O filme Jogos Mortais, que rendeu uma quadriologia, pode não ser um gênero que agrade aos mais sensíveis de estômago fraco, ou, até mesmo aqueles "crentes" que não assistem filmes de horror por convicções e princípios religiosos. Que evitam serem vítimas de mensagens subliminares e etc... Mas, a bem da verdade, em detrimento dos recursos e postura de John (JigSaw) na forma como radicaliza sua visão de mundo e percepção da vida, sua motivação me inspira.
Longe de mim, ser vítima de um inteligentíssimo louco com uma inegável lógica de relevância de vida. Mas, pergunto-me: Qual seria meu limite posto minha vida em cheque? No filme, surpreendemo-nos com pessoas ingratas pelo estilo de vida que levavam e vazias de sentido, cortar o pé, abrir o estômago de outrem, matarem, sequestrarem e, enfim, tudo que fosse proposto pelo jogo doentio de grande significado para que conseguissem sobreviver.
Pessoas que não demostravam nenhuma gratidão por viver. Viciados em drogas, adúlteros, glutãos e oportunistas inescrupulosos são os perfis de pessoas que não dão valor à vida. Estas, escolhidas para ultrapassarem limites extremos em troca da sobrevivência. Pessoas que não apreciavam suas vidas agora se deparavam com situações psicopatas que as impulsionavam a ter reações mortais para garantir que continuassem com suas vidas medíocres. O cara é um gênio! Consegue despertar em suas vítimas a real importância de simplesmente viver. De ter uma família, um emprego e amigos. De amar e ser amado. De ser grato!
Não é um simples filme de suspense/terror que explora ao extremo cenas chocantes e pesadas, mas, uma obra-prima repleta de filosofia, moral e questionamentos que levam-nos a refletir em como estamos vivendo. Se gratos por viver ou se zombando do dom da vida.
O enredo traz à tona indagações radicais para minha vida. Peguei-me refletindo qual seria minha reação diante de uma morte iminente, um câncer irresolvível, uma aids, um acidente de sequelas mortais... um desenganado médico! E fiquei atordoado com minhas resoluções e conclusões.
Constatei que, frente a qualquer um dos infortúnios citados, minha postura seria adversa a tudo quanto tenho vivido. Percebi-me arrancando do meu coração sonhos pelos quais anseio realizar dos quais não haveria mais nem tempo nem sentido diante de uma morte certa. Vi-me renunciando meu sonhado casamento e a instituição de uma linda família ao lado de quem tanto amo, por não haver mais tempo e nem razão para começar algo que terminará tão cedo e precocemente. Peguei-me trocando todas minhas veredas de sucesso como marido, pai, cidadão e profissional para tomar uma direção totalmente oposta, menos exigente, mais excêntrica, não confortável, não racional, sem retornos palpáveis, sem reconhecimento e sem incentivo. Um caminho sobremodo excelente. Um caminho de desprendimento, de desapego a este mundo. Eu abandonaria minha faculdade, meu emprego, minha namorada e derramaria minhas últimas gotas de vida em pró do Evangelho no meio dos pobres, dos perseguidos, dos injustiçados, das prostitutas, dos ladrões, dos assassinos e dos doentes. Passaria um tempo na África servindo àquele povo que tanto necessita da nossa ajuda. Passaria outro tempo no Nordeste brasileiro servindo de alguma forma aquelas famílias carentes. Passaria um tempo nos guetos e favelas do Rio de Janeiro procurando aliviar a dor de viverem no descaso e no crime. Esgotaria meus suspiros derradeiros amando os homossexuais, os aidéticos, os leprosos, os bêbados e os viciados
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