aí, pensamos: Para que praticar o bem se ele não é mais possível? Quando pedimos o bem, falamos como de uma harmonia perdida. Será que ela já houve? Invenção platônica, iluminista neste mundo sujo? Pensamos com o corpo, queremos que o mundo seja um ''todo harmônico'', como o nosso organismo. A idéia de ''fragmentário'' gera angústia porque lembra a morte.

E o mal?

O mal virou uma necessidade social. Não dá mais para viver sem praticar o mal. O mal é um mecanismo de defesa. Ao denunciar o Mal, vivemos dele. Eu lucro, sendo um cara legal que denuncia o mal e assim escapo da fome, comendo a comida de quem lamento. O Bem não dá filme. Já os psicopatas estouram bilheterias. Se não há um mal claro, como seremos bons? O Mal é sempre o outro. Nunca somos nós. Ninguém diz, de fronte alta: ''Eu sou o mal!'' Ou: ''Muito prazer, Diabo de Oliveira...'' Como inventar uma ''praxis'' do bem? O que é o bem hoje? Será lamentar tristemente uma impotência, um negror melancólico?

Heath Ledger, o Coringa, nos lembra inevitavelmente o Osama bin Laden. Ele também veio sem motivo, do nada, e fez o maior filme-catástrofe da história. Não haveria este Batman sem Osama; não está no enredo - está no ar.

Achávamos que haveria um futuro confortável no século 21. Mas, Osama não está em nosso tempo. Osama nos fala de fora do tempo, da história. Osama mora na eternidade. Queremos desesperadamente explicá-lo à luz da razão, mas ele é imune a interpretações. Osama nos fez ver a grande montanha de lixo que se escondia sob o progresso, a razão do Ocidente. Desmoralizou a América, nosso mito de competência e dirigiu, comandou todos os erros pavorosos da vingança americana. Nunca a América errou tanto como sob esse estafermo do Bush. Toda a trapalhada ocidental, o Mal ocidental escondido sob o ''Bem'' apareceu, o eixo ocidental do Mal.

E Obama? Agora ele surgiu, prometendo o Bem. Obama é uma antítese simétrica do Osama. Será? Será que depois de uma década do que Norman Mailer chamou de ''tempestade de merda'', a história deseja um espasmo de mudança para o ''bem?''

Pode ser que Obama encarne uma tendência histórica, não da América apenas, mas do mundo. Não é o messias, claro. No entanto, mais importante que sua eleição pessoal, é o fato de que ele pode eleger uma nova consciência na América. Pode ser que descubramos que o mundo atual não é só esta bosta que os reacionários criaram. O mundo tem mil possibilidades de riquezas, de milagres científicos e culturais, que estão esmagados pela estupidez endêmica dos fundamentalistas dos USA. Uma vitória do Obama, depois de Osama, depois de Batman pode não apenas combater o mal do mundo, mas restaurar um Bem perdido.

O Coringa genial de Heath Ledger é o sintoma de um mal ridículo que tem de acabar.

Arnaldo Jabor, no jornal O Estado de S.Paulo.
colaboração: Whaner Endo

Fonte: Pavablog

Geração dos Ansiosos

Quem foi que disse que Satanás é o maior inimigo do homem? Desculpem-me os epiritualóides de plantão, mas não existe diferenciação. Todos eles (carne, diabo e mundo) estão na mesma colocação no ranking da existência. Todo dia é uma novidade no mercado, celular novo a toda hora, televisão que só falta dar cheiro e etc., todos os nossos esforços estão voltados para a satisfação do eu, trabalhamos para podermos consumir, consumir e (nos) consumir. A telogia do "eu" é irmã gêmea do hedonismo, e o que era a doença mortal dos burgueses engoliu até a ralé. E como um surfista, Satanás faz proveito dessas ondas do mar de nosso ego florido, e como diria o sábio "pinta e borda" sobre o homem. Até aí nada de novo, porém a "teologia do eu" invadiu a igreja cristã. Na idade média ela buscou a comunhão com o Estado e acabou se contaminando (talvez seria melhor dizer que ela contaminou o Estado?!). Na modernidade (pós-reforma), a igreja vai que vai dançando a música da satisfação do ego - eita igreja narcisista. Olhando pra igreja vemos um "bando" de ansiosos, em busca de estar na moda, numa briga voraz pela sustentação do status, do ter em detrimento do ser - a teologia da prosperidade destrói mais a igreja do que a emissão de CO2 com a camada de Ozônio. O mais incrível é que Cristo alertou-nos de que a vida - não o simplesmente existir e sim a manutenção da existência - não pode ser mais importante do que o Reino de Deus. Em busca da aparência, estamos todos ansiosos e consequentemente estressados, dentro das igrejas o que se vê é a fragilização dos relacionamentos (casamentos indo a pique por causa da impotência sexual), pessoas doentes, desanimadas, sem apetite, hipertensas, depressivas, enfim, o que alguns chamam de demonização a realidade nos revela ser o desgaste do ser (corpo, alma e espírito). Enquanto isso o Deus revelado em Jesus é um Deus equilibrado, consciente, interessado em viver o hoje e não o amanhã, amplamente preocupado com seus amigos e seus relacionamentos. Cristo nos deixou uma lição, que embora divina deve ser humanizada: o ser é mais importante do que o ter. O apóstolo Pedro tem consciência do Deus revelado em Cristo e de que o homem natural é, por si, ansioso pelo amanhã e nos deixa uma dica: Lancem sobre Ele (Jesus) toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês. (1 Pedro 5:7 - NVI)

Essa lição eu aprendi e todos os dias penduro uma mochila cheia das minhas ansiedades num dos braços da cruz. [Reflexão sobre a ansiedade e o cristão, baseada na aula de EBD em 20/07/2008 na Igreja Jesus é a Luz do Mundo de Diadema-SP)

Fonte: Celebrai!

Temor

"Todas as religiões são fundadas sobre o temor de muitos e a esperteza de poucos".


28 de jul. de 2008

Jesus não sabe falar de JESUS: pensam os religiosos!

