11 de jan. de 2008

Um peso na carteira

Retirado do Humor Cristão.

Qual é o meu pagamento? É a alegria especial que eu obtenho ao pregar as Boas Novas sem despesas para ninguém. (Paulo de Tarso)

Roubaria o homem a Deus? Contudo vocês roubam a mim. Mas vocês perguntam, 'Como te roubamos a ti?' Em dízimos e oferendas. Vocês estão debaixo de uma maldição, toda a nação, porque estão me roubando. Tragam todo o dízimo ao alforge, para que haja comida em minha casa. Prove-me nisto, disse o Senhor Todo Poderoso, e vejam se eu não abrirei as comportas do céu e derramarei tanta bênção que vocês não terão suficiente espaço para guardá-la.

Esta passagem de Malaquias, capítulo 3, parece ser o versículo favorito de muitos pastores.

Especialmente quando o cofre da igreja está vazio. Se você freqüentou por algum tempo a igreja moderna, deve ter escutado esta passagem trovejando de cima do púlpito em várias ocasiões.

Fizeram-me engolir isso por um sem número de vezes.

Considere algo da retórica que acompanha esse tema:

“Deus ordena que vocês dêem seus dízimos fielmente. Se vocês não dizimam, estão roubando ao Deus Todo Poderoso, e estão colocando-se debaixo de uma maldição”.

“Vamos repetir juntos o 'Credo do Dizimista?’ O dízimo é do Senhor. Aprendemos isso porque é verdade. Acreditamos nisso porque temos fé. Vamos dar nossos dízimos com alegria”.

“Seus dízimos são oferendas necessárias para que a obra de Deus siga adiante!” (A “obra de Deus”, naturalmente, significa assalariar o cargo de pastor e pagar as contas mensalmente para manter o edifício sem dívidas).

Qual é o resultado desse tipo de pressão? O povo de Deus é obrigado a dar o dízimo de seus salários mensalmente. Quando faz isso, sente que Deus fica feliz. E pode esperar que Ele os abençoe financeiramente. Quando falha sente que foi desobediente e que uma maldição financeira pesa sobre ele.

Mas voltemos alguns passos atrás e formulemos duas perguntas penetrantes: “A Bíblia nos ensina a dizimar? Somos espiritualmente obrigados a patrocinar o pastor e sua equipe?”.

A resposta a estas duas perguntas é alarmante. (Se você é um pastor, isso lhe interessa. Talvez fosse melhor você pegar agora seu remédio para o coração!).

O Dízimo é Bíblico?

Há dízimo na Bíblia? Sim, o dízimo é bíblico. Mas não é cristão. O dízimo pertence à velha Israel. Foi essencialmente um imposto de renda. No primeiro século, no NT, não há registro de cristãos dizimando.

A maioria dos cristãos não tem a menor idéia do que ensina a Bíblia no que se refere ao dízimo.

Senão vejamos. A palavra “dízimo” simplesmente quer dizer a décima parte.2[2] O Senhor instituiu três classes de dízimos para os Israelitas como parte de seu sistema de impostos. A saber: Um dízimo do produto da terra para sustentar os levitas, que não tinham herança em Canaã.

Um dízimo do produto da terra para patrocinar festas religiosas em Jerusalém. Se o produto pesasse muito para ser levado a Jerusalém, poderia ser convertido em dinheiro. Um dízimo do produto da terra arrecadado a cada três anos para os levitas locais, órfãos,

estrangeiros e viúvas.

Este foi o dízimo bíblico. Note que Deus ordenou a Israel que desse 23,3% de suas rendas a cada ano, em oposição aos 10%.6[6] Estes dízimos consistiam do produto da terra, a saber: A semente e o fruto da terra, e o rebanho ou manada. Era o produto da terra, não dinheiro.

Pode-se traçar um claro paralelo entre o sistema do dízimo de Israel e o sistema moderno de

tributação no Brasil. Israel era obrigado a sustentar seus funcionários públicos (sacerdotes), feriados (festivais), e pobres (estrangeiros, viúvas e órfãos) com seus dízimos anuais. A maioria dos modernos sistemas de tributação serve ao mesmo propósito.

Com a morte de Jesus, todos os códigos cerimoniais, governamentais e religiosos que

pertenciam aos judeus foram cravados em Sua cruz e enterrados para sempre... Para nunca voltarem a condenar-nos. Por esta razão nunca vemos nenhum cristão no NT dando o dízimo. Da mesma forma que não os vemos sacrificando cabritos e touros para cobrir seus pecados!

Paulo escreveu, “Vocês estavam mortos em pecados e seus desejos pecaminosos ainda não tinham sido afastados. Então Ele deu-lhes participação na própria vida de Cristo, porque lhes perdoou todos os pecados, e apagou as acusações confirmadas que havia contra vocês, a lista dos seus mandamentos a que vocês não tinham obedecido. Tomando esta lista de pecados, Ele a destruiu, pregando-a na cruz de Cristo. Portanto, que ninguém censure vocês por aquilo que comem ou bebem, ou por não comemorarem as festas e feriados judaicos, ou as cerimônias de lua nova, ou os sábados. Estes eram preceitos apenas temporários, que terminaram quando Cristo veio. Eram apenas sombras da realidade — do próprio Cristo”.

