28 de abr. de 2009

Deus, Trindade, Lou Mello e um pouquinho de Mark Driscoll.

A Trindade:

O Novo Testamento não contém a doutrina desenvolvida da trindade. “Falta, na Bíblia, a declaração expressa de que o Pai, o Filho, e o Espírito Santo são de essência igual e, portanto, num sentido igual, o próprio Deus. Falta, também a outra declaração expressa de que Deus é Deus assim, e somente assim, i.é. como o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Estas duas declarações expressas, que vão além do testemunho da Bíblia, são o conteúdo duplo da doutrina da Igreja acerca da Trindade”.

Karl Barth


Quando dava aulas em seminários, costumava fazer uma série de pegadinhas estratégicas com meus alunos, com a finalidade de conseguir algo muito raro, fazê-los pensar. Uma delas consistia em desenhar um triângulo eqüilátero (Ângulos congruentes) no quadro. No vértice superior Escrevia: Deus Espírito, no inferior à direita: Deus Pai e no inferior à esquerda: Deus Filho. Sentava em minha cadeira e fazia a chamada. Depois aguardava até algum aluno manifestar-se. Quase sempre, alguém dizia: “Professor, a figura aí está errada. Deus Pai deveria estar em cima, Deus Filho na parte inferior à direita e Deus Espírito na inferior esquerda”. Então fazia pose de pensador e ficava olhando o triângulo fixamente e depois perguntava por que. A resposta era sempre a mesma: “Porque o Deus Pai é superior ao Deus Filho que é superior ao Deus Espírito”. Sei, e onde está escrito isso? Perguntava com cara socrática.

Interessante a figura criada por Willie em A Cabana com Papai, Jesus e Sarayu, representado a trindade Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Vozes levantaram-se, especialmente entre os dignos representantes da ortodoxia fundamentalista reacionária, onde se destaca o quase emergente Mark Driscoll, que de emergente só tem as calças de caipira lançadas no mercado pelo Manning. O cara é mais radical de direita do que o Tonicodemus.

Isso é engraçado, se não for trágico. Para mim, enquanto lia interessado, sobretudo para saber onde aquilo tudo iria dar, aquelas três figuras de Deus me faziam lembrar as tantas e tantas formas encontradas pelo Criador para manifestar-se à sua criação. Até na Bíblia podemos encontrá-las. Além de figuras humanas múltiplas, ele também aparecia para suas vítimas em formas diferentes como fogo, vento e brisa. Certa vez incorporou em uma mula para se fazer entender ao obtuso Balaão. Oh! Deus na forma de uma mulher negra? Jamais! Na forma de uma mulher asiática meiga? Nem pensar! Deus é macho tche!

Se eles soubessem que Deus é o professor de balé do Willie, ficariam horrorizados. Mas aqui na Gruta, Deus pode ser um senhor com cara de Lord Inglês ou um vendedor de pamonhas nordestino. Tanto faz. Como diz o Willie, suas opções dependem do freguês porque ele não busca os interesses próprios, mas os do próximo afim de estabelecer relacionamentos sadios e profundos.

Então, qual é a maneira correta de incluir Deus no Triângulo acima?

Fresco da Gruta, não da Cabana.

[via Igreja Emergente]

27 de abr. de 2009

Obrigado Senhor?


Diante dessa tirinha, confesso, me sinto muito constrangido em agradecer a Deus pelo alimento. Me vem a memória o excerto do Pai Nosso: "o pão nosso de cada dia, dai-nos hoje". Sei que Deus cuida de nós. Jesus nos ensina que o Pai nos dá/dará o necessário para que vivamos: vestir, comer e beber. Isso é um desatino para quem vive em um mundo consumista, capitalista e materialista onde o "ser" foi tragado pelo "ter".

Também tenho enorme dificuldade de, algumas vezes, celebrar minha sorte quando lembro que outros, até mais justos que eu, são menos afortunados. O meu constrangimento não é por causa de Deus. Mas, porque não tenho as respostas para tanta discrepância divina.

Dias desses, meu primo e eu brincávamos enquanto passeávamos em seu carro (carinhosamente apelidado de "tipão") surradinho dele. Ele dizia, "Que coisa, olho para um lado, uma F-250 adesivada com "Presente de Deus!", olho para outro, um Honda Civic com os dizeres "Foi Deus quem me deu...". Vez ou outra passam "altos" carrões com adesivos dizendo que Deus os deu de presente. Daí fico imaginando por que car*lho Deus me deu esse "tipão"... kkkkkk".

Enfim, tenho tantas perguntas, tantas dúvidas, mas, não posso deixar de amá-Lo só porque sou um reles mortal que não ainda não entende a Eternidade.

Orgasmos



Do conservador
Assim, assim, assim, fica só assim, assim não! Assim, não feche o manual, isso, assim! assssiiiiimm! Assssiiiimmmm!

Do neo-pentecostal
Ai...Vou tomar posse, vou tomar posse...Toma... Tomaaaa... – Então desamarra! Desamarraaaa! Repreendemos agora toda manifestação precoce! Eu declaro, esse gozo é meeeeu! Oh Vitóóóriaaaa!

Do carismático
Oh amor... Receba o dom... Levante suas mãos... Levante seus pés... Repita comigo: Eu tenho poder! Eu tenho poder... Clame! Clame! Liberte sua língua... O dom está vindo... Está vindoooo... Diga ao parceiro ao lado: eu te abençou-ooooo!

Do pentecostal histórico
Oh... Alê...Alê... Meu amor, Alê, alabachúrias, ondebachúrias, aquibachúrias, quantabachúrias, oh língua... Manifesta-se como prova do meu amor... Oh lábios... Ohhh, Alê... Aleluiaaaaaa...

Do adventista
Vem... Vem... Vem... VEM... VEEM ... VEEEEMM!

Do metodista
Aiiiii... Ééééhhhh... Iiiiihhhh! Ohhhhh... UUUiiiii.... Ahhhmém!

Do presbiteriano
Oh...intróito... Oh santo goooozo eu te invoco! Vamos gemer alternadamente amor! Oh, podemos nos assentar... (silencio) ... Fala, não pare, fala alguma coisa... Fala alguma coisa... Agora! Vou impetrar a benção, eu vou, eu vou, amémmm! Amémmm! Amémmm.
(- Boa noite irmã... Foi uma benção pra você? - Foi sim... e pro irmão?)

Do presbiteriano independente
Oh...intróito...oh santo goooozo eu te invoco! Vamos gemer alternadamente amor! Oh, podemos nos assentar... (silencio)... Fala não pare, fala alguma coisa... Fala alguma coisa... Agora! Oh amor, levemos esse gozo também aos pobreeeees...Vou impetrar a benção, eu vou, eu vooou, amémmm! Amémmm! Amééémmm.
(- Boa noite irmã... Foi uma benção pra você? - Foi sim irmão... Quer um cigarro?)

Do universal do reino
Deposita... Depositaaa! Vai depositaaaa! Unzinho só, depositaaaaa, agora, vai, vai amor, prova tua fééé, isso, deposita... Oh gozo-filácio... DEpositaaaaa....

Do renascer
Oh... Me ame, me ame... Estou quase em Miame... Invista em mim, que eu invisto em você... Me ame meu amor, Miami... Eu também vou chegar, eu vou... Me ame! Estou quase em Miameeeeeee...

Do batista
Oh... Sou feliz! - Sou feliz! - Ah amor, se paz da mais doce me deres gozaaar... – Oh amor, vou mergulhar de cabeçaaaaa... – Oh, já ouço o coral... Vamos em uníssono ser feliiiiiizzzzzzz!

Do gospel
Oh... Me dá um lá maior... Isso... Fica aí, lá... Lá... Láááá... Isso... Oh amor... Libere as vocalizações... Tenha liberdade de posições... Oh lá maior... Lá, lá, lááááá...

Do bíblico
Oh meu amor... Do grego, “eros”! Oh introdução, conteúdo e conclusão! Oh exegese impossível do termo “orgasmo”, do grego antigo “orgasmos”... Derivado de “orgaw”, “órgão”... Oh Órgão! O que é o estudo histórico-gramatical diante de ti?! Oh tradição oral... Ai amor... Oh gaudiis exultare! Oh líquido seminal, não de “seminário”, mas dos testículos dessa perícope! Oh não para... Não para... Não parábolaaaaaa....

Do fundamentalista
Isto sim é um orgasmo! Isto que é um orgaaasmo absolutooo, não outra coisaaaa! É isto! Só istooo! oh MEEEU Deus!
(interrompeu por estar perdendo o controle)

Wilson Toniolli em seu blog Verticontes

P.S.: Pra quem não conhece o blog do Toniolli, faça um favor a si mesmo e esbalde-se de demasiada criatividade...

25 de abr. de 2009

Fora da igreja há salvação?


Esta frase foi dita por Cipriano de Cartago no terceiro século de nossa era e acabou se tornando dogma na Igreja Católica Romana, mas creio que tem sido adotada por muitas igrejas e denominações evangélicas. Neste caso, o sentido da frase até pode ser ampliado para “Fora da igreja não há Cristianismo!” implicando, entre outras coisas, em que Cristianismo e igreja sejam a mesma coisa.

