29 de jul. de 2009

Empurradores de moral

Caverna é a antítese da igreja de nossos dias. Antes de tudo, uma caverna não é um lugar confortável, repleto de pessoas bem vestidas com roupas de grife, que estacionam seus carrões em um estacionamento subterrâneo ou contiguo; leitoras da bíblia NVI e dos livros da moda, tais como: “Por que você não quer mais ir à igreja” ou “Viciados em mediocridade”. Na Caverna não há um pastor efetivo, cercado de obnóxios por todos os lados, com seu diploma do mestrado, expedido na metodista, pendurando na parede do seu gabinete pastoral. Aliás, na Caverna não há gabinete pastoral. O único gabinete existente é a própria Gruta onde só se vê estalactites e estalagmites, por todos os lados. O que mais se parece com um pastor na Caverna é um cara destruído por sua insistência compulsória em nadar contra a corrente da falsa moral. O resto é pedra e água. É bom lembrar que Jesus tinha em mente construir sua igreja em uma Caverna, ou você não lembra que ele disse: “sobre essa pedra edificarei minha igreja”. Não precisamos de um estacionamento, pois não temos carro. Alguns andam em motos 125 cc, por aí, sob o risco de morrer na marginal. Tampouco temos espaço para armar uma grande tenda, enche-la de cadeiras de plástico desconfortáveis e um big púlpito de acrílico sobre um palco . Na Caverna, dificilmente as pessoas sentam e, quando o fazem, é no chão mesmo, em outras palavras, no pó. Nas igrejas da moda busca-se o bem em detrimento do mal, enquanto na Caverna queremos a verdade, posto sermos um bando de pessoas cansadas dessa gente repleta de bem que nos faz tanto mal e nos privam da verdade. Nossas bíblias sem marcas estão sendo desconstruídas por nossa experiência e pelas falácias teológicas e filosóficas inconsistentes dessa gente cheirosa, sempre importadas do reino do norte. Nós sabemos o quanto nos distanciamos deles quando falamos de nossa situação financeira a perigo, de nossa saúde capenga ou de quaisquer outras de nossas mazelas. Na Caverna não há vencedores, aliás, eles nem sabem onde estamos. Por outro lado não há perdedores, pois não temos com quem competir. Aqui não nos envergonhamos quando nossa despensa está vazia, nem mesmo estranhamos a lágrima vertida diante da ação bondosa representada por uma mão tremula estendida em favor de alguém caído. Nem sequer precisamos estar em algum buraco da terra para estar na Caverna. Na verdade, Caverna é nossa verdade, muito mais do que um lugar. Talvez nós sejamos os viciados em mediocridade e, certamente, as pessoas que não querem mais ir à igreja. Afinal, se ser medíocre é não querer fazer parte do bem e do mal deles, certamente nós os somos, seus protagonistas prediletos. Qual é a moral deles? Sim porque eles querem nos fazer engoli-la. Deus está ao lado dos vencedores? Então não quero nada com Deus. Não falo por mim, mas se há um Deus, ele viria em favor dos doentes e não dos sãos, então é desses a quem me refiro. A Igreja de nossos dias não precisa mais de um salvador. Seus pastores se bastam como tal. São emanueis montados em suas Harleys e vestidos em seus mantos La Coste. Mas os membros dessas igrejas nos visitam e até nos dão esmolas, vez em quando, só não nos convidam para cear com eles, pois poderíamos envergonhá-los com nosso cheiro e nossa roupa desgastada. Procuram-nos por alguma profecia ou um resquício de verdade. Tenho uma coisa liquida e certa, a verdade não é o maniqueísmo, nem o dos tempos de Agostinho e muito menos o atual. A verdade será Cristo?


Lou Mello, em uma excelentíssima reflexão, profunda, realista e, como sempre, contundente, no seu novo blog (+ um? rs) Caverna do Lou

27 de jul. de 2009

Poema do cristão cult pós-moderno


Baseado nas 10 atitudes para tornar-se um cult da espiritualidade pós-moderna, postado por Genizah, via Teologia Pentecostal via Pastor Julio Soder.

Cabe aqui a manifestação de que provavelmente me encaixo em boa parte do que dizem ser um "cult da espiritualidade pós-moderna". Gosto dos livros do Brian McLaren, por exemplo. Entretanto, acho saudável a crítica de muito do que faço.

Poema do cristão cult pós-moderno
(por Victor Fontana)

Eu prefiro ser
Uma metamorfose ambulante
Inda que eu caia
Num oximoro ululante
Porque entre ortodoxo
E heterodoxo
Sou mais o paradoxo
Sou parte da maré
Que rema contra a maré
É moda ser contra a moda
Você sabe como é
Sou a igreja sem religião
E quando de mau humor
Sou sem Cristo um cristão
Prego tolerância e amor
Com ódio e transgressão
Ofendo e escandalizo
Em nome da missão?

Fonte: Cristão Inteligente [via Genizah]

Faço das palavras do Victor as minhas. Me encaixo em boa parte dessa crítica! Mas, aos poucos a gente vai melhorando... rs

Matrix, os evangélicos e a crise do real e do irreal.

Há pouco eu revi a trilogia do filme Matrix. O filme apresenta como tema a luta do ser humano, contra o domínio das máquinas que evoluíram após o advento da Inteligência Artificial. Em um recurso extremo para derrotar as máquinas, a humanidade cobriu a luz do Sol para cortar o suprimento de energia das mesmas, mas elas adotaram uma solução radical: como cada ser humano produz, em média, 120 volts de energia elétrica, começaram a cultivá-los em massa como fonte de energia. Para que o cultivo fosse eficiente, os seres humanos passaram a receber programas de realidade virtual, enquanto seus corpos reais permaneciam mergulhados em habitáculos nos campos de cultivo. Essa realidade virtual, que é um programa de computador ao quais todos são conectados, chama-se Matrix e simula a humanidade do final do século XX.
O filme é repleto de mensagens sutis, dentre as quais da existência de pessoas que preferem viver no mundo irreal a libertar-se da Matrix. Isto me faz lembrar inúmeros crentes em Cristo Jesus que optaram por viver a vida cristã em casulos ilusionários. Para estes, não vale a pena livrar-se dos habitáculos escravocratas, até porque, o mundo real vai de encontro a tudo aquilo que sempre combateram. Os crentes “matrixados” preferem a prisão dos usos e costumes a liberdade em Cristo Jesus. Aliás, você já se deu conta da existência de cristãos que não conseguem lidar com a liberdade? Para estes, o cristianismo não é libertário, e sim “budificado” e “carmático”. Neste contexto, usar maquiagem, brincos, pulseiras e anéis, ouvir música do mundo, jogar futebol, tomar um cálice de vinho com o cônjuge em datas especiais, dentre outras coisas mais, pode ser considerado libertino e demoníaco.

Prezado amigo, infelizmente um número significativo de cristãos, salvos em por Deus, ao ouvirem a mensagem libertadora do evangelho de Cristo, recusam o mundo real preferindo o “lerê, lerê” da Matrix.

Pense nisso!

Renato vargens, no seu blog homônimo.

Tudo a ver, né?! rs

Aqui no blog você pode encontrar vários textos sobre essa alusão alegórica do filme Matrix. Leia + abaixo:

  1. O que é pílula vermelha?
  2. E se a igreja fosse uma Matrix?
  3. Desconstrução
  4. Tomei a pílula vermelha
  5. Não procuram "i"grejas que te acolham
  6. Entrevista com Thiago Mendanha
  7. Tomou a pílula vermelha
  8. Alguém que tomou a pílua vermelha
  9. Cansada da cartilha

26 de jul. de 2009

A Igreja que não existe mais!


“Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos.” At 2. 43-47

Na época do surgimento da Igreja do Novo Testamento, a palavra igreja significava, apenas, uma reunião qualquer de um grupo organizado ou não. Assim, o texto nos revela que havia um grupo organizado em torno de sua fé (Todos os que criam estavam unidos) – todos acreditavam em Cristo.

