10 de abr. de 2008

tenischurch?

Osmar não se importou nem com a condição de miséria da vítima, que vendia pastéis para comprar um par de tênis e a arrastou consigo para o matagal.


Osmar Clemente de Araújo, 33, borracheiro, foi preso em flagrante no último dia 28 de março após estuprar a menor E.M.A, de doze anos, que convenceu a seguir em sua bicicleta para comprar geladinho próximo ao bairro Recando do Sol. Ele foi visto por testemunhas que acionaram a Polícia Militar, mas o estupro foi consumado antes da chegada da viatura.

O estuprador foi preso momentos depois, reconhecido por outras testemunhas que viram Osmar e a vítima indo para o local do crime. A viatura encontrou o criminoso em frente ao colégio Couto Magalhães. À polícia, Osmar teve a ousadia de declarar que o ato sexual foi consentido pela vítima, o que seria impossível visto ser a menor uma menina ainda, sem a menor malícia. Ele foi recolhido à Cadeia, onde riá aguardar julgamento.

A vida de E.M.A está repleta de tragédias. Após ser abandonada pela mãe em São Paulo, ficou em situação precária até uma tia ir até a cidade e, constantando a vida miserável que ela tinha, procurou em Goiás instalar a criança na casa de parentes. Ela mora há tr~es meses com a tia Djania de Almeida Silva, doméstica desempregada há um ano, com mais três filhos.

"Minha irmã me disse para que eu ficasse com E.M.A por cerca de oito dias, o tempo dela vir de São Paulo e buscar ela comigo, pois a minha situação é complicada e não tenho condições de criar mais uma criança", contou Djania. Ela recebeu E., mas até hoje a mãe não apareceu para buscar a criança. Empurrada de um canto para outro, a menor se mostra alheia aos fatos, em um estado de penúria que a retira da realidade.

Segundo Djania, a menina vendia pastéis no posto Carreteiro pois queria comprar um par de tênis, muito caros para as posses da tia. "Eu deixei, fazia tempo que ela pedia um par de tênis e pediu para vende os salgados para juntar dinheiro, aí o cara chegou e disse para ela levá-lo a algum lugar que vendesse geladinho e fosse na garupa, para ensinar o caminho. Ela é totalmente inocente, foi junto, e o homem estuprou a menina", relatou a tia.

Djania contou que a princípio a menina voltou para o posto, continuar a venda de pastéis, pois só pensava no tênis. Somente depois que o criminoso foi preso que a polícia a convenceu a contar tudo para a tia e o flagrante foi lavrado. "Ela estava abatida, machucada e muito suja, por isso percebi que havia algo errado, mas ela só contou mesmo o que tinha acontecido depois que os policiais a levaram para fazer os exames e ela veio para casa e se acalmou um pouco".

Depois de passar pelo Conselho Tutelar, que pegou os dados básicos da criança para ela ser registrada, pois ela ainda não tem nenhum documento legal. Quando os os documentos ficarem prontos, E.M.A vai começar a realizar um grande sonho. "Ela sempre quis frequentar a escola e participar das aulas, pois ela nunca teve oportunidade para entrar numa sala de aula", finalizou Djania.

ANAFOLHA, Ano 3 - Nº 45


Quando leio fatos como esse fico bastante consternado. Me sinto tão impotente com aquela sensação de negligência para com o próximo. Sei que não podería ter feito nada para evitar e muito menos imaginaria de tal necessidade e desejo que a menina sustentava. Mas, não posso evitar de engolir seco e pensar que à minha volta deve haver tantas pessoas necessitando de alguma coisa. Ás vezes, pouco me importo com o que as pessoas precisam. Estou tão ocupado correndo atrás do meu que a vida alheia não me atinge. Não me comove, senão depois de uma história bizarra e deprimente fruto da degradante situação da sociedade, da humanidade afundada nas trevas e no pecado.

Sei lá, e se algum filho de Deus pudesse ter presenteado a menina com um par de tênis e pronto. Talves, um simples ato de presentear pudesse ter mudado essa história. Evitado o estupro ou talvez adiado para uma outra situação, não sei. Mas, com certeza creio que teria feito alguma diferença. Um simples desejo alimentado pelo consumismo e pela moda, do qual a menina apenas ainda não sabia que nada de importante havia em ter um tênis da hora. Mas, e nós? Sabemos que tanta coisa simplesmente não nos é necessária? Nike, Adidas, Puma e por aí vai... O que vamos ganhar ostentando uma marca? Não estou dizendo que é errado ter um tênis descolado e de marca... Nada haver! É que às vezes acho que tenho uma certa inclinação para os votos de pobreza da ordem dos Franciscanos. Não estou dizendo que ter dinheiro ou ser rico seja errado... Estou dizendo que ás vezes sinto um certo pesar de ter alguma coisa enquanto desventuradamente o próximo sequer tem o básico. Sei que se alguama coisa possuo, é fruto de ralação e não há nada do que se envergonhar disso... Mas, parece ficar sem sentido ás vezes! Esse mundo é deveras injusto demais...

Fico imaginando a cabecinha dessa garota. Os traumas a superar. Os dramas vividos. As dificuldades enfrentadas. Que papel tudo isso terá na construção do seu caráter? Que tipo de mulher ela se tornará? Com certeza podemos presumir os estragos na alma dessa criança. Opressa pelo capitalismo. Opressa pelo "Just do sex it" que empurra a sociedade à uma cultura libertina e promíscua. Puxa vida, ela apenas queria um par de tênis... e para tal estava trabalhando ao invés de estudar... E o cara, FDP, abusa da inocência e ingenuidade de uma criança para alimentar seu nojento desejo por sexo barato.

Puxa vida, o cara deve até ter prometido o par de tênis para a gorota para ludibriá-la. Abusando da necessidade da gorota. Estuprando não só o seu corpo, mas, sua concepção de sexo como presente de Deus.

Lembrei de um post do Jota sobre tênis...

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