Em primeiro lugar é preciso deixar claro que a existência da igreja não pode ser colocada em dúvida, mas isso não significa que ela deva ser um fim em si mesma e, creio, que é isso que tem acontecido em alguns casos. Pois quando entendemos que textos como “buscai em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça (Mt.6:33) são interpretados como “buscar em primeiro lugar as atividades e ocupações na igreja” estamos reduzindo o reino de Deus e o Cristianismo às atividades eclesiásticas em vez de considerarmos a igreja como um meio que Deus instituiu para ser um ambiente fértil para o desenvolvimento da vida cristã, da piedade, da capacitação do crente para ser cristão no mundo e desenvolver os seus dons de serviço. Também um meio para ser uma comunidade terapêutica, de capacitação na compreensão da vida, das doutrinas, da Bíblia, uma comunidade – a família de Deus, etc.

Transformamos a igreja num fim em si mesma quando entendemos que a vida cristã se resume em atividades e mais atividades freneticamente desenvolvidas no domingo, que deveria ser um dia de celebração, descanso e passa a ser “dia do cansaço” e da agitação, como se o Cristianismo de sete dias pudesse ser vivido apenas em um dia. Mesmo porque igreja passou a ser um lugar, um estatuto, um organograma, em vez de pessoas pelas quais Cristo morreu na cruz. Sem dúvida o estatuto, o organograma são necessários, mas também são meios e não fins.

A igreja de Jesus Cristo é um meio, um instrumento para levar o evangelho ao mundo, para capacitar os salvos à vida em comunhão e lealdade ao Senhor. A igreja não pode ser confundida com o reino de Deus, mas deve ser considerada um instrumento de Deus para seu reino, dando ao crente condições para viver o reino no mundo, no seu dia-a-dia, como cristão. E ser cristão não é só pregar que Cristo salva, mas viver a salvação que Cristo nos dá.

Quando a igreja se considera um fim em si mesma acaba nutrindo a entropia, fechando-se em torno de sua própria existência. Não sendo sinérgica, deixa de cumprir a sua missão integral que tem como ponto de partida levar cada pessoa a viver para a glória de Deus.

Por Lourenço Stelio Rega

Fonte: Crer e Pensar [Via: Púlpito Cristão]

24 de abr. de 2009

"Crença correta"

O evangelho de Jesus Cristo não é historinha de Pollyana para os neutros - é faca cortante, trovão implacável e terremto convulsivo no espírito humano. A Palavra deveria nos forçar a reavaliar o rumo inteiro de nossa vida. Porém, nas palavras de Bonhoffer, muitos cristãos "juntaram-se como abutres ao redor da carcaça da graça barata, e ali beberam o veneno que assassinou o seguir a Cristo".

Fosse o evangelho proclamado sem concessões, o rol de cristãos de carteirinha neste país diminuiria. Em sua maior parte o televangelismo distorce o evangelho. Não há referência à cruz exceto como relíquia teológica, nenhum toque de clarim anunciando ao corpo de Cristo que estamos crucificados para o mundo e o mundo crucificado para nós. Em meia hora o evangelista eletrônico tem de converter você, curá-lo e garantir-lhe sucesso. Todos são vencedores; ninguém perde seu negócio, fracassa no casamento ou vive na pobreza. Se você é uma jovem atraente de dezenove anos e aceita Jesus, torna-se miss América; se você tem problema com a bebida, vence o alcoolismo; se faz parte da Liga Nacional de Futebol, é escalado automaticamente para a seleção.

Por mais incrível que possa parecer, a própria Palavra tornou-se fonte de divisão e de justiça própria. Jesus disse que o sinal mais evidente do discipulado seria nosso amor uns pelos outros. "Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (Jo 14:34-35). Seu ensino não deixa dúvidas aqui. Seríamos conhecidos como seus seguidores não por ser castos, celibatários, honestos, sóbrios ou respeitáveis; não por ser frequentadores de igreja, carregadores de Bíblia ou cantadores de salmos. Antes seríamos conhecidos como discípulos primariamente por nosso profundo e delicado respeito uns pelos outros, por nosso amor cordial impregnado de reverência pela dimensão sagrada da personalidade humana.

No entanto, num gesto arrogante de patifaria, muitos pregadores hoje em dia decidiram que o padrão de discipulado de Jesus é inadequado para os tempos modernos. O novo critério é ortodoxia doutrinária aliada ao modo de interpretar a Bíblia. "Crença correta" é a nova norma que determina o que vale um cristão.

Brennan Manning em A assinatura de Jesus

23 de abr. de 2009

Libertando um livro

Hoje é Dia Mundial do Livro! Em comemoração vamos libertar um livro num lugar público. Isso chama-se BookCrossing. "Esquecemos" um livro que endossamos e que apreciamos em algum lugar para que outra pessoa tenha a oportunidade de ler também. E, assim, o livro vai viajando sem limites e indo de encontro com seus leitores.

Vou libertar o livro A cabana de William P. Young. E vou colocar esta dedicatória seguindo o padrão que o Sérgio escreveu no Pavablog#.

Oi,

Curto bastante ler e quero compartilhar esse prazer com outras pessoas. "Esqueci" este livro em 23/4/09 no Brasil Park Shopping, em Anápolis-GO. Eu e vários outros amigos mantemos o blog livrosepessoas.blogspot.com para trocarmos idéias sobre o que lemos. Depois de ler esse livro, peço gentilmente que o "esqueça" em algum lugar público para que outras pessoas também possam ter a oportunidade de lê-lo. Muito obrigado pela colaboração!

Abração e tenha uma ótima leitura.

Thiago Mendanha
thyamofe@gmail.com
thiagomendanha.blogspot.com

Vamos lá, galera! Libertem um bom livro e exercitemos o espírito de desprendimento e compartilhamento.

21 de abr. de 2009

Igreja Emergente


Pre-Scriptum 1: Minha crítica é extremamente conceitual, não peguei nenhum exemplo prático ou caracteríticas que a Igreja Emergente defende, afinal isso é muito variável.

Pre-Scriptum 2: Muitos amigos blogueiros "participam" e são grandes apoiadores da Igreja Emergente, espero que tenham a compreensão de que nenhuma das críticas aqui feitas são pessoais.



Em extrema discussão no meio virtual, temos um novo movimento cristão, que segundo alguns pode revolucionar, reformar ou "voltar às origens" do cristianismo. Não que esses sejam os principais objetivos.

Aliás o que se falta é objetividade quando fala-se de Igreja Emergente como no texto Compêndio Emergente:

Igreja Emergente: Nome dado a um movimento religioso sem estruturação, ou consolidação, que visa romper com os dogmatismos de um era , através do questionamento, da filosofia, conversação e exposição de idéias, em conformidade com o desenvolvimento natural humano. Esse mesmo mover ocorre em muitas outras áreas.

Usemos em princípio somente essa definição, ela é contraditória por si só, se estamos falando de um movimento, seja ele religioso ou não, necessariamente estamos falando de estruturação. Mas não há formas ou modelos, é a contra-resposta. Usando o argumento popular: oras o fato de não haver forma ou estrutura já é uma estruturação, já é a criação de um dogma. Afinal, se um dogma é, por definição clássica, um ponto fundamental de uma doutrina, a Igreja Emergente rompe com todos os dogmatismos de uma era? Sem nos atentarmos à limitação de era aqui utilizada, só pode-se dizer que sociologicamente é impossível se romper com todos os dogmatismos de uma época. E ainda logicamente falando, a partir do momento que você se livra de um ponto fundamental de determinada doutrina automaticamente cria-se outro ponto. Mas isso é verborragia e crítica semântica, há pontos mais práticos a serem abordados.

Ao observarmos o Wiki, vê-se alguns pontos fundamentais que nos permitem dizer que o que se busca fazer não passa de mais uma forma de interpretar a Bíblia ou o cristianismo, não necessariamente um modelo certo ou errado, mas mais um modelo. E é nesse ponto que critico, quando se cria algum tipo de movimento dentro do cristianismo e as pessoas o engessam em determinado conceito, o movimento em si ficará necessariamente limitado ao dogma.

Gostaria ainda de colocar em voga, a ideia de que a Igreja Emergente também nada mais é do que a possibilidade de discutir o cristianismo e suas implicações no mundo pós-moderno - críticas ao conceito de pós-moderno são infinitas mas limitemo-nos dizendo que esse período é simplesmente o que estamos vivendo - isso é um tanto quanto controverso em essência. Se o cristianismo tem de ser reinterpretado a cada nova era é discutível afinal, o cristianismo trata de valores interpessoais que ultrapassam eras, ou ao menos em tese era o que deveria acontecer.

Pode-se criticar que o contexto social em que vivemos é alterado continuamente e consequentemente os fatos relacionados à prática do cristianismo. Penso que esse tipo de pensamento seja o mais contraditório. Enquanto prega-se que não existe a dicotomia secular/divino, tentam separar as relações seculares das "fraternais". Discutir como o cristão deve agir em determinada época de acordo com os desafios da era em que vive é engessar toda a filosofia cristã em um contexto histórico-social.

Apesar de tudo, penso que a proposta da Igreja Emergente trata-se de um retorno à dialética, um apresenta sua tese, o outro a antítese e juntos chegam a um consenso ou a uma total dissensão sobre determinado assunto. Se é essa realmente a proposta penso que não há necessidade de se criar o muro do rótulo retornando o conceito errado de Igreja.