Uma das coisas que mais me chocaram quando comecei a ler os evangelhos tinha a ver com o fato de que Jesus parecia deixar muitas oportunidades de se explicar em aberto. Dava a impressão que Ele não fazia questão de explicar muito.

De fato, Ele apenas afirmava. Ou então simplesmente se retirava. Ou, quando queria tornar “mais fácil”, falava por parábolas. Nesse tempo eu lia os evangelhos “torcendo” por Jesus! Depois comecei a ler livros teológicos, alguns meses após fazer as primeiras leituras dos evangelhos — descobri que era tarefa dos teólogos e apologetas o explicarem essas coisas que nem Jesus e nem os escritores dos evangelhos se ocuparam em explicar.

Nessa época foi que descobri que para um evangélico querendo “evangelizar” alguém, melhor do que qualquer coisa, não se podendo levar a pessoa “a ser ganha” até ao culto para ouvir “a palavra de Deus”, seria dar à pessoa, como presente, um bom livro; pois, parece que será sempre melhor ler um livro que “explique bem as coisas”, do que apenas presenteá-la com os evangelhos. Sim, depois dos teólogos e dos apologetas, parece que Jesus fica mais bem explicado por outros. Sim, melhor do que por Ele mesmo.

De fato, a sensação que dá é a de que Jesus não sabia falar de Jesus. Por isto é que nós temos que ajuda-Lo a se fazer entender. Daí também vem a idéia de que a apresentação de Jesus tem hora marcada, e precisa ser feita por um profissional da apresentação pública de Jesus: o evangelista; ou, depois que este saiu de moda, pelo avivalista; e, agora, pelo showman de Jesus. Sim, porque do ponto de vista da religião Jesus não explica Jesus bem! Além disso, essa falta de explicação de Jesus acerca de muitas coisas que julgamos serem importantíssimas, acaba por justificar a existência das doutrinas da igreja.

As doutrinas é que tornam aquilo que para Jesus nem era um tema, numa questão de natureza essencial para a vida espiritual. E como Ele tratou a quase tudo que nos interessa com total descaso, deixando-nos sem saber de quase nada, e ainda dizendo que não nos competia saber ou procurar saber tempos e épocas que o Pai reservou para Sua exclusiva autoridade — surgiram os estudiosos da Escatologia; os quais, sem cometer a gafe “montanista” ou “adventista” de marcar datas (se bem que muita gente entre os evangélicos tem marcado adventistamente a data da Volta de Jesus), criam esquemas e cronogramas tão detalhados de como será até a Volta do Senhor, que se Jesus simplesmente chegar como o ladrão de noite, eles dirão: “Não deve ser Ele porque todos os sinais não se cumpriram”. Sendo que o “se cumpriram” é conforme o esquema e o cronograma deles.

Então chega a vez dos teólogos-filósofos tentarem explicar de modo sofisticadamente descrente tudo aquilo que eles nem sabem o que é, mas que não crêem; pois, a ciência não apresenta comprovação. Ou seja: eles “enchem” os vazios dos desinteresses deliberados de Jesus com afirmações de um conteúdo de descrença. Mas fica tudo cheio. Cheinho de nada. Embora os livros sejam volumosos. Enfim... Esta seqüência seria quase interminável. Porém, o resultado de tudo isto é que não se aprende apenas a crer no que está dito; e pronto. E pior: nem quando a pessoa lê e entende, ela crê que está entendendo; pois, frequentemente ela entende o oposto do que lhe é ensinado; e, como se fez dependente da “interpretação” dos profissionais de Deus, ela acaba por desistir de seu próprio entendimento, entregando-se cada vez mais a outros; permitindo, assim, que sua consciência e entendimento sejam decididos, contra o próprio entendimento original da própria pessoa, por outras consciências, cada uma com seus próprios interesses; ou, na melhor das hipóteses, com seus próprios pré-condicionamentos.

Assim, digo eu a você: Leia os evangelhos! O que você entender não tema crer e praticar. O que você não entender não tema crer assim mesmo. E se for algo para praticar, ponha em prática; pois, é na pratica da Palavra, acompanhada pela fé, que ela se auto-explica. Mateus diz que quando Jesus enfrentou a morte, muitos dos santos que dormiam no pó da terra, ressuscitaram; e, depois da ressurreição de Jesus, entraram em Jerusalém, e foram vistos por muitos. Para mim basta isto. Aliás, nem era necessário saber. Mas está dito. Eu creio. Não sei quem eram esses santos que se ergueram da morte, nem com que finalidade; e também não posso dizer o que fizeram em Jerusalém; e, menos ainda, quando partiram daqui; ou em que forma, modo ou dimensão... E mais: não tenho o direito de especular a respeito; e, menos ainda, de fabricar uma doutrina baseada nisso; assim como não me sinto com permissão para “encaixar” essa narrativa em nada, fabricando uma escatologia.

O maravilhoso, quando não há uma explicação explicitada, é apenas curtir a maravilha das escolhas de Deus, assim como alguém que se encanta diante do mais maravilhoso cenário ou criatura que na natureza se possa ver ou contemplar. É como um show de Deus! É só explodir em aplausos de adoração perplexa e grata! Desse modo, os antigos estavam certos quando indagados de coisas que não sabiam explicar, e, desse modo, apenas respondiam dizendo: “É maravilha do Senhor! É maravilha do Senhor, irmão!” Para mim essa ainda é a melhor resposta! E mais: Deus fala de Si mesmo, e Jesus também, usando todas as linguagens; dos Cosmos à Palavra; da alegria à dor; dos ganhos às perdas; no nascimento e na morte; no encontro e no desencontro -- enfim, de todas as formas; segundo a Ordem de Melquizedeque.


Nele, que faz como quer; e sábio é quem se alegra nisso,

Caio.

Fonte: Celebrai!

27 de jul. de 2008

Deus age na nossa velocidade


No meio de tantas “grandes” manifestações gospel, um pequeno testemunho de um cristianismo vivo, prático e sem holofotes.

via Nitrogênio [ctrl+c e ctrl+v do Pavablog]

26 de jul. de 2008

Medo do Silêncio!