Segundo o texto, os participantes do grupo do Cristo não tinham propriedade pessoal, tudo era de todos (tinham tudo em comum)– os membros desse grupo vendiam suas propriedades e bens e repartiam por todos – e isso era administrado a partir da necessidade de cada um; e se reuniam todos os dias no templo; e pensavam todos do mesmo jeito, primando pelo mesmo padrão de vida (unânimes); e comiam juntos todos os dias, repartidos em casas, que, agora, eram de todos, uma vez que não havia mais propriedade particular; e eram alegres e de coração simples; e viviam a louvar a Deus; e todo o povo gostava deles, e o grupo crescia diariamente. Diariamente, portanto, havia gente acreditando em Cristo, se unindo ao grupo, abrindo mão de suas propriedades e bens e colocando tudo a disposição de todos.

Essa Igreja era a Comunhão dos santos – chamados e trazidos para fora do império das trevas, para servirem ao Criador, no Reino da Luz.

Essa Igreja não precisava orar por necessidades materiais e sociais, bastava contar para os irmãos, que a comunidade resolvia a necessidade deles.

Deus havia respondido, a priori, todas as orações por necessidades materiais e sociais, fazendo surgir uma comunidade solidária.

O pedido: “O pão nosso de cada dia, dá-nos hoje. (MT 6.9) ” estava respondido, e diariamente.

Então, para haver o “pão nosso” não pode haver o pão, o bem ou a propriedade minha, todos os bens e propriedades têm de ser de todos.

Mais tarde, eles elegeram um grupo de pessoas, chamadas de diáconos – garçons, para cuidar disso (At 6.3). Então, diante de qualquer necessidade, bastava procurar os garçons, que a comunidade cuidava de tudo. Era o princípio do direito: se alguém tinha uma necessidade, a comunidade tinha um dever.

Essa Igreja não existe mais! Leia +.

Fonte: Blog do Ariovaldo Ramos [via Pavablog#]

Reforço a importância de ler todo o texto no blog do Ari. Excelente! Essencial e lúcido!

Jesus e o "foda-se"


Eu sei que não devo ficar ansioso por causa de nada e blábláblá. Sei também que os cuidados deste mundo não podem sufocar a minha fé. Mas será que Jesus teve que passar pelo mesmo sofrimento desnecessário que muitas vezes passamos? Este não é um rascunho de idéias sobre fé, mas sobre motivações.

Não acredito que a vida seja tão difícil quanto alguns afirmam. Na verdade tudo pode ser simples e até divertido às vezes. O problema geralmente está na abordagem que preferimos utilizar para definir o que devemos ou não priorizar. Por exemplo, sinto que embora meus valores continuem intactos, ao priorizar atividades moralmente corretas dentro da vida eclesiástica (do tipo “todo mundo faz assim”), acabo por sabotar a mim mesmo. Não é que não acredito no trabalho em si. O problema é um pouco diferente. Na ânsia de atender às cobranças efetuadas através de métodos de gestão empresarial, acabamos por dar um tiro no pé de tanta preocupação em cumprir prazos, preencher planilhas, organizar agenda, fazer lista de tarefas, responder e-mails, participar de reuniões e principalmente prestar contas formalmente. E não tem jeito. Ou você se enquadra, ou dança.

Aí fico pensando na atitude de Jesus ao criticar todo o sistema. Parece que não preocupou-se tanto com a carreira rabínica e com a eficácia de “transformar” as coisas de dentro pra fora. Ele simplesmente apertou o botão do “foda-se”, disse o que precisava ser dito e fez o que precisava ser feito. Virou as costas pra “unidade”, mesmo tendo afirmado que, embora as práticas tornaram-se nulas, o ensino farisaico ainda estava correto.

Imagine um homem que tem grandes inimigos em potencial, capazes de lhe causar muitas dores. Para prevenir-se contra todo sofrimento, julgou ser prudente traze-los para perto de si, em seu círculo de relacionamento. Através de uma amizade sincera, evitaria com que as ações destas pessoas pudessem se tornar destrutivas a ponto de atingí-lo. Teoricamente a intenção está absolutamente correta. Mas não seria esta atitude mais uma maneira intencional de exercer controle sobre as situações?

Ainda tento entender como é possível conviver com esta dualidade de possuírmos um espírito livre e ao mesmo tempo sermos escravos uns dos outros. Às vezes penso que a expressão “escravos uns dos outros” na verdade seja uma metáfora para fugirmos de toda forma de controle e ao mesmo tempo nos submetermos a todos os que não tentem nos controlar. O difícil é discernir a verdadeira sinceridade.

Enquanto as coisas não se esclarecem, vou criar uma listinha de 10 coisas importantes a se fazer para sobreviver:

  1. Concentre-se em Deus. Ele é mais importante que as pessoas.
  2. Preocupe-se com as pessoas. Elas são mais importantes que as instituições.
  3. Preocupe-se com si mesmo. Se não estiver bem, não vai prestar pra nada.
  4. Insista em amar as pessoas verdadeiramente. Isto é um exercício mais difícil que musculação.
  5. Converse com as pessoas que não esperam sua atenção. Principalmente os invisíveis (tipo mendigos).
  6. Divida tudo. Sem excessões. Dê 50 reais pro vigia do carro. Chame alguém na rua para lanchar.
  7. Desista de ter resposta para todas as perguntas. Entenda a importância de dizer “não sei”.
  8. Beba devagar. Sinta sua vida medíocre em cada gole.
  9. Seja grato.
  10. Aprenda a andar com o botão do “foda-se” apertado. Às vezes funciona bem.

Fonte: Ariovaldo.com.br

Cara, posso garantir que esse botão funciona mesmo, viu?! rs

Adestramento cristão


Crente é um bicho estranho. Você grita “AMÉM?” e ele responde gritando o mesmo. Se perguntar pela segunda vez, ele responderá mais alto. Se no meio do louvor você gritar “pule na presença do Senhorrrrrrrr”, então eles pulam. Se você dançar de modo estranho, verá correspondência imediata nas pessoas.

Sua linguagem é facilmente influenciável por jargões. Basta pegar qualquer expressão bíblica cujo significado seja obscuro para a maioria, e pronto! Também colam as expressões inventadas que possuem aparência de espiritual, como por exemplo “ato profético”. Difícil de crer que nem existe esta expressão na Bíblia né?

Facilmente também estereotipamos outras coisas que fazem do crente um ser quase alienígena: os lugares que frequenta, o conteúdo de suas conversas e a aversão às coisas “do mundo”.

Pena quem os crentes não são condicionados a obedecer a todo tipo de “comando”. Parece que o adestramento a que foram submetidos possui limitações. Nem todos aceitam sugestionamentos que os levem a renunciar a seus interesses; ou dividirem suas posses com os necessitados; ou mesmo disponibilizar tempo para aqueles que estão abandonados em asilos, orfanatos e nas ruas.

Ah… antes que eu me esqueça, quero deixar claro que amo os crentes. E exatamente por ser um deles é que me incomodo tanto com estas coisas incompreensíveis que aceitamos passivamente em nossa conduta.

Fonte: Ariovaldo.com.br

Posso ouvir (ler) um "Amém" nos comentários?! rs

24 de jul. de 2009

Cansado de gente cansada da igreja!

Jarbas Aragão


Durante minha caminhada cristã, desde 1993 para ser mais específico, encontrei com todo tipo de crente. Gente que ama e gente que odeia a igreja. Gente que se alegra pelo crescimento dela e gente que se desespera com isso. Gente que acredita na instituição e gente que não acredita. Eu mesmo já tive altos e baixos na fé, já troquei de igreja, de denominação e de “ministério” amais de uma vez. Os motivos foram vários, desde uma questão de geografia até a mais pura e simples incompatibilidade teológica com o(s) pastor(es). Também já tive um tempo (curto) fora da igreja. Sei como se sentem os que saem da igreja.