Se o "novo" movimento tem por principal base a dialética entendo que deve ser usado como um instrumento para as já muitas maneiras de pensar. Afinal não é mais uma doutrina, nem mais um movimento, mas somente uma chamada a um instrumento tão antigo quanto o cristianismo. Se for por exemplo para escolher somente mais um nome para uma velha definição prefiro a Religião Open Source e a Religião 2.0 muito mais "cool" e "2.0"

O que percebe-se no fim das contas é que o cristão dificilmente conseguirá viver sem uma teologia, parafraseando Cazuza, o crente continuamente brada: "Teologia, eu quero uma pra viver".

Rapha no Rapensando

P.S.: Tô quase virando um repositório de opiniões e análises quanto à Igreja Emergente, Conversa Emergente, Movimento Emergente, ou seja lá como queiram dizer. Por que não coloco minhas próprias articulações quanto ao assunto? Bem, porque ainda entendo que sou neófito no que diz respeito ao desenvolvimento do tema. Como bom ouvinte, estou assistindo e acompanhando o desenrolar desta conversa, inferindo na medida do possível, mas, procurando aprender e assimilar com os caros colegas que já tem maior bagagem e propriedade no assunto. Sempre que puder e achar viável, e entender que posso contribuir efetivamente com minha visão, o farei com todo prazer. Soltando esporadicamente minhas opiniões e argumentos no tocante à conversa emergente. O importante é que as pessoas sejam levadas a Cristo e ao entendimento de Sua vontade livre de obstáculos desnecessários que a religião impõe.

20 de abr. de 2009

Não somos uma igreja


Ainda que eu tente explicar o sentido original da palavra eklesia, o Patrick está certo, esse lance de "igreja" para quem não tem mais identificação ou paciência com os esquemas religiosos assusta e não simpatiza, separa e não agrega , afasta e não ajunta.
Depois de anos caminhando no meio cristão-judaico eu me permito dizer que não sou mais um evangélico, até porque hoje o meio é mais judaico do que cristão. Apesar de manter laços com líderes e amigos que são, aquilo que me levou a freqüentar uma igreja evangélica ou católica na adolescência não está mais lá nos templos e nas organizações religiosas. Admiro a postura que alguns pastores e padres mantém de integridade e honestidade no meio de tantos escândalos e futilidades envolvendo o nome de Jesus. Más é essa a imagem que vem a cabeça das pessoas que pensam e que não são do “meio” quando ouvem a palavra “igreja”.
Patrick está certo. A comunidade Dois é um projeto de irmandade que envolve cumplicidade, respeito, amizade, mutualidade e outros valores comuns à pessoa e obra de Jesus e seus seguidores históricos, coisas que me foram propagadas em púlpitos e que eu acreditei , mas que hoje já não importam mais a maioria das instituições que se chama igreja.
Como eu já disse ao Emerson, não tenho mágoa nem recentimento dos meus “irmãos” e não aprovo a exposição gratuita destas incoerências evangélicas e católicas contemporâneas. Sou a favor de apagar fogueiras ao invés de colocar lenha, mesmo porque eu tenho uma gratidão muito grande com a religião da minha infância que me ajudou na minha busca que me ensinou valores que sigo até hoje, mas que a partir daqui não (co)responde à novas necessidades.

Somos uma nova religião ou seita?
Religião somos sim, porque temos rituais, uma divindade a quem veneramos, um credo e conforme aprendi no seminário ”um motivo último”, no entanto nova não, porque a prática de novas alternativas de vivenciar a fé e a religião em comunidade é bem antiga, incluindo o cristianismo que é de origem judaica com influência de religiões greco-romanas fortíssimas.Respeito das antigas tradições e dos caminhos diferentes é que eu nem sempre os novos grupos tiveram.

Somos uma seita então?
Sei lá , porque percebi que entre os religiosos que qualquer grupo novo que discorde dos pilares da instituição de onde saem são tratados como seitas. Más nós da “comuna2” não saímos de lugar nenhum, alguns inclusive freqüentam ou são membros de igrejas histórias e neo pentecostais, outros nunca se vincularam a nehuma outros ainda foram educados em tradições religiosas distintas.

Se você precisa de rótulos para identificar grupos e pessoas pode inventar qualquer um e colocar em nós, aqui mesmo na página colocamos alguns pra voce escolher, mas na verdade somos só um grupo de amigos querendo se divertir e se ajudar nessa dura caminhada que é nossa vida.

Jorge Moreno
no Comunidade 2

Lembrei-me da igreja em Atos que não invoca para si nenhum rótulo ou denominação. Se hoje chamamo-nos cristãos isso não é por nossa causa. Foram os outros, que não seguiam Jesus, que nos deram tal apelido, tal rótulo, porque sentiram necessidade de nomear-nos e identificar-nos. Aliás, a igreja de Jesus era, na época, algo extremamente novo e radical em todo o Universo. Ainda não sabiam como conceituá-la. Em relação a mim, prefiro não me rotular. Chamem-me do que quiserem baseados no que veem em mim. Se dou testemunho de Cristo, se amo, se perdoo, se tenho fé, e tudo isso lembre alguém de Jesus, para mim já é o suficiente. Brother, Jorge... vai nessa força que o Espírito soprará através de você.

De olho na freguesia, ops... nas ovelhas


Do jeito que a coisa ta andando, abrindo uma "igreja" a cada dois dias, logo veremos propagandas na tv, rádio em faixas na porta dos "templos" com os dizeres:

"Promoção dizimal, aqui você paga só 5%"

" Desconto de 50% para cada 10 dizimistas apresentado"

"Traga um dizimista e ganhe um galão de agua ungida ( no monte)"

" Hoje o pastor ....... estará pregando, faz aparecer dinheiro no bolso ( na hora) e pircing no umbigo ( de ouro)".


Pior é que isto não é tão comédia assim, já vimos faixas bem piores que estas, verdadeiro 171 da fé, tipo: "desencapetamento total", "oléo farto para abertura de portas", "rosa para destravar o amor", " aceitamos todos cartões de créditos, aceitamos cheque pré", " Estara aqui a maior autoridade espiritual da igreja, pastor.......", " Homem da cura, tomou facada no coração e revela pra curar" etc....

Quem acha que estamos exagerando, faça um city tour pelas "igrejas" e veja por si mesmo....


Marcelo eee Eunice no Caminhando na Graça, de graça! [via Bereianos]

Meus Deuses não tinham olhos


Desde criança conheço Deus. Um fator que só agora percebo é que Deus não mudou. Você pensa, "ora, claro que Deus não mudou. Que novidade!". É verdade que não mudou e nem mudará. Mas, por que conhecemos tantos Deuses diferentes?

Onde quero chegar com isso? De lá para cá, conheci Deus em suas mais variadas facetas. Bem no início, assim que tomei consciência própria, mesmo que muito novo ainda, me apresentaram um Deus grande, forte, poderoso, que está lá em cima, no Céu, sentado em seu trono, olhando para toda a humanidade com atenção e rigidez. Ficava imaginando um senhor de longos cabelos brancos, barba cheia, vestes reais e usando uma sandália deixando à mostra seus pés viris. Não conseguia imaginar seus olhos. Só sabia que estes fitavam a Terra como um menino que procura no formigueiro aquela que será seu próximo objeto de experiências macabras - já fiz muito isso e pensava ser assim que Deus também agia em sua superioridade.

Esse era o Deus da minha tenra idade. Creio que foi o Deus da maioria de nós. Aliás, parece que este é o Deus ainda de muitos adultos. Um Ser forte, altivo, vigilante, perscrutador e imponente. Que está acima de nós, lá no Céu, distante e alienado à nossa realidade. Nada mais.

Cresci um pouco e outro Deus surgiu. Não muito diferente do anterior, mas, um pouco mais requintado, teológico, examinado e definido. Era o Deus Criador, Senhor do Universo, das Galáxias, das estrelas... era o Deus do infinito. Era um Ser sem começo e sem fim e que era um só, mas que também eram três personalidades distintas. Putz! A mente dá um nó... Três em Um? Um em Três? Na dúvida, lembro que sempre rezava para cada um deles para não deixar um ou outro enciumado. E para não perder o favor de nenhum deles, é claro! Esse Deus soava mais esclarecido, mais religioso, mais metódico e, ao mesmo tempo, mais complicado. E também não conseguia imaginar os seus olhos.

Em um outro momento de minha vida conheci um Deus auto-indulgente. Esse Deus era mais velhaco, barganhador. Minha sensação era de que lidar com ele seria mais fácil e previsível. Afinal, um relacionamento baseado na troca de favores é mais seguro. Sabemos que se nos empenharmos em agradar, seremos agradados em resposta. Foi o período da minha vida onde esmerava-me por seguir à risca os preceitos litúrgicos da igreja. Procurava a santidade exterior e procurava ser um religiosos exemplar. Em troca disso tinha a esperança de ter todas as minhas orações (petições) respondidas. Desde a conversão de minha mãe ao desejo de possuir. Confesso que esse Deus me decepcionou muito por não cumprir com sua parte no relacionamento. Também não conseguia imaginar seus olhos, apenas conseguia conjeturar suas intenções.

Meu penúltimo Deus já contrariava um pouco os anteriores. Cheguei a pensar que encontrara e conhecera o verdadeiro e definitivo Deus. Um Deus emotivo, que gostava de ser bajulado com palavras afetivas. Ele fazia com que sentíssemos Sua presença em manifestações inusitadas. Um Deus barulhento. Um Deus que parecia prezar por intimidade. E essa intimidade era medida em arrepios, glossolalias, extases e frenesis religiosos. Embora não conseguisse imaginar seus olhos, conseguia imaginar sua voz.