Não seria este o lugar mais abençoado para que eu possa tornar-me amigo de minha morte? Não é este o lugar onde o silêncio exterior pode aos poucos conduzir-me ao silêncio interior, em que poderá abraçar minha própria mortalidade? Sim, o silêncio e a solidão convidam-me a, gradativamente, abandonar as vozes externas, que me dão uma sensação de bem-estar entre as pessoas, para confiar na voz interior que me revela meu verdadeiro nome. O silêncio e a solidão incitam-me a desvencilhar-me dos andaimes da vida diária e a descobrir se alguma coisa consegue se sustentar quando se arrancam os sistemas de apoio tradicionais.

Henri Nouwen, em Nossa maior dádiva: Uma meditação sobre o morrer e o cuidar. [via Pavablog]

O silêncio é uma prática estranha para este século. O silêncio é uma prática estranha para mim! Há um episódio da série Nooma onde Rob Bell trata da nossa quase aversão ao silêncio e da nossa intrínseca dificuldade de suportar o silêncio mais profundo e cortante. No episódio 005 | Noise, Rob Bell explana e expressa de forma muito reflexiva sobre a importância de calarmos tudo a nossa volta e ficarmos simplesmente vulneráveis à Voz de Deus. Afinal, diz-nos o Livro de Reis que um grande e impetuoso furação fendia as montanhas e quebrava os rochedos, mas Deus não estava no furação. Depois disso houve um terremoto, mas o Senhor também não estava nesse fenômeno; a seguir, houve um fogo, mas Ele também não estava nele [fogo] (I Reis 19:9-13).

Ultimamente as pessoas se impressionam onde há "barulho" - leia-se "avivamento" -, onde há "fogo", onde há "poder", onde há "unção" - leia-se berros -, onde há "adoração extravagante", onde há louvor verdadeiro - leia-se música gospel da vez. E são atraídas para esse tipo de coisa justamente por acharem que Deus está nelas. E se sentem ligeiramente confortáveis em meio a tudo isso... O motivo? O barulho, o alarde distraem a alma do que realmente transforma o espírito. Mas, o silêncio nos deixa nus diante de Deus... O silêncio nos deixa nus diante de nós mesmos e nos escancara para as duas pessoas realmente importantes no que diz respeito a Deus e a nós mesmos! O silêncio mostra quem Deus realmente é... e quem eu realmente sou... gostemos disso ou não!

É imprescindível que haja transparência entre "Mim" e "Eu" para que haja transparencia entre "Mim" e Deus! E o silêncio revela-me como eu sou! A mente procura distrair-se em algum pensamento e isso muitas vezes também conta como "barulho". Divagações que impedem a solitude mais profunda da alma de encontro com o próprio espírito. Quando nos vemos imersos neste silêncio sabemos que Deus está ali. E tememos isso como a caça teme quando o silêncio revela sua própria respiração ao predador. Quando há barulho, as essências se confundem. Não se destinguem. E a caça se sente refugiada por saber que o barulho impedirá que seu predador a encontre. Contudo, Deus não é um predador... e quer nos encontrar totalmente despidos de qualquer refúgio que não seja Ele. Quer nos encontrar da forma mais profunda e autêntica. Onde a rotina, as preocupações, as ocupações, as pessoas, as relações, os conflitos, os problemas não se tornam uma válvula de escape para "caçar" dentro de nós a natureza de Deus! E permitir-nos a queda de todas as máscaras que por vezes nos fazem esquecer quem realmente somos!

Experimente o exercício de chegar em casa e não ligar a TV, não ligar o Rádio, desligar o MP3/4/5/6/7, desligar o iPod, o iPhone, o Celular... etc, etc... Experimente ficar 5 minutos em profundo silêncio! Porque será que é tão difícil?

25 de jul. de 2008

Um crente preocupado... :)

Incomodado com seu próprio temperamento, o crente procurou o pastor para ouvir seus conselhos e obter alguma ajuda:

- Pastor, o que devo fazer quando estou dirigindo e fico nervoso, com vontade de xingar os outros motoristas?

O pastor coçou a cabeça e respondeu:

- Antes de mais nada, você deve tirar do carro aquele adesivo com os dizeres:

“Jesus te Ama”.

Fonte: Sem profetada!

Dicionário dos Nerds... Entendendo o jeito nerd de pensar e viver!

* Nerd não pede ajuda, pressiona F1 Roupa de nerd

* Nerd não bota comida na boca, ele insere

* Nerd não tem letra, tem fonte

* Nerd não tem foto, tem arquivo jpg

* Nerd não tem pênis, tem um disco rígido

* Nerd não tem cérebro, tem placa mãe

* Nerd não tem música, tem arquivo em mp3

* Nerd não vê imagens, captura

* Nerd não guarda, salva


* Nerd não tem memória, tem hd

* Nerd não manda, envia

* Nerd não corrige, pressiona backspace

* Nerd não aumenta, pressiona capslock

* Nerd não tem nada comum, só padrão

* Nerd não conversa, troca informações

* Nerd não revisa, revê os dados

* Nerd não arruma a bagunça, faz um scandisk

* Nerd não tem preferência, tem favoritos


* Nerd não tem mochila, tem pasta

* Nerd não vai a escola de carro ou ônibus, pega um atalho

* Nerd não ri, faz :-)

* Nerd não fica nervoso, fica sobrecarregado

* Ner não aprende a mexer nas coisas, aprende os comandos

* Nerd quando fica nervoso não toma um calmante, pressiona ctrl + alt + del

* Nerd não joga nada fora, deleta

* Nerd não transa com uma mulher, se conecta com ela

* Nerd não sai, pressiona Esc


* Nerd não arrasta, direciona

* Nerd não começa tudo de novo, pressiona reset

* Nerd não toma vacina, tem anti-vírus

* Nerd não prende nada, ganha informações

Fonte: Sem profetada!

