20 de dez. de 2007

A transição de São Nicolau

É época da pintura alucinada de ícones de São Nicolau, pintados à mão e para usos seculares, no scriptorium do Monastério. Sobra pouco tempo, devo confessar, para meditações, leituras diárias, cântico de salmos, cópia de manuscritos e outras disciplinas do espírito e de mortificação da carne.

Como se sabe, Papai Noel é a encarnação mais recente e pasteurizada de São Nicolau de Mira, santo gente-boa do século IV e padroeiro da Rússia, da Grécia e da Noruega.

O bem-cuidado Saint Nicholas Center é uma boa fonte (em inglês) a respeito de São Nicolau e de sua transição para Santa Claus. Interessou-me em particular saber que nas lendas que descrevem sua visita tradicional de Natal, em que chega trazendo presentes para as criancinhas de boa vontade, São Nicolau muitas vezes não comparece sozinho, mas na companhia de ajudantes que variam de uma cultura para outra. Quem diria que na França São Nicolau aparece acompanhado de um burrinho, na Holanda por um mouro da África (Zwarte Piet, “Negro Pedro”) e na [antiga] Tchecoslováquia pelo próprio Diabo?

Em 2005 o prefeito de Demre (Turquia), cidade Natal do Noel, mandou desalojar uma estátua tradicional do santo da praça da Igreja de São Nicolau e colocou no lugar uma mais imediatamente consumível versão de plástico de “Noel Baba”.

Deixo-vos então com minha própria versão de Baba: faces rosadas, olhos azuis, rosto bonito, barba branca e abundante, coração puro e sorriso angelical. Como não comprar um produto endossado por esse sujeito?

Chupinhado do Bacia das Almas.

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