O que me faz repensar muitas vezes até que ponto essa aparente crise de confiança na instituição que parece ter se popularizado nesta era da internet. Tenho visto nas redes sociais e nos blogs que se multiplicam diariamente muita gente só reclamar da igreja. Alguns apenas repetem o mantra “Jesus não fundou uma igreja”, outros foram profundamente ofendidos/feridos por algo ou alguém dentro de uma igreja e reagiram. De um tempo pra cá surgiram vários livros sobre o assunto, tanto nacionais quanto traduzidos. Lembro dealguns: Igreja? To fora (Ricardo Agreste), Igreja: por que me importar? (Philip Yancey), Igreja? e eu com isso (Ariovaldo Ramos) e mais recente o candidato a best seller “Por que você não quer mais ir à igreja” de Wayne Jacobsen e Dave Coleman.

Sejam os livros, sejam o blogs, todos tem seus argumentos (pró e contra) e certamente bons motivos para estimular seus leitores a irem (ou não) à igreja. Até ai eu entendo e posso concordar. O que eu não entendo é porque vemos tanta gente agir da mesma maneira que os que ele condena agem. Eu explico. Leio textos de pessoas que atacam a instituição igreja com tanta convicção e paixão que acabam mostrando o mesmo tipo de intolerância com quem pensa diferente quanto tem/teriam os membros das igrejas que eles participaram. É uma verdadeira enxurrada de material ridicularizando este ou aquele pregador, esta ou aquela igreja, este ou aquele ministério. Isso me cansa. Esse enfado proclamado aos quatro ventos enfada também! Não quero dizer que não existam pastores maus, ou igrejas que manipulam ou exploram as pessoas. Mas a premissa de fazer disso uma regra é cansativa demais. Parece que ninguém mais presta!

Realmente não vejo sentido em ficar tanto tempo argumento contra algo, se a melhor opção seria sair de trás do computador , da sua zona de conforto e fazer algo de construtivo. Essa era a motivação de Jesus, afinal não vemos no NT ele reclamando o tempo todo do sistema judaico. O Senhor que muitos desses cristãos cansados de igreja dizem seguir mostrou sua insatisfação sim, mas agiu também. Jesus não ficou apenas fazendo piadas dos sacerdotes, nem escreveu textos ridicularizando os rituais e sacrifícios judaicos, tampouco incentivou os judeus sérios a simplesmente pararem de ir ao Templo. Da mesma maneira, os reformadores foram o que o nome indica, pessoas que buscaram reformar o que estava errado. Protestante no sentido de protestar contra o que estava ruim, errado, distorcido. Quando não conseguiram o que queriam, fundaram sua própria igreja. Sim, isso causou alguns problemas (e às vezes causa até hoje). Mas ao menos foi uma atitude coerente com o que pensavam.

Hoje em dia parece que é muito mais fácil ficar em casa apontando o dedo pros erros alheios. É fácil criticar todos os pastores e todas as igrejas como se fossem tudo a mesma coisa. Não sou cego aos problemas da igreja evangélica brasileira, nem penso que o cristão sincero não pode pensar. O que me cansa nisso tudo é ver que existem tantos ministérios sérios por aí, tantos missionários que dão sua vida pelo evangelho, tanta gente que só quer anunciar a salvação e viver pra Deus. Esse em geral eu não vejo eles escreverem nada, estão ocupados demais trabalhando em prol do Reino.

A maioria do pessoal que se diz cansado (ou livre) de igreja no fundo se acha melhor que nós, “os pobres coitados” que ainda acreditam que a Bíblia ensina que existe um corpo de Cristo e que esse corpo deve se reunir, algo instituído por Deus para que o evangelho seja anunciado. Gostaria realmente de saber até aonde vai o compromisso desse pessoal que se vangloria de estar cansado e de ter se libertado da instituição. Quantas pessoas eles levaram a Jesus no último ano? Quanto investiram do seu bolso na propagação do evangelho? Quanto tempo passaram orando por mudanças na sua própria vida? Orando pelos líderes que eles gostam de atacar? Uma resposta honesta seria bem-vinda. Acho que surpreenderia a muitos.

Poderia citar aqui muitos versículos para defender a igreja, mas não preciso fazer isso. Qualquer um que leia com honestidade o NT sabe como a igreja é retratada em suas páginas. Mas realmente estou cansado desse pessoal tentar fazer com que outros abandonem os bancos das igrejas. Já estive em igrejas em quatro continentes. Ela segue existindo, quer eles queriam quer não queiram. Por mais que se acuse e se ataque, tem dois mil anos que ela anda por ai e pelo que sei só terminará com a volta de Cristo.

Termino com um pedido e um lembrete. Pedido: Sua igreja está ruim? Faça sua parte para melhorá-la. Não deu, não quer? Abra sua própria igreja (não conheço outro termo bíblico para reunião de cristãos, sorry)! Aproveite essa disposição e inteligência que Deus te deu para ajudar outros a conhecer o caminho para Deus. E o lembrete? Meus caros irmãos cansados da igreja, Lucas 6:42 também vale para você “Como poderás dizer a teu irmão: Deixa, irmão, que eu tire o argueiro do teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.”


Este texto foi publicado no Blog dos 30 pelo Jarbas. É nele que todo dia 16 eu posto um texto meu.

Vou deixar abaixo o comentário que fiz lá:

Jarbas, ainda bem que não seguiu o raciocínio de seu texto e nos brindou com esta pertinente reflexão, "perdendo" seu tempo ao escrevê-lo.

Há aproximadamente quatro anos que não faço parte de nenhuma igreja denominacional ou institucionalizada. Nesse período passei do extremista, que parecia querer jogar dois mil anos de Cristianismo pelo ralo, a alguém com uma "ortodoxia generosa", tomando emprestado o conceito de Brian Mclaren em seu livro homônimo.

O que mudou em relação a Jesus? Posso dizer que meu amor por Ele é o mesmo, com seus "altos e baixos". O que mudou em minha fé? Praticamente é mesma fortalecida na dúvida. O que mudou em relação às pessoas? Muito mudou nesse sentido pois tornei-me menos sectarista ou alienado. O que mudou na oração? Bom, nunca fui exemplo disso na verdade, mas, ao menos experimento mais sinceridade em mim nas minhas poucas orações em relação às muitas de outrora cunhadas religiosamente. O que mudou quanto ao pecado? Senti-me mais livre e menos bitolado com pecado. Por consequência acho que passei a pecar menos quando simplesmente perdi a neurose religiosa do pecado. Acho que experimentei o que é ser livre do pecado. Claro, o que não quer dizer que não peco...

É sempre uma tendência radicalizarmos. Quando estava "dentro da igreja" institucionalizada ou denominacional eu era um tipo de fanático extremista e se tivesse vislumbrado meu futuro acho que queria um ataque de desespero ao saber que um dia deixaria de frequentar igreja. Hoje olhando para trás, quase fico constrangido com o modo como eu pensava e vivia minha fé.

Mas, estamos todos numa grande jornada a exemplo da magnífica obra de John Bunnyan, O Peregrino. Cada um experimenta um momento na fé, uma maturidade particular e acho que o importante é tentar fazer com que todos continuemos indo para o mesmo lugar (ou no caso rumo à mesma pessoa, ao mesmo Senhor, Jesus Cristo).

A cada dia que passa percebo que pouco (ou muito) é necessário: amor, amor e amor! E que este venha do Pai aos nosso corações moldando nosso caráter e nosso ser.

Ok, não estou dentro da "igreja institucionalizada ou denominacional", mas faço parte do Corpo de Cristo ainda assim. Sei que muitos não me consideram assim, mas eu os considero em detrimento disso. A gente aprende que limites são coisas estritamente humanas e que Deus é estritamente além de qualquer limite que imponhamos.

Talvez minha juventude me impulsione à aversão que alimento aos Sistemas, de quais naturezas sejam, mas principalmente religiosos. Porque tais na grande maioria massacra as pessoas que sinceras buscam o Pai. Às vezes, claro, sei que tenho que me esforçar para não projetar isso naqueles que fazem parte do Sistema e até o alimentam, mas que não são o Sistema. Estou aprendendo e dependo da Graça para isso!

O que me chamou a atenção em seu texto é o cansaço. Acho que estou cansado de alardear um repensar da Igreja de Cristo. Quando comecei a proporção era pequena. Agora parece que já temos muitos dispostos a isso.

