8 de abr. de 2008

Congregar ou não congregar, eis a questão...

Este post é fruto de um comentário que iria fazer no post De volta à Igreja no blog Marco.maps
, post este que ele também escreveu como fruto de um comentário que iria fazer no meu post Volta o cão arrependido...

Alguns acham que em virtude de não estar filiado ou frequentando á uma "i"greja (endenda-se denominação institucional), não mantenho uma vida em comunidade. [rs] Acho que já estou cansado de ouvir: "vc não pode deixar de congregar"[rs]
Enfatizo o que disse sobre permanecer numa "i"greja: manter relação de amizade com as pessoas que lá estão de modo que de uma forma ou de outra acabem por deflagrar uma revolução no modo de "ser Igreja" à partir do simples e falacioso "ir à "i"greja". Afinal, congregar nada tem haver com frequentar um prédio onde o ambiente não proporciona o calor de uma relação de comunidade, a não ser fora da liturgia e das quatro paredes.

Congrego, sim, com irmãos que partilham da mesma convicção. Nos reunimos ao nome do Senhor Jesus e somos Igreja. Claro que não inrrompemos em uma exarcebada multidão de participantes, até porque a forma como nos reunimos não é atraente como assistir um culto repleto de música, cadeiras confortáveis e a vantagem de se manter em silêncio durante toda a programação. Não, nos ajuntamos para edificar uns aos outros, exortar uns aos outros, louvarmos a Deus juntos, compartilharmos nossa vida em Cristo uns com os outros, compartilhar o que Deus fala ao coração de cada um por meio das Escrituras, celebrar uma reunião em amor, relembrar o sacrifício sumo de Cristo por meio do pão e do vinho e nos alegrarmos na presença um do outro sob a direção única do Espírito Santo.
É claro que não somos muitos, contudo o Senhor Jesus está onde estão dois ou três reunidos ao Seu nome. Dois ou três dispostos e prontos a ser Igreja.

Concernente aos irmãos que frequentam uma "i"greja sob o respaldo de um templo fixo e históricamente ostentada sob um regimento doutrinário diferenciado de denominação para denominação, não considero anátema [rs - embora alguns me considerem], antes, creio que estão lá por um bom e puro motivo. Conheço cristãos inseridos no contexto institucional das "i"grejas que realmente não deixam de desempenhar sua função como membro do Corpo místico de Cristo, a Igreja. E sabem fazer perfeita distinção entre "i"greja e "I"greja em detrimento de serem membros de algum segmento cristão.

No meu caso, não julgo [e muito menos pesa em minha consciência] necessário ou importante frequentar uma "i"greja. Primeiro, que não tenho vínculos íntimos de amizade com pessoas dentro de nenhuma "i"greja. Tenho sim, amigos, conhecidos, colegas, mas, que não adentram a minha vida a ponto de compartilharem comigo uma vida em comunidade. Segundo, tenho amigos, irmãos, que partilham comigo de uma vida comum. Que são parte da minha vida [irmãos]. Logo, então, não deixei de congregar. Embora, em virtude da minha experiência de fé e caminhada cristã e despertamento para as incongruências da cristandade evangélica, eu tenha passado um bom período sem congregar. Período esse do qual me senti sozinho, necessitado de apoio e amizade. Me senti carente da Igreja e do calor do Corpo de Cristo. Mas, Deus foi e é minha fortaleza, e tenho tido a oportunidade, mesmo que rara, de estar encontrando pessoas dispostas a partilhar a vida que receberam em Cristo Jesus, e assim, reunirmos ao nome do Senhor Jesus em amor e graça.

Há muito o que percorrer, e somos um número ínfimo[não estou dizendo que quantidade seja importante, dois ou três reunidos ao nome de Jesus já é suficiente para ser Igreja], mas, é bela e edificante a nossa experiência como Igreja. Não é fácil, e há um nível de comprometimento com a vida do outro muito mais responsável do que simplesmente encontrar com pessoas amigas num culto de domingo à noite. Somos parte uns dos outros, membros uns dos outros, de forma que se um está consternado não há como não sofrermos juntamente com ele. E da mesma maneira se um rompe em júbilo, e se alegra por alguma coisa conquistada em sua vida, não há como não festejarmos e ficarmos felizes como se o fosse com cada um de nós a mesma alegria e o mesmo sentimento. Não é fácil também, porque se há alguma rixa, algum conflito, ou alguma mágoa, não há como levarmos à cabo qualquer reunião omitindo a indiferença e a raiva uns pelos outros, seja por qualquer motivo, sendo necessário o perdão verdadeiro para que o Espírito continue a nos liderar. Diferente de uma mera membresia que se reune no domingo à noite dentro de quatro paredes onde a impessoalidade da liturgia permite que cada um prossiga como bom ouvinte, e caso, seja forte o suficiente para suportar o peso na consciência que carrega por estar em dissenção com algum outro irmão, consiga cumprir seu papel como fiel da "i"greja, irmão exemplar que cumpre com todas as obrigações religiosas e não falta aos cultos.

Para os que pensam que "congregar" resume-se ao frequentar de uma denominação e que porque não compartilho de tal estilo de cristianismo, vivo uma vida isenta da busca pela santidade, pelo compromisso e amor com o outro, com o dever missionário de cristão de levar as Boas Novas, de manter meu testemunho para que o mundo veja, de ser luz nas trevas e sal da terra, de árduo estudo e meditação nas Escrituras, da luta contra o tempo para manter uma vida de oração e constante contato com Deus, e de reunião com outros santos para compartilhar da mesma vida em abundância, gostaria de deixar claro que, "congregar" não é tão fácil como pensam...

4 comentários:

  1. Eu acho interessante você falar essas coisas porque eu vejo que em muitos dos teus posts tem comentários dizendo pra você fazer parte de uma 'i'greja (peguei a forma de escrever emprestada).
    A minha intenção foi escrever sobre mim, a minha função em especial e coisas que eu tenho visto com uma perspectiva minha. hehe Talvez por isso a primeira pessoa. E reconheço os cristãos que "não congregam" (e aí eu uso esse termo não por acreditar que não congregam realmente, mas por ser assim que são conhecidos) como parte fundamental no processo da "volta à Igreja".
    Que Deus continue abençoando, mano. Teus posts têm edificado muito.
    Abraço!

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  2. Olá Thiago.
    Meu nome é Daniela Dantas, tenho 25 anos e sou do ABC Paulista. Fiquei intrigada com seu artigo e gostaria de saber mais...como por exemplo: O que é igreja emergente? De veio, fundador? Idéias principais...e apesar de vc ter oferecido uma boa exposição, estou fortemente interessada de saber mais..
    aguardo resposta..

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  3. Thiago,
    Gostei da maneira como você está articulando essas idéias. Também fiquei curioso quanto à vivência de que você está participando. Quero ouvir mais..

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  4. Olá estava procurando algum artigo sobre "porque devemos congregar numa igreja" e encontrei o seu que fala o contrário, não discordo, nem concordo, pois estou aprendendo. Sou líder de um grupo que se reúne nas casas para falar do amor de Deus, porém este grupo pertence à minha igreja, e o que tenho visto é que as pessoas que não congregam no nosso templo, estão sempre em lutas, se desviam com facilidade e abandonam o grupo doméstico. É como se elas não criassem bases em Deus e o fato de não congregar no templo as torna vulneráveis ao mundo. Não vejo crescimento nelas apenas através do grupo, e confesso que estou triste por vê-las fracas na fé em Deus. Gostaria de uma opinião sua sobre isto que relatei...obrigada um abraço
    Luciane email lujusttino@gmail.com

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