16 de set. de 2008

Mr. Lonely


Celebrai!: É Possível ser um Cristão legítimo sem uma comunidade de fé?

Thiago: Essa pergunta me leva a outra. O cristão gera a comunidade de fé ou a comunidade de fé gera o cristão?
A verdade é que existem muitas comunidades de fé cristãs sem CRISTÃOS de fato. E muitos CRISTÃOS de fato sem uma comunidade de fé cristã. Primeiro, é importante fazer distinção de Igreja e Cristão. A Igreja é a reunião de Cristãos. Creio ser possível ser um legítimo cristão mesmo que não faça parte de uma comunidade cristã. Note bem, não estou dizendo que isso seja espiritualmente saudável ou recomendável. Mas, se fazer parte de uma comunidade é o que torna uma pessoa cristã, então pobre daqueles que desejam tornarem-se cristãos e não tem a oportunidade de fazer parte de uma. Se for assim, o etíope eunuco evangelizado e batizado por Filipe na estrada deserta só se tornara cristão quando, e se encontrou uma comunidade cristã para fazer parte. Bom, não creio que ele tenha encontrado uma comunidade batizada como ele quando voltou para a Etiópia. Se assim o for, João deixou de ser cristão quando foi exilado na Ilha de Patmos. Também não creio que ali havia uma comunidade cristã para que ele fosse um cristão legítimo.
Porém, não é bom deixar de reunir-se, de congregar com outros que professam a mesma fé. Somos seres sociais, como tal, temos a necessidade de ter uma vida compartilhada, e como cristãos, essa nossa necessidade torna-se muito mais pungente. Vale ressaltar também que congregar não é frequentar um prédio e ficar olhando para a nuca do outro, sentado em média duas horas, com a Bíblia na mão, ouvindo a mesma pessoa domingo após domingo e abrir a boca só para gritar Aleluias e Amém. E ao final do expediente religioso, dar uns gentis tapinhas nas costas de alguns irmãos, cumprimentar com a Paz do Senhor e seguir para casa para assistir o Fantástico. Ser Igreja não tem nada que se pareça com isso. Exije vínculo e afeto com os irmãos, responsabilidade para com cada um, paciência, ternura, confiança, amizade, compreensão e dedicação. Exije uma pessoa, ou um rol de pessoas dos quais você deposita sua confiança para confessar pecados e receber oração. Exije prontidão para chorar com os que estejam chorando. Para se alegrar com os que estão se alegrando. Para exortar uns aos outros com amor e parcimônia. Para celebrarem juntos o pão e o vinho que lembram a vida e a alegria que receberam pelo sangue de Jesus. Enfim, exige um apego emocional que não brota de reuniões e cultos em prédios sagrados e com horas marcadas para começar e terminar, mas, de uma convivência real com gente e não com sistemas.
O fato é que um cristão legítimo não ficará sozinho por muito tempo porque, como tal, ele não deixará de anunciar as boas notícias de Cristo Jesus para todos que passem por sua vida de uma forma ou de outra, salvo se não houver pessoas à sua volta. O que não o fará deixar de ser um cristão.
Logo, um cristão gera uma comunidade de fé, e esta, por sua vez, através de seu testemunho como Igreja pode gerar outros cristãos. Mas, não significa que uma pessoa só pode ser cristã se fizer parte de uma comunidade cristã. Até porque uma comunidade, como a igreja, é formada por gente. E gente é inerentemente imperfeita. E há o joio e o trigo, logo dizer que um cristão só pode ser legítimo se fizer parte de uma comunidade, é o mesmo que dizer que todos na comunidade são cristãos legítimos. E tanto as Escrituras quanto a prática nos mostram que isso não é verdade.

Entrevista comigo no Celebrai! Para ler a entrevista na íntegra clique aqui!


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