10 de jun. de 2009

Venha a nós...


Talvez uma analogia nos ajude aqui. Imagine que somos uma moderna empresa de construção erguendo um conjunto habitacional. Nosso objetivo: construir um grande conjunto para o bem de nossa empresa e dos futuros moradores. Assim, cortamos as árvores, retiramos a camada superficial do solo, aterramos pântanos, canalizamos córregos, e fazemos o necessário para erguer o conjunto. Ali perto, delineamos e então escavamos uma montanha a fim de obtermos matéri-prima para nossas casas e ruas. Rio abaixo, sedimentos de nosso conjunto entopem a baía. Animais fogem dela ou morrem. Plantas nativas são substituídas por espécies ornamentais em potes de plástico preto. No entanto, uma vez que nenhum desses problemas é visível ou incomoda nossos moradores, não notamos. Não é que não nos importemos; é que não notamos. Nunca sequer pensamos nos efeitos mais abrangentes do sucesso do nosso conjunto habitacional. O sucesso dele é o nosso único objetivo. Concluímos o projeto, as pessoas se mudam e ganhamos prêmios pela implantação de uma comunidade ideal.

Essa é a igreja como a temos frequentemente praticado na era moderna. O mundo existe como uma fonte de matéria-prima para ela. Tudo bem arrancar as pessoas de suas vizinhanças, contanto que venham cada vez em maior número para a igreja. Tudo bem desvalorizar seus trabalhos "seculares" conquanto os tenhamos envolvidos mais no trabalho da igreja. Não há problema algum retirarmos todas as nossas energias das artes e da cultura "lá de fora" desde que tenhamos um bom coral e um belo santuário "aqui dentro". Tudo bem porque, afinal, iremos salvas os indivíduos de um navio que está afundando; vizinhanças, economias, culturas, tudo, exceto almas humanas individuais afundarão, assim, quem se importa? Pensando desse modo, poderíamos edificar dinâmicas... à custa do mundo, e não para o seu bem.

Ao entrarmos no mundo pós-moderno, temos de nos fazer algumas perguntas difíceis: o mundo é uma montanha a ser delineada e cavada para o benefício da igreja? Ou é a igreja um catalisador de bênçãos para o bem do mundo? Do outro lado, você sabe a resposta que, creio, devemos escolher.

Brian D. McLaren, em A igreja do outro lado

É no mínimo irônico perceber que aquela que deveria ser a expressão e a imagem de Cristo no mundo transpareça e demonstre tanto egoísmo "missional". O ser humano por si só já é egoísta e oportuno por "default". Mas, com a ascenção da nova criatura em Cristo no caráter do indivíduo, é imprescindível que este seja o primeiro processo desencadeado: a morte do ego. Nada mais primordial do que o visto em Jesus; total desprendimento de si pelos outros. Um ajuntamento de discípulos assim não pode resultar em uma comunidade, uma igreja, que não visa o bem das pessoas.

Um comentário:

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