Todos esses Deuses agradam uns e desagradam outros. Todos têm suas preferências e inclinações. Mas, conheci um Deus que não tem tanta popularidade quanto os outros. Esse Deus carrega algumas características dos outros que conheci. Não são todas, só algumas mais nobres. Esse Deus não tem a multidão de fãs que os outros conseguem aglomerar. Aliás, são poucos que engolem esse último Deus que tenho conhecido. Uma grande característica dele é que não depende da religião. Alías, é totalmente separável dela. Esse Deus bebe com os amigos, ouve música, canta e dança, conta boas piadas, não se abstém de tocar as pessoas. Ele não tem nojo de ninguém. Ele não despreza nem o mais vil ser humano. Chega a ser irritante sua inclinação pelos párias e pela escória. Nem a pessoa mais bondosa e livre de preconceitos consegue assemelhar-se com a aceitação desse Deus. Esse Deus embora próximo e verdadeiramente íntimo, exige um certo desatino para que o sigam.

Tenho me amarrado nesse Deus. Consigo imaginá-lo rindo, chorando, irado, dormindo, cantando, dançando, ensinando, brincando, exortando, criando, bebendo, comendo, abraçando e... em tudo isso consigo imaginar seu olhar. Posso parar e fitá-lo horas a fio. Gosto Dele porque parece que nele eu sou algo muito melhor do que fui um dia. Na verdade, eu tenho procurado o amar com toda minha alma, com toda minha força e com todo meu entendimento. Esse Deus, meus caros, sofre com o impropério de ser xará destes outros que conheci. E muitas vezes é julgado ou mal interpretado como sendo os outros.

Quando você olha dentro do olho de uma pessoa parece que está mergulhando em seu ser. Se esta permitir-lhe encará-la por muito tempo pescrutando sua alma, você perceberá que seus olhos denunciam se há verdade nela ou se existe apenas mentira e falsidade.

Os outros Deuses não tinham olhos. Este Deus, que agora amo, tem olhos para que eu possa mergulhar.

19 de abr. de 2009

Selinho : )



O excelente blog Amenidades da Cristandade lançou um selo para os blogs amigos. E eu estou tendo o prazer de recebê-lo.

O Rodrigo Magalhães também me indicou o mesmo selo em seu blog. Então para economizar vou indicar os 7 blogs para receberem o selo acedendo às duas indicações.

Muito obrigado pelos préstimos amigos! :P

Seguem os blogs que indico ao selo:

Pavablog# (completou 3 anos ontem, 18/4/2009)
O's Lázaro's
Celebrai!
Púlpito Cristão
Bereianos
Laion Monteiro
Lion of Zion

Para receber o selo, se faz necessário seguir as seguintes regras:

1)Colocar o link do blog que ofereceu o prêmio ao seu blog;

2)Escolher outros sete blogs de conteúdo cristão (não importando a corrente ou denominação) para receber a premiação e colocar seus links no post que consta a premiação;

3)Comunicar os blogs premiados;

4)Colocar as regras e a imagem do selo (conforme o código que está nesse link, direcionando para este mesmo link original do prêmio) no post de premiação.

16 de abr. de 2009

Lewis

“- Aqui não é Charn. Era a voz da feiticeira. – Aqui é um mundo vazio. Aqui é Nada.

E, de fato, parecia mesmo Nada. Não havia uma única estrela. Era tão escuro que não se enxergavam; tanto fazia ficar de olhos abertos ou fechados. Sob seus pés havia uma coisa fria e plana, que podia ser chão, mas que não era relva nem madeira. O ar era seco e frio e não havia vento.” Trecho de ‘O sobrinho do mago’ página 55

C.S Lewis é um escritor apaixonante, envolvente e cheio de símbolos e significados. Os pais de Lewis eram anglicanos e ele e seu irmão sempre estiveram neste círculo social, liam muitos livros clássicos, coisa que nós brasileiros pouco lemos, o que é uma pena... A vida de Lewis é cheia de idas e vindas ao cristianismo, mas sem dúvida ele nunca perdeu a essência e o ‘poder da magia’ que é intrínseca a Criação divina, ao poder, as relações de poder, como ninguém mais ele descreve o belo e o feio, faz uma antítese ao Criacionismo levando o leitor a ver o belo e mais que isso, entender o belo como o artístico em Deus, e em Jesus que é simbolizado na estória como o Leão Aslam.

O símbolo do anel ( e não é por acaso que O Senhor dos Anéis, escrito por J. R. R. Tolkien quase na mesma época) utilizara deste elemento de união, de poder, para representar o próprio poder, a força em suas estórias. Lewis usa o anel como um portal para o outro mundo, para o início da Criação, no desenrolar da estória o anel sofre algumas transformações. Fantástico como o escritor utiliza e narra os símbolos da voz ressoando, do círculo de animais em volta do grande Leão no capítulo nove de ‘O sobrinho do Mago’.

“Mas Digory ainda podia ver o Leão. Estava tão grande e tão brilhante que era impossível tirar os ollhos dele. Os outros animais não mostravam o menor medo.

… O coração de Digory batia desordanadamente: sentia que algo muito solene estava pra acontecer.” Trecho de ‘O sobrinho do Mago’ página 64

Não por acaso, As Crônicas de Narnia foram escritas em sete capítulos que estão disponíveis separados ou uma edição recente compilada.

Mesmo se você não tiver 10 anos… ou mesmo se tiver, o livro As Crônicas de Nárnia é fantástico. Entender os símbolos será um grande desafio pra você, tão como é necessário estudar um pouquinho de História para entender a estória e analisar o contexto da Inglaterra no início do século XX para entender como Lewis pensava questões como o Paraíso, a Redenção, a Eternidade.

Aproveite a sugestão!

autor: Douglas Negrisolli

P.S.: Estou esperando chegar meu exemplar de As Crônicas de Nárnia Volume Único que comprei. Me deu vontade de lê-lo com a namorada.

15 de abr. de 2009

Modismo Emergente... Atitude Urgente!


Já escrevi certa vez (vide) sobre a nova onda de revolução que tem levado muita gente a abandonar os pilares eclesiásticos para defender uma outra linha de pensamento ou simplesmente para não ter mais que participar das chatas programações religiosas e nem ter responsabilidades com elas. Falei do perigo desse comportamento desencadear uma nova moda, passageira como todas, que só serviria para fazer barulho e algazarra para depois se desnortear com o vento sem nenhum propósito realmente útil.

Saí da igreja e fui totalmente desvirtuado pelos "irmãos". Tive minha fé caçada por eles, por entenderem que a equação Fi = AD <> FD ("F"ora da "i"greja igual a "A"teu "D"esgraçado diferente de "F"ilho de "D"eus) seja verdadeira. Mas, apesar de toda descriminação e preconceito, sair de lá fez muito bem pra minha alma. Luto dia após dia para não cair no modismo, para não achar que preciso revolucionar o Evangelho.

Alguns podem até dizer que não quer revolucionar o Evangelho e sim a igreja, mas esta vem sendo revolucionada desde que nasceu como instituição humana, e essas revoluções foram o maior fator agravante da sua situação como missionária do amor de Cristo. O modelo de igreja, hoje, é o resultado de uma série de revoluções para modelar uma fórmula de salvação do homem.

Nós, os "sem igreja", criticamos, denunciamos, enfrentamos o poder da imposição da igreja sobre as pessoas, mas caímos em muitos dos erros que o sistema igrejeiro preconceituoso comete. Agimos de forma preconceituosa também, julgamos e, de certa forma, até queremos condenar alguns religiosos, segundo nosso entendimento. De maneira que, sem freio, podemos ser tão hipócritas quanto os fariseus modernos convencidos da salvação. Aliás, devemos nos perguntar se não somos também um desses fariseus, com a diferença de que não suportamos conviver com outros iguais a nós.

Os emergentes só existem porque passaram um dia por uma igreja, senão, a palavra "emergente" perderia o sentido. E nessa passagem de um estágio para outro, uma massa frenética tem saído de suas igrejas para fugir de suas amarras. Contudo, é preciso cautela para não cair em amarras maiores e não viver da ilusão barata de revolução. Não será nosso ímpeto para criticar e até praguejar as instituições igrejeiras que vai revolucionar o mundo, quanto menos a nós mesmos.

Precisamos deixar de querer impor nosso estilo de vida como sendo o remédio do mundo, a verdade absoluta, tanto os emergentes quanto os membros e líderes das igrejas. Precisamos deixar as críticas e os pensamentos vãos a fim de melhor cumprir nosso legado. Precisamos ver o Evangelho como uma missão de amor, vivendo o sacrifício de Cristo. Ouvir e aplicar mais, falando menos. Argumentar, discutir, "teologizar" não vai nos tirar da posição de prequiçosos que perde tempo falando.

A igreja não é a solução do Evangelho, portanto, é um desperdício lutar para revolucioná-la mais uma vez.

A solução é Cristo. E Ele será conhecido e amado quando as pessoas virem o que de bom Ele produz no nosso caráter, estando nós dentro de uma igreja ou não.

A moda dos emergentes passará. Mesmo que o modelo de igreja seja novamente afeiçoado, agora pela influência dos emergentes, precisaremos sempre de atitude cristã ao invés de pragmatismo.


Alguém pare esse mundo, porque eu preciso subir!



