26 de jul. de 2008

Medo do Silêncio!

Não seria este o lugar mais abençoado para que eu possa tornar-me amigo de minha morte? Não é este o lugar onde o silêncio exterior pode aos poucos conduzir-me ao silêncio interior, em que poderá abraçar minha própria mortalidade? Sim, o silêncio e a solidão convidam-me a, gradativamente, abandonar as vozes externas, que me dão uma sensação de bem-estar entre as pessoas, para confiar na voz interior que me revela meu verdadeiro nome. O silêncio e a solidão incitam-me a desvencilhar-me dos andaimes da vida diária e a descobrir se alguma coisa consegue se sustentar quando se arrancam os sistemas de apoio tradicionais.

Henri Nouwen, em Nossa maior dádiva: Uma meditação sobre o morrer e o cuidar. [via Pavablog]

O silêncio é uma prática estranha para este século. O silêncio é uma prática estranha para mim! Há um episódio da série Nooma onde Rob Bell trata da nossa quase aversão ao silêncio e da nossa intrínseca dificuldade de suportar o silêncio mais profundo e cortante. No episódio 005 | Noise, Rob Bell explana e expressa de forma muito reflexiva sobre a importância de calarmos tudo a nossa volta e ficarmos simplesmente vulneráveis à Voz de Deus. Afinal, diz-nos o Livro de Reis que um grande e impetuoso furação fendia as montanhas e quebrava os rochedos, mas Deus não estava no furação. Depois disso houve um terremoto, mas o Senhor também não estava nesse fenômeno; a seguir, houve um fogo, mas Ele também não estava nele [fogo] (I Reis 19:9-13).

Ultimamente as pessoas se impressionam onde há "barulho" - leia-se "avivamento" -, onde há "fogo", onde há "poder", onde há "unção" - leia-se berros -, onde há "adoração extravagante", onde há louvor verdadeiro - leia-se música gospel da vez. E são atraídas para esse tipo de coisa justamente por acharem que Deus está nelas. E se sentem ligeiramente confortáveis em meio a tudo isso... O motivo? O barulho, o alarde distraem a alma do que realmente transforma o espírito. Mas, o silêncio nos deixa nus diante de Deus... O silêncio nos deixa nus diante de nós mesmos e nos escancara para as duas pessoas realmente importantes no que diz respeito a Deus e a nós mesmos! O silêncio mostra quem Deus realmente é... e quem eu realmente sou... gostemos disso ou não!

É imprescindível que haja transparência entre "Mim" e "Eu" para que haja transparencia entre "Mim" e Deus! E o silêncio revela-me como eu sou! A mente procura distrair-se em algum pensamento e isso muitas vezes também conta como "barulho". Divagações que impedem a solitude mais profunda da alma de encontro com o próprio espírito. Quando nos vemos imersos neste silêncio sabemos que Deus está ali. E tememos isso como a caça teme quando o silêncio revela sua própria respiração ao predador. Quando há barulho, as essências se confundem. Não se destinguem. E a caça se sente refugiada por saber que o barulho impedirá que seu predador a encontre. Contudo, Deus não é um predador... e quer nos encontrar totalmente despidos de qualquer refúgio que não seja Ele. Quer nos encontrar da forma mais profunda e autêntica. Onde a rotina, as preocupações, as ocupações, as pessoas, as relações, os conflitos, os problemas não se tornam uma válvula de escape para "caçar" dentro de nós a natureza de Deus! E permitir-nos a queda de todas as máscaras que por vezes nos fazem esquecer quem realmente somos!

Experimente o exercício de chegar em casa e não ligar a TV, não ligar o Rádio, desligar o MP3/4/5/6/7, desligar o iPod, o iPhone, o Celular... etc, etc... Experimente ficar 5 minutos em profundo silêncio! Porque será que é tão difícil?

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