24 de jul. de 2008

Graça: Uma Mensagem Terrível

Secretamente admitimos que o chamado de Jesus é exigente demais, que a entrega ao Espírito Santo está além do nosso alcance. Passamos a agir como todo mundo. A vida assume uma qualidade vazia e desprovida de contentamento. Começamos a lembrar o personagem principal na peça de Eugene O'Neill O Grande Deus Brown: "Por que tenho medo de dançar, eu que amo a música e o ritmo e a graça e a canção e o riso? Por que tenho medo de viver, eu que amo a vida e a beleza da carne e as cores vivas da terra e o céu e o mar? Por que tenho medo de amar, eu que amo o amor?".

Algo está muito errado.

Nosso afã de impressionar a Deus, nossa luta pelos méritos de estrelas douradas, nossa afobação por tentar consertar a nós mesmos ao mesmo tempo em que escondemos nossa mesquinharia e
chafurdamos na culpa são repugnantes para Deus e uma negação aberta do evangelho da graça. Nossa abordagem da vida cristã é tão absurda quanto o jovem que depois de receber a sua licença de encanador foi levado para ver as cataratas do Niágara. Ele estudou-as por um minuto e depois disse: "Acho que tenho como consertar isso".

A palavra graça, em si, tornou-se banal e desgastada pelo mau uso e pelo uso em excesso. Ela não mexe conosco da mesma forma que mexia com nossos ancestrais cristãos. Em alguns países europeus, certos oficiais eclesiásticos de alto escalão são ainda chamados de "Sua Graça". Jornalistas esportivos falam da "graça fluente" de Michael Jordan, e já foi dito do empreendedor Donald Trump que ele "carece de graça". Surge um novo perfume com o rótulo "Graça", e um boletim de estudante é chamado de "desgraça". A palavra perdeu o seu poder criativo latente. Fyodor Dostoievski capturou o choque e o escândalo do evangelho da graça quando escreveu: "No último julgamento Cristo nos dirá: "Vinde, vós também! Vinde, bêbados! Vinde, vacilantes! Vinde, filhos do opróbrio!" E dir-nos-á: "Seres vis, vós que sois à imagem da besta e trazem a sua marca, vinde porém da mesma forma, vós também!" E os sábios e prudentes dirão: "Senhor, por que os acolhes?" E ele dirá: "Se os acolho, homens sábios, se os acolho, homens prudentes, é porque nenhum deles foi jamais julgado digno". E ele estenderá os seus braços, e cairemos a seus pés, e choraremos e soluçaremos, e então compreenderemos tudo, compreenderemos o evangelho da graça! Senhor, venha o teu reino!".

Creio que a Reforma realmente começou no dia em que Martinho Lutero orou sobre o significado das palavras de Paulo em Romanos 1:17: "visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé". Como muitos cristãos dos nossos dias, Lutero se debatia noite adentro com a questão fundamental: de que forma o evangelho de Cristo podia ser realmente chamado de "Boa Nova" se Deus é um juiz justo que retribui aos bons e pune os perversos? Será que Jesus veio realmente revelar essa terrível mensagem? De que forma a revelação de Deus em Cristo Jesus podia ser acuradamente chamada de "Nova", já que o Antigo Testamento defendia o mesmo tema, ou de "Boa", com a ameaça de punição suspensa como uma nuvem escura sobre o vale da história?

23 de jul. de 2008

Manual do Profeta Evangélico

Esse manual não pode ser necessariamente seguido à risca já que ao candidato é importante lembrar que a criatividade é a palavra máxima nessa nova empreitada. Sempre que alguém questionar sua autoridade, use a criatividade, desde ameaças de morte à total derrota financeira, o importante é se impor. Lembrando também que a última 'dica' é válida para qualquer cargo eclesiástico almejado ou até mesmo para o simples crente chato.

Leve em consideração alguns fatores comportamentais antes de qualquer besteira (literalmente) que será falada e finalmente escolha:

1. Profeta-fala-coisa-com-coisa: o perfil é característico para igrejas de pequeno porte. As línguas estranhas devem ser usadas exaustivamente; enrole a língua, se souber um pouco de inglês ou qualquer outra língua misture a qualquer dialeto inventado no momento; o espaço a ser utilizado é um fator importante, pelo fato de haver poucas pessoas sugira uma fila, roda de fogo ou qualquer coisa do tipo que de certa forma fará com que você coloque a mão na cabeça de todos. O mais importante da imposição de mãos é escolher a pessoa aparentemente mais vulnerável, pegue a que estiver mais chorosa e fale coisa com coisa em seu ouvido, ela provavelmente chorará exaustivamente durante todo o tempo acreditando que realmente Deus tem algo a falar e que sempre funcionará dessa maneira, assim nunca mais lerá a Bíblia e seu trabalho como ajudador terá sido efetivado. Lembre-se, o profeta dessa categoria busca status e fama entre crentes. Não se engane, se quiser ficar rico com esse tipo de serviço parta para outro perfil de profeta.

2. Profeta-curador-de-placebo: as características aqui podem ser aplicadas em qualquer igreja, independente do porte. Escolhendo esse tipo de profeta você será versátil e terá uma ascensão um tanto quanto rápida. Escolha, mais uma vez, pessoas aparentemente doentes, chame todas à frente, recite um monte de doenças para cada uma, elas não necessariamente precisam ter tais males, só precisam saber que você está livrando todo mal de suas vidas. Se isso não tiver muito efeito após o culto (leia-se receber uma polpuda oferta) tente da próxima vez usar o chavão individual de que tem laços de morte sendo quebrados naquele momento, humanos têm medo da morte, evangélicos mais ainda, afinal o rol de pecados que a igreja definiu é tão grande que o crente vira um paranóico a ponto de ter um medo irracional do fim da vida. Para uma fama maior inspire-se, seja criativo, aponte pessoas aleatórias e fale de doenças que nem existem, fique falando sozinho e acenando a cabeça dizendo: "Sim, Deus, mas você quer que eu fale isso para eles?"