Lindoélio Lázaro no excelente blog O's Lázaro's

Fico feliz em poder repassar mais esta pertinente análise que meu brother Lipa traz-nos por meio de sua perspicácia e inferência do Espírito em sua vida. Todos que sonham e primam por uma igreja linda, bela, saudável e próxima, que atende desesperadamente ao chamado da Cruz de Cristo, e que brilha com o testemunho... sabem que uma página da igreja está sendo virada, e nós somos os agentes de mudança. Somos os responsáveis pela Igreja de amanhã.

14 de abr. de 2009

Nossos Emergentes Brasileiros

Nossos Emergentes Brasileiros...

Bem, faz tempo que não escrevo, mas gostaria de aproveitar meu espaço hoje, para uma Crítica e também desabafar um pouquinho. Ha dias me sinto engasgado com minhas viagens e passeios, navegando por alguns blog’s com temáticas emergentes, e falo para vocês, cada vez mais me entristeço e me decepciono com estes grupos, que acabam por intitular de detentores do movimento, as conhecidas bocas emergentes, mas em contrapartida saem em uma postura totalmente arrogante assumindo o microfone da mídia blogueira, levando cada vez mais as idéias e iniciativas dos movimentos emergentes para a boca do lixo.

Gente que ao meu ver, que ao analisar as suas Histórias, e seus frutos, levando em conta que muitos destes, por longo tempo temos acompanhado, acabam por apenas serem pessoas com sérios problemas com o evangelho de Jesus, e usam esta porta da emergência para satisfazer seus desejos promíscuos e covardes de viver uma vida descompromissada com Cristo, obtendo nos movimentos emergentes uma desculpa para suas própias devassidades.

Em meio a esta bagunça egocêntrica ficam algumas perguntas no ar, dentre elas considero duas de extrema importância. O que na verdade seria a real intenção destes novos movimentos emergentes em relação ao corpo de Cristo? E qual seria o propósito desta igreja com uma cara mais missionária, designada como igreja missional?

Se as respostas forem estas “propostas asquerosas” declaradas pela vida e filosofia destes “pseudo blogueiros emergentes”, esta Igreja instituição que massacra pessoas com teologias pagãs, se torna irmã gêmea, tão fétida quanto à vida em libertinagem que muitos defendem como liberdade da teologia emergente.

A imagem que muitos estão querendo passar desta igreja “emergente” é um crentinho filosofando com uma latinha de cerveja, uma bagana de fumo, ao som do U2, dizendo; sou livre em Cristo, ao mesmo tempo que defeca em cima da Bíblia.

Precisamos urgentemente de uma revisão de nossas teologias, centralizando elas em Cristo, sabendo que o propósito da igreja emergente não é modificar a Igreja para os nossos prazeres, mas buscar opções para que nossa linguagem chegue ao ouvido dos que se perdem. O Movimento emergente não é um “revival fashion” da teologia liberal, e sim um movimento movido pelo amor, que torna a consciência da igreja em corpo e representação de Cristo na terra, tendo em vista uma vida de constante conversão e compromisso com Cristo.

Como disse meu amigo em uma mensagem, "não vamos tornar esta iniciativa que é o Movimento Emergente, em apenas mais uma Arapuca na igreja."


Pr. Leandro Barbosa no blog Emeurgente

Tirando o "crentinho", a "bagana de fumo" e o "defecar em cima da Bíblia"... por mim no problem - rs. Mas, é sério... o diálogo é sempre bem-vindo e oportuno. Exemplos de movimentos, reformas e revoluções na igreja no passado piscam como alerta diante da igreja atual que deseja remodelar-se e encontrar-se no Evangelho, buscando relevância e inferência na vida das pessoas, de forma a levar a imagem de Cristo sem caricaturas. Não escondo que temo pelos rumos e consequências da conversa emergente. Não gostaria de assistir o mesmo destino desvirtuado e sem apego ao ensino de Jesus de outras "reformas" de outrora. É claro que, sempre haverão discrepâncias em relação à qualquer proposta de mudança. Mesmo que esta prime por retorno. Só acho que com a bagagem e os exemplos do passado que ostentamos, as consequências indesejáveis possam ser minimizadas.

A retórica do discurso evangélico

Os líderes evangélicos dizem que igreja não salva ninguém.
Mas não acreditam realmente que alguém que não freqüenta igreja alguma possa ser salvo.

Os líderes evangélicos dizem que Deus ama quem dá $ com alegria.
Mas não acreditam que um irmão pode estar precisando exatamente do contrário: receber

Os líderes evangélicos dizem que não existe representante de Deus na Terra.
Exceto quando se trata do dízimo, pois, ao não entregá-lo para a instituição religiosa, o crente está roubando a Deus.

Os líderes evangélicos dizem que o exame das escrituras é livre.
Mas não aceitam a exposição de opiniões e interpretações diferentes na Escola Dominical.

Os líderes evangélicos dizem que o sacerdócio é universal.
Mas não acreditam que ovelhas possam viver sem se submeter às autoridades eclesiásticas.

Os líderes evangélicos dizem que Deus odeia o pecado e ama o pecador.
Mas não acreditam que Deus possa amar aos “gentios” tanto quanto aos crentes.

Os líderes evangélicos dizem que não existe “pecadinho” e nem “pecadão”.
Mas disciplinam irmãos por causa de alguns pecados considerados mais graves e ignoram outros pecados tidos como menos graves.

Os líderes evangélicos dizem que é preciso amar ao próximo como a ti mesmo.
Mas pensam que o “próximo” se refere somente aos seus irmãos de fé e não aos que confessam outra (ou nenhuma) fé.

Os líderes evangélicos pregam que é preciso dar a outra face ao inimigo.
Mas não fazem desta maneira com grupos pró-aborto, macumbeiros, homossexuais e ateus.

Os líderes evangélicos dizem que Deus é soberano e sua vontade é o melhor.
Mas não tem temor ao aconselhar ao rebanho a exigir que Deus “olhe para eles” para poder tomar posse das benção$.

Os líderes evangélicos pregam que Jesus foi pobre, andou com pecadores, venceu o diabo no deserto e sofreu morte de cruz.
Mas te fazem acreditar que você está pobre (ou no leito da morte) porque não tem fé. Provavelmente está endemoniado e anda com pecadores.

Viver e liderar um evangelho assim é fácil, não?

Saulo Dias Luz, no blog Sal com pimentas [via Pavablog]

Outra espiritualidade

Mudei meu conceito de espiritualidade. Não vislumbro espirituais somente pela exteriorização das emoções, dons, ou qualquer outro paradigma (im)posto pela religiosidade.
Cansei de pautar minha vida pelos estereótipos religiosos – eles enganam, e como enganam.

A igreja de Corinto, pelo menos nos tempos do apóstolo Paulo, podia ser facilmente considerada a mais espiritual de todas as igrejas existentes. Cheia de dons, é para hoje uma igreja modelo – nos moldes néo-pentecostais e pós - modernos. Mas Corinto estava morta, fedia carniça. Os santos que ali viviam já estavam sufocados, quase que morrendo. Esperável, pois, os olhos da religiosidade, que pensa espiritual, aquilo que vem de cima para baixo e não o que se dá de fora-pra-dentro-fora, não conseguem ver frutos, somente casca, seus moldes não vislumbram a raiz, somente o casco.

Espiritualidade nada mais é do que a verticalidade e a horizontalidade da cruz, reverberadas à vida humana, ou seja, minha relação comigo, com o outro e com Deus. Portanto, não me iludo mais com manifestações estéreis.

Quero viver a vida com veemência; quero exercer meu ministério de ser jovem sem medo de ser feliz; quero louvar a vida com choros, risos, lágrimas e gargalhadas; quero jogar bola e saber que assim agrado a Deus, simplesmente por que vivo; quero curtir músicas sem o tal papinho de música do mundo e música de Deus – prefiro Lenine à teologia da prosperidade da marca da promessa que não te deixa perder -; quero exercer os dons do Espírito no ambiente das relações; não quero poder pra chorar ou pra rir, quero mesmo é poder saber chorar e rir; quero pregar Cristo amando o outro sem medidas; quero desenvolver o fruto do Espírito fora dos ambientes religiosos; quero escrever sem medo e sem receio; quero aprender a apreciar a arte, a natureza e a criação; quero literatura, música, teatro, cinema – tenho sede de arte-; quero poder querer sabendo que só de querer alegro o coração do Altíssimo Deus; se isso alcançar, serei o mais espiritual dos homens, porque acreditei em mim, no outro e em Deus, isso sim é ser espiritual.

Em Cristo, a espiritualidade perfeitamente encarnada,

Will no excelente Celebrai!

Viciados em igreja?


Hoje em dia nós ouvimos falar em várias igrejas famosas, nomes importantes de "pastores" que dizem ser milagreiros, curam desde um simples resfriado a um câncer de prostata que você nem sabia que tinha.


Podemos citar aqui o bom e velho Edir Macedo, com sua macumba gospel na IURD e o famoso RR Soares e suas "orações fortes". Esses são dois dos muitos exemplos de "drogas" que vem viciando e prejudicando o cristianismo durante os anos.

Porque "viciados em igreja"?

Pelo simples fato de que a pessoa fica presa a tal local para resolver seus problemas.

Imagine que você está desempregado, sem dinheiro e cheio de dívidas, ou está com uma doença gravíssima, derrepente você se depara com um enorme outdoor que diz: Venha para igreja X, todos os seus problemas serão resolvidos...blá blá blá...