Acho que vou me ater mais à minha experiência eclesial ou no popular mesmo, desfrutar melhor de meus irmãos. As coisas acontecerão...

Um forte abraço!

23 de jul. de 2009

U2 \\ I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight


Novo clipe do U2 do álbum No Line On The Horizon. Yeah! Clique aqui p/ assistir.

20 de jul. de 2009

Sobre ser Igreja, Estar Igreja e Outras Variantes Gramaticais


Tenho a impressão de que a forma que as pessoas utilizam determinadas palavras em seus discursos expressa muito do que elas pensam sobre esse termo. Jacques Derrida, um dos filósofos da chamada pós-modernidade, nega que a linguagem tenha um significado fixo relacionado a uma realidade fixa ou que ela desvele uma realidade definitiva. Dentro dessa perspectiva a palavra falada está intimamente ligada a sua fonte.

Ora, nessa perspectiva linguística percebemos como o termo "Igreja" é utilizado de formas tão variadas e contém significados totalmente díspares entre pessoas que compartilham do mesmo ambiente social.

Quando "vamos à igreja", a Igreja se torna mero objeto indireto, e quando fazemos uma campanha para "construirmos uma nova igreja" ela se torna objeto direto. Nessas visões a Igreja é vulgarmente isso: um objeto de nosso capricho e desejos sórdidos em dominar algo do qual não temos controle.

Porém quando "somos a Igreja" ela se torna predicado e quando a "Igreja somos nós" aí sim ela é sujeito. Sujeito esse que consequentemente necessita de um verbo para completar essa oração.
A grande questão é que em nosso jogos linguísticos achamos que estamos falando da mesma coisa, mas o diálogo torna-se impossível porque enquanto uns são sujeitos de suas ações e de suas existências outros apenas tornam suas ações objetos de seus egos inflados.

Enquanto não se compreender essas diferenças linguísticas sempre será impossível ser Igreja sem ir a igreja, será incompreensível estar Igreja sem pregar igreja. O discurso nesse caso volta a ser católico medieval, extra ecclesia nulla salus, fora da igreja não há salvação; e sendo discurso é sempre escravo da linguagem e de seus signos.

Mais do que a nova reforma ortográfica da língua portuguesa torna-se necessário a reforma gramatical dos conceitos eclesiais e a reforma de pessoas que teimam em serem prisioneiras da Letra que mata em vez de livres no Espírito que vivifica e santifica a Igreja.

William Koppe, no blog Penso. Logo creio

17 de jul. de 2009

Que porra de Evangelho é esse?


A prova de que o cristão não anda muito interessado em aprender sobre Cristo é o fato de que nesse momento muitos cristãos conhecem maravilhosamente bem o significado de porra mas nunca se interessaram em ler ao menos os evangelhos. Cai como uma luva sobre a igreja brasileira a já tão conhecida frase do Tony Campolo: “Enquanto você dormia ontem, 30000 crianças morreram de fome ou de doenças relacionadas a má nutrição. E mais, a maioria de vocês nunca ajudaram em merda nenhuma. E o que é pior: você está mais perturbado com o fato de eu ter dito “merda” do que com a notícia de que 30000 crianças morreram de fome na última noite.

Qualquer um que vai à igreja se depara com uma deturpação da lei da semeadura que apresenta-se de maneira tão clara:

Gal 6:7 Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará.
Gal 6:8 Porque quem semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas quem semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.

Como não poderia deixar de ser em um momento que a alienação atinge altíssimos níveis na igreja cristã - a batida contínua na mesma tecla ocorre somente porque é o que se pode ver diariamente desde igrejas de fundo de quintal a templos enormes portanto, calar-me ao meu ver é ser conivente - interpreta-se um versículo que fala de recompensa pós-vida para alimentar um povo fanático com falsas esperanças de vitórias.

O primeiro erro está em pensar que semear é cumprir ritos considerados sagrados por humanos. Sim, é difícil de acreditar mas, ainda existem pessoas que acreditam que não fumar, beber ou xingar é mais importante do que coisas extremamente piegas como amar e perdoar. A constatação do motivo é fácil e simples: o cristianismo não é simples, ele é conciso. Quando nos utilizamos da famosa e clássica definição de empatia:

Mat 7:12 Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas.

não estamos dizendo que o evangelho é simples ou de fácil entendimento prático, observa-se que Cristo definiu a prática das boas-novas de forma concisa, até porque se o cristianismo fosse de fácil compreensão a prática, mesmo por aqueles que dizem não viver uma religião, seria bastante palpável.

Na realidade o que se prega em quase todo culto o qual você tenha o desprazer de ir não passa de uma imitação barata do tão afamado Karma. Faça uma coisa boa e algo bom acontecerá e o mesmo ocorre com o oposto, essa é a definição mais simples de karma. Ou, quem sabe, pregadores, no afã de agradar o lado científico, tentam aplicar a Terceira Lei de Newton conhecida como Lei da Ação e Reação a uma mensagem totalmente metafísica.

Bastante clichê o discurso de crítica à igreja, no entanto a putaria que estão transformando a interpretação bíblica é tão absurda que falar palavras consideradas de baixo calão não chega nem perto da enganação e do prejuízo que os evangélicos trazem a sociedade. Fazem uma orgia de significações com um único, simples e absoluto objetivo: agradar seus próprios egos. Quem terá coragem de dizer que nenhuma personagem bíblica da Nova Aliança se deu bem em vida? Que os mais fieis tiveram mortes terríveis? Que o cristianismo não é uma vitória em vida? Que porra de Evangelho é esse que dizem pregar?

P.S.: O objetivo do uso de palavrões é causar impacto no sentido de que é isso, em linguagem clara e simples, que os não-cristãos perguntam quando vêem escândalos e mais escândalos, incoerências e fanatismo. A mensagem de Cristo é clara, apesar de João 13:35 não se fazer presente nunca.

P.S.: Peço desculpas aos que não gostam de ler tais palavras, me apoio na licença poética apesar da falta de poesia.

Raphael, no blog Rapensando

16 de jul. de 2009

Por que odeio a igreja



Nada nessa vida me causa mais incômodo que a dependência. Sério! É uma situação que me deixa mal. Depender dos outros não me deixa confortável. Quer um exemplo? Não aguentei ficar sob as asas da minha mãe até os 18 anos de idade. Não via a hora de poder livrar-me da submissão financeira, moral e da obediência que lhe devia. Não confundam nada disso com rebeldia ou com não gostar da minha mãe. Eu simplesmente não suportava depender dela. Com 17 anos mudei de casa. Aliás, mudei de cidade. Arrisquei mesmo! Sem dinheiro e sem trabalho em vista fui morar com minha tia. Minha intenção era com no máximo dois meses conseguir um emprego e alugar um quartinho e sair da casa dela. Que ingênuo que fui. Não consegui tal prodígio em menos de dois anos.

Ok, tinha conseguido livrar-me da dependência da minha mãe, mas passei a depender da minha tia. Que situação! Com certeza não era tão cômodo como morar com minha mãe...
Quando você depende de alguém você não pode afrontá-la porque correrá sério risco de ser lembrado que depende dela. E isso é muito constrangedor. Você tem que saber qual é o seu lugar! Acho que deu pra notar que não sou muito “família”. Não sou de ficar visitando parentes e nem de ficar amolando nenhum deles com favores. Sou do tipo que prefere fazer os favores e evitar ao máximo precisar pedi-los.
É por isso que odeio família. Odeio saber que caso algo me ocorra é com eles que posso contar. Odeio ter que admitir que se eles precisarem de mim podem me procurar e ajudarei no que estiver ao meu alcance. E é justamente isso que é ser família. Você deve estar pensando: “mas, que idiota!”.

É verdade, sou um idiota! Essa é a natureza do ego humano. “Eu” odeio família porque não gosto de depender de ninguém. Tem coisa mais egoísta? Da mesma forma odeio a igreja. Porque somos uma família! E como família um deve poder contar sempre com o outro. Mas, a igreja é um tipo de família diferente. É uma família que transcende a herança e ligação genética. É uma família de um Sangue apenas. O Sangue de Cristo é que nos torna uma grande e diversificada família. Nosso laço sanguíneo deu-se na Cruz do Calvário. Nosso vínculo familiar dá-se através da Redenção do ser. Somos todos nascidos do mesmo Espírito e irmãos pelo mesmo Sangue.