3. Profeta-adivinha-adivinha: difícil de se achar, fama e dinheiro andam juntos na vida desse profeta. Exige um nível de coragem absurdo, afinal qualquer cético pode refutar de pronto o que está sendo falado. Técnicas de investigação visual têm de ser estudadas a fundo, tente adivinhar o número do CPF do indivíduo que provavelmente não consegue decorar nada, adivinhe o número de sapato, calça, cueca, cor da calcinha, isso tudo impressiona; mas não se engane, fale aos berros como qualquer pregador - aliás perfil de pregador pentecostal é o que melhor se aplica nas atitudes desse tipo de profeta - para que ninguém ouse revidar um homem ungido como você. Como dito anteriormente, ameaças de morte devem ser comuns e constantes, claro que de forma implícita - entenda implícita como você sendo "usado" por Deus para falar explicitamente - digamos que caia bem um: "Deus manda dizer que os que não acreditam nisso precisam de mais fé, pois são Tomés que morrerão na incredulidade".

4. Profeta-dou-dou: constante em templos neopentecostais. As profecias são basicamente relacionadas à prosperidade, é o profeta mais clichê e comum nos dias atuais. As profecias devem ser vagas do tipo: "Deus vai abençoar de forma sobrenatural essa igreja" ou "Estou vendo uma nova unção de felicidade sendo derramada nessa igreja" ou ainda "Estarei passando o manto da unção sobre a vida de todos que comparecerem nesse evento". No entanto, não se esqueça de colocar o fator condicional, tudo que prometer necessariamente deverá ser acompanhado de um 'se'. Se houver contribuição por parte da igreja para que o nome de Deus supostamente seja glorificado então tudo o que foi prometido anteriormente será concedido.

Lembre-se: improvisação é a palavra-chave. Se não tiver um retorno por parte da platéia imite um leão, macaco, bezerro; fale em línguas exaustivamente; recite versículos bíblicos e faça analogias sem nenhum sentido. É garantido o sucesso após a prática de tais atos mencionados anteriormente.

Fonte: Rapensando

P.S. Cá entre nós, quem nunca foi vítima de um desses? rs... E da-lhe profetada...

22 de jul. de 2008

Ouvindo música "secular"

Sim, alguns cristãos não ouvem músicas que consideram seculares – músicas que não são feitas por próprios cristãos – espantosa tal idéia. Na realidade chamam de secular por algum motivo obscuro já que secular significa algo que passa de século a século, talvez seja uma alusão ao famigerado versículo de 2Co 4:4 que diz: “nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.”, longe de querermos basear a crítica somente nessa palavra, é importante fazer referência a essa eterna divisão entre divino e pagão.


Porque dividir atividades relacionadas à igreja como sendo divinas e tudo o mais que estiver fora dela como sendo secular ou pagão? É um regresso ao tempo dos fariseus, é um regresso à idéia de que o templo é um lugar físico, é um regresso que não torna ao cristianismo primitivo. Apesar de a idéia ser bastante difundida, temos de levar em consideração que viver em Cristo é viver em totalidade, não somente em alguns poucos momentos pré-definidos, mas a todo o momento. Essa oração um tanto quanto repetitiva se limita a ser repetitiva, porque se olharmos pela prática, nada disso é praticado.
Observemos, por exemplo, pra que dizer que você tem um trabalho secular? Não é um bendito trabalho profissional? Pra que se referir à sua vida fora da igreja como sendo uma vida secular, viraremos todos duas caras, vivendo duas vidas? Que possamos entender, temos todos uma única vida, um trabalho profissional. Apesar de ser uma compreensão básica e aparentemente ínfima isso torna a vida mais livre, isso faz com que o fardo pesado dos legalistas se transforme no suave jugo prometido por Cristo.
Um dos principais argumentos para que não se ouça uma música é o velho e conhecido pecado de influência. Se algo te influencia negativamente, não faça isso. O estranho é que essa idéia entra em conflito com as velhas listas elaboradas pelos legalistas faça-isso-porque-eu-quero. E a prova maior está no fato de que se você falar que ouve um Iron Maiden para um pastor, ele dirá que você é filho do diabo ou coisa do tipo (sim, isso ainda acontece).
Cristãos, em tese, deveriam levar para si as coisas básicas da religião para a vida diária. Devemos entender que Deus é soberano logo, tudo que temos no que diz respeito à natureza humana, seja o livre-arbítrio, os sentimentos ou a criatividade, todos eles são provindos de Deus. Qual a dificuldade em entender que mesmo uma pessoa glorificando ao diabo, tem algo que foi dado por Deus? Oras a criatividade que a pessoa utiliza está sendo direcionada para algo que não concordamos, mas por isso condenaremos os meios que ela utiliza para glorificar aquilo que acha melhor? Exemplificando, o martelo já foi usado várias vezes para o homicídio, por esse fato faremos com que ele seja banido das mãos ‘sacrossantas’ dos evangélicos? O conhecimento pode ser tanto usado para algo bom como para algo oposto, essa idéia é tão latente que também deveria ser utilizada como analogia para a música. Um acorde é um acorde em qualquer lugar, tocado por qualquer pessoa.
Não importa se o que o indivíduo está tocando ou cantando nada tem a ver com Deus, ou se está exaltando o diabo, o que importa no fim das contas é o entendimento por parte de quem ouve que a pessoa está usando uma criatividade dada por Deus. A adoração sempre existirá, o direcionamento dado a ela é pessoal e com certeza será variável.
Por conta do “Não ouça isso! É do diabo!” cristãos são obrigados a ouvirem a pior música existente e ainda acharem boa, com o risco de serem mandados para o inferno se pensarem na possibilidade de escutarem uma música de qualidade que não necessariamente foi composta por evangélicos.
A liberdade tão aclamada pela religião mais uma vez é colocada de lado para a vivência de uma religiosidade que faz com que o cristianismo morra.Uma excelente produção blogueira do Raphael em
RAPENSANDO.

Fonte: Celebrai!

P.S. Ah, ainda bem que hoje sou livre para ouvir U2...

21 de jul. de 2008

Interior de sua alma solitária

— Você acredita que o século XXI será cristão?

Não. Bem ao contrário, ele é já em suas raízes o século do Anticristo, o século da opressão travestida em liberdade, o século em que as pessoas que matarem os santos acreditarão estar servindo a Deus. Já vemos formar-se uma espécie de religião administrada, um falso ecumenismo que une os senhores do dia em torno de um credo todo feito de lugares-comuns, uma mistura de banalidades moralistas, de oportunismo político e de um desejo infinito de agradar a mídia. É certo que Deus pode dispor de outro modo, mas tudo indica que estamos entrando numa era em que a impostura será a única forma de religião admitida, e na qual o homem que queira permanecer fiel ao Espírito não poderá buscá-lo senão no interior de sua alma solitária.