Chamativo para quem está em desespero não?

Pois bem, esse circulo vicioso de solução dos problemas acaba criando um vício no qual a pessoa faz qualquer coisa para obter uma solução do problema, bem semelhante a qualquer droga, como crack, maconha, etc.

Induzidos pela fácil resolução, os "fieis" vão até o local TODA AS VEZES QUE TEM PROBLEMAS! O problema é que isso os torna incapazes de agir e de confiar em Deus, os torna inertes e irracionais, a ponto de apelarem para um curandeiro, ou um boacumbeiro, vidente ou seja lá qual aberração for.

Como consequência essas pessoas NUNCA tem libertação completa e NUNCA saem do vício, porque se sentem presas a "fulano que cura" a "beltrano que tem a solução" e cada vez que elas tem algum problema elas voltam e SE VICIAM NOVAMENTE, buscando atalhos e soluções rápidas para seus problemas como se Deus fosse um guru, um cara ao qual você puxa o saco e traz "oferendas" para obter "vantagens".

Mas porque pessoas são curadas?

Algumas pela misericórdia de Deus, para a Glória de Deus, mas se são livradas de um problema, logo são cobertas por outros e não conseguem sair porque ainda são meninos incapazes de agir e pensar por si mesmos, ou até entender que tudo tem um propósito e NÃO É OBRIGAÇÃO DE DEUS CURAR NINGUÉM!

Tal fato me lembra a passagem de Mateus 8:24...(acho q é essa)

Quando o mar se levantou contra os discipulos eles ficaram desesperados achando que iriam morrer, mas se esqueciam que Jesus Cristo estava com eles e nada de mau poderia lhes acontecer.

Tanto que eles acordaram Jesus e o mesmo acalmou a tempestade, mas eles foram chamados de homens de pouca fé, porque temeram mesmo estando com Cristo...

Talvez o homem seja movido pelo seu medo, medo de morrer, medo de ficar pobre, de passar fome, medo de pecado, medo de diabo... isso é bastante proveitoso para alguns "lobos", porque é facil manipular dessa maneira.

Mas usar isso como jogada de marketing para "chamar fiéis" para a igreja. É certo?
Errado, Deus não é obrigado a resolver problemas, não é psicanalista para estar de hora marcada numa igreja X ou Y. Deus age como ele quer.

O que eu digo é que se confiarmos em Deus e vivermos uma vida Cristã digna, seremos ligados somente a Jesus Cristo, e este por mais que pareça "dormindo" (para alguns Tomé's que só acreditam vendo), Ele enfrentará as "tempestades" conosco para que NUNCA MAIS voltemos a passar pela mesma coisa, e prossigamos nosso caminho de maneira reta.

Se você está lendo este texto e se identifica com um viciado em igreja, acredite: Apenas Jesus Cristo é capaz de lhe ajudar nas suas dificuldades e tormentos e mais ninguém tem a solução senão Ele.

Deus NUNCA vai te livrar de nenhuma responsabilidade e nenhum "aperto" porque ele é justo! Mas com Ele você vai devagar, mas vai bem além dos que buscam atalhos.

Deus abençoe vocês.

Fonte: [ Blog do Leco ] Via [ veSHAME gospel ]

Vi no Bereianos

P.S.: Eu já fui um viciado em igreja. Em quase 10 anos posso contar nos dedos as vezes em que faltei um culto ou uma EBD.
Lembro que meu sentimento quando faltava era de que estava fazendo algo muito errado. Me sentia como um "desviado" quando deixava de ir à igreja - e olha que não faltava por motivos banais. Hoje, estou livre... sóbrio... e abandonei esse vício. Minha confiança, fé e esperança repousam somente Nele que pode me acolher com extrema Graça, que pode ser meu único fundamento de vida...

13 de abr. de 2009

Mercadore$ da fé


Galera, o pessoal do D'Cristo, um grupo de rap, me enviou a música que acabaram de lançar. Gostei e por isso vou divulgar. Ah, claro, vale o destaque para a sacada deles. Em tempos de web 2.0, compartilhamento e interação na grande rede, eles estão fazendo a distribuição do trabalho deles de forma gratuita. Você pode baixar os álbuns, e todo o encarte caso queira imprimir.

Baixe a música: Mercadores da fé
Conheça o grupo: D'Cristo

Ouça a música aqui:


Mercadores da Fé (Letra)


Tem várias placas / Tem vários lobos
Tem vários falsos / Enganando o povo
Tem vários corre / Tem vários
Idolatrando Mamom
Fazendo Bezerro de Ouro

Vai saber, quer o quê?
O que faz o bolso encher
Vai na fé, Mas qual fé?
Não vem dar o migué
Essa parada de enriquecer
Tu quer o quê?
Quer ganhar, multiplicar
mas não dá pra manter
Porque jovem inteligente tem a
Bíblia na mente
Eh de verdade um crente e não se
sente quando sente que não faz
conforme o Pai quer
e por isso fica descontente
com esse mundo não consente
Vem na fogueira e deixa queimar
Dizimar te desafiar e no emocional tocar
Baseados na Pseudo-experiência, misticismo,
dualismo, neo-maniqueismo!
unção do riso, unção do cachorro,
unção apostólica, unção do tombo,
unção da loucura,
Vai na contra-mão do que diz a Escritura
Tem também entrevista com o diabo
células com líderes q estão brigados
E o amor? Esfriou no século passado
mercantilismo gospel, banalização da fé.
Ora volta, vem Jesus de Nazaré

Tem várias placas / Tem vários lobos
Tem vários falsos / Enganando o povo
Tem vários corre / Tem vários
Idolatrando Mamom
Fazendo Bezerro de Ouro


Não compactuo com essa corja de ladrões
Com a promessa de carro e mansões
Dizendo q só basta crer
Manipulando ao seu bel-prazer
Sacrifício financeiro, toma lá-da-cá
Acham que com Deus dá para barganhar
Pedro e João subiram ao Templo para orar
e o coxo veio mendigar
“Não tenho ouro ou prata mas oq tenho te dou”
“Levanta e anda” o servo do Senhor ordenou
E o coxo andou
Quem era o próspero jou?
A marca do cristão deveria ser o amor
Mas numa empresa religiosa se tornou

Make money – Make, make money, money (2x)
Ganhe grana – Ganhe, ganhe grana, grana (2x)

Tem várias placas / Tem vários lobos
Tem vários falsos / Enganando o povo
Tem vários corre / Tem vários
Idolatrando Mamom
Fazendo Bezerro de Ouro

A Bíblia nos diz que Jesus nasceu num estábulo emprestado, proferiu suas pregações num barco emprestado, montou num jumento emprestado, recolheu o que sobrou dos pães e peixes em cestos emprestados e foi sepultado em um túmulo emprestado. Só a cruz era dEle.

Deixa queimar
E a fogueria vai aumentar
Pobreza é falta de fé
mas que fé? Isso não ensinou Jesus de Nazaré
Tem que dizimar
A moda agora é prosperar
Pobreza é falta de fé
mas que fé? Isso não ensinou Jesus de Nazaré

Make money – Make, make money, money (4x)
Ganhe almas – Ganhe, ganhe almas, almas (4x)

Ganhe Almas

De que igreja o mundo precisa?


A maior carência de nosso tempo é de uma igreja que se torne o que ela raramente tem sido: o corpo de Cristo com a face voltada para o mundo, amando aos outros independentemente de religião ou cultura, derramando-se numa vida de serviço, oferecendo esperança a um mundo aterrorizado e apresentando-se como alternativa genuína ao presente estado de coisas. "A igreja digna desse nome é um grupo de pessoas no qual o amor de Deus quebrou o feitiço dos demônios e falsos deuses que estão produzindo neste momento uma fissura no mundo."

Não quero a religião dura e visceral que prefere ter Clint Eastwood, e não Jesus, como herói; nem a religião especulativa que tende a aprisionar o evangelho nos salões da erudição; tampouco aquela barulhenta e indulgente, que é um apelo grosseiro à emotividade. Anseio por entusiasmo, inteligência e compaixão numa igreja despojada, que acene gentilmente para que o mundo venha desfrutar da paz e unidade que possuímos pela presença do Espírito em nosso meio.

Brennam Manning em A assinatura de Jesus

A distância entre o que a igreja tem sido e o que ela deveria ser é uma medida desanimadora para qualquer discípulo sério de Jesus. Mas, como tal, a esperança e a fé numa igreja mais coerente com Cristo são determinantes na vivência das Boas Notícias de nosso Senhor Jesus Cristo e no esforço conjunto para que o Corpo alinhe-se à vontade do Cabeça.

12 de abr. de 2009

Homens e mulheres da Páscoa

É importante e útil lembrar que o valor do sofrimento de Jesus repousa não na dor em si mesma (pois, em si mesma, a dor não tem nenhum valor), mas no amor que o inspirou, como Cirilo, de Jerusalém, destacou muitos séculos atrás. Ele escreveu: "Nunca esqueça que aquilo que dá valor a um sacrifício não é a renúncia que exige, mas a qualidade do amor que inspirou a renúncia". É exatamente assim que devemos nos aproximar do Calvário. A alma humana de Jesus alegrou o coração de seu Pai celestial com a generosidade incontrolável e a obediência inabalável de seu amor.

