15 de ago. de 2008

Ministro não é político e político não é ministro

Outubro está chegando e as movimentações políticas já se dão de maneira voraz, os carros de som já transitam sobre os bairros, os muros já estão com as “caras” pintadas, as faixas já estão estendidas nas principais avenidas das cidades – em breve as mídias televisivas e radiofônicas serão infestadas por promessas “que até Deus duvida”.

Muita coisa incomoda no exercício da política brasileira pelos políticos brasileiros (e estrangeiros), mas nada mais incomoda do que os ministros evangélicos que fazem uso de seus chamados para se promoverem.
São pastores, bispos, evangelistas, presbíteros, diáconos, apóstolos, e etc., todos querem uma cadeira e um gabinete até 2012, porém, tem alguma coisa errada aí.
É inadmissível que um ministro separado pela igreja e aprovado por Deus deixe seus exercícios eclesiais em prol dos exercícios políticos, é inaceitável que haja, ao menos, uma conciliação entre as duas atividades, mas muito mais inconcebível é o que se vê há muito tempo, homens e mulheres que se dizem chamados por Deus ao ministério valendo-se deste chamado para a promoção de uma carreira política – algo totalmente escuso de sua “eleição” eclesial.
Enquanto a igreja evangélica brasileira sofre com a carência de homens e mulheres que correspondam aos desígnios divinos para a igreja, grande parte dos que, num primeiro momento, aparentam terem sido escolhidos por Deus para o exercício eclesial está se “vendendo” às propostas partidárias e eleitoreiras – se por dinheiro, fama ou gama não sei.
Já se escutam as vinhetas: vote no pastor fulano, dê sua confiança ao presbítero beltrano, nessas eleições, acredite e vote no diácono sicrano.
Lendo os Atos dos Apóstolos decidi me aprofundar nas palavras dos apóstolos aos irmãos da igreja primitiva quando esta enfrentou sua primeira crise: “Irmãos, escolham entre vocês sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria. Passaremos a eles essa tarefa (servir a igreja na distribuição de alimentos) e nos dedicaremos à oração e ao ministério da palavra”. (At 6:3,4 – NVI)
Não há como se esconder desta verdade, todos eles – diáconos e apóstolos se consagrariam aos seus devidos ministérios: diáconos à distribuição de alimentos e apóstolos à oração e à pregação.
Uma das definições para o verbo “consagrar”, usado pelos apóstolos, é entregar-se exclusivamente a alguma função, portanto, todo ministro que serve a igreja deve, tal como os apóstolos, entregar-se exclusivamente ao ministério – isso não quer dizer que não se pode trabalhar como meio alternativo de sustento, mas quer dizer que o título ou a designação estão especificamente atrelados à função eclesial, ou seja, se você é um pastor, você o é para a igreja e na igreja (afinal, onde é o aprisco das ovelhas?).
Enfim, ministros não são políticos e políticos não são ministros, se um ministro está disposto a abrir mão de seu chamado para servir a política este não foi aprovado por Deus, é um desertor – ou servirá a igreja ou ao estado?
Paulo deixou isto muito bem claro, aliás, ele colocou uma pedra sobre este assunto escrevendo aos Efésios: “Ele (Cristo) designou alguns para apóstolos, outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo”. (Ef 4:11-13 - NVI)
Eu já me decidi, não darei o meu voto a nenhum candidato que levar à sua campanha sua ordenação eclesial, aqueles que assim o fazem não são genuínos ministros e muito menos políticos exemplares.

Fonte: Celebrai!


Éh... já que defendem o profissionalismo eclesial, então que façam jus à concepção que fazem de ministério... Ou uma coisa ou outra... Torno a repetir, a Igreja Católica demonstra-se muito mais ética nesse sentido, já que quando um sacerdote seu envereda pela política, de imediato é afastado do seu sacerdócio... Afinal, a História nos mostra tão bem os estragos do vínculo entre "Igreja" e Estado... Porque teimar?!!!


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