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Olavo de Carvalho em entrevista à Rádio Europa Livre
Bucareste, 21 de outubro de 1998

20 de jul. de 2008

Perdoai minha ignorância

O Padre Marcelo disse no último sábado para o site Terra que me perdoou, pois esta é sua missão. Eu sempre achei que a sua missão era aquela missa que ele faz com mais de três horas de duração. Perdoai minha ignorância.

É que em toda minha estupidez moral, social e teológica, nunca encarei o perdão como missão e sim como obrigação de todos, seja padre, pai-de-santo ou um simples civil como eu. Confesso que me acho falho, sujo e pecador, obrigado a conviver com pessoas nas mesmas condições, por isso até então nunca tinha conseguido enxergar o perdão como missão e sim como única opção. Perdoai minha ignorância.

Mas sou grato ao Padre que além de perdão me deu algo ainda mais valioso: ensinou que com religião não se brinca. Eu errei por não conhecer a verdade. Eu achava que o Marcelo Rossi fosse apenas um padre. Não sabia que ele era uma religião. Se eu soubesse jamais teria brincado com ele. Tanto é que sei que o catoliscismo é uma religião, por isso não brinquei com isso. Perdoai minha ignorância.

Confesso que no fundo, as vezes tive vontade de brincar com religião, pois pensava que a religião, assim como as festas folclóricas, os rituais de tribos, as manifestações culturais, a política, fossem coisas criadas pelos homens, e pra mim, se algo foi criado pelo homem, esse algo é falho. E se algo é falho, é digno de crítica, de análise, de humor, de comédia e de questionamento. Perdoai minha ignorância.
Eu também já quis me dar ao direito de não respeitar todas as coisas criadas pelo ser humano (como a religião por exemplo), da mesma forma que o ser humano não respeita as coisas criadas por Deus (como os animais, o planeta e a capacidade única do homem de não levar a sério as coisas idiotas que ele mesmo cria, como por exemplo, a religião). Perdoai a minha ignorância.

Hoje reconheço que religião realmente é um assunto sério. Um assunto tão sério que já provocou a morte de milhares de pessoas no decorrer da história. Com morte não se brinca. Perdoai minha ignorância.

Por falar em ignorância, peço que os amigos evangélicos sigam o exemplo do nobre padre e por favor me perdoem também. Quando eu fiz essa matéria, na Marcha pra Jesus, só queria tirar umas dúvidas, não quis ofender. Mas acho que errei ao questionar a integridade de alguém que fez o contrário do que prega. Eu não sou ninguém pra julgar alguém que se julga escolhido de Deus. Perdoai minha ignorância.
Obrigado Congresso Nacional. Vocês também me perdoaram essa semana. Obrigado por perdoar eu ter sido expulso e barrado por vocês.

E antes de finalizar que fique claro que eu também andei perdoando por aí. Eu disse pro presidente da Câmara, por exemplo, que no local onde trabalho, ele poderia entrar quando quisesse.
Mas confesso que dessa vez não perdoei por obrigação, por missão e nem por falta de opção. Eu perdoei só pra tentar dizer que minha atitude com ele era superior à atitude que o Congresso teve comigo. Quis meio que sair por cima. Dar uma bofetada com luva de pelica. Peço perdão pela sinceridade. Confesso que ainda não aprendi a lição do padre que é perdoar e sair anunciando por aí que perdoou apenas por ter muita humildade... humildade... humildade...

E se você viu alguma coisa no post acima que não gostou, acho que tem uma missão pela frente.
Ah! Obrigado a todos vocês que votaram para nossa volta ao Congresso. Já vocês que não votaram... tudo bem, eu perdôo.

Danilo Gentili [via Pavablog]

P.S. Assisti à entrevista no MTv (me esqueci o programa, mas é aquele da apresentadora de cabelo rosa cheia de piercings) com o Danilo Gentili do CQC e, cara, achei muito engraçado quando ele falou sobre a entrevista que fez com o padre Marcelo. O pessoal do "priest star" Marcelo Rossi informaram, segundo o Gentili, quais assuntos não deveriam ser mencionados na entrevista com o padre. Segue a lista do que o Danilo não poderia perguntar: Não poderia falar sobre sexo, nem aborto, nem homossexualismo, nem inquisição(putz, e olha que essa é velha), nem política, nem pedofilia ou pederastia, etc, etc, etc... Logo, como o próprio Danilo mesmo disse, então não podería falar sobre nada com o cara, pô... Agora me fala, que tipo de cristão que se preze não está pronto para assumir seu lugar nesse mundo e tentar trazer a Luz de Deus para as questões das quais as pessoas precisam de respostas? Porque cada vez mais tenho visto pessoas que não reivindicam o rótulo de cristãos assumirem valores cristãos, enquanto que os que se orgulham do rótulo e se utilizam dele, demonstram o contrário?

19 de jul. de 2008

Porque tão sério?

Batman O Cavaleiro das Trevas, sequência de Batman Begins, não decepciona!
Sou um grande entusiasta das adaptações dos quadrinhos para a telona. É claro, que algumas não são tão boas quanto outras. Contudo, Homem-Aranha e Batman acertaram na receita.

Os elementos de sucesso, creio eu, são: ótimos roteiros com tramas relevantes e que de fato convencem, cenas bem trabalhadas, efeitos especiais de primeira, atores com feeling e, BUM!, temos um sucesso!

Batman O cavaleiro das Trevas está carregado de reflexões sobre moral, ética, bem e mal, certo e errado, antropologia e sociologia(e cara, acho o máximo filmes que nos dão essa oportunidade de viajar na filosofia) e, pra quem não curte muito o lado cult do filme, não esquenta... Tem muuuuita ação!