Como família dependemos uns dos outros. Como família precisamos uns dos outros. A nossa relação deve ser diferente. Deve haver autenticidade, humildade, altruísmo, paciência, mansidão, domínio próprio, longaminidade... amor! É no seio dessa família Divina que devemos encontrar pessoas dispostas a nos ouvirem com atenção, com interesse e com disposição. É nela que devemos encontrar acolhimento, aceitação, mãos estendidas e prontas para o socorro. É nessa família que devemos nos sentir confortáveis, inseridos, importantes, amados e bem recebidos. É nessa grande e diversa família que devemos encontrar igualdade entre todos. É nela que devemos encontrar o regime do Reino, não o regime do mundo. É nela que devemos servir uns aos outros. É nessa família que devemos nos doar uns aos outros. Compartilhar nossas dificuldades, nossos temores, nossas dúvidas... ser instruídos, corrigidos no amor e amadurecidos no convívio.

A igreja deve ser o início, o arcabouço do Reino de Deus. A igreja deve ser o maior vislumbre do funcionamento desse Reino dos Céus. A implantação paulatina da universal família de Deus. A expressão do Universo reconciliado com Jesus Cristo.
E é justamente por isso que odeio a igreja. Não é porque sei que dependo dela e odeio depender dos outros, mas porque ela tem falhado terrivelmente em ser a família de Deus. Não gostar de dependência é algo que em Cristo já depositei há muito. E Nele aprendi e aprendo a depender cegamente. Com Cristo aprendi e aprendo a confiar... e isso é depender, eu sei! Eu odeio... mas, eu amo saber que Nele eu confio! E se é pra depender de alguém que seja de Cristo. E se a igreja é seu Corpo e Nele faço parte dessa família, aprendo a depender dela também. Na verdade, já cansei de perceber que a dependência é algo de que não se pode fugir.

Mas, quando vejo a igreja sendo e vivendo totalmente contrária a essa realidade que Cristo cunhou eu realmente chego a odiá-la. E não se assustem por isso porque odiar ainda é melhor que ignorar. Não há nada pior que a indiferença.

Se odeio a igreja é porque me importo. Tanto quanto me importo com minha família. Tanto quanto me importo com minha mãe. E se me importo e não consigo ser indiferente é porque a amo como se fosse parte de mim. E é isso que penso que é já que sou membro desse Corpo.
Na verdade essa mudança começa em cada um de nós! Se você não está sendo família para o outro corrija isso. Mostre que você é transformado por Cristo de fato. Os outros por certo aprenderão com você. Quando a família está mal é porque cada um de nós está mal. Não seja como eu que odeia depender dos outros... e, principalmente, odeia depender de uma família que parece também odiar depender... depender de Deus! Vamos aprender juntos a depender do nosso Senhor Jesus Cristo e com certeza dependeremos deveras uns dos outros.

Texto que escrevi para o Blog dos 30. Todo dia 16 é a minha vez :P

14 de jul. de 2009

Erva venenosa

Como diria o próprio, puta texto do Sérgio Pavarini no Portal Cristianismo Criativo. Segue o texto abaixo ;-)



“Amantíssimos irmãos que escolheram a Catedral Evangélica para buscar as benesses do nosso Deus excelso, vamos receber com uma calorosa salva de palmas o reverendo Silas Malafaia. Ele será o portador da mensagem que o Pai celeste deseja nos transmitir nesta noite de encerramento da campanha “As 7 chaves da vitória”. Após o culto, o ínclito servo do Deus Altíssimo estará no átrio autografando a “Bíblia da Prosperidade e Batalha Espiritual”, quintessência exegética que traz comentários do Doutor em Divindade Morris Cerullo.”

Trágica ou hilária (dependendo do ponto de vista), a cena acima (ainda) não ocorreu. No entanto, inúmeros elementos característicos da práxis neopentecostal hoje fazem parte da liturgia de igrejas que, num passado recente, lutaram para manter coerência e base bíblica inclusive na área musical.

O zelo com a Palavra não mais se estende ao chamado “período de louvor”, numa espécie de “licença poética”, naturalmente sem nenhuma poesia. “Se formos rigorosos, perderemos os poucos jovens que ainda temos”, raciocinam os pastores. Após inúmeros embates, preferiram jogar a toalha (e o nível), optando por engolir semanalmente batráquios que crescem em lagoas de tamanhos variados.

Gênesis

Nascido na década de 60, o neopentecostalismo abandonou os usos e costumes característicos das igrejas pentecostais. Ao mesmo tempo em que saias e cabelos foram encurtados, a liturgia também sofreu transformação. Os tradicionais hinários foram deixados de lado e substituídos pelo retroprojetor.

Em lugar do engessamento litúrgico que circunscrevia a música a períodos de nomes pomposos como contrição e ofertório, as canções passaram a ser usadas para ajudar as pessoas a “abrir o coração”. O conteúdo do que seria cantado era questão de somenos. Importava mais a atmosfera alcançada por meio das canções. Palmas e frases exclamativas sempre ajudaram a proporcionar o clima desejado. Como a estratégia foi bem-sucedida, Maquiavel já pode ser ungido apóstolo.

Êxodo

Habituada a longos e irrelevantes debates, a ala tradicional desperdiçou ao menos as duas décadas seguintes gastando munição em especial contra guitarras e baterias. Assestaram contra alvos errados e perderam milhares de musicistas, o que ajuda a explicar a produção pífia e quase inexistente do segmento na atualidade. Alguém é capaz de enumerar grupos musicais influentes abrigados hoje nas fileiras batistas e presbiterianas, por exemplo?

Do outro lado do espectro teológico, as perdas também foram expressivas. Na década de 80 em particular, igrejas pentecostais forneceram metaleiras completas para bandas do florescente movimento gospel. O cardápio musical evangélico ganhou opções variadas, intensificando o trânsito interdenominacional. Como ouvir nos cultos o provecto órgão eletrônico com tantas igrejas oferecendo estilos musicais mais contemporâneos e atraentes?

Números

Acostumados na seara musical no máximo a avisar a congregação que só deveria entoar as estrofes 1 e 2 do hino, pastores tiveram de ceder espaço para os “ministros” de louvor. O modus operandi varia um pouco, mas normalmente tratam-se de caras bem-intencionados que, na falta do que dizer, pedem coisas estranhas como olhar para o lado e profetizar para alguém. Seria interessante publicar no boletim da semana seguinte os resultados da saraivada profética.

Um lencinho é sempre necessário se a ministração for conduzida pela ala feminina. Segundo o modelo vigente, chorar é sinônimo de consagração ou, em muitos casos, tristeza por ter de suportar um discursinho repleto de expressões vazias. Enquanto isso, outros continuam trazendo a arca (de Noé?) e outros elementos vetero-testamentários tão úteis para as celebrações quanto retalhos do véu rasgado. Preces para mexer com a estrutura mostram-se inúteis quando as musiquinhas são mera trilha sonora para buscar milagres e bênçãos. Ensina-me a ter paciência...

Atos

Bons de briga e ruins de teologia e prosódia, muitos líderes resistiram e tentaram alterar trechos de músicas considerados impróprios. Alheios ao imprimatur pastoral, compositores produziam pérolas do tipo “deixe seu complexo interior”. Aliás, no documentário do João Moreira Salles há um trecho dessa música em que a galera canta a expressão “inexpremíveis”. Certamente o ato falho remete à impossibilidade de se extrair conteúdo desse tipo de músicas, mesmo “espremendo” bastante...

Palmas deixaram de ser exclusivas para marcar o ritmo. Aludindo ao jargão de um televangelista, aplaude-se Jesus, a música especial e até a piadinha do pastor no meio da mensagem. Entre uma música e outra, as palmas efusivas ajudam a manter a atmosfera de “unção”, não permitindo que o clima de adoração diminua. Como ninguém pensou nisso em tantos séculos de igreja?

