19 de dez. de 2007

O fracasso do Cristianismo

O título pode parecer um tanto quanto incoerente para muitos, inconseqüente para outros, mas na verdade precisamos reconhecer que o cristianismo de certa forma falhou em sua nobilíssima missão de transformar o mundo num lugar mais justo à vida. O sonho de uma comunidade que seguisse fielmente os ensinos de Cristo teve pouca duração na história, basta ler os primeiros capítulos de Atos dos apóstolos para perceber que a natureza humana, com sua forte inclinação para o pecado, determinou os caminhos a serem trilhados pelos seguidores de Jesus.

Apontar um marco histórico exato, a cristianização do ébrio Império Romano, para explicar o declínio do cristianismo é cair em simplificações estapafúrdias. É sabido que acontecimento como aquele não surge do acaso, mas é fruto de um silencioso processo de adequação aos interesses de quem dita as regras. Evidentemente que nunca houve escassez completa de homens e mulheres cheios de piedade e temor ao Senhor, mas é fato inconteste que as estruturas de poder seduziram os líderes do passado e desde então capitulamos.

O cristianismo impôs um código de regra, mais conhecido como dogma, de difícil execução, restringiu os privilégios religiosos aos “selecionados” e perpetuou uma “espiritualidade” de elite. A preservação do status adquirido determinou as ações posteriores, instalou-se uma relação promíscua com o estado e a morte prevaleceu, vidas foram destruídas com a demoníaca desculpa de que prevaleceram os interesses do “reino”. O eurocentrismo cristão do século XV devastou o novo mundo, dizimando povos, violentando mulheres, assassinando crianças e perpetuando a miséria como legado social.

A partir do século XVIII a elite capitalista cristã da Europa fatiou a África e a Ásia como uma pizza, enquanto os EUA e a Inglaterra fixaram seus tentáculos na América Latina para garantir mercado para os seus produtos. Apenas para exemplificar, com o patrocínio da Inglaterra o Paraguai foi quase dizimado pela tríplice Aliança - Brasil, Argentina e Uruguai – pois sua industrialização colocava em risco os interesses britânicos na região. Para combater o avanço comunista no pós-guerra de maneira mais efetiva os Estados Unidos lançam a “Doutrina de Segurança Nacional”, cujo objetivo era fortalecer os militares dos paises latino-americanos no combate aos partidos de esquerda e conduzir os seus países ao desenvolvimento econômico, sob a égide do imperialismo americano é claro. Este período se transformou em mais um triste episódio na tão sofrida história dos latino-americanos, que tiveram seus direitos cerceados; com a ausência da liberdade de expressão, imposição da censura, fim dos partidos políticos, repressão, fechamento dos sindicatos e proibição de movimentos sociais. É correto afirmar que os EUA na defesa de seus interesses imperialistas patrocinaram o terror nas ditaduras militares da América Latina e sustentaram seu subdesenvolvimento.

Em suma a fé cristã se distanciou tão fortemente de suas origens que vergonhosamente se voltou contra Jesus, crucificando-o ao defender os interesses dos poderosos e negligenciando os oprimidos. As pisadas do Mestre desapareceram sob a espuma suja dos interesses egoístas dos “seguidores de Cristo”.

Hoje temos um mundo à beira do colapso, os séculos de dominação das nações cristãs esgotaram os recursos naturais, essas mesmas nações continuam sangrando a economia dos países pobres, e o mundo não está melhor para quase dois bilhões de pessoas em todo o mundo. O cristianismo continua sua trajetória de alianças espúrias, oprimindo as massas com sua mensagem adocicada, prometendo triunfo aos seus seguidores e cauterizando as mentes rebeldes.

Onde estão os verdadeiros seguidores de Cristo?

Tentando sobreviver sob os escombros fétidos da decadente história do Ocidente cristão.

Por: Valdinei Ramos Gandra, retirado do blog Frenesy.

Um comentário:

  1. O autor confunde cristianismo, religião (do Latim "re-ligar") e instituição religiosa. Há pesoas, e não são poucas, que tentam, sim, viver o cristianismo, isto é, seguir a Cristo, imitá-lo, ouvir suas palavras. A Igreja de Cristo, no mundo, não é uma instituição política, nem um templo de tijolos, nem uma denominação... São as pessoas, muitas vezes invisíveis, distantes dos púlpitos, que fazem a vontade do Pai. A crítica é necessária, o que não é saudável é a generalização.

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