Heath Ledger arrebenta na interpretação do antagonista Coringa! Há muito tempo não vejo um vilão tão bem trabalhado num filme, desde o Dr. Hannibal Lecter... Imagine a frieza e crueldade deste acrescido de muito desatino e ecentricidade e temos o Coringa deste filme.

Não queria forçar uma analogia, mas, acho que podemos traçar um paralelo entre o Cavaleiro das Trevas e Jesus Cristo [rs]... Não acho conveniente entrar nos detalhes para não atrapalhar quem tenha a intenção de assistir ao filme... Logo, fica a nível de curiosidade!

Porque tão sério? Que tal pegar um cineminha...

18 de jul. de 2008

Não tenho nada, mas tenho, tenho tudo! Sou pobre em ouro, mas rico, rico em sonho...

Sabe?! Não concordo com a idéia de que pobreza é sinônimo de maldição... que falta de dinheiro e instabilidade financeira acontecem em virtude do desleixo com o "dízimo" que consequentemente atrai o "Devorador". Ou que Deus não quer que sejamos pobres (em certo sentido também creio que Ele deseje isso), mas, que sejamos "ricos", abastados e "abençoados" em toda sorte de riqueza.

Acho isso totalmente secundário... e o Evangelho também trata desse assunto de forma secundária: "Buscai primeiro o Reino de Deus..."

Minha cabeça sempre dá nó quando tento colocar isso em prática na minha vida. Buscar primeiro o Reino de Deus e esperar que o resto seja acrescentado... Contudo, tenho que trabalhar, estudar, investir, economizar e ralar bastante, caso contrário, nada me será acrescentado. Ora, em tempos de capitalismo selvagem seria presa fácil desse sistema financeiro que rege a mentalidade da nossa sociedade!

O problema é que enquanto trabalho, estudo, invisto, economizo e ralo bastante, tenho a ligeira impressão de não estar buscando o Reino de Deus em primeiro lugar! Porque estas cousas nos tomam tanta energia e nos sugam tanto o "juízo"...

Ainda estou lançado nesse desafio de buscar o Reino de Deus antes das outras coisas... Mas, confesso que dentre todas as prerrogativas do Evangelho, creio ser esta uma das mais difíceis de praticar!!! Deus me ajude na minha falta de fé...

Agora, de uma coisa eu sei... Não ter dinheiro pode até não ser "maldição", mas, que é ruim, é ruim, viu!?

17 de jul. de 2008

Jesus, Um Convite à Encarnação de Deus



No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e Era Deus. S.João

Em círculos cristãos liberais e entre seculares é moda a discussão da divindade de Cristo. Seria ele mesmo a Encarnação de Deus? Ou, seguindo a Doutrina da Trindade, seria ele 100% homem e ao mesmo tempo 100% Deus, desafiando as leis da matemática?

A mim, particularmente, essas questões nunca intrigaram por serem discussões meramente teológicas. Em contrapartida, sempre enxerguei em Jesus algo de tão prático, tão real que extrapola as definições e tratados de fé.Mas também, se me perguntassem para explicar melhor meus pensamentos, diria apenas que vejo Deus nas “pegadas” de Jesus.

Não só em sua morte, mas principalmente em sua vida. Não só na cruz, mas principalmente em sua humanidade. Não só na ressurreição, mas principalmente em seus ensinamentos. E isso vai exatamente na contra-mão do “Cristianismo Moderno” ou Evangelicalismo que me ensinou a ter profunda reverência pela morte na cruz como sacrifício último, pelo sangue derramado e aspergido na cruz como expiação pelos meus pecados e pela ressurreição dentre os mortos que me trouxe redenção.Miserável sou que condenei um inocente à morte dura e cruel. Mas Ele, pelo seu infinito amor, deu-me a oportunidade de sair dessa condição de pecado e adentrar os portais da eternidade em glória. Como?

Aceitando-o, confessando-o como Salvador e Único Senhor, adorando-o, servindo-o, bajulando-o, curvando-me ante sua soberania, resignando-me a minha condição de pecador vil. Mea culpa, mea maxima culpa.
Mas se somos feitos à imagem e semelhança de Deus, por que carregamos todo esse peso de morte quando Ele mesmo fez-nos um convite à liberdade e plenitude da vida? Tem de haver algo de muito errado com essa doutrina ou então comigo.

Voltemos à figura de Jesus. Nascido homem, viveu como homem e morreu como homem. E ainda assim eu acredito piamente em Cristo como Encarnação de Deus. Não reivindico sua divindade através do nascimento virginal, ou da resignação ao destino que o aguardava, ou na sua miraculosa ressurreição. Ainda assim, creio integralmente que Jesus foi 100% homem e 100% Deus. Tudo bem, matemática nunca foi meu forte mesmo.

Jesus encarnou Deus através de seus atos, de seus ensinamentos, de sua vida prática. Ele foi além da religiosidade de seu povo e sua época, ousou desafiar os doutores da lei porque sabia que o que nos salva não são palavras ou rituais, mas a consciência de nossa humanidade, de nossa finitude, de nossos pecados e virtudes, a consciência de nós mesmos.Numa sociedade onde só ao divino era permitido o dom do perdão, ele ousou perdoar; quando só a Deus cabia a benevolência, ele se permitiu comer, andar e conversar com pecadores, doentes, mulheres, samaritanos e excluídos em geral; onde havia respeito e temor às observâncias da lei e às práticas vazias da religião, Jesus furtou-se ao deleite da hipocrisia.

Ele encarnou Deus, porque foi um homem capaz de olhar sua própria humanidade; Ele encarnou Deus, porque ao se ver como homem viu também seu próximo; Ele encarnou Deus, porque ao se reconhecer no outro, amou-o como a si mesmo; Ele encarnou Deus porque foi livre para amar; Ele encarnou Deus porque morreu como homem que viveu em liberdade; Ele encarnou Deus, porque mostrou-nos a diferença entre sermos à imagem e semelhança de Deus e de termos um Deus à nossa imagem e semelhança.E como Deus, fez-nos um convite à também sermos encarnação do Divino, pois o Reino de Deus está em nós.