Felizmente, a cruz não foi a palavra final de Deus a seu povo. Nossa vida cristã contempla, além do Calvário, a ressurreição. É a natureza humana do Cristo ressuscitado, filtrada por inteiro pelo brilho da divindade, que mostra como um espelho reflete tudo aquilo para que somos convocados. O destino de nosso irmão Cristo é o nosso próprio destino. Se sofrermos com ele, com ele seremos glorificados.

O padrão é sempre o mesmo. Todos os caminhos levam ao Calvário. Só alcançamos a vida através da morte; só aprendemos a ternura através da dor; só chegamos à luz através da escuridão; Jonas deve ser sepultado no ventre da baleia; o grão de trigo deve morrer; devemos ser formados à semelhança de Sua morte se queremos nos tornar homens e mulheres da Páscoa.

Brennan Manning em A sabedoria da ternura.

11 de abr. de 2009

Conversas no caminho

"A antipatia que os evangélicos vem conquistando está longe de ser fruto de sua integridade, justiça e compromisso com a verdade, mas é fruto de sua incoerência, hipocrisia, oportunismo e falta de caráter."

"A presença de evangélicos em todas as áreas da vida pública chama a atenção mais pelos escândalos do que por suas propostas altruístas e humanitárias."

"A conversão não implica uma mudança de vida e de caráter, somos mais conhecidos pelo fanatismo, intolerância, fundamentalismo, esquisitice do que por seguir a Cristo, ser seus discípulos."

"O Cristo que queremos servir não é mais aquele que se revela a nós, mas um que nós criamos a partir daquilo que nos interessa."

"Tudo aquilo que é feito sem envolver o coração é feito nas trevas, não importa quão bíblico pareça ser."

Ricardo Barbosa, em Conversas no caminho (Encontro).

Postado por Sérgio Pavarini no mob de leitura Livros só mudam pessoas

10 de abr. de 2009

9 de abr. de 2009

O que é Reino de Deus para você?


Em conversa com meu cunhado, que está lendo A mensagem secreta de Jesus de Brian McLaren, falamos sobre o conceito de "Reino de Deus". Então, perguntei-lhe, em virtude da leitura, qual a idéia de "Reino de Deus" que carregava antes e que definições ele tem assimilado através do que McLaren disserta no livro.

Ele explicou que sua visão de "Reino de Deus" moldava-se no senso comum de que quando morremos haverá um Céu esplêndido e inefável, com anjinhos sobrevoando os ares, onde fixa-se uma paz jamais experimentada e coisas similares que compõem o imaginário da maioria cristã. Entretanto, agora percebe que a idéia de "Reino", a respeito da qual Jesus pregou, difere bastante dos contos apocalípticos que tendemos a ouvir dentro das igrejas. Passou a compreender um "Reino" subversivo, participativo e penetrante.

Os dois chegamos à uma conclusão. A exemplo do que Jesus disse, o "Reino de Deus" está em nós. O que implica no fato de que, se estou no trabalho, carrego o "Reino" comigo; se estou na faculdade, lá também levo o "Reino de Deus"; se em casa, o "Reino" ali estará em mim. Somos agentes desse "Reino" que infere no mundo por meios não convencionais. Outros reinos experimentaram a conquista de outros por meio da violência, da guerra, do poder e da tecnologia que ostentavam. Contudo, o "Reino" que Jesus vem compartilhar contraria estas prerrogativas inerentes a qualquer reinado com vistas à expansão de seu governo.

O "Reino" do Pai não é físico... não podemos apontá-lo ali ou acolá. Seu governo não estabele-se na figura de um só homem, de um só líder de todos. Não há nenhuma autoridade competente. Apenas Cristo é Rei. Desde o momento em que aposso-me do ensino de Cristo e permito-me ser transformado à Sua imagem e Semelhança, através do Evangelho, passo a penetrar o "Reino de Deus" em minha vida e, consequentemente, na vida das pessoas que me cercam. Tal influência não diz respeito à moralidade do outro. Muito menos diz que sou eu o embaixador da boa conduta, conduzindo-me à uma postura legalista. McLaren explica:

"Pode ser que tenhamos pressionado as pessoas a serem boas ou moralmente firmes, corretas ou ortodoxas para que evitassem o inferno após a morte, mas não as inspiramos com a possibilidade de se tornarem lindas e de frutificarem a fim de que a terra fosse curada nesta vida. Podemos tê-las instruído a como ser um bom batista, presbiteriano, católico ou metodista aos domingos, mas não as treinamos, desafiamos ou inspiramos a viver o Reino de Deus em seus empregos, na sua vizinhança, em suas famílias, escolas, clubes ou associações entre um domingo e outro.
Pode ser que tenhamos tentado fazer com que se 'comportassem' - sendo cidadãos tranqüilos de seus reinos terrenos e consumidores ativos com suas economias terrenas - mas não os estimulamos e inspiramos a investir e sacrificar seu tempo, sua inteligência, seu dinheiro e sua energia na causa revolucionária do Reino de Deus. Não, muitas vezes Karl Marx é que estava certo: usamos a religião como uma droga, de modo que pudéssemos suportar as terríveis condições de um mundo que não é o Reino de Deus. A religião se tornou nosso calmante para que não ficássemos tão indignados com a injustiça. Nossa religiosidade, portanto, nos ajudou, e favoreceu os que estavam no poder e que não queriam mais nada além de conservar e preservar a posição injusta que lhes era tão lucrativa e confortável.

O que aconteceria - fico imaginando sentado ao contemplar os magníficos vitrais de uma das catedrais de Praga, Viena, Londres ou Florença - se provássemos novamente as boas notícias de Jesus - não como um calmante, mas como um vibrante, potente e novo vinho que nos enchesse de gozo e de esperança de que um mundo melhor é possível? E se, inebriados por esse novo vinho, lançássemos fora nossa inibição e de fato começássemos a agir como se realmente o Reino escondido, porém real, de Deus estivesse próximo, à mão?"
A mensagem secreta de Jesus, Brian D. McLaren


O que entendemos? O "Reino de Deus" não configura uma realidade distante e pouco provável. A Eternidade começa aqui e agora na medida em que vou aderindo à vontade do Pai no meu contexto de vida. Mas, esse "Reino" não pode ser verificado nos moldes dos governos que conhecemos. Esse "Reino" não tem nada a ver com marchas para Jesus, campanhas de evangelização, ou avivamentos extravagantes. Isso não é "Reino de Deus", é a igreja esvaindo sua energia com tradições, costumes e movimentos que não têm nenhum efeito sobre o Erro.

"[...]Seu Reino não se trata de um show. Não se trata de volume alto de som e de um espetáculo espalhafatoso e reluzente, ou de impressionantes formas externas. Pelo contrário: aparenta bem menos do que é na realidade, secreto, por trás dos palcos e cenários. Suas recompensas não vêm através de desempenho público, mas de vigorosa prática em segredo. Semelhantemente, ele [Jesus Cristo] diz, nossa riqueza deveria também estar por detrás das cortinas; deveríamos "acumular tesouros nos céus" [...]"
A mensagem secreta de Jesus, Brian D. Mclaren

O "Reino de Deus" começa aqui entre nós, os que celebramos o dom da vida abundante de Cristo. Começa com o amor divino expresso em cada atitude ou palavra que procede de cada um de nós. Como Dallas Willard muito bem define, o "Reino em nós" é uma grande "conspiração Divina". Quando escolhemos abandonar o erro e direcionamo-nos à boa, perfeita e agradável vontade do Pai, passamos a colaborar efetivamente com essa "conspiração".

E ao contrário do que muitos pensam, ninguém vai para o Céu.

“A gente não vai para o céu. É o oposto: o céu é que nos entra, pulmões adentro. A pessoa morre e é engasgada em nuvem.” (Mia Couto, Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra, pág. 163)[via Liberdade pela Graça]

Leia +

Reino à mão
Isso é Reino de Deus?
Inacabado

8 de abr. de 2009

Nunca mais...

Palavras sem poesia carecem de paixão; palavras sem paixão carecem de persuasão; palavras sem persuasão carecem de poder. Quando a linguagem do deveria ou do teria que predomina, a palavra pregada e escrita se transforma em terra seca, vazia de paixão, persuasão e poder. No encerramento de muitos sermões, a exortação, "agora façamos..." não carrega convicção nem poder. Sem o compartilhar da experiência pessoal, a pregação profética é impossível. A Palavra de Deus deve estar encarnada na vida do pregador.

A solidão é a fornalha da transformação, e acender o fogo interior é a sabedoria do silêncio. Esta sabedoria torna o discurso pessoal; sem ela, o diálogo é impossível. Palavras sobre Jesus que não vêm de dentro são inúteis, enquanto palavras nascidas do silêncio comunicam conhecimento íntimo, afetuoso e amoroso do Senhor Jesus. No profeta Oséias, Deus fala do modo como um jovem apaixonado poderia convencer sua amada a casar-se com ele: "agora vou atraí-la; vou levá-la para o deserto e falar-lhe com carinho" (2.14).

