17 de nov. de 2008

Deus não nos quer a felicidade que nós queremos

Quando queremos ser algo além do que Deus quer que sejamos, estamos desejando na verdade aquilo que não nos fará felizes. As exigências divinas que soam aos nossos ouvidos naturais mais como as de um déspota e menos como as de alguém que ama nos conduzem aonde deveríamos querer ir, caso soubéssemos o que desejamos. Ele exige nosso culto, nossa obediência, nossa prostração. Será que supomos que essas atitudes possam causar a Ele algum bem ou algum medo, a exemplo do coro, em Milton, de que a irreverência humana possa levar a efeito a "redução de Sua glória"? O ser humano pode reduzir a glória de Deus recusando-se a Lhe prestar culto tanto quanto o lunático pode apagar o Sol ao representar toscamente a palavra "escuridão" nas paredes de sua cela. Mas Deus deseja nosso bem, e este equivale a amá-lO (com o amor de gratidão apropriado às criaturas). E para amá-lO devemos conhecê-lO. E, se O conhecermos, fracassaremos lamentavelmente. Caso contrário, isso só mostra que o que estamos tentando amar ainda não é a Deus, embora possa constituir a máxima aproximação de Deus de que são capazes nosso pensamento e nossa fantasia. No entanto, o chamado não é só à prostração e ao temor: é também a um reflexo da vida Divina, uma participação, na condição de criatura, nos atributos Divinos - participação que está muito além de nossos desejos presentes. Somos conclamados a nos "revestir" de Cristo, a nos tornamos semelhantes a Deus. Ou seja, quer gostemos, quer não, Deus intenta dar-nos aquilo de que necessitamos, não aquilo que ora achamos que queremos. Uma vez mais, vemo-nos desconcertados diante da benevolência intolerável - diante do excesso, e não da escassez de amor.

C.S. Lewis em O problema do sofrimento

2 comentários:

  1. Hum... esse livro é interessante. Aqui outra citação dele:


    « Il n’y a pas de limite à Son pouvoir. Si vous dites que Dieu peut donner le libre arbitre à une créature mais peut aussi lui retirer, cela ne dit rien au sujet de Dieu. Une combinaison de mots sans signification n’acquiert pas plus de sens parce qu’on l’introduit par « Dieu est capable de » (p18) (…) au bout du compte, non pas parce que Sa puissance rencontre un obstacle mais parce que les affirmations insensées restent insensées, même quand on parle de Dieu ». — C.S Lewis, dans son ouvrage « Le problème de la souffrance » (1944)

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  2. C.S. Lewis é exceptional!!!!!

    EXTRAORDINARY!

    \o/

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