17 de abr. de 2008

A limitação do coletivismo

A mediocridade de qualquer realidade humana reflete as tendências fundamentais da religião, e nesse trajeto de abstinência da responsabilidade subjetiva Jesus Cristo é esquecido como aquele que tem real importância pela sua mensagem, mas reafirmado por meio de estereótipos de poder e maravilhas. O coletivismo ideológico institucional abandonou a visão individualista dos evangelhos e a vinculação de qualquer ato ao pessoalismo humano para que coletivamente Jesus fosse visto como referência de artifícios sobrenaturais, mas de ênfase materialista: o ser divino que nos proporciona o vislumbre de poderes potencialmente alcançáveis pela credulidade humana supersticiosa.

Com isso todos os fatores que envolvem a cristandade convergem para a mística e esperança de solução dos problemas vindouros, assim como da justificação da fé pela sobrenatural. Jesus Cristo se transforma dessa forma em apenas uma balança de múltiplas utilidades, o mediador entre o homem e Deus - quando há necessidades pendentes -, o indivíduo divino que nos liga à nossa própria cobiça e que somente é realmente lembrado nos momentos de aflição.

Essa manipulação da imagem de Jesus Cristo destrói a beleza existente na relação humana individualista que os evangelhos demonstram. A relação íntima de Jesus com os imperdoáveis pecadores de sua época traça o parâmetro e alvo da fé cristã; seus milagres ensinam mais que o próprio curandeirismo; suas parábolas visualizam mais que quebra-cabeças da teologia moderna e evidências apocalípticas dos últimos tempos. O coletivismo e os ensaios grupais de poder, triunfo e demonstrações de vitória acabam por dilacerar as quase inexistentes tentativas de se retirar da mente do religioso a doentia ideologia impregnada nos indivíduos.

A visão coletiva de cristianismo, ao mesmo tempo em que regulou e expandiu a esfera de influência institucional, limitou o entendimento unilateral da mensagem de Cristo. Busca-se constantemente a justificativa para diversas indagações, algumas delas reunidas e devidamente catalogadas como impertinentes ao âmbito institucional, ao mesmo tempo em que são proliferados conceitos apenas respaldados coletivamente - categoricamente apenas cumpridos no âmbito coletivo. Dessa forma tudo o que envolve o cristianismo se restringiu a meras observações qualificadas, consequentemente aceitas pelo agrupamento cristão submetido às instituições cristãs.

O individualismo cristão remete à formação pessoalista das questões existencialistas, abandonando consequentemente a dependência endêmica de interpretações já consagradas do evangelho. O fardo de uma escolha unilateral no cristianismo é evidente: a exclusão do coletivo, resultando nas mais diversas adjetivações ao sujeito inerte a essa visão utilitária de Jesus Cristo predominante nas instituições cristãs.

Fonte: A ignorância é uma escolha.

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