6 de abr. de 2008

Volta o cão arrependido...


Hoje por peça do destino ou se por desventura minha, não sei, acabei dentro de uma igreja evangélica. Vamos abstrair os motivos que me levaram a entrar no meio do culto. É, digo evangélica porque foi uma situação nostálgica pra mim. Últimamente quando tenho que ir à alguma "i"greja, vou à missa para manter a paz com todos (sogro e sogra - rs).

Bem, a questão é que há muito tempo não assistia um "culto". Já não tinha estômago pra isso. Estava em desconstrução de paradigmas e dogmas absolutos da minha fé. Reavaliação de velhas "teologias", de oportunas "doutrinas" e de liturgias mortas.

A bitolação evangélica e a alienação do mundo (pessoas) que não compartilham da mesma vertente me fizeram gerir um cristianismo mais puro e mais simples. Um cristianismo mais acessível, mais disponível e mais paupável para as pessoas que convivem ou não comigo.
Tudo bem, não sou o Exterminador de Instituição como sou repultado e sei acolher das antigas tradições coisas que são válidas para a espiritualidade. E não prego a hostilidade contra os irmãos institucionalizados. Claro que não! Se assim o fosse, não estaria respaldado pelo amor. E se não estivesse no amor, de nada me adiantaria coisa alguma.

Sei que o blog sobressai no tom de crítica. Até porque ainda (ainda) não botei pra quebrar em algum projeto relevante à minha realidade como luz e sal da terra, de forma que possa voltar minhas energias a isso. Ainda não sei por onde ir, mas sei por onde não ir. E o por onde não ir ainda é tema central da minha experiência de fé.

Confesso que quando me assentei (já havia terminado o período do louvor) pensei comigo mesmo e decidi manter o coração aberto para alguma palavra edificante e que despertasse meu espírito.
Deixei de lado todas as armas de Exterminador de Instituições [rs] e tornei-me passível de ser abençoado com a pregação. Afinal, se já estava ali mesmo porque não usufruir?

Ingenuidade minha! O pastor começou com as velhas piadas que só um pastor tem para conduzir os ouvidos moucos, vítimas da falta de conteúdo espiritual, à uma elocubração sagaz e eloquente que enverniza uma pregação "capetalista" e intencionalmente subliminar no uso de textos bíblicos descontextualizados e abusadamente proferidos contando com a falta de intimidade com as Escrituras do bando de "ovelhas" indoutas que ali estavam.

Não estou sendo exagerado ( gostaria que não fosse a realidade) e muito menos apelativo, mas, fiquei descontente e profundamente consternado com a visita. Depois de tanto tempo sem assistir um culto quando tenho a oportunidade inesperada e não planejada de ouvir uma pregação de domingo à noite, sou obrigado a suportar uma pregação voltada e direcionada ao dinheiro, prosperidade financeira, vitórias no negócios, bençãos capitais e por aí vai...

Parece-me que a "i"greja estava vivendo um contexto totalmente financeiro. Dramatizando o aperto no bolso como perseguição do diabo, as dívidas como maldição financeira por problemas de perdão. E "dizimista" pra cá, "dizimista" pra lá.

Uma frase do pastor me chamou muito a atenção: "A igreja foi criada de forma que seu povo a sustentasse..."! Uau, sem comentários... Não, com comentários! Se a Igreja é apenas isso, uma instituição criada e sustentada com doações de bondosas pessoas, eu não quero fazer parte disso! Não há nada de divino ou espiritual nisso. Aliás, se a Igreja se limita a isso, é a pior das instituições, porque há ONG's, projetos e instituições que desempenham papel mais relevante e essencial ao mundo do que a igreja, usurpando o status de sal e luz do mundo.

Outro momento que não me surpreendeu foi quando uma irmãzinha foi dar um testemunho ao final do culto. Virei para minha namorada e disse: "Dinheiro..." Bom, em primeira instância pensei que iria pagar língua. A irmã começou falando que a mãe estava doente e tal. De repente, não sei como, a irmã estava falando que tava com um dinheiro que não queria ofertar... e Deus tocou no coração para que ela ofertasse e ela ofertou... e Deus deu 100 vezes mais do que aquilo que ela ofertou... e chorou... e todos, "Deus é fiel, Deus é fiel"

Bom, não paguei língua [rs] (infelizmente) e visto o decorrer da pregação e a mensagem massante e oportuna girando em torno de vitória financeira, não podia esperar mais...

Pensei em citar a denominação, mas, acho melhor não instigar maiores antipatias. Vale salientar que é uma denominação neopentecostal. Até comentei com minha namorada que se fôssemos repetir a dose (no caso estavamos desprevenidos) que se possível vistássemos uma igreja tradicional (que ironia do destino, eu preferindo uma "i"greja tradicional) porque com certeza, lá a consistência da pregação seria de outro nível. E se não saíssemos abençoados e vivificados, no mínimo sairíamos com uma ótima bagagem teológica.

... depois da experiência, volta o cão arrependido de ter ido!

2 comentários:

  1. Aí usou o termo "capetalita" =P

    Realmente não é fácil a situação, porém acredito que o prejuízo de não frequentar a "i" greja pode ser maior...

    O digo pq em Hebreus fala a respeito de "não deixar de congregar" apenas o falo pq creio q pode ser melhor pra vc, pq não tentar uma tradicional? (risos)


    abração amigo
    Fique na Graça

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  2. E como é ruim "assistir um culto" assim...
    Comecei a escrever um comentário e acabei escrevendo um post. Quando quiser dá uma olhada lah no blog.
    Grande abraço!
    Fica na Paz!

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