7 de dez. de 2008

Vaca Sagrada



Embora venerado por cinco séculos, o sermão convencional tem contribuído das mais variadas formas para a degradação da igreja.

Primeiramente, o sermão faz com que o pregador seja uma virtuose artística do culto eclesiástico. Como resultado, a participação da congregação fica obstaculizada (na melhor hipótese) e excluída (na pior hipótese). O sermão transforma a igreja em um auditório. A congregação degenera em um grupo de espectadores apagados presenciando um evento. Não há espaço para interromper ou questionar o pregador enquanto ele profere seu discurso. O sermão congela e trava o funcionamento do Corpo de Cristo. O sermão promove um sacerdócio dócil por permitir que os homens do púlpito com suas mãos agitadas dominem a reunião da igreja semana após semana.

Em segundo lugar, o sermão estanca o crescimento espiritual. Pelo fato de ser uma estrada de uma só mão, o sermão embota a curiosidade e produz passividade. O sermão debilita a igreja no que toca ao seu funcionamento. O sermão sufoca o mútuo ministério. Abafa a participação aberta. Estanca o crescimento espiritual do povo de Deus.

Como cristãos, necessitamos funcionar, exercitar, caminhar para poder crescer. Podemos crescer sentados como uma estátua de sal ouvindo um homem pregar de lá de cima do púlpito semana após semana? De fato, uma das metas do estilo da pregação e ensino do NT é incentivar você a funcionar. Isto encoraja você a falar na reunião da igreja. O sermão convencional obstaculiza este processo.

Em terceiro lugar, o sermão conserva a mentalidade do clero antibíblico. Cria uma excessiva e patológica dependência do clero. O sermão faz do pregador um especialista em religião, o único que tem algo de valor a compartilhar. Trata todos os demais como cristãos de segunda categoria, como esquentadores de banco (Embora isso não expresse o geral, é a realidade). Como pode o pastor aprender dos demais membros do Corpo de Cristo quando eles estão mudos? Como pode a igreja aprender do pastor quando seus membros não podem fazer perguntas durante sua prédica? Como podem os irmãos e irmãs aprenderem uns dos outros se eles estão amordaçados e não podem falar nas reuniões?

O sermão torna a “igreja” distante e impessoal. O sermão priva o pastor de receber o sustento espiritual da igreja. O sermão priva a igreja de receber nutriente espiritual mútuo. Por estas razões, o sermão é uma das maiores barricadas que impedem o sacerdócio funcional!

Em quarto lugar, em vez de equipar os santos, o sermão remove suas habilidades. Não importa quão forte e extensamente o ministro fale acerca de “equipar os santos para a obra do ministério”, a verdade é que a pregação de sermões não equipa ninguém para o serviço espiritual. Na realidade, o povo de Deus acostumou-se tanto a ouvir sermões que os pastores acostumaram-se a pregá-los. (Sei que alguns cristãos não gostam de pregações a cada semana, mas parece que a maioria as desfruta). Em contraste com a pregação, o ensinamento do estilo neotestamentário equipa a igreja para que funcione sem a presença do clero.

Em quinto lugar, o moderno sermão é totalmente contraproducente. A maioria dos pregadores é especialista em coisas que nunca experimentou. Por ser abstrato e teórico, piedoso e inspirador, demandante e obrigatório, entretido e ruidoso, o sermão não coloca os ouvintes em uma experiência direta e prática daquilo que é pregado. Assim, pois, o sermão típico é uma lição de natação em terra seca! Falta todo valor prático. Prega-se muito no ar, mas ninguém aterriza. A maioria das pregações é dirigida ao lóbulo frontal. A moderna pregação do púlpito falha em ir além da mera disseminação de informações sobre equipar crentes a experimentar e utilizar aquilo que escutam.

Frank A. Viola em Cristianismo Pagão


P.S.: Costumo dizer que a reunião da igreja quando se dá num templo equivale a uma comunhão caracterizada por intensa observação das nucas uns dos outros, salvo os espaços projetados no modelo de cinemas stadium =). E para tal reunião a analogia de Corpo seria algo como uma boca e muitas orelhas.

2 comentários:

  1. Isso é verdade, as igrejas acabam criando uma relação em que o pastor é o cabeça e todo mundo deve seguir o q é mandado. É incrível como isso cria crente alienados e pastores exaltados. Acredito que a prática cristã deveria ser mais baseada em amor, e serviço.

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  2. Graça e paz vos sejam multiplicadas, amado irmão Thiago Mendanha.

    Convidado pelo amado irmão Anchieta Campos, do Blog do Anchieta (http://anchietacampos.blogspot.com/), lhe convido também para participar de uma boa interatividade.

    Para saber como participar acesse meu blog em http://jesusmaioramor.blogspot.com/2008/12/antes-de-partir.html

    Fraternalmente.
    James.
    www.jesusmaioramor.blogspot.com

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