Dizimar pertence exclusivamente a Israel sob a Lei. No aspecto financeiro vemos os santos do primeiro século dando alegremente de acordo com sua capacidade — não para obedecerem a um mandamento. A oferta na primitiva igreja era voluntária. E os que se beneficiavam disto eram os pobres, órfãos, viúvas, doentes, prisioneiros e estrangeiros. Agora mesmo posso ouvir alguém fazer a seguinte objeção: “E quanto a Abraão? Ele viveu antes da Lei. Nós o vemos dizimar ao sumo sacerdote Melchizedek. Isto não destrói seu argumento de que o dízimo é parte da Lei de Moisés?”

Não, não destrói. Primeiramente, o dízimo de Abraão era completamente voluntário. Não obrigatório. Deus não o ordenou como havia feito com o dízimo de Israel.

Em segundo lugar, Abraão dizimou dos saques que ele havia adquirido depois de alguma batalha. Ele não dizimou de suas rendas nem de sua propriedade. O ato de dizimar de Abraão seria algo parecido com receber uma bonificação no trabalho, uma gratificação de Natal, para depois dizimar.

Em terceiro lugar, e o ponto mais importante, esta foi a única vez que Abraão dizimou em todos os seus 175 anos aqui na terra. Não há evidência de que ele voltou a repetir tal coisa novamente.

Conseqüentemente, se você deseja usar Abraão como “texto de prova” para dizer que os cristãos necessitam dizimar, então você é obrigado a dizimar apenas uma vez!

Isto nos remete ao batido texto citado anteriormente em Malaquias 3. O que disse Deus ali?

Primeiramente, esta passagem foi dirigida ao antigo Israel quando este estava sob a Lei Mosaica. O povo de Deus estava retendo seus dízimos e ofertas. Considere o que aconteceria se os estadunidenses recusassem pagar seus impostos sobre suas rendas. A lei americana qualifica isso como um roubo. Os culpados seriam castigados por roubar ao governo.

De igual forma, quando Israel reteve seus dízimos (impostos), Israel estava roubando a Deus — Ele instituiu o sistema do dízimo. Então o Senhor mandou que seu povo trouxesse seus dízimos ao alforge. O alforge era situado nas câmaras do Templo. Esta câmara era separada para receber os dízimos em espécie, não em dinheiro, para o sustento dos Levitas, pobres, estrangeiros e viúvas. Note o contexto de Malaquias 3:8-10. No versículo 5 o Senhor diz que Ele julgará os que oprimem as viúvas, os desamparados e os estrangeiros. Ele diz, “Eu Me movimentarei com rapidez para castigar os que praticam bruxaria, os adúlteros, os mentirosos, os que roubam o salário de seus empregados, os que exploram as viúvas e os órfãos, enfim todos os que não Me respeitam”.

As viúvas, os órfãos e os estrangeiros eram os dignos recebedores do dízimo. Por reter os dízimos, Israel foi culpado de oprimir a estes três grupos. É aqui que está o coração de Deus em Malaquias 3:8-10: A opressão aos pobres.

Quantas vezes você ouviu pastores enfatizar este ponto, martelando teus ouvidos com a

passagem de Malaquias 3? Das centenas de sermões que eu ouvi sobre dízimo, nenhuma vez escutei nem mesmo um sussurro acerca do que tratava esta passagem. Ou seja, os dízimos eram para sustentar as viúvas, os órfãos, os estrangeiros, e os Levitas, que não tinham qualquer propriedade. É isto o que a Palavra do Senhor tem como objetivo em Malaquias 3.

Cristianismo Pagão - Frank A. Viola

Para saber mais sobre a origem do Dízimo e o Salário do Clero baixe o e-Book completo. Cristianismo Pagão de Frank A. Viola.

2 comentários:

  1. Na verdade eu adoraria uma mistura dos velho e novo testamentos de modo que o dízimo seja respeitado e cumprido mas eu, como sacerdote do Senhor(ele não nos constituiu reino e sacerdotes?), deveria receber meu quinhão! Vou começar a cobrar do meu pastor! rs

    ResponderExcluir
  2. Sugiro o livro "DESMISTIFICANDO DÍZIMO" de PAULO JOSÉ F. DE OLIVEIRA pela editora ABU.

    "Sinopse:
    Será que o dízimo apresentado na Bíblia é o mesmo ensinado pelas igrejas evangélicas? É uma pergunta incômoda. Será que a doutrina do dízimo não vem sendo esvaziada e adaptada para servir de mecanismo de levantamento de fundos? O autor examina cuidadosamente o ensino do Antigo Testamento e a tradição rabínica, depois avalia o ensino do Novo Testamento e a maneira pela qual a Igreja Primitiva lidava com o sustento dos obreiros. No final, apresenta uma solução: mudar nossa prática de levantamento de fundos para sermos fiéis à Palavra. O desafio é o de sempre: reformar a igreja de acordo com a Palavra e nos libertar de tradições que prejudicam o crescimento espiritual. Paulo José F. de Oliveira é português que chegou no Brasil em 1953. Mora atualmente em São Paulo, é casado e tem cinco filhos. Além de professor de Escola Dominical, é engenheiro naval, tendo trabalhado durante muitos anos no Estaleiro Mauá. É autor do livro Sinfonia para a vida."

    ResponderExcluir

Fico muuuuuuuito feliz com a iniciativa de deixar seu comentário. Aqui você pode exercer sua livre expressão e opinião: criticar, discordar, concordar, elogiar, sugerir... pode até xingar, mas, por favor, se chegar a esse ponto só aceito ofensas contra mim (Thiago Mendanha) e mais ninguém, ok? rs