17 de out. de 2008

Bondade ou interesse?

Psicólogos analisam comportamento do bom samaritano citado por Jesus na parábola e dizem que atitudes nobres como a do personagem podem ser tomadas apenas por medo de Deus.



O bom samaritano, personagem da célebre parábola contada por Jesus e registrada no evangelho de Lucas, está sendo – quem diria? – analisado por psicólogos em pleno século 21. Pesquisadores da Universidade da Colômbia publicaram na revista Science uma curiosa investigação sobre as verdadeiras motivações que levariam alguém a agir conforme a descrição de Jesus. Na parábola contada pelo Mestre, o samaritano – pertencente a um povo que na época era desprezado pelos judeus – foi o único a acudir um viajante que jazia à beira do caminho, após ser violentamente agredido por salteadores. Pouco antes, contou Jesus, dois religiosos haviam passado por ali e ignoraram o drama do desconhecido. Mas a conclusão a que chegaram os psicólogos destoa da normalmente empregada por pastores e teólogos, de que o samaritano seria um modelo de fé e amor cristão. Para eles, o verdadeiro motivo que teria levado o personagem à atitude nobre foi a idéia de que Deus nos vigia e vê tudo o que fazemos. Portanto, de Deus sempre olha para o homem, devemos ser bons, manter uma boa reputação e agir com desprendimento.


O estudo propõe que, em matéria de juízo, muitas pessoas tendem a pensar que só porque crêem em Deus são mais honestas e solidárias. Mas os psicólogos Ara Norenzayan e Azim F. Shariff, que conduziram o trabalho, chegaram à conclusão de que o que motiva os “bons” a manterem uma reputação intacta para si mesmo e para a sociedade é a idéia de um ente superior e vigilante está sempre a fiscalizar seus atos. “A associação entre religião e sociabilidade é mais evidente quando a situação pode ajudar a manter uma reputação favorável dentro de um grupo”, indicam os estudiosos. Em outras palavras, todo ser humano se sente mais generoso quando ajuda a alguém, quando participa de um rito religioso, ou, como no caso de muitos devotos, quando se sente na presença de uma divindade. Em outras circunstâncias, emoções como a compaixão ou empatia pelos demais ocorreriam de maneira idêntica, tanto em pessoas religiosas como para os não-crentes.


Os autores do trabalho afirmam que em diversos estudos prévios foi assinalado que as religiões tornaram possível a existência de sociedades estáveis com grande número de indivíduos, mesmo sem grau de parentesco ou relação genética entre si. Para os psicólogos, a solidariedade e cooperação dentro de um grupo ajudam nos conflitos com grupos exteriores e nos enfrentamentos religiosos. Os autores concluem que serão necessárias mais pesquisas para quantificar os comportamentos sociais e as crenças religiosas. “Esse assunto continua em debate, porque já sabemos que os mesmos mecanismos que facilitam o altruísmo dentro do grupo pode facilitar o antagonismo com outros grupos”, frisam. “Pode-se dizer que, dentro desta dinâmica de sociabilidade religiosa, há tantos beneficiários como vítimas”, concluem.


Fonte: Cristianismo Hoje

2 comentários:

  1. Thiago,
    Seu blog é muito mais "popular" do que você imagina...
    Apesar do texto conter verdades, ele perde seu impacto pelo excesso de virtuosismo. O texto é muito floreado para atrair e manter a atenção do leitor comum. A não ser que você esteja querendo leitores eruditos.
    Mas você tem muita coisa para transmitir e não são os eruditos que tomam a pílula vermelha; são aqueles que estão cansados e sobrecarregados da mediocridade desta matrix.
    Um abraço de amigo.

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  2. Uma coisa que é perceptível é que os autores do estudo não leram a história que Jesus contou.

    "os psicólogos Ara Norenzayan e Azim F. Shariff, que conduziram o trabalho, chegaram à conclusão de que o que motiva os “bons” a manterem uma reputação intacta para si mesmo e para a sociedade é a idéia de um ente superior e vigilante está sempre a fiscalizar seus atos."

    Ora essa, quem tentava manter a reputação intacta segundo Jesus eram os falsos religiosos. Tem gente que faz de tudo pra ter uma "nova visão" sobre algo claro. Se é possível complicar, não simplificam.

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