Apocalipse não

Paracelso, um famoso cientista suíço do passado, ajuda a clarificar minha indignação: “Não há nada na natureza que não seja venenoso. A diferença entre remédio e veneno está na dose de prescrição”. Mesmo que pretensamente purificadora, a água pode ser tóxica. Os afogamentos são causados por excesso de água, além de ela ser um elemento de considerável importância em casos de edema cerebral e pulmonar.

Por estranho que pareça, o veneno mais perigoso do mundo, a toxina botulínica, é usada hoje com efeitos terapêuticos e estéticos no botox. Como acontece na igreja contemporânea, o veneno ajuda a manter a boa aparência, quesito importante para manter o grau de atração em alta.

O problema é que os efeitos do botox duram apenas alguns meses, enquanto as doses musicais venenosas (ad)ministradas nos cultos não têm prazo para terminar. “Parece uma rosa, de longe é formosa...” Infelizmente, há consonância entre a “teologia” macediana de controlar Deus por meio de ofertas e o bonifrate divino movido pelos cordéis das declarações egoístas das músicas que embalam ovelhas subnutridas.

Da mesma forma que não se pode colher uvas dos espinheiros e figos dos abrolhos, boas intenções não são antígenos eficientes para aniquilar o potencial de letalidade existente. Se na canção da Rita Lee a erva venenosa apenas “achata bem a boca”, os trojans musicais têm poder de destruição bem maior.

É hora de atualizar o antivírus e de buscar expressões de louvor cuja qualidade remeta à excelência daquele que nos chamou para lhe prestar culto racional. Castelos fortes nunca resistirão se construídos na areia. Povo de Deus, declare isto. =)

Sérgio Pavarini é blogueiro, jornalista e marqueteiro

9 de jul. de 2009

Corpo de Cristo

Fonte: Humor Cristão

Seria a igreja evangélica uma grande mula... sem cabeça?

Eu sei que foi pago um alto preço


Fonte: A Igreja sômu nozes [via Púlpito Cristão]

Já dá pra entender o que estão fazendo com Jesus Cristo e seu Evangelho ou tem que desenhar, quero dizer, no caso, escrever... o desenho já está aí!

7 de jul. de 2009

Por que não vou à igreja?

Terminei de ler e estou muito contente com o lançamento do livro Por que você não quer mais ir à igreja?. Já explico.

Há exatos três anos enveredei minha espiritualidade por caminhos, digamos, estreitos e pouco convencionais, portanto, inaceitáveis pela massa evangélica - não só evangélica, claro, mas quaisquer fossem as confissões cristãs. Antes disso detenho uma odisséia da fé comum a muitos dos evangélicos no Brasil: nasci num lar católico negligente com a prática da identificação religiosa; não me lembro se fui batizado ainda bebê e não vou atormentar minha mãe ligando só para perguntar isso. Tentei terminar a catequese, mas achava insuportável e aos poucos deixei de participar. Nunca consegui rezar o terço inteiro. Ficava só imaginando como alguém conseguia! Nunca fui muito apegado à "Virgem Maria", nem aos Santos católicos e não me lembro de conversar com nenhuma imagem. Como vê não fui um bom católico! Paralelo a tudo isso, mesmo tendo-me como tal, ainda usufruia, com minha avó, dos cultos na Igreja Assembléia de Deus nas férias ao visitá-la. Bom, não posso dizer bem que usufruia porque, na verdade, achava um tédio e sempre esperneava para ir embora. Também, paralelamente, cedia um pouco para o Espiritismo do meu pai. De fato era onde mais gostava de estar, comparando com as missas e com os cultos. A sessão espírita era, com toda certeza, um pouco estranha, mas o ambiente era mais leve. As pessoas eram mais serenas, menos austeras e pragmáticas.

Pois bem, o tempo foi passando e fui ficando menos dependente no sentido de ser levado pra lá e pra cá pela mãe, pelo pai ou pela avó! Já estava crescidinho e podia muito bem decidir sobre minha fé sozinho. Sempre fui muito curioso sobre coisas espirituais. Em minha pré-adolescência gostava muito de ler sobre ocultismo, magia, exoterismo e satanismo. Em contrapartida, também mantinha uma sede pela idéia de Deus. Lembro que ficava divagando sobre Ele até a mente travar; de onde veio Deus? Quem criou Deus? Se Ele é onisciente por que criou tudo sabendo que iria dar em "merda" (com licença da palavra)? Se Ele é onipotente por que deixa tanta gente na mão? Se Ele é onipresente como pode aguentar testemunhar um estupro e não fazer nada?

Era assim, minha mente jovem se aventurando em questões que adultos lidam de forma infantil ainda. E foi como resultado desse perfil questionador que tornei-me evangélico. Toda a discrepância da Igreja Católica frente à Bíblia me deu mais que motivos para converter-me ao Protestantismo. E de fato era protestante mesmo porque a boa nova que me fez trocar de religião foi aquela antimariana, anticatólica, anti-idolatria, antisantos, anti-imagens, etc. E como foi isso que recebi foi isso que dei. Era o que sabia pregar: "a Igreja Católica é idólatra, Maria não é Rainha, foi pecadora e não morreu virgem, só Jesus é mediador entre Deus e os homens, etc".

A denominação em que passei a frequentar foi a Igreja do Evangelho Quadrangular. Foi lá que comecei a aprender a ser "crente". Foi lá que ficava espantado e admirado com as manifestações de demônios nos cultos de quarta-feira. Achava o máximo! O período do louvor era o que mais gostava. Claro, o show do pastor também era muito legal! Os pulos, os "tics", as entonações que pareciam ensaiadas, os gritos de efeito... uau! Era muito talento para uma pessoa só!

Meu primo mudou-se da cidade e como era com ele que ia para a igreja, e foi por intermédio dele que me converti, acabei deixando de frequentar os cultos. Eu era um menino muito pouco entrosado e meu primo era minha muleta social. Então, fiquei desmotivado para ir sozinho para a igreja e fiquei um bom tempo "desviado".

É isso, já sabia que quem não frequentava a igreja era desviado. Mas, não havia opção! E nesse período, por conveniência, passei a me declarar ateu. Deixe-me explicar isso! Não deixei de acreditar em Deus. O que ocorreu é que eu achava que ateu era aquele que não tinha religião. É, não sei por que não me passou pela cabeça consultar um dicionário. Mas, agora entendo porque as pessoas se espantavam quando ouviam um menino de 10 anos declarar-se como tal.

No meio dessa história toda minhas duas irmãs mais novas passaram a frequentar a Igreja Cristã Evangélica. Minha mãe insistia que eu fosse junto para vigiá-las. E foi assim que acabei criando o maior vínculo eclesial da minha vida. Foi lá que fui batizado. Foi lá que aprendi a tocar bateria e toquei na equipe de louvor. Foi lá que amadureci espiritualmente. Foi lá que passei bons momentos da minha vida (e os piores também, mas isso explico depois). Foi lá que doei minha vida, minha energia, meu talento, minha liberdade, minha adolescência, meu tempo, meus serviços, etc. Só não foi lá que entreguei meu dinheiro porque ainda não tinha renda. Se bem que do pouco que eu ganhava, dando aula de bateria e fazendo desenhos, eu "devolvia" a décima parte como rezava o mandamento. Tá, confesso que eu tinha muita dificuldade para "devolver" o dízimo e algumas vezes omitia a obediência nesse quesito.

Foram sete anos enfurnado dentro da igreja. Não dá para contar tudo que vivi, vi e ouvi em razão disso a não ser num livro. E isso não seria viável, muito menos interessante já que não há nada de interessante. Basta dizer que fui líder, exemplo para os jovens e adolescentes, professor de Escola Bíblica Dominical (detalhe, acho que nunca faltei em 3 anos), menino prodígio da igreja, entendido da Palavra, sábio, maduro, ministro de louvor, pregador e muito chegado ao pastor e à pastora - o que me contemplava ampla visão da liderança da igreja e dos mecanismos internos. Com isso pode-se abstrair a bagagem que carreguei antes dos 18 anos de idade.

