14 de jan. de 2008

Estou fora

Estive conversando com um grande amigo meu e acabamos discutindo sobre minhas idéias, argumentos e conceitos. Ele ainda mora na cidade da qual nos conhecemos. Ainda está na igreja da qual eu era membro, tocava bateria, dava aulas na EBD para os adolescentes e tal. Quando me mudei senti uma enorme falta da igreja. Mas, não da "igreja", mas dos amigos que deixei. Da comunidade em si e da intimidade que tinha com aquele povo. De lá pra cá, acordei em diversos aspectos. Abri os olhos para muitas coisas. Vacilei muito na fé. Enfim, passei a ter uma visão diferenciada da realidade do Cristianismo e, peculiarmente, da igreja dita Evangélica. Consequentemente passei a autocriticar meu cristianismo. Como ele disse, muitos lá me tem por "desviado"( rs - como diz um outro amigo: "se agora sou desviado, eles ainda são todos viados!"), por apóstata, mundano e por ai vai... Fico triste pela visão limitada destes. A verdade é que nunca fui tão cristão como agora.

Parafraseando Ed René Kivitz no livro Outra espiritualidade, busco outro Cristianismo:
"Outro em relação a qual? Que 'Cristianismo' estou abandonando para que em seu lugar apareça "outro"? É simples: estou abandonando o 'Cristianismo' do senso comum evangélico e saindo em busca do Cristianismo do senso comum da tradição cristã.Apresso-me em explicar. Considero 'senso comum' uma forma simples de me referir ao fato de que, apesar da enorme diversidade a respeito das características que identificam o ser evangélico, há um núcleo que resume como este segmento religioso da sociedade articula sua crença a seu modus vivendi.
Ao escolher o senso comum, admito que o 'outro Cristianismo' que busco não é uma novidade, mas um resgate dos aspectos essenciais à fé cristã conforme se estabeleceram nestes mais de dois mil anos de história. Outro Cristianismo, outra igreja, outro céu e outra fé!"

O texto que segue esclarece de forma objetiva porque estou fora da "i"greja:


Nada contra a igreja, tudo contra o igrejismo

Não sou contra o congregar-se, o culto ou o encontro para celebrações, não. Só não posso ver apenas nisso a essência do evangelho.

Nada contra o caminhar dominical – isso quando não exclui os outros dias da semana nem as outras horas do dia.

Nada contra os jejuns – quando estes não são apenas costumeiros e egoístas, produzidos apenas pela troca; quando não estão longe do próximo e das ataduras do preso; quando não têm caráter meritório diante de Deus nem diante dos homens.

Nada contra o jejum – quando este não é mola de egocentrismos nem estandarte para os espiritualizados, antes secreto como ensinado por Jesus.

Nada contra dízimos e ofertas – enquanto bíblico, tal como nos é ensinado na antiga e na nova aliança: para mantimento e sustento - não do templo, não de cruzadas, não dos eventos, não de viagens, nem mesmo para os carpetes e cadeiras, mas do próximo! Quanto ao templo? Quem é ele se não o próximo!!!

Nada contra o louvor e a adoração – quando este é para o lado e não para cima. O evangelho de Cristo te leva para os lados. Para Cristo, recebê-lo é vestir, dar de comer e visitar o doente. Adora-lo não te remete para cima, mas para os lados.

Nada contra os pastores – quando estes são o que são e não se tornam pelo título nem para o título, simplesmente são. Com seus erros e pecados, carentes da glória de Deus, sem serem juizes do que também cometem, nem tentarem ser o que cabe a graça ser e fazer, mas, simplesmente, são.

Nada contra os eventos – quando estes produzem vida e saciam a fome do corpo, enquanto Deus sacia a fome da alma, a liberdade e a santidade que dEle mesmo se pode produzir.

Nada contra expulsar o demônio – quando este for visto como um ser vencido e não mais for posto no trono que pertence a Cristo.

Nada contra os que expulsam o demônio – quando estes reconhecem que o ser infernal que tanto amarram e expulsam é sua imagem e semelhança.

Nada contra a igreja, tudo contra o igrejismo! Luciano Carvalho

Fonte: Outro Cristianismo.

Um comentário:

  1. Thiago, como vai? Senti sua falta no EnBlogC no último sábado, para me ajudar a representar Goiás, hehehe;
    Oro também para que vc mantenha o mais importante (amor) nessa jornada de reconstrução da sua fé e cosmovisão. Abraço!!

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