16 de jul. de 2008

Jesus ama todos

As religiões pregam que todo ser humano deve ser acolhido por uma igreja, independentemente do "pecado" que carregue. Mas para que o fiel se sinta à vontade para bater às portas de um templo, elas vão ficando cada vez mais segmentadas, formando tribos com perfis parecidos.

Atualmente, estão em expansão as denominações evangélicas que se identificam com a questão sexual. Elas abrigam atores pornôs, prostitutas, homossexuais e travestis, entre outros. Nesses templos, a conversão é desejável, não obrigatória. Importante é se aproximar de Deus.
O conceito faz parte do discurso do pastor Giuliano Ferreira, 29 anos. Ele comanda desde 2005 a Assembléia de Deus Ministério de Madureira, em Ribeirão Bonito, interior de São Paulo.

As pessoas que freqüentam o lugar se sentem confortadas pela história de salvação do religioso. Há quatro anos, ele ainda era conhecido como Juliano Ferraz, um dos mais atuantes atores pornôs brasileiros, com cerca de 300 filmes nacionais e internacionais. Giuliano entrou para a indústria pornô em 1999. Com o ofício, conseguiu comprar três casas e ajudar a família. "Mas a angústia crescia junto com a prosperidade financeira", afirma. Largou tudo quando alguns colegas contraíram o vírus da Aids. "Era um sinal para eu parar."

O pastor diz que não proíbe ninguém de participar de seus cultos por causa de escolhas pessoais. "Sei que minha história fortemente ligada ao sexo atrai, por exemplo, prostitutas. Elas se identificam com meu passado e acham que também podem mudar de vida. Mas não forço nada nem as recrimino", diz.


As igrejas que acolhem profissionais do sexo despontaram em Michigan, nos Estados Unidos, há cinco anos. Lá, um grupo de jovens pastores criou a XXX Church - as três letras "x" fazem um som parecido com a palavra sex. O alvo é a indústria de filmes pornôs. Empunhando a Bíblia, os pastores pornôs, como se auto-intitulam, invadem os sets de filmagem, na tentativa de tirar alguns atores da carreira. Mas, explicam, recebem da mesma forma aqueles que não desistem da profissão.

O site xxxchurch.com recebeu no último mês um milhão de visitas. Em janeiro de 2009, a igreja inaugurará o templo oficial, em Las Vegas. No Brasil, a igreja projeto 242, em São Paulo, se inspirou no exemplo americano para criar o site SexxxChurch, que existe há nove meses. Ainda não há diálogo com a indústria pornô, conta Jota Mossad, responsável pela página. Houve contato com a produtora Brasileirinhas, mas ninguém retornou.

O objetivo é converter? "A idéia é criar uma amizade, não apontar o dedo e dizer 'o que você faz é errado'. Mas mostrar que a pornografia alimenta a indústria da exploração sexual", afirma.

O nome 242 vem de uma passagem do Novo Testamento, no livro Ato dos Apóstolos, capítulo 2, versículo 42 ("E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações"). "A mensagem desse trecho da Bíblia mostra que Jesus e os apóstolos creram num espírito comunitário. É a nossa filosofia", diz o pastor Sandro Baggio.

Entre os planos da igreja está a venda de uma camiseta nos mesmos moldes da americana na Erótica Fair, feira programada para outubro, em São Paulo. Com o dinheiro arrecadado, será dado início à produção de um Novo Testamento. Na capa, a sugestiva mensagem "Jesus ama todos".

fonte: IstoÉ [via Pavablog]

Jesus: um mestre da retórica?

Retórica: a arte da eloqüência, a arte de bem argumentar; arte da palavra.
Dicionário Houaiss no UOL

Jesus lançou questões à humanidade sem esperar uma resposta específica, tudo com o objetivo de nos fazer pensar.
Há muita preocupação nos pregadeiros modernos em dar respostas que não têm. Seria melhor, ao invés de dar-nos argumentos mal elaborados, que plantassem perguntas para afastar as nossas mentes de seus confortáveis universos.

Afirmo: não estou a incentivar dúvidas pertubadoras sem respostas. Penso que questões nos leva ao crescimento. Se continuarmos a receber tudo regurgitado, nossas mentes virarão um amontoado de miolos acostumados a aceitar sem processar, filtrar ou questionar. Perderemos a capacidade do discernimento. Pense como algumas coisas que estão sendo faladas em cima de tribunas, já não ultrapassaram há tempos barreiras de coerência e sanidade.

Jostein Gaarder,escritor norueguês, afirma o seguinte sobre Cristo no livro O Mundo de Sofia: *

Jesus e Sócrates já eram considerados pessoas enigamáticas no tempo em que viveram. Nenhum dos dois deixou registro escrito de suas idéias. Assim, não nos resta outra saída senão confiar na imagem deles que nos foi legada por seus discípulos. Uma coisa, porém, é certa: ambos eram mestres da retórica. Além disso, ambos tinham tanta autoconfiança no que diziam que podiam tanto arrebatar quanto irritar seus ouvintes. Para completar, ambos acreditavam falar em nome de uma coisa que era maior que eles mesmos. Eles desafiavam os que detinham poder na sociedade porque criticavam todas as formas de injustiça e de abuso de poder. No fim, esta forma de agir lhes custou a vida.

Não sou daqueles que tendem a comparar os ensinamentos de Jesus com revoluções e revoltas mas, é indiscutível que sua forma de agir influênciou não só os pobres e anônimos, como também o poder e seus representantes.

E tudo o que Ele fez: lançou perguntas. Estas batiam de frente com sistemas, dogmas e preconceitos e abriam a mente para o pensar.

O que te causa mais impacto: dizer que é necessário ser bom com o próximo, ou perguntar o que você tem feito pelo próximo? A primeira é o óbvio assimilado por osmose, a segunda é a que te expõe, que te coloca diante da situação.
Portanto, amigos, deixemos de dizer como as coisas são e comecemos a perguntar como elas devem ser.

Fonte: Livraria do Thiago

P.S. Deixo duas citações, "Vida sem questionamentos é vida sem valor" de Sócrates e, "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" de Jesus. E até onde eu sei, quando queremos saber a verdade, perguntamos...