Aliás, fica aqui uma dica para os pastores, líderes e afins. Peguem menos no pé da masturbação e procurem tratar de outra coisa mais eficiente no discipulado dos meninos. Só porque somos adolescentes e jovens não quer dizer que o único pecado que existe em nosso mundinho de espinhas está relacionado ao sexo. Sério, era tanta bitolação com a punheta (mais uma vez licença da palavra) que quando ficava uma semana sem onanizar-me sentia que era o maior santo de todos os tempos da última semana. Haviam tantas outras áreas fundamentais a serem transformadas por Cristo em minha vida, e que ocasionariam na melhoria de outras áreas especializadas, que perdi muito esforço e energia lutando contra meus hormônios.

Pois bem, nestes sete anos transitei entre o tradicional, avivado e carismático em suas diferentes formas e estágios. Vale ressaltar que a igreja não caminhou no mesmo rítmo. O que gerou muita fadiga para nós da equipe de louvor. Imagine um bando de crias de BH (quem lê entenda) do interior de Goiás tentando levar uma igreja estagnada a 40 anos ao "mover"? Isso rendeu muito pano pra manga...

Mudei-me de cidade para estudar, trabalhar e, enfim, o famigerado estereótipo do menino do interior tentando alçar voo. Fui morar com meu primo que agora era membro da Igreja Presbiteriana Orvalho do Hermom. Ele já estava entrosado (como sempre) e já ministrava louvor e tal na igreja. Eu cheguei e mantive-me em sua sombra para não perder o costume. Ainda sem aquela desenvoltura para enturmar mas seguro com a presença dele. Devo detalhar que a experiência numa igreja de interior é totalmente diferente da experiência numa igreja de cidade grande. E isso eu viria a descobrir logo.

Depois de um tempo pouco produtivo e motivacional nesta igreja, mudamo-nos para outro bairro. Daí surgiu aquela dúvida: para qual igreja nós vamos agora? Nós tínhamos um Ministério de Louvor e Adoração chamado Adoração em Plenitude. Lembram do lance das crias de BH? Então, é isso... E era muito importante que tívessemos uma cobertura espiritual para que pudéssemos "ministrar" nas igrejas. Sempre perguntavam isso pra gente quando faziam o convite para tocarmos em algum evento: 24 horas de adoração, louvorzão, conferências proféticas, cultos, etc, etc. Nesse período fizemos parte da Igreja Batista Betel, depois da Igreja de Cristo Rocha Viva, depois da Igreja Betesda, depois da Igreja Plenitude de Deus e, por fim, da Igreja Batista Memorial. Essas foram as igrejas que chegamos a ser membros, mesmo que por pouco tempo. Mas, conhecíamos muitas outras, aliás, mais neopentecostais, em virtude do Ministério de Louvor que tínhamos.

Depois de tudo isso, voltando aos três anos atrás, comecei a perceber que nada fazia tanto sentido como pensava fazer. Manipulação, poder, disputas, divergências, divisões, modismos, falsidade, mentira, soberba, autoritarismo, egoísmo, hierarquia, camadas de poder, abusos, oportunismos, alienação, ritualismo, enganação, etc, etc, foram palavras que começaram a borbulhar em minha cabeça toda vez que parava para meditar, refletir e repensar toda minha eclesiologia.

Não foi fácil carregar tantas dúvidas e questionamentos. Não tinha com quem compartilhar pensamentos tão "hereges" e "rebeldes". Mas, orando, pesquisando e estudando fui me sentido seguro. Por fim, tomei a decisão de não mais ir à igreja. Já era algo que não fazia sentido algum para mim e o fazia por desencargo de consciência. Até que fiquei livre desse tipo de consciência. O verdadeiro desafio era lidar com essa nova realidade: Ser apaixonado por Deus, sentindo-me tão próximo e sincero no relacionamento com Ele como nunca havia sentido - nem mesmo nos melhores tempos de "intimidade" importados de BH - e não ir mais à igreja. As pessoas não concebem essa idéia. Não conseguem imaginar um discípulo de Cristo livre dos cercos institucionais de uma igreja, de uma denominação, de uma teologia, de uma doutrina, de uma "cobertura espiritual" ou de um líder religioso.

E é justamente por isso que me alegro com a chegada do livro Por que você não quer mais ir à igreja? de Wayne Jacobsen e Dave Coleman. Nestes três anos que deixei de ir à igreja tenho visto muitas outras pessoas confidenciando experiências afins à minha. Nestes três anos já não me sinto tão sozinho como no início. É bom ver que a Igreja está se libertando dos templos e rompendo com diversas amarras criadas por homens. Sinto-me alegre por perceber que a sede por Deus e por um relacionamento autêntico com Ele tem sido prioridade na vida de tantos. E estes não necessariamente encerram-se dentro de igrejas. Pelo menos não em igrejas segundo o senso comum.

Estas pessoas percebem que comunhão é algo muito mais profundo e sobrepuja uma simples reunião dentro de um prédio com fachada. Comunhão vai além de ficar olhando para as nucas uns dos outros durante duas horas.

Este livro traz uma história que tem uma mensagem direta, objetiva, simples e libertadora. Para aqueles que não concebem um relacionamento fidedigno com Deus e com outros da mesma fé sem o frequentar semanal à uma igreja institucionalizada, a narração trará uma perspectiva que pode romper com paradigmas. No mínimo trará respostas para as perguntas que mais ouço: Em que igreja você vai? De que igreja você é? Em que igreja você congrega? Em que igreja você assiste? Você é membro de qual igreja? Quem é seu pastor? E, finalmente, por que você não vai à igreja?

Você terá a oportunidade de entender que de fato é possível ser cristão apesar da igreja. E muito mais, que é possível que o que você pensa ser igreja realmente não seja Igreja.

Convido você a ler esse livro que pode lhe causar empatia com a história de Jake Colsen. Talvez seja hora de você descobrir se entregou sua vida à Jesus Cristo ou acabou entregando sua vida à igreja pensando que era pra Cristo.

3 de jul. de 2009

Adeus, igreja?


[...] Não há nada que o Pai deseje mais do que nos ver cair diretamente no colo do Seu amor e de lá nunca mais sair. O plano de Deus, desde a Criação, foi pensado para trazer as pessoas à relação de amor que o Pai, o Filho e o Espírito Santo têm compartilhado ao longo da eternidade. Ele não deseja nada mais além disso! Você sabe que Deus não é um ser imponente e distante que enviou seu Filho com uma lista de regras a obedecer e rituais a praticar. A missão de Jesus era nos convidar para o amor, para a relação com Deus Pai descrita por ele. Mas o que fizemos? Transformamos a mensagem fundamental de amor em uma instituição, em poder, em trabalho, em culpa, em conformismo e manipulação. Tudo isso soterrou o verdadeiro amor. Em Éfeso, a Igreja estava formando falsos professores. Na Galácia, conseguiu que todos observassem práticas do Antigo Testamento. Atualmente vem convencendo as pessoas a cooperarem com seus programas, sem perceber quanto essas práticas as distanciam da vida com Deus. É mais fácil perceber o problema quando se trata da circuncisão em Éfeso do que quando se trata de ir á missa aos domingos. Mas ambas as práticas podem levar à mesma coisa: crentes entediados e desiludidos, repetindo gestos e rituais vazios da vida com o Pai. [...]

[...] Quando você chega à conclusão de que a rotina que o consome não contribui substancialmente para o seu desejo de conhecer melhor a Deus, algumas coisas incríveis podem ocorrer. Aguentar o mesmo programa, semana após semana, é duro. Você não está cansado de se ver, ano após ano, caindo nas mesmas tentações, rezando as mesmas orações não atendidas e não vendo provas de que está reconhecendo a voz de Deus com uma clareza crescente?

- Estou cansado, sim. - Eu mesmo fiquei surpreso com a rapidez com que a resposta me saltou dos lábios e com a frustração que acompanhou as palavras. - Então por que todos nós fazemos isso?

- Essa resposta, Jake, vai fazer você se conhecer melhor. Por enquanto, seja honesto em relação ao seu tédio e à sua desilusão. E tenha a certeza de que o Pai nunca desistiu do desejo de compartilhar da amizade que você experimentou aos 13 anos.