Rejeite o silêncio e a solidão como troféus reservados a monges e freiras enclausurados, e as consequências para o discipulado serão previsíveis. O critério único para admissão no "Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo" (Mateus 25.34) é a confissão de Jesus como Senhor, não o modo como "algum dos meus menores irmãos" foi alimentado, vestido, recepcionado e visitado. E, no entanto, quando a discriminação contra mulheres continua sem ser combatida; quando as minorias são consideradas cidadãos de segunda classe; quando a liderança é perita nos princípios de megaigrejas e não no culto humilde; quando os pobres e os párias não são bem-vindos à mesa; quando a obediência ao Pai, o serviço amoroso pelos outros e a simplicidade de vida são considerados esfera de ação exclusiva da elite dos que creem; quando a grandeza evangélica é medida pela conquista e não pela pequenez; e quando a rejeição e o sofrimento inerentes ao testemunho ousado da verdade são racionalizados, minimizados e finalmente pulverizados em estudos bíblicos impertinentes, então Jesus é transformado em um anacronismo, seus ensinos são transformados em algo irrelevante e seus seguidores transformados em uma multidão anônima - entretanto, seus investimentos permanecem intactos, seus cartões de crédito e suas quinquilharias assegurados; uma manada constrangida, se movendo em passo de marcha com os bajuladores, absorvida em seus próprios interesses, que se mantém ocupada "expandindo seus territórios para a glória de Deus".

Se conhecêssemos o Novo Testamento de cor, se ouvíssemos seus trovões soando em nossos ouvidos, distinquindo-os dos sons tolos e das sirenes persuasivas do mundo, se soubéssemos de cor ao menos uma sílaba de uma palavra dentro de uma sentença do Sermão do Monte, se déssemos ouvidos à voz da águia de Patmos, se crêssemos que nos deixarmos ser amados por Deus é mais importante que amar a Deus, nunca mais toleraríamos as maquinações de religiosos manipuladores que distorcem a face de Deus. Nunca mais os que caíram seriam humilhados publicamente diante da congregação. Nunca mais pregadores destemperados teriam autorização para aterrorizar pessoas nos bancos das igrejas. Nunca mais nos colocaríamos ao lado de celebridades clericais e nos curvaríamos aos ricos e poderosos. Nunca mais a primazia de amar estaria subordinada a uma suposta ortodoxia. Nunca mais a barra do salto com vara seria rebaixada. Nunca mais nenhuma igreja ousaria fazar mal a outra, e nunca mais a voz profética de um Martim Luther King Jr. ou de um Daniel Berrigan seria silenciada.

Excerto do livro A sabedoria da ternura escrito por Brennan Manning (págs. 22,23 e 24, Uma palavra antes...)

6 de abr. de 2009

Existe Igreja Emergente no Brasil?

Há uma falsa crença acerca da existência de uma igreja emergente no Brasil.

O movimento não existe em sua ideologia pura. As discussões, até então desenvolvidas, são frutos da inconformação de uma minoria que negou a participação no picadeiro do circo neopentecostal. As tentativas de desenvolver o diálogo acerca do movimento emergente está também entre outra parcela que tenta se desvencilhar daquele tradicionalismo coroca e rabugento.

A solução para as inquietações desses dois grupos apareceu, para variar, na nossa metrópole cultural: Estados Unidos. É importante saber que o movimento emergente colhe muito das idéias da Teologia Relacional, que já é discutida há muito tempo na nossa América do Sul. Entretanto a organização do pensamento das comunidades emergentes é declaradamente subversiva e desenvolvida no seio de igrejas protestantes, ou algo que o valha.

Podemos dizer que as boas influências da igreja emergente despontam timidamente em instituições já consolidadas, que optam por um nadar contra a corrente da maioria neopentecostal.

Fato é que muitos se autodenominam emergentes, mas trata-se apenas de uma bela etiqueta para velhas bugigangas teológicas.

A igreja emergente tem sua existência condicionada à sua intenção de desconstruir e de colocar no centro o deus-homem (frágil, pobre) repensando desse modo a velha pirâmide que vê o Deus onipotente, onipresente, dono da prata e ouro: um deus nobre, ao modo burguês (inatingível).

Termino com esse trecho que explica e resume um dos princípios da Igreja Emergente, retirado do muito bem organizado wiki “emergente”.

Evangelismo, portanto, é repensado; deixa de ser proselitista para humildemente caminhar, demonstrar e conviver com o “outro”. Em vez de arrogantes são transparentes e humildes. Em vez de todos procurarem ser chefes, procuram ser servos. Jesus é visto no outro e na outra.

Imagem Mutualistic Symbiotic Relationship de *PhoToronto.

fonte: Livraria do Thiago

P.S.: Bom, se conclui-se que não existe Igreja Emergente no Brasil, é simples questão de tempo... pois, que ela está aí, está...

2 de abr. de 2009

Sobre jacarés e lobisomens (1)


Vou tentar desenvolver um pouco da minha opinião, ainda informe, sobre a questão homossexual em nossa sociedade, no tocante à união legalizada.

Para esclarecer, não sou moralista, nem fundamentalista, nem discípulo do Julio Severo (rs) e muito menos homofóbico. Quem acompanha a proposta do blog percebe o quão pouco convencional sou. Tenho amigos gays, não colegas, amigos mesmo... enfim...

Como cristão, não compactuo com a prática homossexual, tanto quanto não compactuo com a prática da enganação, da violência, da prostituição, da pedofilia, etc, etc. Ainda como cristão, não intrometo na vida de um cara que encontrou prazer inusitado em oferecer o orifício rugoso a outrem, diga-se de passagem, do mesmo "time". E mesmo que, por mais que me esforce por entender - e não entendo - o cara não preferir uma mulher, que ostenta um corpo cuja as linhas são de causar portentosa inveja em qualquer projetista, cujo bumbum, ah! o bumbum... é um ode à sensualidade, à beleza, à arte escultural, é um símbolo... os seios, nem é preciso falar muito. Desde ainda bebês de colo já nos deliciávamos com eles, com a desculpa de que queríamos leite. Infelizmente crescemos e a desculpa já não cola tão bem... a pele da mulher, o cheiro, o gosto da boca, a maciez das mãos... Oh, God! Vou parar por aqui porque por mais que tente não podería compreender um homem preferir um homem a uma mulher. E olha que até entendo uma mulher preferir uma mulher porque mulher é tão bom, mas tão bom... mas, tão bom que às vezes acontece de uma delas cair em si e perceber isso (rs).

Então, como ia dizendo, não tenho o direito de condenar ou julgar os homossexuais. Aliás, ninguém tem direito de condenar e julgar ninguém. Mas, quero tratar dos aspectos que me incomodam no âmbito social e ideológico. A sociedade avança a passos largos, todos sabem. O que outrora era tabu, já não é mais. Vivemos em uma sociedade sexualizada, fato. Atualmente fala-se muito da polêmica PL 122 que tramita no Senado. Em meio a tudo isso o que me preocupa não são os homessexuais e seus estilos de vida, sua homossexualidade. O que me preocupa é o homessexualismo. Isso mesmo, com "ismo". Essa perspectiva doutrinária, ideológica e até "religiosa" dos homossexuais e simpatizantes (o que é um simpatizante? existe simpatizantes de héterossexuais?) me causa certo incômodo.

Querendo ou não, sei que o pós-modernismo e sua relatividade está aí, e tentar manter uma opinião quase retrô não é o jeito mais descolado de ser um "nice guy". É que em meio a tanto "open your mind" e "free your mind" fico com a sensação de que tudo ainda vai dar em "merda", como diria o Capitão Nascimento.

Em alguns países o casamento gay já é uma realidade com respaldo na lei. Não tenho nada contra um casal gay se unir e morarem juntos. Como já disse, não é da minha conta. Mas, casamento? Matrimônio? Não sei se estou pronto para engolir... não sei se estou pronto - e talvez nem queira estar - para passear com meu filho no parque, em meio a outras famílias, casais de namorados, cachorros, crianças, casais homossexuais e, ocasionalmente, ouvir meu filho indagar:

- Papai, quando crescer posso casar com o Pedrinho? Gosto muito dele... meninas são chatas! Não gosto delas...

Meu medo é ver os limites serem totalmente extinguidos da sociedade. Quebrar paradigmas é necessário, mas, romper totalmente com uma estrutura humana tão natural da sociedade, tão inerente, tão Divina... me assusta! As pessoas são livres, vivemos em uma democracia... se a maioria permitir a implementação de leis que mutabilizem o conceito utópico de família, que ainda carrego, eu como minoria devo prestar meu respeito e aceder à opinião majoritária.

Mas, o que fazer com os casais gays que queiram se unir como marido e mulher? Aliás, deveríamos criar outros termos? Como marido e marido, mulher e mulher? Ou, "eu vos declaro parceiro ativo e parceiro passivo"? E entre mulheres? Existe ativa ou passiva? Desculpem minha ignorância nesse sentido. Me pergunto, quais alterações retroativas deverão ser feitas para viabilizar o casamento gay em nossa Constituição? Presumo que a definição de família deverá ser adaptada.

Seria injusto dois gays que viveram juntos há anos, que batalharam para ter seus bens materiais e, no fim das contas, se separam e deparam-se com nenhum respaldo legislativo que os conduza a um "processo de divórcio". Será necessário instituir o casamento gay para resolver esse problema? Não acho necessário. Pode-se muito bem articular contratos que terão os mesmos resultados. Tá, não dá na mesma que casamento civil? Quase. Mas, como disse, minha inquietação é com a parte ideológica, doutrinária da coisa... talvez apenas trocar os nomes dos documentos me causasse maior alívio. Hipocrisia?!

No final das contas, meu receio é ver a Família deformada... é ter a impressão de que uma sociedade relativista, pós-moderna demais, com argumentos viáveis, dificilmente contestáveis e bem construídos, se achegue cada vez mais perto daquela sociedade vítima de um fenônemo celeste trágico.

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