7 de fev. de 2008

créeeu, créeeu, créeeu

Ufa, último período de facul, trabalho não estão me proporcionando tempo o suficiente para postar minhas reflexões e pareceres, mas, ainda dá pra ler um pouquinho e atualizar o blog no ctrl+c e ctrl+v... rs

Há um tempinho estava querendo "detonar" com o mais novo ridículo e desprovido de intelectualidade f$@*&...unk brasileiro: o "créu"... Parece um círculo vicioso. Já sobrevivemos a tantos outros: boquinha da garrafa, segura o tchan, bonde do tigrão, éguinha pocotó, lacraia... e a lista se estende deplorávelmente. Oh, Deus! Ainda me aparece esse tal de "créu"! Aonde vamos parar?

Da Boquinha da Garrafa à Dança do Créu: O Bonde das No(i)vinhas

Há alguns dias ouvi sobre uma tal de “Dança do Créu”, que seria o funk da moda. No Shopping Interlagos, em São Paulo, vários carros tocam a música em alto volume: “créeeu, créeeu, créeeu”. Curiosa, entrei no YouTube para ver como funcionava a coisa.

Para variar, a coisa gira em torno do sexo. O cantor diz que tem 5 velocidades para o tal “créu”, que seria um movimento simulando o ato sexual. Aí as dançarinas dançam nas tais velocidades. Até aí, nada muito diferente do antigo sucesso “Na Boquinha da Garrafa” e similares, pois do axé ao funk não há muita diferença em termos de dança, apenas uma leve diferença de ritmo. E o pior é que o negócio contagia, quando menos você espera está cantando “créeeu, créeeu, créeeu”, como antigamente cantávamos “segura o tchan, amarra o tchan, segura o tchan, tchan, tchan, tchan, tchan”.

Mas, no YouTube, ao lado do vídeo escolhido, tem-se uma lista de vídeos correlatos. Dei uma olhada na lista, e vi um tal de “Bonde das Amantes”, e logo abaixo, o “Bonde das Noivinhas”. Cliquei nesse último e, pasma, vi uma seqüência de fotos de menininhas com 9, 10, 12 anos, fazendo poses sensuais. Aí olhei com mais cuidado e vi, não era “Bonde das Noivinhas”, era “Bonde das NOVINHAS”!!!

Até aí, de certa forma, nada muito diferente da minha geração, que inocentemente rebolava para ver quem descia mais embaixo, imitando as dançarinas da moda. Criança é assim, acha bonito imitar os adultos. Mas as músicas que embalam os atuais vídeos das novinhas são impublicáveis:

“Então vem sentando as novinhas”

“Senta vai, novinha de 14, abre a ________ que nós mete”

“As novinhas de 14 já tão pronta pra sentar”

“Com as novinhas eu passo mal”

“Elas tão prontas pra dar”

Ou seja, antigamente as crianças rebolavam sensualmente, mas as músicas falavam de sexo entre adultos (a dança era uma brincadeira inocente). Hoje, nos bailes funk, as letras incentivam escancaradamente o sexo com menores. E as menores, por sua vez, sem um senso crítico por sua pouca idade, acham que, já que a música diz que é assim, então é assim mesmo. E vão para os bailes sem calcinha (como diz a introdução de um outro funk), prontas para dar aquilo que os adultos dizem que é certo.

O pior é que fazemos vistas grossas a isso, e ficamos escandalizados quando vemos a prisão de um pedófilo. Ora, a sensualidade desenfreada em nosso país forma pedófilos todos os dias!

Há um filme muito bom sobre o assunto: “Pequena Miss Sunshine”. Não é bom contar o final da história, por isso recomendo que quem não viu, que o assista, mas posso adiantar que, como o título diz, trata-se de uma história envolvendo um concurso de beleza infantil. Ah, se soubéssemos o mal que fazemos às nossas crianças ao fazermos com que enveredem no (sub)mundo da moda, da beleza, muitas vezes para encher os bolsos e a vaidade dos pais, que acham o máximo a filhinha ser uma mini sex-simbol, com roupas e trejeitos de adultos, mas num corpinho e numa mente ainda em formação, e por isso passíveis de cair na lábia do primeiro que aparece. Daí, para uma gravidez precoce aos 11, 12, 13 anos, é um passo, e com isso, talvez o fim dos seus sonhos de menina.

Não quero, com esse artigo, dizer que a pedofilia começou com o funk. Quem viaja para os roteiros turísticos do Nordeste, vê claramente a exploração sexual infantil em cada esquina, com crianças sendo oferecidas à luz do dia. No interiorzão, os pais “vendem” suas filhas para os velhos babões, muitas vezes em troca de comida para o resto da família. A exploração sexual infantil é coisa antiga, o problema é que agora ela, aos poucos, está se institucionalizando, se tornando algo normal, natural. Que o diga os apresentadores de tevê que colocam menininhas de 5, 7 anos, para imitar os rebolados dos grupos de axé ou funk da moda, ou que patrocinam desfiles de beleza infantil, para o orgulho e alegria dos seus pais imbecis.

Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar. Mateus 18:6


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