Excerto de uma conversa travada entre Jake Colsen e João, no livro "Por que você não quer mais ir à igreja?" (negritados por minha conta)

Estou realmente me deliciando com a leitura. É profunda e sensível ao expor experiências eclesiais que muitas vezes reprimimos ou abafamos em nome de uma espiritualidade forçada, de uma comunidade forjada e de um sistema destrutivo.

Saibam mais sobre visitando o hotblog do livro; clique aqui!

2 de jul. de 2009

Não gosto de pastores, não gosto de cantoras, não gosto de evangélicos...


Pode soar terrivelmente cruel esse título, mas quem está mergulhado no ministério sabe o que digo. E quando digo “NÂO GOSTO” não é uma forma de dizer outra coisa, é que eu não gosto mesmo do jeito de 90% dos pastores, cantoras e crentes que conheço.

Não consigo assistir aos debates, os preletores são muito despreparados teologicamente e incrivelmente soberbos em suas opiniões. Não tenho sangue de barata para me manter frio durante uma hora de abobrinhas ditas como verdades absolutas. Os olhares altivos, a pose, os títulos, a forma diferenciada de falar puxando o “S”, as caretas na frente das câmeras, tudo isso me enoja... No final todo mundo se entrega e mostra o lado provinciano tentando divulgar seus “produtos” para quem pode ajudar.

Quanto aos pastores, grupo do qual faço parte, tenho acrescentar que toda soberba será abatida, e toda exploração do povo de Deus está sendo vista. É impossível que um pastor viva desencanadamente com um carro de cem mil reais enquanto existem irmãos que dariam tudo por uma bicicleta para pregar o evangelho em vilarejos no Brasil.

Estive conversando com uma mulher sem religião que mora em uma comunidade onde funciona uma igreja neo pentecostal. Ela me disse que tem nojo de crentes porque eles jogam sal grosso no quintal dela e vivem de nariz em pé. As palavras dela foram: “NUNCA vou freqüentar essa igreja, os crentes são muito metidos a besta”.

Dei razão a ela. Eles não são agentes de transformação, mas inimigos da comunidade; Não são pregadores do evangelho, mas detentores dos dogmas que matam. Em 5 minutos de conversa, apertei a mão daquela mulher e disse a ela sou de Cristo mas não sou metido a besta e beijei-lhe a mão. Bastou para que ela se abrisse e nos desse toda confiança que precisávamos.

Os cantores e as cantoras se acham a elite do gospel. Desfilam com seu exército de fãs empunhando posters e cd´s, chorando e gritando o nome do artista que ganha e gaha bem pra isso. Não gosto de crentes porque são idólatras e não discernem da mão esquerda pra direita. São os piores cegos, os que não querem enxergar.

Daqui para frente salvo raras exceções, prefiro não ter muito contato com crentes, prefiro dividir meus momentos com meus irmãos de fé e gente que não é crente, nem cantor, nem pastor, porque esses encontros não tem me edificado nem um pouco, pelo contrário só tem feito com que eu me decepcione mais com o rumo das coisas. Deus me livre!


Márcio de Souza, em seu blog homônimo


A aversão pelos ditos "crentes", "evangélicos", "gospel's" não é coisa nova... aliás, sempre foi algo que me intrigava quando lia Atos onde conta-se que a igreja contava com a simpatia do povo naquele tempo.


Os "crentes" hoje têm que articular desculpas e teorias de conspiração para esquivarem-se do fato de que o povo não os suportam...

1 de jul. de 2009

Igreja Emergente ou Movimento Emergente?


Parece que para alguns isso soa a mesma coisa, mas minuciosamente estamos falando de coisas distintas. Dando uma olhada em cada blog ou site (na medida do possível) eu me deparo com essa discutida palavra EMERGENTE em voga. A principio a palavra isolada reverbera sem força e sem direção, mas associada às palavras igreja ou movimento ganham força e foco. Fiz-me uma pergunta esses dias sobre o período que surgiu esta palavra na igreja, mas alguns autores de blogs parecem dizer que a palavra surgiu nos “corredores” da igreja e não de dentro dela enquanto instituição, ou seja, ela não veio acompanhada de peso pastoral.

Outros, no entanto falam da vontade de lideres eclesiásticos de “movimentar” a igreja ou pelo menos a denominação em que atuavam presidindo ou como adjuntos. O fato é que se o interesse foi e/ou for chamar de Igreja Emergente esta investida redundamos ao denominacionalismo. Não seria esse o enfado a tempos na igreja? Muitas coisas caem em discussão.

Se os emergentes desejam elaborar uma denominação, e chamá-la também de uma igreja, então surgirá mais uma e aí ninguém agüenta mais isso. Se por outro lado os emergentes permanecem em suas denominações correm o risco de serem rotulados como um grupinho especulativo sem nenhuma adequação as realidades denominacionais, e ainda estarão presos ao denomiancionalismo inúmero já existente.

A Emergência enquanto movimento parece equilibrar o interesse não só de lideres, mas de tantos outros membros da igreja de Cristo. Porque digo isso? Muitos estão fazendo o êxodo denominacional hoje em dia; não só cristãos sem exercício ministerial, mas muitos lideres compreendem que a emergência é relevante para a igreja e não para as denominações “A”, “B” ou “C”. O que está em jogo não é destino das inúmeras placas que mais dividem do que juntam. No processo de defesa muitos lideres denominacionais estão retoricamente perguntando: Nós somos de denominações diferentes, mas não somos do mesmo corpo? Justificando até o argumento da tal unidade com 1 Corintios 12, sobre a operação dos membros no corpo, como se cada denominação cooperasse no crescimento entre si.

Pergunto eu, é assim mesmo? A denominação “A” realmente está liberando seu púlpito para a “B”? E a “B” recebe abertamente um fórum teológico para as “A” e “C”? A “C” celebra mutuamente a comunhão dos santos independente do seu ponto de vista teológico? Qual é a realidade da igreja? Mas uma coisa parece que as une, pelo menos involuntariamente. Não há como negar que ao longo de anos desde o Concílio de Teodósio I em 391 d.C. que o templismo e o denominacionalismo vigoram e que a reforma absorveu esses valores, desfocando o que vem a ser igreja e como ela corrobora no Reino. Enquanto o termo igreja deveria corretamente derivar de pessoas tornou-se o contrário È neste ponto que surge a verdadeira emergência.

Figurado por uma balança a emergência tende hora pesar para velho e melancólico modelo, hora para a anarquia não só dos valores, mas as Escrituras. Este segundo ponto de peso parece vir acompanhado de amargas experiências eclesiásticas como por exemplo abuso de autoridade. Esta estão se feriram tanto que a solução foi sair de vez, sem se bubmeter mais a nenhuma autoridade, porém sem deixar a fé. O ponto sinuoso então, seria rever as demandas eclesiológicas deixadas pelas Escrituras e voltar-se para ela no propósito de negar o péssimo fomento histórico e restaurar a tradição escriturística e apostólica na comunhão legitima dos santos não só no que diz respeito ser um em Jesus, mas uma comunidade de fé e prática mutua. Isso parece até utopia para os que estão deteriorados pela história eclesiástica, para muitos seriam anos revisão ou até mesmo para alguns não há nada para ser revisto, está tudo “nos trinques”! Enfim, isso não deve tratar de “ideologia, eu quero uma pra viver”, mas de uma necessidade urgente.

A missão não é ser emergente, emergente é o momento em si, mas a missão legítima é nesse momento resgatar as reais demandas para igreja, assim como Deus ordenara que fosse e que os apóstolos trabalharam para que se perpetuasse (Ef 2.14,19-22).


Autor:José Eduardo da Silva

Fonte: Emeurgência na Igreja

É de extrema importância o zelo para com a conversa emergente. Principalmente por esta, aqui no Brasil, ainda estar em sua fase primária. Estamos presenciando (participando e fazendo) um novo limiar na História da Igreja. Devemos estar atentos para evitar ao máximo que incorramos nos mesmos velhos erros de sempre... não somos perfeitos, claro; mas, podemos tentar errar menos, concordam?